Blog de paulafarsoun_25873

Flores de luz

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Ganhei um cristal energético de presente. Alinhei-o aos demais e impregnei o objeto de sentimento e significado. E como sempre, coloquei-me a refletir sobre a pedra e sua analogia com a vida em si. Lapidar pedra bruta é uma arte. Tanto a bruta quando a lapidada possuem sua beleza e são únicas, especiais. Assim como nós. Contudo, as pedras de verdade para conquistarem a forma desejada, sofrem muitas vezes a interferência do homem, sem a qual, permaneceriam como são simplesmente ou se contentariam com as mudanças contínuas provocadas pelo tempo e os elementos da natureza.

Ganhei um cristal energético de presente. Alinhei-o aos demais e impregnei o objeto de sentimento e significado. E como sempre, coloquei-me a refletir sobre a pedra e sua analogia com a vida em si. Lapidar pedra bruta é uma arte. Tanto a bruta quando a lapidada possuem sua beleza e são únicas, especiais. Assim como nós. Contudo, as pedras de verdade para conquistarem a forma desejada, sofrem muitas vezes a interferência do homem, sem a qual, permaneceriam como são simplesmente ou se contentariam com as mudanças contínuas provocadas pelo tempo e os elementos da natureza. Não poderia dizer qual a mais bela, posto que cada uma tem sua beleza, seu sentido e a partir do momento que vira fonte de energia para alguém, ganha, de alguma maneira, uma missão nova.

Conosco, as mudanças acontecem também. Nascemos feito pedra bruta e temos uma existência para lapidarmos seu brilho ou o deteriorarmos. O lapidar requer o estopim do livre arbítrio. A vontade. O querer. E isso tem uma força muito grande. De dentro para fora. Processo individual. Ninguém é obrigado a querer mudar sua versão original - mas será que de fato temos essa escolha? A lapidação seria uma forma de evolução? Involução?

Essas provocações, por mais inúteis que possam parecer, podem cumprir sua missão, seja no campo filosófico, social, mental ou qualquer outro. A mim, remonta à resiliência. Quanto mais atenta eu fico, mais admiro os seres resilientes. Essa capacidade de adaptação, superação, contentamento conquistam uma profunda admiração.

A habilidade que uma pessoa tem de adaptar-se às mudanças, conseguir retornar ao estado natural, contentar-se com a necessidade de evolução me impressionam. Creio que a resiliência seria a força de sustentação dessa transformação lapidar do ser humano. Somada a tantos outros fatores, é claro. Mas de uma forma ou de outra, ando percebendo que as pessoas que dominam essa capacidade agregam invariavelmente tantas outras habilidades que deveriam florescer coletivamente.

Que missão interessante foi impregnada à pedra com a qual fui presenteada. Disseram-me: “é a pedra do amor e da paz, que possibilita a cura interior, a purificação do corpo e do lar.” Que super presente. Que intenção maravilhosa. Quem dera a cada lembrança que damos e recebemos impregnássemos com uma energia dessas. Eu acredito, de verdade. E por isso presenteio com flores. Flores de luz! Eis que é chegada a primavera, e olha que incrível, flores de luz para todos nós. Em tempos sombrios, que elas sejam a esperança por dias melhores. E que sua energia alcance e transforme todos os lares.

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Boas notícias?

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Não, infelizmente não trago as boas novas que almejo. Na verdade é uma pergunta. O que temos de bom para contar à nossa sociedade no dia de hoje? Bem, para os próximos anos, meses, dias, horas, minutos, segundos, desejo boas notícias. De todos os lados. Que seu telefone toque para que alguém lhe conceda uma boa nova. Que as capas de jornais e revistas ostentem novidades que agreguem, façam crescer e te arranque sorrisos. Que aquela velha expectativa por algum resultado, ceda espaço para um desfecho positivo.

Não, infelizmente não trago as boas novas que almejo. Na verdade é uma pergunta. O que temos de bom para contar à nossa sociedade no dia de hoje? Bem, para os próximos anos, meses, dias, horas, minutos, segundos, desejo boas notícias. De todos os lados. Que seu telefone toque para que alguém lhe conceda uma boa nova. Que as capas de jornais e revistas ostentem novidades que agreguem, façam crescer e te arranque sorrisos. Que aquela velha expectativa por algum resultado, ceda espaço para um desfecho positivo. E sim, que venham as vacinas, os tratamentos, a cura e com eles o reencontros, os abraços, o calor humano nosso de cada dia.

