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Consciência, comunhão e pastoral em favor da família

domingo, 04 de julho de 2021

Continuamos a nossa apresentação sintética sobre a exortação Amoris Laetitia, do Papa Francisco, sobre a alegria do amor na família, a dignidade e missão desta divina instituição do projeto de Deus. No quinto capítulo (163-198), o pontífice reflete sobre a fecundidade: “o amor conjugal ' não se esgota no interior do próprio casal (...). Os cônjuges, enquanto se doam entre si, doam para além de si mesmos a realidade do filho, reflexo vivo do seu amor, sinal permanente da unidade conjugal e síntese viva e indissociável do ser pai e mãe" (165).

Continuamos a nossa apresentação sintética sobre a exortação Amoris Laetitia, do Papa Francisco, sobre a alegria do amor na família, a dignidade e missão desta divina instituição do projeto de Deus. No quinto capítulo (163-198), o pontífice reflete sobre a fecundidade: “o amor conjugal ' não se esgota no interior do próprio casal (...). Os cônjuges, enquanto se doam entre si, doam para além de si mesmos a realidade do filho, reflexo vivo do seu amor, sinal permanente da unidade conjugal e síntese viva e indissociável do ser pai e mãe" (165). Aprofunda o sentido do amor dos pais e o lugar que os filhos ocupam na família. E constata: "desde o início, numerosas crianças são rejeitadas, abandonadas e subtraídas à sua infância e ao seu futuro. Alguns ousam dizer, como que para se justificar que foi um erro tê-las feito vir ao mundo. Isto é vergonhoso!".

E questiona: " Que aproveitam as solenes declarações dos direitos do homem e dos direitos da criança, se depois punimos as crianças pelos erros dos adultos?"  Ao contrário, o sucessor de Pedro afirma que "os pais ou os membros da família devem fazer todo o possível para aceitá-la (a criança) como dom de Deus e assumir a responsabilidade e carinho" (166). Também frisa a valorização e o amor aos idosos: "como gostaria de uma Igreja que desafia a cultura do descarte, com a alegria transbordante de um novo abraço entre jovens e idosos" (191). Ainda ressalta a relação entre os irmãos: "...uma experiência forte, inestimável, insubstituível" (194). Destaca o valor da vida e da gravidez e agradece às mães: "Queridas mães, obrigado... por aquilo que sois na família e pelo que dais à Igreja e ao mundo". Incentiva a adoção e reafirma a valorização e o sentido cristão do corpo.

No sexto capítulo (199-258), reflete sobre as ações pastorais da Igreja em favor da família, destacando a preparação dos noivos, recordando a riqueza da atuação pastoral remota acentuada pela Familiaris Consortio, de São João Paulo II, a formação das crianças, adolescentes e jovens para o sentido profundo e responsável do matrimônio e da família, a preparação próxima, o cuidado para com a celebração, a assistência e apoio psicológico e espiritual dos casais mais experientes aos mais novos nos primeiros anos de vida matrimonial, com plantões e consultórios de acompanhamento da Pastoral Familiar;  o planejamento familiar, o suporte às crises da vida conjugal também por uma estrutura pastoral organizada, fazendo a mediação dos conflitos e sustentando a perseverança dos casais.

Conclui com as situações que chama de "complexas", como a homoafetividade, os casos de nulidade e a morte. Em todas estas situações deve haver um abraço acolhedor de misericórdia, compreendendo a pessoa humana e iluminando-a para um caminho de santificação, amparo e aperfeiçoamento espiritual a partir da proposta cristã. O que o Papa chama de progressividade pedagógica e pastoral.

No capítulo seguinte, reflete sobre a educação dos filhos, especialmente a moral, afetiva, sexual e religiosa. Relembra que os pais são os primeiros formadores na fé e na vida religiosa, sendo a família a Igreja doméstica e a primeira escola de virtudes humanas e cristãs. Alerta para o uso da internet, a educação para uma visão crítica e ética conforme os valores e os princípios do equilíbrio, na liberdade com a responsabilidade, exercendo também a correção no amor (259-290).

Trata ainda, no capítulo oitavo, sobre as situações chamadas de "irregularidades" no matrimônio (291-312) como o divórcio e o recasamento. Lembra que os casais em tal situação não estão excomungados da Igreja. Ao contrário, devem participar dela (243). Mostra que muitas realidades devem ser analisadas caso a caso, levando em consideração as injustiças, dores e sofrimentos das pessoas que vivenciam estas experiências, não se devendo tratar de forma generalizada todos os casos, evitando-se os julgamentos. Deve haver, sobretudo, a acolhida na misericórdia e o engajamento na vida e espiritualidade eclesial, com retiros, formações e atividades pastorais.

Reafirma ainda as normas da Igreja, sem absolutizá-las e conclui de forma iluminadora: "Compreendo aqueles que preferem uma pastoral mais rígida que não dê lugar a confusão alguma, mas creio sinceramente que Jesus Cristo quer uma Igreja atenta ao bem que o Espírito derrama no meio da fragilidade" (308).

