Viver é político

Paula Farsoun

Com a palavra...

Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Viver, por si só, é um ato político, de alguma maneira. A forma como se vive expressa, em alguma medida, o lugar que se decide ocupar no mundo. Não me refiro à política e nem aos políticos. Faço alusão às nossas escolhas reais enquanto cidadãos todos os dias. Estamos atravessando um período que consubstancia grande marco da democracia que tem um de seus vértices no processo eleitoral, quando os cidadãos escolhem por meio do voto secreto parte de seus representantes conforme as diretrizes constitucionais. No próximo domingo, 15,  escolheremos muitos de nossos governantes, chefes do Poder Executivo e componentes do Poder Legislativo em âmbito municipal. De fato, as eleições são um acontecimento extremamente importante para uma sociedade fincada nos preceitos democráticos.

Contudo, não só as eleições municipais decodificam os atos políticos que praticamos nesses tempos. E em todos os outros. De alguma forma, tudo é político. A forma como se vive, repita-se, a rigor, manifesta em profundidade escolhas que dizem bastante sobre nós e nossa sociedade como um todo. Somos protagonistas da estrutura social e nossas ações e omissões podem representar, também, muito do que evoluímos – ou involuímos – enquanto coletividade. A forma como tratamos as pessoas em geral, como nos preocupamos com o meio ambiente, a limpeza do bairro, o respeito às estruturas educacionais, às leis, aos outros, os exemplos aos filhos, a postura no trabalho, dizem muito sobre nós.

A dicotomia entre direita e esquerda como embate ideológico pode configurar uma bipolaridade que às vezes me parece rasa, sobretudo quando olhamos pelo viés do dia a dia, das pequenas coisas, dos impactos reais das vidas das pessoas. Penso que diante das múltiplas formas de existir, dentro do campo do livre arbítrio de cada um, os atos políticos cotidianos podem retratar efeitos reais, volúveis ou duradouros, sentidos pela coletividade. Até mesmo a escala de prioridades das pessoas podem refletir no meio social.

Aquilo que escolhemos fazer no dia a dia pode fazer alguma diferença social, para melhor ou pior, já que tudo começa por um pequeno protótipo. Um pequeno problema que se torna uma grande causa, uma pequena solução que também pode se tornar uma grande causa. Uma boa ideia pode espelhar resultados geniais, da mesma forma que uma má ideia pode gerar prejuízos severos.

Estamos há meses enfrentando um contexto pandêmico sem precedentes. É, de fato, um laboratório de vida que nos impõe uma vulnerabilidade tamanha frente a problemas gigantes. Como estamos passando por esta fase? O que estamos aprendendo, contribuindo? Já parou para pensar como suas ações podem ajudar a salvar vidas, por exemplo? Tem feito bom uso das máscaras por mais desconfortáveis que sejam? Tem respeitado os idosos? Os profissionais da saúde? Tem contribuído com informações baseadas em fontes fidedignas? Tem procurado ajudar os que mais estão precisando? Tem feito o que pode pelos trabalhadores? E pelas empresas que te remuneram? Pelo comerciante local? Pelos mais vulneráveis?  O que tem feito de bom, de útil? Sua honestidade segue ilibada, seu caráter preservado, consegue sentir compaixão e agir dentro de sua esfera de possibilidades? Veja se não é uma escola e tanto de vida. Nossas condutas nesse momento não estão previstas em cartilhas anteriormente estudadas. Vivemos o hoje e queremos todos a sobrevivência digna. E que tudo passe. Como nos ajudamos, creia, também diz muito sobre os seres políticos que somos. Fica a reflexão.

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Paula Farsoun

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Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.

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