Queremos chuvas de notícias boas, de estatísticas que correspondam com a realidade e que a verdade dos fatos seja cada vez melhor. Que nos deparemos com gráficos que denotem queda dos índices de violência, da fome, do desemprego. E que essas informações sejam o real reflexo das vidas das pessoas.

Desejo que não nos acostumemos com os dados sobre mortes por Covid, que jamais nos esqueçamos que os números não são números, e sim pessoas, famílias, dores. Que não banalizemos os fatos de termos tanta gente morrendo, tanta gente sem emprego, tanta gente sem perspectiva alguma. Que não percamos o discernimento, a empatia e a capacidade de lutar com ética, honestidade e união por dias melhores.

Seria ótimo precisarmos cada vez menos de algum canal para fugirmos de uma realidade que nos desconecte com o que está acontecendo, que não cheguemos aos limites do que é suportável e que cá onde estamos possamos nos deparar com a divulgação de bons e construtivos feitos. Menos bandalheira. Sem roubalheira. Mais oportunidades. Mais arte. Melhor acesso às estruturas do serviço de saúde, viagens mais tranquilas pelas estradas, mais paz e liberdade verdadeira no ir e vir.

Seria ótimo amanhecermos com notícias boas sobre a vacina, com projetos construtivos saindo do papel, com estatísticas de cura, de inclusão, de acesso ao básico do básico para que a dignidade humana seja preservada. Como deve ser. Estamos fartos de corrupção, de desemprego, de empresas sobrecarregadas sobrecarregando seus trabalhadores, esse ciclo vicioso em que todos perdem.

Cansamos das trágicas notícias de que pessoas são baleadas quando erram o caminho; que os funcionários dos hospitais não recebem salários; que pessoas morrem nas filas de espera por atendimento médico; que os pobres estão cada vez mais pobres e os ricos cada vez mais ricos nessa realidade de desigualdade social abissal; que as verbas para a educação não chegam ao seu destino; que as cidades não estão ainda preparadas para receber chuvas; que o número de desempregados é alarmante; que os bancos nunca lucraram tanto e as famílias estão cada vez mais endividadas; que as prerrogativas dos cidadãos estão sendo mitigadas pelos próprios legisladores.

 Adoraria que você – e eu – recebêssemos mais notícias sobre cura, inclusão, emprego, amor, tolerância religiosa, liberdade, compaixão, respeito e arte. Adoraria, aliás, que a arte estampasse mais os noticiários do que a corrupção, a violência e o desemprego. Não por ilusão ou por cerceamento da liberdade de informação. Jamais. Mas porque finalmente fomentaríamos a esperança, a elevação do espírito por meio do belo, o lazer e a fraternidade por caminhos mais prazerosos e menos tortuosos. Porque de fato, precisaríamos falar menos de dados e fatos negativos justamente porque aconteceriam em menor escala. Seria a realização de um sonho coletivo não termos notícias sobre vítimas de Covid que morreram sem assistência médica para transmitir a ninguém. Seria, sim, a libertação.

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Ela, a natureza, de novo

sexta-feira, 04 de setembro de 2020

A crônica desta semana começa com o cantar de um passarinho. Só quem sabe ouvir os cantos dos pássaros vai entender o afago que eles podem ser para a alma. Em tempos difíceis como esse, a natureza que sempre é a melhor aliada, tem sido para muitos, a cura. Vejamos as flores, elas, a expressão do belo, obras de arte do Criador. Como alegram, transformam, trazem cor à escuridão, sorriso na tristeza, sentido na alegria e luz em todos os momentos. Vejamos as copas das árvores. Sintamos o verde, o ar, o frescor.

A crônica desta semana começa com o cantar de um passarinho. Só quem sabe ouvir os cantos dos pássaros vai entender o afago que eles podem ser para a alma. Em tempos difíceis como esse, a natureza que sempre é a melhor aliada, tem sido para muitos, a cura. Vejamos as flores, elas, a expressão do belo, obras de arte do Criador. Como alegram, transformam, trazem cor à escuridão, sorriso na tristeza, sentido na alegria e luz em todos os momentos. Vejamos as copas das árvores. Sintamos o verde, o ar, o frescor. Olhemos para o alto e percebamos, que independentemente dos nossos problemas e de nossas dores, o céu está lá, o planeta não para de girar. Vejamos as borboletas. Sintamos a transformação.