Esta é a marca e a reafirmação profética do pastoreio do Papa Francisco: o encontro, como o impulso acolhedor de Cristo, da missão pastoral com o coração humano onde está e como está, com suas dores e sofrimentos, com suas deficiências e dificuldades, limitações e contradições, erros e pecados... para o resgate amoroso e salvação, no abraço misericordioso do Pai, na iluminação do Espírito Santo.

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é chanceler e assessor eclesiástico diocesano da Pastoral Familiar. Esta coluna é publicada às terças-feiras.

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O amor vivido e comunicado na família

quarta-feira, 30 de junho de 2021

Nunca é demais falar sobre a família, sua importância, riqueza, beleza, valores, sua fundação divina. Comunicar a família, o alicerce de toda a sociedade, a escola primeira e permanente das virtudes humanas e cristãs, o santuário da vida e do amor, a Igreja doméstica... sempre será a nossa missão, preservando a identidade da própria pessoa humana e de toda a humanidade, cooperando para a realização do projeto de Deus da criação e sustentação da união sagrada familiar rumo à plenitude da santificação na comunhão celeste.

Nunca é demais falar sobre a família, sua importância, riqueza, beleza, valores, sua fundação divina. Comunicar a família, o alicerce de toda a sociedade, a escola primeira e permanente das virtudes humanas e cristãs, o santuário da vida e do amor, a Igreja doméstica... sempre será a nossa missão, preservando a identidade da própria pessoa humana e de toda a humanidade, cooperando para a realização do projeto de Deus da criação e sustentação da união sagrada familiar rumo à plenitude da santificação na comunhão celeste.

No capítulo terceiro ainda da Exortação Apostólica Amoris Laetitia (89-164), o Papa Francisco exalta o matrimônio como "a íntima comunidade de vida e amor conjugal que constitui um bem para os próprios esposos e a sexualidade está ordenada para o amor conjugal entre o homem e a mulher". E, por isso, "a vida conjugal cheia de sentido humano e cristão pode ser concretizada pelos esposos a quem Deus não concedeu ter filhos". "Contudo essa união está ordenada para a geração 'por sua própria natureza' (n. 80).

Ressalta ainda: "É preciso redescobrir a mensagem da encíclica Humanae Vitae de São Paulo VI que sublinha a necessidade de respeitar a dignidade da pessoa na avaliação moral dos métodos de regulação da natalidade(...) A escolha da adoção e do acolhimento exprime uma fecundidade particular da experiência conjugal". E completa: " Com particular gratidão a Igreja apoia as famílias que acolhem, educam, rodeiam de carinho os filhos portadores de necessidades especiais" (n. 82). Rejeita, com firmeza, o aborto, a eutanásia e a pena de morte. Afirma que "se a família é o santuário da vida, o lugar em que a vida é gerada e cuidada, constitui uma contradição pungente fazer dela o lugar em que a vida é engada e destruída".

Ainda neste capítulo, o Papa recorda a obrigação moral e a objeção de consciência àqueles que trabalham nas estruturas de assistência de saúde (n. 83). Conclui reafirmando que "a Igreja é chamada a colaborar com uma ação pastoral adequada, para que os próprios pais possam cumprir a sua missão educativa" (n. 85), a começar pela iniciação cristã, por meio de comunidades acolhedoras, lembrando que "a educação integral dos filhos é simultaneamente 'dever gravíssimo" e "direito primário" dos pais (n. 84). A Igreja é família de famílias constantemente enriquecida pela vida de todas as igrejas domésticas" (n. 87).

No quarto capítulo, o sucessor de Pedro reflete sobre o amor verdadeiro no matrimônio. Partindo do texto de 1Cor 13, apresenta suas atitudes essenciais: paciência, serviço, cura da inveja, humildade, amabilidade, desprendimento, conciliação, perdão, alegria, desculpa, confiança, espera, suportação. Fala, em seguida, sobre o crescer na caridade conjugal, num "... amor santificado, enriquecido e iluminado pela graça do sacramento do matrimônio". "O espírito que o Senhor infunde dá um coração novo e torna o homem e a mulher capazes de se amarem como Cristo nos amou" (n.120). "0 matrimônio é o ícone do amor de Deus por nós" (n. 121).

Insiste que o amor entre os esposos deve crescer em Cristo, desde o namoro, na valorização do diálogo. É uma união de vida toda e de tudo em comum, com alegria e beleza, num casamento por amor. Amor que se manifesta e cresce, vivenciando as emoções, sinais afetivos basilares - prazer ou sofrimento, alegria ou tristeza, ternura ou receio - pressuposto da atividade psicológica elementar, buscando que se tornem um bem para a família e estejam a serviço da vida em comum, referencial de maturidade e de um amor sobrenatural. (n.123-146) Em seguida, o Papa refere-se à dimensão erótica do amor, entendendo-a como "dom de Deus que embeleza o 'encontro dos esposos". Rejeita a submissão sexual e enfatiza a riqueza do matrimônio, da virgindade e do celibato.

Em toda a exortação rebrilha a fundamental teologia do matrimônio, como expressão do amor infinito e misericordioso de Deus, com profunda sensibilidade pastoral, contemplando os diversos âmbitos da antropologia e da psicologia à luz da revelação cristã na construção da comunhão familiar.

