O sol é arco-íris

Wanderson Nogueira

Palavreando

Aos sábados, no Caderno Z, o jornalista Wanderson Nogueira explora a sua verve literária na coluna "Palavreando", onde fala de sentimentos e analisa o espírito e o comportamento humano.

sábado, 20 de janeiro de 2024

Abre a janela desta manhã que amanhece mais cedo. O sol das cinco e meia da manhã brilha sem queimar. Lá fora, dá para ouvir os pássaros acordando em regozijo. O céu rosado manifesta poesias que podem ser lidas sem uma ordem específica. Passa o olho por esses desenhos nada infantis. Percebe. Capta. Boceja a preguiça. Reivindica essa energia.  

A liberdade é mesmo linda. Abre os braços, o peito e a mente. O sol quer fotografar seu rosto. Alma. Deixa essa energia abastecer seus sonhos, sua vivacidade, seus propósitos. O que te move? Escolha o movimento de ser feliz!

Deixa o vento dizer o que tem para dizer. Deixa a música tocar. Sempre é bom ouvir novas músicas e afetado por aquelas que parecem ter sido feitas para você e para suas histórias, deixar repetir e repetir até decorá-las e cantarolá-las pelo dia inteiro. Ah, esse lugar… Espelho d 'água nos faz ficar mais bonitos.

E é tão belo o sol iluminando a grande montanha que se vê pela janela. Tão imponente é o mesmo sol desenhando o azul do mar. Qual é a cor do mar? O sol é quem faz dele azul com suas ondas vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta. O sol é arco-íris. O mundo é colorido. Deixa a janela aberta. Vem para fora. A felicidade é aqui e agora. 

Olha o povo de novo na rua. O bloco vem vindo. Mais outro e tantos outros em cortejo. Se deixe ser cortejado. Estenda a mão. Se renda. É carnaval de janeiro querendo ir para além de fevereiro, sem se importar se as águas de março virão ou não. Há verões que jamais são varridos. Há carnavais fora de época e outros que não se encerram em cinzas. Instrumentos de sopro combinam com tambor e tamborim. A música lustra a vida. 

Fantasia o dia de alegria até descobrir que não é a alegria um adereço qualquer. Esse paetê que se instala no coração, ninguém pode tirar. Roda como a porta-bandeira. Levanta as suas bandeiras. Somos nossas paixões. Faz das suas paixões seu sobrenome. E ainda que pareça colecionar utopias, lembre de Galeano: siga caminhando até o horizonte. 

Ao pôr do sol — agradece. Palmas ao astro-rei. Em dias de verão, o sol fica até quase às sete da noite. Se a noite o esconde, ele segue iluminando a lua para iluminar a todos nós. No rebuliço da dança das estrelas, seja calmaria ou agitação, mas dance. Evite o medo de dar passos em falso. O importante é chamar a leveza para te levar dois pra cá, dois pra lá até você conseguir inventar a sua própria forma de dançar. Flutuar. 

Se despe de tudo, menos empatia, para mergulhar nessas águas de purificação. Celebrar. A existência e o que existe entre nós. A intenção é apenas inauguração de querer chegar. Vai! Persiste, pois, a nossa gana em viver e a imensa vontade de ser feliz. Livres sem acanhar a liberdade alheia. Dispostos a ser como o sol, que com seu colorido, faz azul o mar. Nós também somos arco-íris e como tal é da nossa essência colorir os dias.

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