Aliás, levante a mão aquele que já tenha visto uma flor ou uma borboleta sem beleza. Não me recordo de alguma vez ter olhado para uma delas sem admirá-la. Borboletas, inclusive, são fontes de reflexão. De transformação. Desde o seu nascimento, estão fadadas a sofrerem uma completa metamorfose para se transformarem no que são. A vida delas começa com o ovo, passando pela etapa da larva (lagarta), até a formação da crisálida e finalmente a saída da borboleta de seu interior.

E aí eu pergunto: será que existe alguém que não está passando por alguma transformação em seu interior? Em sua vida? Gosto de observar a natureza e nela buscar respostas dentro de mim. Esse processo por que passam as borboletas pode ser um bom exemplo a ser apreciado. Metamorfoses, de certa forma, parecem ser típicas também dos seres humanos, sejam de que forma forem. Se “borboletar” fosse um verbo, eu pediria licença poética para conjugá-lo em primeira pessoa e no gerúndio, do tipo: “Eu estou borboletando”. E muito! Quem não está?

Na verdade, acho que não é questão de opção. Quando pensamos ter alcançado o patamar de cima, o passo à frente, vem a vida e nos mostra que a próxima fase já está por vir, que não dá para parar de subir, que a escada é longa e que não temos ideia do nível em que estamos. Só sabemos que temos que ser fortes, resistentes, resilientes e prosseguir. Depois de certa etapa, adquirimos também a consciência de que se não houver transformação de conceitos, de visão, de adaptação, de sentimentos, de preparação, não chegaremos lá. E não adianta ficarmos parados fingindo que não estamos entendendo a necessidade do movimento, porque a metamorfose simplesmente acontece.

Em meio a esse processo e ciente de que a ordem é de dentro para fora, nesse momento envolta por um casulo, apelo para alguma lógica da natureza, convencendo-me de que cada estágio agrega beleza e libertação, de modo que é melhor acolher com gratidão, pela borboleta que existe em mim. Como bem escreveu Rubem Alves, “não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses.”

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Quem me dera

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

O saudoso Renato Russo, imortalizou : ”Quem me dera ao menos uma vez, acreditar por um instante em tudo que existe. E acreditar que o mundo é perfeito e que todas as pessoas são felizes.” Quem me dera! Faço minhas as suas palavras...e sentimentos.

Quem diria que chegaríamos  no século 21 e tanta coisa permanecesse socialmente mal resolvida. Posso recordar, ainda que com vagos lampejos de lembrança, que havia na década de 1990 uma esperança turbinada por ocasião da virada do século. Um misto de medo, de desconfiança, de graça, de ilusão e bastante esperança. Quem se lembra?

O saudoso Renato Russo, imortalizou : ”Quem me dera ao menos uma vez, acreditar por um instante em tudo que existe. E acreditar que o mundo é perfeito e que todas as pessoas são felizes.” Quem me dera! Faço minhas as suas palavras...e sentimentos.

Quem diria que chegaríamos  no século 21 e tanta coisa permanecesse socialmente mal resolvida. Posso recordar, ainda que com vagos lampejos de lembrança, que havia na década de 1990 uma esperança turbinada por ocasião da virada do século. Um misto de medo, de desconfiança, de graça, de ilusão e bastante esperança. Quem se lembra?

Havia uma profecia de Nostradamus dando conta de que o mundo acabaria no dia 11 de agosto de 1999. Teve gente que acreditou. Mas o planeta não desintegrou e cá estamos nós enquanto Planeta Terra e Humanidade. Havia uma curiosidade se tudo continuaria igual com a virada do século. Havia uma postergação de compromissos para o ciclo seguinte, coisas importantes, projetos vindouros, investimentos, decisões que só seriam tomadas no século 21.

Pois já estamos em 2020. Sim, ano de dois mil e vinte! O futuro que chegou e cá estamos nós. Não andamos em carros que voam, não vivemos em cidades sustentáveis nem descobrimos a cura do câncer. E agora, José? Algo novo por vir?  Aguentamos ainda mais? Agora temos coronavÍrus, mais de 100 mil mortos no Brasil, milhões de pessoas doentes, ir e vir mitigado, medo de sair às ruas, índices de desemprego crescendo à galope, empresas sem fôlego, setores da economia aos gritos de socorro, bastiões da moral e dos bons costumes em polvorosa e nós aqui, sobrevivendo ao turbilhão.