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é chanceler da Diocese e assessor eclesiástico da Pastoral Familiar.

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Comunicar a alegria do amor na família

terça-feira, 22 de junho de 2021

Comemoramos em 2021, o Ano da Exortação Apostólica Amoris Laetitia. Publicada em 2016, esta rica palavra do nosso iluminado Papa Francisco ecoa nos campos da Igreja. Nela, ele trata da alegria do Amor na Família e o seu texto é a conclusão de uma longa jornada de reflexão com os bispos durante dois sínodos: em 2014 e 2015.

Comemoramos em 2021, o Ano da Exortação Apostólica Amoris Laetitia. Publicada em 2016, esta rica palavra do nosso iluminado Papa Francisco ecoa nos campos da Igreja. Nela, ele trata da alegria do Amor na Família e o seu texto é a conclusão de uma longa jornada de reflexão com os bispos durante dois sínodos: em 2014 e 2015.

Com uma introdução e nove capítulos, o papa trata do tema em 325 números, com uma abertura inspirada na Sagrada Escritura, considerando a partir daí a situação atual das famílias, lembrando, a seguir, alguns elementos essenciais da doutrina da Igreja sobre o matrimônio e a família, dedicando depois dois capítulos ao amor. Destaca, em seguida, alguns caminhos pastorais que nos levam à construção familiar sólida e fecunda, conforme o plano de Deus, com um capítulo especial para a educação dos filhos. Faz, então, "um convite à misericórdia e ao discernimento pastoral perante situações que não correspondem plenamente ao que o Senhor nos propõe". No final, traça breves linhas de espiritualidade familiar, concluindo a exortação com uma oração à Sagrada Família.

Todas as famílias, sem exceção, são oportunidades e não problemas, afirma o papa (nº 7). Falar da família é falar de uma boa notícia (nº 1). Insiste na sua beleza, missão e valor, inclusive a incompleta (n.n. 296-300). Reafirma a ideia central de que a família é o lugar de realização e de amor, mesmo tendo falhas e limitações. Crê que ela é espaço de felicidade sempre e encoraja a todos a apreciar os dons do matrimônio e da família, a uma convivência familiar. Reflete sobre a dignidade do casal (homem e mulher) e da família na Sagrada Escritura, a união conjugal que os leva a "tornar-se uma só carne", quando se tornam "mestres da fé para seus filhos", devendo educá-los, destacando-se nas famílias a virtude da ternura, nestes "tempos de relações frenéticas e superficiais" (n.28). Estas são as temáticas do primeiro capítulo (nn.8-30).

Num segundo capítulo (nn. 31-57), é apresentado o quadro atual da família e seus desafios, as luzes e sombras da instituição familiar. Por um lado, mais liberdade e distribuição das tarefas em casa, com uma comunicação pessoal valorizada. Por outro, os elementos que desagregam e destroem: individualismo, pressa e estresse, desvalorização do matrimônio, a cultura do provisório, a afetividade sem limite, o enfraquecimento da fé e da prática religiosa. Manifesta grande preocupação para com as questões delicadas como o abuso sexual de crianças, as migrações, a miséria e a exclusão, as pessoas com deficiências e os idosos. Ressalta também os desafios como a violência, a desconstrução jurídica da família, a negação da diferença e da reciprocidade natural entre homem e mulher, o desemprego.

Há uma profunda reflexão no terceiro capítulo sobre os ensinamentos de Jesus e da Igreja sobre a família, o valor do matrimônio (nn .61-75). O Papa Francisco fala da presença divina, as "sementes do verbo", nas situações de imperfeição. E "o olhar de Cristo, cuja luz ilumina cada homem" (Jo 1,9; Gaudium et Spes n. 22) que "inspira o cuidado pastoral da Igreja pelos fiéis que simplesmente convivem ou que só contraíram o casamento civil, ou então que são divorciados recasados.

Na perspectiva da pedagogia divina, a Igreja dirige-se com amor a quantos participam da vida dela de modo imperfeito: invoca com eles a graça da conversão, encoraja-os a realizar o bem, a cuidar com amor um do outro e a pôr-se a serviço da comunidade na qual vivem e trabalham..." (n. 78). E relembra aos pastores: "Diante de situações difíceis e de famílias feridas, é necessário recordar sempre um princípio geral: 'Saibam os pastores que, por amor à verdade, estão obrigados a discernir bem as situações' (Familiaris Consortio n. 84). O grau de responsabilidade não é igual em todos os casos e podem existir fatores que limitam a capacidade de decisão. Por isso, enquanto se deve expressar claramente a doutrina, é preciso evitar juízos que não levam em consideração a complexidade das diversas situações, e é necessário prestar atenção ao modo como as pessoas vivem e sofrem por causa da sua condição"(n.79).

Este e outros temas importantes são abordados na exortação do Papa que continuaremos apresentando nos próximos artigos.

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é chanceler da Diocese e assessor eclesiástico diocesano da Pastoral Familiar. Esta coluna é publicada às terças-feiras.

