O Brasil não é para amadores

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

quarta-feira, 23 de abril de 2025

O Brasil é mesmo um país sui generis, difícil de ser entendido por nós nativos, imagine para quem não  está acostumado com suas particularidades. No carnaval, nos damos ao luxo de pararmos por quatro dias e meio, pois apesar de segunda feira não ser feriado, foi taxado de ponto facultativo, o que na prática significa mais um dia de folga. A famosa mardi gras, do francês terça feira gorda, na realidade marca o último banquete antes do início da quaresma, sendo comemorada na Luisiana, nos Estados Unidos, assim como em alguns outros países, como a Colômbia, o Canadá, a Itália. Mas, em outras partes do mundo essa festa popular acontece em meses distintos, não necessariamente entre os meses de fevereiro e março. No entanto, esses países não ficam tantos dias parados

Nesse ano de 2025, além das festas de momo tivemos mais um feriadão, começando na sexta feira da paixão e estendendo-se até o 21 de abril, dia dedicado a Tiradentes, o mártir da independência. Como o dia santo caiu no dia 18 de abril, o país parou por mais quatro dias, sendo que no estado do Rio de Janeiro, dia 23, uma quarta feira, também foi feriado, pois se comemora o dia de São Jorge. Assim de sexta a quarta feira a população do Rio se entregou ao gostoso dolce far niente, uma expressão que retrata a arte de desfrutar o ócio. Claro está que o prefeito do Rio decretou ponto facultativo no dia 22 de abril, uma terça feira, para não prejudicar o lazer da população. Praia e circo, é disso que o povo gosta.

Como tudo na vida há um lado bom e um lado ruim. Para a rede hoteleira, bares e restaurantes a felicidade foi geral. Em Friburgo a previsão é de oitenta e cinco por cento de ocupação dos hotéis, em Cabo Frio foi de cem por cento. No entanto, o comércio em geral e as indústrias em particular têm um prejuízo muito grande, pois deixam de vender ou produzir e arrecadar. Como estamos no final do mês, os encargos e salários necessitam serem pagos e o dinheiro não entra nesse período. Tudo bem que temos os shoppings com um número de lojas variados; só que nessas épocas quem mais fatura é a praça da alimentação; ninguém está preocupado com compras.

Em Cabo Frio, acostumado com o turismo de baixa renda, aquele que aluga uma casa de quarto e sala para mais de dez pesssoas, a situação é sempre complicada. O número de turistas é desproporcional ao que a cidade aguenta, o trânsito fica uma loucura, engarrafamentos constantes, com mostras de falta de educação e civilidade, falta de locais para estacionamento o que acarreta um caos total. A sujeira se acumula, pois o serviço de limpeza não dá conta do trabalho e esse tipo de turista tem algo a ver com a família dos suínos. Aliás, o atual prefeito tentou colocar ordem no caos, aumentando as taxas de ocupação pelos ônibus de turismo, a exemplo de que é feito em cidades com turismo de qualidade, como Campos do Jordão e Gramado. Foi impedido por um desembargador do Tribunal de Justiça do Estado, provavelmente socialista, que alegou inconstitucionalidade e revogou o decreto municipal. Mais uma vez, a cidade está um horror. A população que mora, paga impostos e vê os seus direitos desrespeitados que se dane. Mas, o desembargadorzinho deve estar satisfeito. A diversão é para todos, não importa a classe social.

Na realidade, Dr. Serginho, prefeito de Cabo Frio, está tentando por ordem na balbúrdia que se instala em Cabo Frio, durante os grandes feriados. Mas, infelizmente, anos de baderna e populismo não se conserta do dia para a noite, é um trabalho a longuíssimo prazo. O choque de ordem da prefeitura começou com a proibição de aparelhos de som nas praias e um novo ordenamento na distribuição das barracas de aluguel, que antes impedia que o banhista comum instalasse a sua. Mas, a má educação do turista dá margem a outras aberrações como jogar lixo nas calçadas e na praia, estacionar de maneira irregular, às vezes em fila dupla ou, simplesmente, não respeitar o alinhamento da calçada. A falta de educação e civilidade se acentua nos períodos de férias ou grandes feriados, pois ao viajar deixa-se a educação, se é que a tem, em casa.

Que se consiga, em Cabo Frio, ordenar o turismo, impedindo uma ocupação desordenada e em números desproporcionais ao que a cidade aguenta, as fossas ao final da temporada que o digam. Nova Friburgo não fica atrás, pois o grosso dos turistas que desembarcam em nossa cidade não é diferente da região praiana.

Turismo com qualidade é muito melhor que turismo de massa e, financeiramente, é melhor para todos, comerciantes e moradores.

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