Em pleno século 21 temos pessoas à porta de hospital para crucificar uma criança estuprada, homenagens à ditadura, milhares de doutores brasileiros sem emprego, a ciência, ontem desprestigiada, sendo clamada para apresentar soluções à maior crise sanitária do planeta, calçadas mais cheias de pessoas sem lares, corrida às vacinas, a violência doméstica se propalando, professores sendo agredidos por alunos e ameaçados pelos pais dos alunos, o Brasil liderando o ranking da involução com a legalização e o incentivo à utilização de agrotóxicos nos alimentos. Justamente quando o fomento à agricultura natural e orgânica está verdadeiramente se alastrando na mesma medida em que a consciência verde está à todo vapor.

O que deu errado? Estamos no século 21. Era para ter zerado o jogo, começado de novo, em outro patamar, um nível acima. Quantas gerações imaginaram tempos atrás sobre como estaríamos vivendo no século 21. Estaríamos convivendo com robôs? Teríamos alcançado a almejada paz no Oriente Médio? Conseguiríamos eliminar a fome no mundo? Teríamos inventado a máquina do tempo ao invés de perdemos tanto tempo com tanta coisa inútil?  Já pararam para refletir se os nossos antepassados estariam orgulhosos de nós, do que estamos fazendo com o planeta? De como estamos lidando com os demais seres? De como cuidamos do meio ambiente? Estamos sendo bons exemplos para as futuras gerações? Deixando um legado primoroso para nossos filhos e netos?

Vamos pensar sobre isso. Talvez dê tempo de pularmos de fase nesse jogo, conquistarmos territórios importantes, vencermos o mal no final de etapa para zerarmos essas batalhas há anos, décadas, séculos travadas. Estamos com o controle nas mãos ou somos os personagens do jogo? O que podemos fazer para vencer?

Quero, sinceramente, ao chegarmos no século que vem, ser poupada de fazer parte de uma geração destrutiva. Dá tempo. Vamos nos unir para fazer diferente o que poderia ser melhor. E será. A esperança continua viva, em pleno século 21.

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Tia do meme

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Sabe aquela frase um tanto lugar comum nas redes sociais que diz: “Me tornei aquilo que eu mais temia?” Já parou para pensar em quantas circunstâncias você precisou agir de forma simular àquela pessoa a quem tanto criticava? A verdade é que realmente cada um sabe da sua dor, seus anseios e suas necessidades.

Sabe aquela frase um tanto lugar comum nas redes sociais que diz: “Me tornei aquilo que eu mais temia?” Já parou para pensar em quantas circunstâncias você precisou agir de forma simular àquela pessoa a quem tanto criticava? A verdade é que realmente cada um sabe da sua dor, seus anseios e suas necessidades.

Lembro-me, ainda muito jovem, admirando e ao mesmo tempo indagando como determinadas pessoas do meu convívio conseguiam fazer tantas coisas ao mesmo tempo, terem energia para dar conta de tudo e seguirem com o sorriso no rosto. Mais tarde, questionei-me porque para tantas outras conhecidas era difícil dar uma pausa em suas tarefas para cuidar de uma dor, como deixavam de almoçar porque não dava tempo e como dormiam tão pouco. O tempo passou e por vezes poderia brincar ter me tornado não aquilo que temia, mas que já sabia existir.

Sem nem perceber, eu também já me emocionava assistindo até comerciais, já não trocava meu descanso precioso por qualquer coisa, já preferia tomar um chá lendo algo interessante, preferia ir à praia em horários de “sol baixo” (essa era uma expressão que ouvia muito), já conversava com flores e acarinhava plantas, já amava cozinhar e servir a todos, só tomava café fresquinho e não trocava um minuto com a família por nada.

Quando me dei conta, percebi que meu dia precisava de 36 horas, que eu gosto mesmo é da roça, que trabalhava além da conta, que não ligava para besteiras, que não me importava com as olheiras e que ser útil era um grande barato.

Muito do que somos hoje, talvez, seja aquilo que não entendíamos que seríamos um dia. E eis que o tempo passa e simplesmente temos comportamentos similares àqueles que antes apenas observávamos como espectadores. Outro dia uma pessoa brincou dizendo que “antigamente era a tia da piada sem graça e hoje é a tia do meme”. Não tem graça agora, mas na hora teve. E parece uma grande bobagem, e não deixa de ser.

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Sobre estudar...