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Viver na verdade como São João Batista

terça-feira, 15 de junho de 2021

Estimados leitores, neste mês de junho celebramos, no próximo dia 24, São João Batista, padroeiro da nossa cidade de Nova Friburgo. E o que aprendemos com este grande santo? Em primeiro lugar, aprendemos a dar testemunho de Cristo com nossa vida, com nosso exemplo. Muitos acham que o dever de anunciar a Cristo se cumpre-se apenas com palavras ou gritos. Obviamente as palavras são necessárias, mas se não vão acompanhadas do nosso exemplo, nada do que falamos consegue penetrar e transformar a vida dos nossos ouvintes.

Estimados leitores, neste mês de junho celebramos, no próximo dia 24, São João Batista, padroeiro da nossa cidade de Nova Friburgo. E o que aprendemos com este grande santo? Em primeiro lugar, aprendemos a dar testemunho de Cristo com nossa vida, com nosso exemplo. Muitos acham que o dever de anunciar a Cristo se cumpre-se apenas com palavras ou gritos. Obviamente as palavras são necessárias, mas se não vão acompanhadas do nosso exemplo, nada do que falamos consegue penetrar e transformar a vida dos nossos ouvintes.

Como bem nos lembra Santo Antônio de Pádua, que também celebramos neste mês, no último domingo, 13, “cessem as palavras, falem as obras”. E São João Batista viveu essa coerência entre o que pregava e o que vivia. Pregou a penitência e a conversão e buscou viver uma vida mortificada, de acordo com sua pregação.

Em segundo lugar, de São João Batista aprendemos também que nossa vida ganha sentido no serviço a Deus e ao nosso próximo. E como podemos servir a Deus e aos demais se estamos confinados, em plena pandemia? Certamente podemos servir a Deus nos demais em muitas situações do nosso dia a dia... Um telefonema a alguém que sabemos que está sofrendo com a solidão ou pela perda de um ente querido; nutrir conversas cheias de alegria e esperança, que infundam ânimo nos demais; se prontificar a ajudar aqueles que são do grupo de risco, indo para eles à farmácia, ao mercado, à padaria...; colaborar com as obras sociais de tantas Igrejas que, neste tempo de pandemia, não deixaram de ajudar os que estão em situação de rua ou famílias carentes; ser mais compreensivos e “gastar tempo” com os filhos pequenos, entediados com o isolamento... Enfim... muitas são as possibilidades de servir... E, servindo aos que mais necessitam, servimos também a Deus, já que estamos chamados a ver a Cristo naqueles que mais sofrem.

Por último, mas não menos importante, aprendemos que a nossa vida deve ser um compromisso com a verdade. Se antes falávamos da coerência de João Batista, essa coerência se dava por causa do seu compromisso com a verdade. E por ela João perdeu a sua vida, foi martirizado. A “voz que clama no deserto” (cf. Jo 1,23) foi silenciada... Mas nem por isso seu sangue derramado deixou de “gritar”, porque a verdade nunca pode ser abafada, camuflada, silenciada.

Vivemos numa sociedade que passa por uma “crise acerca da verdade”. Queremos nos comprometer com “nossa verdade”, não aceitamos a ideia de uma verdade universalmente válida. E, assim como atribuímos critérios subjetivos para descobri-la, também falamos de uma verdade subjetiva. “Importa o que eu penso sobre isso”, dizemos... E este caminho só nos leva ao equívoco, à confusão, ao erro. Perdemos de vista quem somos e ferimos nossa dignidade. Além do mais, a verdade é essencial na nossa convivência com os demais, pois, como diz Santo Tomás de Aquino: “os homens não poderiam viver juntos se não tivessem confiança recíproca, quer dizer, se não manifestassem a verdade uns aos outros”.

Assim sendo, qualquer cristão, qualquer um de nós, nunca pode renunciar a conhecer a verdade. E a verdade que nos liberta é Cristo. E o encontro com a pessoa de Cristo é sempre transformador e nos move a segui-lo. E, claro, esse seguimento é um constante caminhar na verdade do Evangelho, que é sempre atual. Neste caminhar experimentaremos, como João Batista, a verdadeira liberdade que nos conduz à autêntica felicidade.  

Que este grande santo interceda por nós e por nossa cidade, para que, servindo aos demais sem jamais renunciar à verdade, possamos construir uma civilização onde reine a justiça e a caridade.

Diácono Marcus Vinícius Linhares Muros, formador do Seminário Diocesano Imaculada Conceição. Esta coluna é publicada às terças-feiras.

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Comunicar os valores, a missão e a dignidade da família

segunda-feira, 07 de junho de 2021

Inúmeros são os documentos e textos do Magistério Eclesiástico sobre a família, sua dignidade e missão, desde a pena dos papas e conclusões de concílios. É o Concílio Vaticano II, na Constituição Pastoral Gaudium et Spes, aquele que vai alertar para a tríplice idolatria do mundo hodierno: a do poder, do prazer e do dinheiro.

