A última homilia do Papa Francisco no Domingo de Páscoa

A Voz da Diocese

a voz da diocese

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo.

quarta-feira, 23 de abril de 2025

Nosso querido Papa Francisco fez a sua Páscoa na manhã da última segunda-feira, 21, mergulhado na luz da Páscoa de Cristo!

Rezemos, agradecidos a Deus pela sua vida de amor cristão, humildade e misericórdia e tão rica missão, com tantos frutos para a Igreja e para o mundo.

Transcrevemos aqui a homilia que Francisco escreveu para a celebração do Domingo de Páscoa.

“A noite está chegando ao fim e já começam a despontar os primeiros raios da aurora, quando as mulheres saem para o túmulo de Jesus. Caminham com passo incerto, olhar perdido e o coração

dilacerado de dor por aquela morte que lhes arrebatou o Amado. Mas tendo chegado lá, ao ver o túmulo vazio, invertem o rumo, mudam de estrada; abandonam o sepulcro e correm para anunciar

aos discípulos um percurso novo: Jesus ressuscitou e os espera na Galileia. Na vida destas mulheres, aconteceu a Páscoa, que significa passagem: de fato. Passam do caminho triste rumo ao

túmulo para uma corrida jubilosa até aos discípulos, a fim de lhes dizer não só que o Senhor ressuscitou, mas que há uma meta a alcançar imediatamente, a Galileia.

O encontro com o Ressuscitado é lá. O renascimento dos discípulos, a ressurreição do seu coração passa pela Galileia. Entremos também nós neste caminho dos discípulos, que vai do túmulo à Galileia. As mulheres — diz o Evangelho — “foram ao túmulo” (Mt 28,1). Pensam que Jesus se encontra no lugar da morte, e que tudo tenha acabado para sempre. Às vezes acontece-nos, também a nós, pensar que a alegria do encontro com Jesus pertence ao passado, enquanto aquilo que o presente nos dá a conhecer são sobretudo túmulos selados: os túmulos das nossas desilusões, amarguras e desconfianças, os túmulos do “não há mais nada a fazer”, “as coisas não vão mudar nunca”, “melhor aproveitar o dia a dia” porque “do amanhã não sabemos nada”.

Também nós, se fomos provados na dor, oprimidos pela tristeza, humilhados pelo pecado, amargurados por algum fracasso ou pressionados por alguma preocupação, experimentamos o gosto amargo do cansaço e vimos a alegria apagar-se no coração.

Às vezes notamos simplesmente o peso de levar adiante a vida cotidiana, cansados de arriscar pessoalmente contra uma espécie de “muro de borracha” de um mundo onde parecem prevalecer sempre as leis do mais astuto e do mais forte. Outras vezes sentimo-nos impotentes e desanimados perante o poder do mal, os conflitos que dilaceram as relações, as lógicas baseadas no cálculo e na indiferença que parecem governar a sociedade, o câncer da corrupção — e há tanta — a propagação da injustiça, os ventos gélidos da guerra.

Mais ainda, talvez nos tenhamos confrontado com a morte, ao roubar-nos a doce presença dos nossos queridos ou tocar-nos pela doença ou nas calamidades, e facilmente caímos como vítimas da desilusão. Assim, por estas ou outras situações — cada um de nós conhece as suas —, os nossos caminhos detêm-se perante túmulos e nós ficamos imóveis chorando e lamentando-nos, repetindo, sozinhos e impotentes, os nossos “porquês”. Aquela cadeia de “porquês” ...

Ao contrário, as mulheres na Páscoa não ficam paralisadas diante de um túmulo, mas — diz o Evangelho — “afastando-se rapidamente do sepulcro. cheias de temor e grande alegria, as mulheres correram a dar a notícia aos discípulos” (28, 8) Levam a notícia que mudará para sempre a vida e a história: Cristo ressuscitou! (28, 6). E, ao mesmo tempo guardam e transmitem a recomendação do Senhor, o seu convite aos discípulos, ou seja, que partam para a Galileia, porque lá o verão (cf.28. 7) Mas, irmãos e irmãs, perguntamo-nos hoje: que significa ir para a Galileia? Duas coisas: a primeira, sair da clausura do Cenáculo partindo para a região habitada pelos gentios (cf Mt 4, 15).

Sair do escondimento para se abrir à missão, escapar do medo para caminhar rumo ao futuro. A segunda — e isto é maravilhoso —. voltar às origens, porque precisamente na Galileia é que tudo começara. Lá o Senhor encontrará e chamará pela primeira vez os discípulos. Portanto, ir para a Galileia e voltar à graça primordial, é readquirir a memória que regenera a esperança, a “memória do futuro” com que fomos marcados pelo Ressuscitado.”

Fonte: Liturgia Semana Santa 2025 - CNBB

 

Publicidade
TAGS:

A Voz da Diocese

a voz da diocese

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.