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Um conselho recorrente que costumo dar ao longo da vida é muito simples e verdadeiro ao mesmo tempo: estude. Naturalmente, vivemos em um país absolutamente desigual sem oportunidades para todos. Isso faz com que o acesso à educação de qualidade, infelizmente, não seja privilégio de todos. Mas meu ponto é outro e ele parte do esforço pessoal, do espírito de busca, da vontade de aprender e do objetivo de construção de algo melhor para si próprio, para os outros, para o planeta.

Um conselho recorrente que costumo dar ao longo da vida é muito simples e verdadeiro ao mesmo tempo: estude. Naturalmente, vivemos em um país absolutamente desigual sem oportunidades para todos. Isso faz com que o acesso à educação de qualidade, infelizmente, não seja privilégio de todos. Mas meu ponto é outro e ele parte do esforço pessoal, do espírito de busca, da vontade de aprender e do objetivo de construção de algo melhor para si próprio, para os outros, para o planeta.

Como professora, por exemplo, aconselho os alunos a estudarem. Isso já se tornou uma prática rotineira, quase lugar comum. Mas vai além disso. Aconselho por amor, pois acredito verdadeiramente que por meio dos estudos damos passos mais largos em rumo a algo que tende a ser melhor. É justamente renunciando tempo e energia dispendido com algumas outras atividades para focar em nossa qualificação e aprendizado, que organizamos de forma correta cada tijolinho de nossa pirâmide de conhecimento.

Conhecimento sólido não conquistamos da noite para o dia. Demanda tempo, dia após dia, leitura, diálogo, métodos de estudos. Requer paciência, motivação, empenho, organização e principalmente, vontade. Não me refiro, neste ponto, ao dia a dia de salas de aulas em escolas, cursos e universidades. Quero falar sobre o esforço pessoal em estudar aonde estiver, em qual circunstância for, como prioridade para o crescimento pessoal e profissional. Refiro-me à leitura, à conscientização responsável, à busca por boas fontes, à construção da capacidade de debate civilizado, à críticas construtivas.

A verdade é que o conhecimento de alguma maneira segue o fluxo de dentro para fora e não o inverso. Nós é que precisamos verificar dentro da realidade única que cada um temos, qual será nosso investimento em algo que apesar de abstrato, é absolutamente valioso, intransponível e irrenunciável: o conhecimento adquirido por meio do estudo ao longo dos anos.

Ao nos depararmos com uma sociedade desigual, com ênfase em fake news, com desprestigío da ciência e da técnica, com incapacidade de diálogo, com dificuldades de apontamentos de soluções e alternativas, creio que seja um sinal claro para que continuemos estudando e incentivando pessoas a fazê-lo não só em benefício próprio e de suas conquistas que certamente advirão por meio dos estudos, mas também por nossa sociedade, pelo presente e futuro da humanidade.

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Divisão de tarefas

sexta-feira, 07 de agosto de 2020

Dia desses assisti a um documentário que retratava o dia a dia de uma família cuja distribuição de tarefas domésticas não existia, visto que todas elas “naturalmente” recairiam sofre a figura feminina que na casa residia. Era uma crítica. Mas nem é preciso assistir a obras para sabermos qual é a realidade vivida por muitas mulheres assoberbadas com o rol infinito de afazeres em seus lares acumulados com todas as suas outras inúmeras funções.

Dia desses assisti a um documentário que retratava o dia a dia de uma família cuja distribuição de tarefas domésticas não existia, visto que todas elas “naturalmente” recairiam sofre a figura feminina que na casa residia. Era uma crítica. Mas nem é preciso assistir a obras para sabermos qual é a realidade vivida por muitas mulheres assoberbadas com o rol infinito de afazeres em seus lares acumulados com todas as suas outras inúmeras funções.

É no mínimo intrigante pensarmos que em pleno século 21, os membros de uma família não compreenderem que cuidar do lar é dever de todos que nele habitam e não atribuição exclusiva das mulheres, vez ou outra repartida por favor ou altruísmo dos demais.

Muito temos ouvido falar, discutido, estudado, lido e dialogado a respeito do machismo estrutural deveras arraigado em nossa sociedade. Ele é real e certamente nocivo a muitas mulheres, por mais que às vezes pareçam mais uma mensagem subliminar ao invés de uma verdade escancarada. Fato é que muitas de nós, mulheres, sentimos na pele as consequências da sobrecarga mental, emocional e física deste acúmulo infinito de atribuições até os dias de hoje.