Inúmeros são os documentos e textos do Magistério Eclesiástico sobre a família, sua dignidade e missão, desde a pena dos papas e conclusões de concílios. É o Concílio Vaticano II, na Constituição Pastoral Gaudium et Spes, aquele que vai alertar para a tríplice idolatria do mundo hodierno: a do poder, do prazer e do dinheiro. Neste contexto, apresenta os riscos e os desafios colocados à família cristã, propondo como fundamental a educação dos valores humanos e cristãos, o sentido sagrado e sacramental do matrimônio, na sua unidade-fidelidade e indissolubilidade, nas finalidades do bem dos cônjuges e geração e educação dos filhos.

São Paulo VI segue este roteiro de forma brilhante e corajosa, defendendo a família e a comunhão conjugal autêntica, de verdadeiro amor humano, aberto à prole, dentro de um planejamento familiar, opondo-se aos métodos artificiais contraceptivos, fechados ao sentido integral da sexualidade e da vida humana, conforme o Plano da Criação Divina. Escreveu a profética encíclica Humanae Vitae. E para a evangelização nos valores do reino, diante das mudanças e desafiadoras realidades sociais, nos brindou com a inspiradora Evangelii Nuntiandi, dentre outros grandes escritos.

Porém, quem vai reunir todo este rico conteúdo sobre a dignidade e missão da família no mundo contemporâneo é São João Paulo II na luminosa Familiaris Consortio, abordando todos os temas fundamentais e sua relação com o presente e o futuro da humanidade. São João Paulo II apresenta a família como projeto de Deus, célula mater da sociedade, a sua formação, a preparação remota, próxima e iminente do matrimônio, os valores éticos e cristãos, o combate às ideologias de destruição da pessoa humana e base familiar, já acusadas na Gaudium et Spes, e outras já sinalizadas pelos avanços tecnológicos e no campo da ciência genética, a importância e a essencialidade da pastoral familiar para a ação missionária da Igreja, sua organização e tarefas. Todos deveriam ler e aplicar esta Carta Magna da Família do Santo Papa.

Neste âmbito teológico moral, deixou-nos também os lúcidos escritos: Veritatis Splendor, sobre a verdade ética e os valores morais frente às correntes errôneas de pensamento - relativistas, hedonistas, utilitaristas, e a Evangelium Vitae, atualizando o ensinamento de Paulo VI na Humanae Vitae, na defesa da vida perante os novos procedimentos e artifícios da Biotecnologia e a manipulação antiética da vida humana.

Na mesma esteira, posicionaram-se os papas Bento XVI e Francisco sobre a nocividade dos relativismos teóricos e éticos que vão desfigurando a sociedade e a família humana e a importância do testemunho do amor cristão, renovando as estruturas sociais. Com este foco, o papa emérito nos enriquece com Deus caritas est, Spe salvi e sua encíclica social, unindo amor e verdade - Caritas in Veritate, dentre tantos outros profundos textos.

O Papa Francisco, acentuando uma Igreja em estado de saída, de permanente missão, apresenta o seu primeiro escrito integral, após complementar e publicar a Lumen Fidei, a Evangelii Gaudium, ressaltando a tarefa essencial da evangelização, como fez São Paulo VI, com a educação dos valores humano-cristãos, na cultura do encontro, na assunção das realidades mais duras e difíceis e no testemunho profético da verdade, no pastoreio zeloso, comunicando a fé e defendendo sempre a vida e a família.

Ainda os dois sínodos dos bispos sobre a família ofereceram uma forte e balizadora orientação para a edificação e o atendimento sempre mais pastoral das pessoas nas diversas periferias geográficas e existenciais, numa acolhida ao mesmo tempo fiel à instituição sagrada familiar e do matrimônio, conforme a vontade divina e humildemente misericordiosa no abraço a todos os irmãos, especialmente as ovelhas mais feridas, abandonadas ou marginalizadas nos caminhos da vida. Toda esta riqueza de contribuição foi reunida e completada com a inspiração condutora do sucessor de Pedro, nos presenteando com a exortação apostólica Amoris laetitia - A alegria do Amor.

Que o Espírito Santo, assistente permanente do magistério da Igreja, comunicador místico no interior de todo cristão, fale mais uma vez pela comunhão episcopal com Pedro, seu escolhido chefe dos apóstolos e de todo o rebanho, hoje Francisco, e faça ecoar por todo o recanto sua voz sábia e iluminadora, fortalecedora, confirmando todos os irmãos na fé.

Juntos, continuemos a comunicar a grandeza e a beleza da família!

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é chanceler da Diocese de Nova Friburgo e assessor diocesano da Pastoral Familiar. Esta coluna é publicada às terças-feiras.

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A Eucaristia e a partilha do pão!

terça-feira, 01 de junho de 2021

"Dai-lhes vós mesmos de comer”. (Mt 14,16)

Na solenidade de Corpus Christi deste ano, celebrada nesta quinta-feira, 3, somos chamados a, além de contemplar Jesus vivo entre nós na Eucaristia, ter o olhar para os sofredores do nosso tempo pandêmico. A nossa diocese está nos convidando a partilhar o pão material com nossos irmãos que estão privados do alimento material.

"Dai-lhes vós mesmos de comer”. (Mt 14,16)

Na solenidade de Corpus Christi deste ano, celebrada nesta quinta-feira, 3, somos chamados a, além de contemplar Jesus vivo entre nós na Eucaristia, ter o olhar para os sofredores do nosso tempo pandêmico. A nossa diocese está nos convidando a partilhar o pão material com nossos irmãos que estão privados do alimento material.

