Intuição

Paula Farsoun

Com a palavra...

Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Intuição é coisa séria. Eis algo que eu respeito a cada dia mais. Sei que não é algo palpável. De fato, crer no invisível, naquilo que não sabemos explicar e nem mesmo entendemos, não é tarefa fácil. E é isso, se tem uma coisa que não é explicável com precisão é a tal da intuição. Não sei vocês, mas eu resolvi ficar atenta a esse sinalzinho sutil, essa mensagem subliminar que, eu acredito, insiste em me proteger.

Lá em nosso íntimo, em nosso ‘tão tão distante”, talvez chamemos isso a que me refiro de sexto sentido. Aquele lampejo de inspiração, o passarinho que invisível assopra no ouvido, aquele sonho sem pé nem cabeça, o impulso em não atravessar a rua naquele momento, a sensação de que não é pra ser, ou que é pra ser. Essas coisas factíveis embora sem forma física que nos rodeiam e se ficarmos atentos à ela, podemos percebê-las, senti-las.

Intuição foge à lógica. Passa por uma percepção fugaz que nos ajuda a escolher entre direita ou esquerda diante da encruzilhada. Às vezes a classificamos como um medo bobo ou infundado, outras a percebemos como um aperto diferente no peito, ou mesmo um brilho especial no ar. Ela está aí, de alguma maneira, se faz presente. Volta e meia mostra a que veio, sinaliza que não está à passeio, mostra sua voz sem nada dizer.

Eu prefiro andar alinhada à minha. Sei que muitos desconsideram a sua existência, não acreditam em intuição, mas sabe aqueles avisos que as mães dão aos filhos e que passado um tempo percebemos que elas tinham razão? O tempo firme, sol radiante e elas, como se metereologistas fossem, avisam sobre a necessidade do agasalho, da sombrinha e, do nada, parece que uma nuvem carregada paira sobre nossas cabeças quase que para dizerem que elas tinham razão? Então, intuição é tipo isso. Não adianta desconsiderarmos, desacreditarmos, ignorarmos. Ela simplesmente está ali e se acomoda em algum cantinho oferecido por nós. Se cedemos espaço, ela mostra-se mais confortavelmente, sua presença é mais marcante. Se a deixamos num canto, ela pode passar o tempo todo ali, como se de castigo, sem ser notada. Mas ela segue ali.

Nos últimos anos, por via das dúvidas, estou dando mais crédito a essa tal de intuição e venho percebendo que quanto mais acomodada no sofá confortável da sala do meu ser, mais ela aflora e dá o ar de sua graça. Sinto que ela vem protegendo e já estou cheia de contos sobre como ela vem atuando. Acho que nos últimos dias deixei de ser mordida por um cachorro, evitamos um acidente, tomei decisões certas nas horas certas, contentei-me em esperar, pensei duas vezes antes de dizer algumas coisas e até mesmo senti alertas à saúde. Coisas sérias. E ela, essa grande aliada, estava aqui comigo. Resolvi chamar tais lampejos de sensações que por vezes atuam como guias, alertas e percepções de intuição. Mas poderia tê-la nominado por proteção. Espero que ela goste do nome.

Publicidade
TAGS:

Paula Farsoun

Com a palavra...

Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.