Os últimos meses têm sido atípicos e desafiadores para todo mundo. É inegável. A pandemia e suas imposições repentinas, fáticas, refletiram na necessidade real de reclusão da maior parte das pessoas em suas casas, apontando o afastamento social como necessidade de proteção, questão de sobrevivência e em muitos casos, obrigação. E infelizmente, esse contexto se apresentou nas vidas de muitas mulheres como uma avalanche ainda mais onerosa.

Alguns dados apontam que durante este período, muitas mulheres procuraram por cuidados médicos e psicológicos em decorrência do esgotamento físico e mental, outras tantas foram diagnosticadas com síndrome de burnout em seus trabalhos, inúmeras mais foram vítimas de violência doméstica por parte de seus parceiros em incidência ainda maior neste período de confinamento e tantos outros problemas com os quais nos depararemos se olharmos para os lados.

Observamos atualmente muitas mulheres exaustas tendo de trabalhar, tomar decisões, preocuparem-se com o equilíbrio da família, cuidar de sua saúde mental, cuidar dos filhos, auxiliar com as aulas remotas, com os deveres de casa, com sua educação, sobreviver em meio à pandemia, preocupar-se com as pessoas e ainda por cima cozinhar, arrumar, lavar, limpar, passar, providenciar as compras, desinfetar tudo que entra e sai e mesmo arcar com os custos da casa. Não é fácil e a balança tende a ser desequilibrada em desfavor delas.

Obviamente esta não é a realidade de todas. Não é a minha, felizmente. Acho lindas as famílias conscientes nas quais se propõe uma convivência em equilíbrio e cooperação. Homens e mulheres que cooperam mutuamente e se revezam nas funções da família e que se apoiam. Há um número cada vez maior de pessoas cientes de seus verdadeiros papéis nos lares e que batalham dia após dia para reverterem o machismo que leva a crer que os homens que contribuem em seus afazeres domésticos estão ajudando as mulheres.

Na verdade, estão fazendo o que deve ser feito, a obrigação da boa convivência, os preceitos da boa higiene, a cooperação em uma sociedade igualitária e porque não, com mais amor. Aquilo que deve ser feito independente do gênero de quem o faz. Há muitos de nós batalhando até mesmo por divisão de tarefas com respeito, por sermos conscientes de que a sobrecarga para um dos lados, além de nociva à saúde é injusta.

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Viva a tecnologia

sexta-feira, 31 de julho de 2020

Inevitáveis têm sido os estranhamentos, as surpresas e as reflexões sobre esse mundo novo, que ao mesmo tempo em que parece não ter engatinhado, já aprendeu a voar: o mundo virtual, a conectividade constante e a partilha de afetos e de vidas pelas redes sociais. Sinto que as vidas, os desejos, os passos, os afazeres, as perdas, os anseios, os familiares das pessoas nunca antes haviam sido tão expostos como nos últimos tempos.

Inevitáveis têm sido os estranhamentos, as surpresas e as reflexões sobre esse mundo novo, que ao mesmo tempo em que parece não ter engatinhado, já aprendeu a voar: o mundo virtual, a conectividade constante e a partilha de afetos e de vidas pelas redes sociais. Sinto que as vidas, os desejos, os passos, os afazeres, as perdas, os anseios, os familiares das pessoas nunca antes haviam sido tão expostos como nos últimos tempos.

Há filhos de estranhos cujo crescimento podemos acompanhar com sensação de proximidade ainda maior do que os próprios parentes que se encontram em almoços de domingo. Sem nunca sequer temos os conhecido. Porque seus rostos nos são apresentados às vezes por foto de exame de ultrassonografia. Porque não há mais necessidade de irmos à maternidade para sanar a ansiedade e a curiosidade de conhecer “ a carinha bebê”. Basta esperar algumas horas (às vezes, minutos) e alguém se encarregará de apresenta-lo ao mundo virtual, aos amigos reais, aos amigos de amigos, conhecidos e estranhos que estranhamente (e aqui cabe o plenonasmo) estão aguardando para conhecer a face da nova vida que chegou ao mundo. Muitas vezes, sequer os pais são conhecidos. Nunca os abraçamos. Não trocamos palavras, não compartilhamos momentos.