A Eucaristia é o alimento espiritual de nossa caminhada para Deus como foi o maná que alimentou o povo de Deus por 40 anos, a caminho da Terra Prometida. (Ex 8,2-16). Esse maná era apenas uma figura do verdadeiro “pão vivo descido do céu”, que quem comer “viverá eternamente” (Jo 6,51). Hoje para se viver com dignidade está difícil para muitos irmãos!

São Cirilo de Jerusalém disse que após a comunhão, somos “Cristóforos”, portadores de Cristo. Se somos o sinal de Jesus para o mundo, precisamos nos compadecer daqueles que são nossos irmãos e que estão carentes do necessário para alimentar o seu corpo. Precisamos levar o alívio aos corações como o próprio Senhor nos diz: “Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei” (Mt 11,28).

A maneira mais fácil de acolher esse convite amoroso do Senhor é na Eucaristia, e esta deve nos levar a enxergar quem está próximo de nós com fome!  O Senhor nos acolhe sempre e assim precisamos acolher os nossos irmãos... Devemos estar abertos às dores de muitos irmãos nesse tempo de pandemia. Comungar requer de nós esta abertura e sensibilidade. Não podemos ser insensíveis à dor do mundo.

O nosso papa emérito Bento XVI, em sua primeira encíclica, disse que, “Deus nos amou primeiro”, e que, então, amar a Deus e aos irmãos já não é apenas um mandamento, mas uma necessária retribuição de amor de nossa parte. Por isso, insisto em dizer que nossa amizade com Jesus Eucarístico deve nos levar à vivência do amor que se traduz em gestos concretos e um deles é a partilha do pão material com quem está privado.

O querido Papa Francisco, em uma das suas audiências públicas sobre a Eucaristia, assim se expressou: “A Eucaristia nos torna fortes para dar frutos de boas obras para viver como cristãos”. Esses frutos recebidos na Eucaristia devem nos levar a ser homens e mulheres comprometidos com o fruto da partilha, num tempo onde se impera a ganância, o ódio e o egoísmo ao tirar proveito de tudo. Continua nos exortando a ser: “a comunidade eucarística, comunicando-se com o destino de Jesus servo, torna-se "serva".

O "servir" deve ser a marca de todo aquele que verdadeiramente se compromete com a Eucaristia, que recebe Cristo Vivo em cada missa. Se faz necessário levarmos o bálsamo do amor misericordioso de Deus a quem está com fome.

Concluo com o pontífice que nos chama a ver a Sagrada Eucaristia como centro da vida eclesial e como fonte de uma “cultura eucarística”, capaz de inspirar todos nós fiéis à solidariedade, à paz, à vida familiar e o cuidado com a criação. Que a Eucaristia nos ajude em nosso processo de conversão do nosso coração e de mudança da sociedade e da Igreja como samaritana. Amém! Graças e louvores se deem a todo momento, ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!

Padre Marcelo Campos da Silva é vigário episcopal do Norte e pároco da Paróquia São José, no distrito de São José do Ribeirão, em Bom Jardim

 

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Que todos sejam um (Jo 17, 21)

terça-feira, 25 de maio de 2021

Jesus na conhecida Oração Sacerdotal (cf. Jo 17), clama ao Pai pela unidade. “Que todos sejam um como eu e tu somos um” (Jo 17, 21). Estas palavras vêm adquirindo cada vez mais significado em nossas vidas. Infectada pelo vírus do individualismo, a humanidade tem sofrido as consequências da polarização que enfraquece os laços de amor e respeito.

Jesus na conhecida Oração Sacerdotal (cf. Jo 17), clama ao Pai pela unidade. “Que todos sejam um como eu e tu somos um” (Jo 17, 21). Estas palavras vêm adquirindo cada vez mais significado em nossas vidas. Infectada pelo vírus do individualismo, a humanidade tem sofrido as consequências da polarização que enfraquece os laços de amor e respeito.

Olhemos para o acontecimento de Pentecostes, celebrado pela Igreja Católica no último domingo, 23. Um grupo de 11 homens de culturas e educação diferentes, com ideias políticas diversas e visões de mundo opostas, reunidos num mesmo lugar. Ao receberem o espírito da verdade aprenderam a dar o primado, não a seus modos de vista humanos, mas ao bem comum. O que podemos comprovar pelos testemunhos dos primeiros séculos: “Os cristãos tinham tudo em comum” (At 2,44).

O Papa Francisco, na Solenidade de Pentecostes, advertiu à Igreja em sua missão de ser testemunha da unidade. “Hoje, se dermos ouvidos ao Espírito, deixaremos de nos focar em conservadores e progressistas, tradicionalistas e inovadores, de direita e de esquerda; O paráclito impele à unidade, à concórdia, à harmonia das diversidades” (Homilia, 23 mai. 2021).

A vivência de uma pandemia deveria despertar em todos nós o sentimento de unidade e corresponsabilidade. Mas, infelizmente, o que vemos é o aguçamento das ideologias e divisões geradas por elas. Na vazia luta de afirmar o próprio modo de pensar, os grupos ideológicos, absortos, são incapazes de perceberem o mal que fazem a si e à humanidade.

