Hoje, vou escrever sobre a mulher. Não especialmente a respeito da literatura. Se bem que todo ser vivo é pura literatura ao reunir e misturar as histórias de diversas entidades que possam constituí-lo, como a da criatura, do sujeito, da pessoa e a do indivíduo. Todo e qualquer ser é o mais completo protagonista, é contundente narrador dos fatos experimentados. O mais dramático, inusitado e cômico personagem das cenas vividas.
Notícias de Nova Friburgo e Região Serrana
Tereza Cristina Malcher Campitelli
Momentos Literários
Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.
Taí, esta é uma pergunta que volta e meia a gente se faz. É um questionamento que guarda um valor imenso, caso seja para dar um livro a um filho, neto ou a uma criança. Caso seja um professor. A pergunta também é pertinente para quem quer presentear alguém ou para a escolha de uma leitura pessoal.
Confesso que para mim é uma questão bem delicada, posto que a leitura pode tocar as pessoas no mais fundo das emoções. Especialmente se for criança ou jovem porque, acima de tudo, o conteúdo de um livro influencia os processos de amadurecimento pelos quais está passando.
Shakespeare foi abençoado nas ideias que fundamentaram sua vasta e diversificada obra. Ele conseguiu abranger os meandros da existência humana, incluindo até os momentos de vigília antes do adormecer.
Ao ler o conto de Antônio Carlos Vianna, “Dona Katucha”, do seu livro de contos
“Jeito de Matar Lagartas”, Companhia das Letras, eu me deparei com algumas
questões relevantes sobre o envelhecer, a etapa da vida que evolui para a morte,
processo inevitável e implacável. É caracterizada por transformações corpóreas e
mentais degenerativas, que tocam as emoções, a cognição, a sexualidade e a
espiritualidade não somente daquele que envelhece, mas das pessoas que com ele
convivem. É contextual por mais solitário que o sujeito seja.
Vivemos mergulhados em narrativas, em tantas que podemos confundir as nossas com as incontáveis que nos cercam. Envolvemos e somos envolvidos de modo que a nossa voz se mistura com as de num coro de vozes diversas, algumas afinadas, outras desafinadas. Às vezes, musicadas por gaitas, trombones e violinos.
Os conceitos são relevantes para que possamos saber com o que estamos lidando, fazendo ou mesmo querendo. São concepções que definem o modo como nos posicionamos diante das situações.
No Clube de Leitura Vivências, refletindo a respeito do livro “Amores Improváveis”, de Edney Silvestre, nós nos deparamos com a palavra “criatura” e conversamos livremente sobre o que pensávamos a respeito. Particularmente, não gosto da palavra, talvez porque tenha mais consoantes do que vogais. Ou porque minha avó se referia à “criatura” quando havia algo recriminativo em alguém.
Quinta-feira última, 27\01\2022, recebemos uma pérola no Clube Clássicos da Literatura, a Professora Glaucia Pereira Brito, que nos ofereceu uma palestra sobre Maria Firmina dos Reis (1822-1917), maranhense, primeira romancista brasileira, esquecida durante décadas, cuja obra possui valor literário, histórico, cultural e social relevante.
Nova Friburgo é uma cidade literária por essência. A inspiração brota
pelos seus vales, dança entre as árvores e é iluminada pelas estrelas. A
literatura está no ar, as ideias atravessam as pessoas que aqui criam suas
raízes; a literatura faz-se diversificada em diversos estilos. Eis que,
repentinamente, em nossas terras altas, surgiram os microcontos, que vieram
pelas mãos de Catherine Beltrão. Os textos mínimos se caracterizam por
mostrar a essência das coisas, para dizer o que é inerente a uma circunstância,
a algo ou a alguém.
Sim, senhores, as crianças e os jovens gostam de ler!
Fiz, mais uma vez, esta constatação ao desenvolver uma oficina na
Biblioteca do SESC para um grupo de jovens, quando abordei a relação do
autor com o leitor, o processo criativo da escrita e os benefícios que a leitura
oferece.
Foi uma atividade agradável e todos demonstraram interesse. Ao longo
da oficina, observei que alguns participantes do grupo liam mais de um livro por
vez, como também a maioria conhecia os autores citados pelos colegas.
A Academia Friburguense de Letras, Casa de Salusse, lugar de literatura,
ideias e convivência, ganha, em 2022, ares renovadores: novos acadêmicos e
diretoria. A diretoria será representada por Maria Janaína Botelho Corrêa,
Presidente; Wander Lourenço, Vice-Presidente; Alfredo José Henrique, Diretor
Cultural; e Irapuã Guimarães, Secretário. O Conselho Fiscal será composto por
mim, Ordilei Alves da Costa e Catherine Beltrão. Os novos acadêmicos são
Juçara Valverde, Alfredo José Henrique e Catherine Beltrão. Ainda tem a