Venho percebendo que prestar satisfação sobre tudo tem sido uma conta cobrada e cara para algumas pessoas. Nos avisam se está tudo bem, se não está, se alguém nasceu, partiu... se o emprego vai bem, se a dieta está em dia, o que se faz na companhia de amigos. Por vezes, é até cansativo acompanhar em tempo real as vidas das pessoas que circulam por nossas telas. Tenho às vezes a sensação de que muitas pessoas fazem coisas apenas para dizer que fizeram. Para que terceiros saibam que foram feitas. Vivem no piloto automático, na ânsia de cumprir o roteiro e mostrar para os demais que o cronograma está sendo cumprido. Não sei se vivem tão bem cada momento, quando cada imagem por vezes denota personagens afoitos por provarem que fazem cada vez mais coisas legais.

 Às vezes, mesmo que o seu acesso às redes sociais seja muito limitado, se participar de alguma rede social, provavelmente tem conhecimento sobre o paradeiro de muitos conhecidos, de pessoas com as quais pouco trocou palavras na vida. Sabe o que comeram no almoço, a marca do vinho que bebem, as roupas preferidas, os lugares por onde passaram, as principais paisagens avistadas. Se bobear, aproximando alguma imagem, se informa até sobre número de voo e as poltronas em que sentaram-se no avião. Tudo isso, sem esforço algum. Hoje em dia, sabemos de pessoas sem precisarmos conquistar sua confiança, sem conversas longas por telefone para que saibamos o que têm feito e quando percebemos que elas sumiram - das redes – supomos porque será.

A vida multitarefas demanda de você o pensamento acelerado e distribuído nas muitas distrações mentais que demandam nosso pensar contínuo. Hoje em dia, depois que a pandemia deu as caras e chacoalhou as nossas vidas, é ainda mais intensa a interação virtual. E ainda mais cansativa. Mesmo assim, frente à necessidade de afastamento social, não posso imaginar como seria se não pudéssemos ver e saber das pessoas por algum outro canal que não fossem as visitas, os abraços e as conversas.

Aflijo-me em imaginar em como as famílias se conectavam antigamente em meio a pandemias e guerras. Como faziam as pessoas sem que pudessem ver os semblantes dos entes amados frente a uma imposição de isolamento. Como trocavam notícias, informações e cuidados à distância se não tinham a tecnologia como aliados. Basta imaginarmos vivermos esses últimos meses sem proximidade com as pessoas sem o milagre da comunicação. Inimaginável.

Graças à tecnologia, conseguimos proximidade com as pessoas, abraços ainda que virtuais no dia do aniversário. Podemos compartilhar o dia, o que fazemos com aqueles que nos importam. Podemos por vezes trabalhar sem sair de casa, aliviar as saudades em um clique, rever nossos familiares e amigos que estão por aí, no mundo. Nesses meses de confinamento, percebi que temos em mãos ferramentas poderosas sem as quais seria difícil vivermos. São as dores e as delícias desse mundo novo. E viva a tecnologia!

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Queremos boas notícias

sexta-feira, 24 de julho de 2020

Em tempos de pandemia, com aumento de pacientes infectados, o que precisamos mesmo para os próximos dias, meses, anos, horas, segundos... é mesmo de boas notícias, que aumentem a nossa autoestima, de verdade. De todos os lados. Desejo que seu telefone toque para que alguém lhe conceda uma boa nova. Que as capas de jornais e revistas ostentem novidades que agreguem, façam crescer e te arranque sorrisos. Que aquela velha expectativa por algum resultado, ceda espaço para um desfecho positivo.

Em tempos de pandemia, com aumento de pacientes infectados, o que precisamos mesmo para os próximos dias, meses, anos, horas, segundos... é mesmo de boas notícias, que aumentem a nossa autoestima, de verdade. De todos os lados. Desejo que seu telefone toque para que alguém lhe conceda uma boa nova. Que as capas de jornais e revistas ostentem novidades que agreguem, façam crescer e te arranque sorrisos. Que aquela velha expectativa por algum resultado, ceda espaço para um desfecho positivo.

Queremos chuvas de notícias boas, de estatísticas que correspondam com a realidade e que a verdade dos fatos seja cada vez melhor. Que nos deparemos com gráficos que denotem queda dos índices de violência, da fome, do desemprego. E que essas informações sejam o real reflexo das vidas das pessoas.