Ao contrário do acontecimento de Pentecostes, no qual homens de diferentes etnias ouviam os apóstolos falarem cada qual em sua própria língua, hoje o cenário se parece mais com o episódio da torre de Babel (Gn 11, 1-9). Cada partido, ávido de poder, é incapaz de dar ouvido à razão. Neste cenário turbulento, se faz necessário e urgente o surgimento de homens e mulheres de bem, que independentemente de sua crença, etnia e posicionamento político deem voz ao bom senso e sejam consolo em tempos de angústia.

“É preciso aprender a aceitar o outro na sua forma de ser e pensar de modo diverso. Para isso, é necessário fazer da responsabilidade comum pela justiça e a paz o critério basilar do diálogo. Um diálogo, onde se trate de paz e de justiça indo mais além do que é simplesmente pragmático, torna-se por si mesmo uma luta ética sobre a verdade e sobre o ser humano; um diálogo sobre os valores que são pressupostos em tudo. Assim o diálogo, ao princípio meramente prático, torna-se também uma luta pelo justo modo de ser pessoa humana. Embora as escolhas básicas não estejam enquanto tais em discussão, os esforços à volta de uma questão concreta tornam-se um percurso no qual ambas as partes podem encontrar purificação e enriquecimento através da escuta do outro. Assim estes esforços podem ter o significado também de passos comuns rumo à única verdade, sem que as escolhas básicas sejam alteradas. Se ambas as partes se movem a partir de uma hermenêutica de justiça e de paz, a diferença básica não desaparecerá, mas crescerá uma proximidade mais profunda entre eles” (Papa emérito Bento XVI, 21 dez. 2012).

É neste sentido que o Papa Francisco diz que nossa missão é sermos paráclitos, isto é, consoladores. “E como podemos fazer isso? Não fazendo grandes discursos, mas aproximando-nos das pessoas; não com palavras empoladas, mas com a oração e a proximidade” (23 mai. 2021).

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Parabéns Nova Friburgo!

terça-feira, 18 de maio de 2021

Celebramos no último domingo, 16, os 203 anos da fundação de Nova Friburgo, única cidade brasileira criada por um decreto real do então rei de Portugal, Dom João VI. A estimada cidade da serra fluminense traz em sua história inúmeras marcas de inovação e superação. Sua colonização foi planejada a fim de estreitar os laços do rei de Portugal com os povos germânicos na luta contra o Império Francês. Seu nome foi dado pelos suíços em homenagem à Fribourg, de onde partiu a maioria das 265 famílias suíças que aqui se instalaram.

Celebramos no último domingo, 16, os 203 anos da fundação de Nova Friburgo, única cidade brasileira criada por um decreto real do então rei de Portugal, Dom João VI. A estimada cidade da serra fluminense traz em sua história inúmeras marcas de inovação e superação. Sua colonização foi planejada a fim de estreitar os laços do rei de Portugal com os povos germânicos na luta contra o Império Francês. Seu nome foi dado pelos suíços em homenagem à Fribourg, de onde partiu a maioria das 265 famílias suíças que aqui se instalaram. Ainda sobre sua gênese, podemos afirmar que foi o primeiro município no Brasil colonizado por alemães.

Desde então, Nova Friburgo passou a ser um local onde pessoas dos mais diferentes lugares do mundo encontraram morada. O clima típico da cidade é um convite a conhecer e se apaixonar. À luz da história esta celebração se enche de significados importantes para as pessoas que aqui construíram suas vidas e suas famílias. Na construção do futuro é essencial olhar o passado e recordar tanto os acontecimentos felizes quanto os tristes.

Devemos celebrar não somente as vitórias, mas, principalmente, a superação de um povo que luta e confia. No exercício da fé recordar que Deus sempre se faz presente com seu amor e sua misericórdia.

Mais uma vez estamos vivenciando um momento crítico da história, não só de nosso município, mas do mundo inteiro. Poderíamos, assim, acreditar que não teríamos nenhum motivo para celebrar. Afinal, nos últimos meses, perdemos mais de 500 irmãos nossos para a Covid-19. Contudo, limitar a alegria de toda uma vida somente ao momento presente é enganar-se. A vida não se encerra no agora, ela é uma construção, uma sucessão de instantes que tecem a história pessoal e comunitária. O anseio pela alegria inscrito no coração humano, neste mundo “é contrastado com os lamentos e gritos que provêm de tantas situações dolorosas: miséria, fome, doenças, guerras, violências” (Bento XVI, Páscoa 2011).

O valor e a fortaleza dos primeiros habitantes destas terras estão marcados na identidade do povo friburguense. Estes homens e mulheres, na busca de realizar o sonho de um lar para seus filhos, enfrentaram todo o tipo de dificuldades desde o desterro de suas terras natais, nas longas viagens de navios e no desbravamento deste chão para se estabelecerem.