Seria ótimo precisarmos cada vez menos de algum canal para fugirmos de uma realidade que nos desconecte com o que está acontecendo, que não cheguemos aos limites do que é suportável e que cá onde estamos possamos nos deparar com a divulgação de bons e construtivos feitos. Menos bandalheira. Sem roubalheira. Mais oportunidades. Mais arte.  Melhor acesso às estruturas do serviço de saúde, viagens mais tranquilas pelas estradas, mais paz e liberdade verdadeira no ir e vir, quando tudo isso passar.

Seria ótimo que junto com o fim desta pandemia não tenhamos mais que nos depararmos com as trágicas notícias que dominavam os noticiários antes da Covid-19 dominar todo o espaço, como pessoas que são baleadas quando erram o caminho; que os funcionários dos hospitais não recebem salários; que pacientes morrem nas filas de espera por atendimento médico; que as verbas para a educação não chegam ao seu destino; que as cidades não estão ainda preparadas para garantir qualidade de vida aos seus moradores; que o número de desempregados é alarmante; que os bancos nunca lucraram tanto e as famílias estão cada vez mais endividadas; que as prerrogativas dos cidadãos estão sendo mitigadas pelos próprios legisladores.

Adoraria que você – e eu – recebêssemos mais notícias sobre cura de doenças, a tão esperada vacina contra o coronavírus, inclusão, emprego, amor, tolerância religiosa, compaixão, respeito e arte. Adoraria, aliás, que a arte estampasse mais os noticiários do que a corrupção, a violência e o desemprego. Não por ilusão ou por cerceamento da liberdade de informação. Jamais. Mas porque finalmente fomentaríamos a esperança, a elevação do espírito por meio do belo, o lazer e a fraternidade por caminhos mais prazerosos e menos tortuosos. Porque de fato, precisaríamos falar menos de dados e fatos negativos justamente porque aconteceriam em menor escala. Seria a realização de um sonho coletivo não termos notícias sobre vítimas de doenças e da violência para transmitir a ninguém. Seria, sim, a libertação. Eu acredito. E você? 

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Pausa

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Há momentos na vida em que pausas se fazem mais que necessárias, por uma série de motivos. Talvez seja mais interessante projetá-las com estratégia, inteligência e planejamento, compreendendo sua importância. Não sei se as pessoas conseguem. O que vejo com bastante frequência é a pausa forçada. Aquela imposta pela vida, pelas circunstâncias, por fatores externos. Ou mesmo quando o corpo grita, a saúde é prejudicada, as forças se esvaem e aí, não resta outro caminho, senão sentir na pele os sinais e ... parar.

Há momentos na vida em que pausas se fazem mais que necessárias, por uma série de motivos. Talvez seja mais interessante projetá-las com estratégia, inteligência e planejamento, compreendendo sua importância. Não sei se as pessoas conseguem. O que vejo com bastante frequência é a pausa forçada. Aquela imposta pela vida, pelas circunstâncias, por fatores externos. Ou mesmo quando o corpo grita, a saúde é prejudicada, as forças se esvaem e aí, não resta outro caminho, senão sentir na pele os sinais e ... parar.

Recebemos cotidianamente uma avalanche motivacional para seguirmos sempre em frente, haja o que houver, venha o que vier. E por mais que realmente seguir em frente por vezes seja o caminho mais recomendável, percebo que não raras vezes precisamos é de uma pausa efetiva para respirarmos, para nos reconectarmos, para reunirmos forças, renovarmos o repertório, oxigenarmos a mente e darmos consolo ao corpo, muitas vezes tratado com tanta displicência ao longo dos dias de rotina pesada.

Nosso templo precisa de cuidados. E ouso dizer que precisamos priorizá-lo, elevá-lo ao patamar do topo, vertermos nossa atenção, nossas ações, em prol dele, sem o qual simplesmente não temos como seguir adiante. Isso envolve todos os cuidados com nossa saúde física, mental, espiritual... envolve ser presente, respirar com atenção, ler bons livros, pensar em coisas boas, sonhar com um futuro bom, exercitar o corpo, trabalhar com gratidão, amar e ser amado, cuidar das relações e tudo aquilo que é intangível, primordial e que faz a vida ter sentido.

Essa pausa a que me refiro não é o ficar estático. É o respeito ao tempo de florir-se, de não atropelar a si próprio em nome dessa correria desvairada que impõe barulho em nossas vidas. É o saber respeitar limites, dar descanso ao corpo e refrescar a mente de maus pensamentos, de demandas, além da conta e telas coloridas. É o dispersar-se menos com o que não interessa e deixar a mente fluir.

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