Neste sentido, celebrar é mais que exaltar os momentos felizes da vida, é recordar também as dores e as vitórias, na certeza de que Deus, Senhor e Mestre da História (cf. Catecismo §269; 304; 450), sempre manifesta sabiamente todos os seus prodígios, mesmo que oculto à percepção humana. A razão para celebrar, mesmo em situações conflitantes, advém da certeza de que “a história presente não permanece fechada em si mesma, mas está aberta para o reino de Deus” (Sollicitudo rei socialis, 47).

A história de Nova Friburgo, é formada por fatos marcantes que se contabilizam entre momentos difíceis e felizes, mas o que é digno de comemoração é, sem dúvida alguma, o povo que aqui reside e sua capacidade de superação.

Muito há que se fazer. O sonho de um lugar melhor para nossos filhos ainda não foi totalmente concretizado. A história é dinâmica e depende de cada um de nós, no exercício de nossas funções escrevê-la do melhor modo possível.

Parabéns à cidade de Nova Friburgo! Parabéns a todos os friburguenses que construíram e continuam a construir a história desta terra, a nossa história!

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Padre Aurecir Martins de Melo Junior é assessor diocesano da Pastoral da Comunicação. Esta coluna é publicada às terças-feiras.

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Mensagem do Papa Francisco para o 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais

terça-feira, 11 de maio de 2021

Todos os anos na celebração do Domingo da Ascensão do Senhor a Igreja dedica-se a refletir e dar destaque à importância das comunicações sociais para o sadio desenvolvimento social, bem como para a evangelização. Em 2021, a data será celebrada no próximo domingo, 16. Achamos por bem trazer nesta coluna um recorte da mensagem do Papa Francisco para este ano, na qual ele agradece à coragem dos jornalistas em dar voz à verdade dos fatos.

Todos os anos na celebração do Domingo da Ascensão do Senhor a Igreja dedica-se a refletir e dar destaque à importância das comunicações sociais para o sadio desenvolvimento social, bem como para a evangelização. Em 2021, a data será celebrada no próximo domingo, 16. Achamos por bem trazer nesta coluna um recorte da mensagem do Papa Francisco para este ano, na qual ele agradece à coragem dos jornalistas em dar voz à verdade dos fatos.

Para poder contar a verdade da vida que se faz história, é necessário sair da presunção cômoda do “já sabido” e mover-se, ir ver, estar com as pessoas, ouvi-las, recolher as sugestões da realidade, que nunca deixará de nos surpreender em algum dos seus aspectos. Este ano, desejo dedicar a mensagem à chamada a “ir e ver”, como sugestão para toda a expressão comunicativa que queira ser transparente e honesta: tanto na redação de um jornal como no mundo da web, tanto na pregação comum da Igreja como na comunicação política ou social.

Pensemos no grande tema da informação. Há já algum tempo que vozes atentas se queixam do risco de um nivelamento em “jornais fotocópia” ou em noticiários de televisão, rádio e websites que são substancialmente iguais, onde os gêneros da entrevista e da reportagem perdem espaço e qualidade em troca de uma informação pré-fabricada, autorreferencial, que cada vez menos consegue confrontar a verdade das coisas e a vida concreta das pessoas, e já não é capaz de individuar os fenômenos sociais mais graves nem as energias positivas que se libertam da base da sociedade. (...)

Todo o instrumento só é útil e válido, se nos impele a ir e ver coisas que de contrário não chegaríamos a saber, se coloca em rede conhecimentos que de contrário não circulariam, se consente encontro que de contrário não teriam lugar. O próprio jornalismo, como exposição da realidade, requer a capacidade de ir aonde mais ninguém vai: mover-se com desejo de ver. Uma curiosidade, uma abertura, uma paixão. Temos que agradecer à coragem e determinação de tantos profissionais, se hoje conhecemos, por exemplo, a difícil condição das minorias perseguidas em várias partes do mundo, se muitos abusos e injustiças contra os pobres e contra a criação foram denunciados, se muitas guerras esquecidas foram noticiadas. Seria uma perda não só para a informação, mas também para toda a sociedade e para a democracia, se faltassem estas vozes: um empobrecimento para a nossa humanidade.

Numerosas realidades do planeta – e mais ainda neste tempo de pandemia – dirigem ao mundo da comunicação um convite a “ir e ver”. Há o risco de narrar a pandemia ou qualquer outra crise só com os olhos do mundo mais rico, de manter uma “dupla contabilidade”. Por exemplo, na questão das vacinas e dos cuidados médicos em geral, pensemos no risco de exclusão que correm as pessoas mais indigentes. (...) Mas, também no mundo dos mais afortunados, permanece oculto em grande parte o drama social das famílias decaídas rapidamente na pobreza: causam impressão, mas sem merecer grande espaço nas notícias, as pessoas que, vencendo a vergonha, fazem a fila à porta dos centros da Cáritas para receber uma ração de víveres.

A rede, com as suas inumeráveis expressões sociais, pode multiplicar a capacidade de relato e partilha: muitos mais olhos abertos sobre o mundo, um fluxo contínuo de imagens e testemunhos. (...), entretanto foram-se tornando evidentes, para todos, os riscos de uma comunicação social não verificável. (...) Todos somos responsáveis pela comunicação que fazemos, pelas informações que damos, pelo controle que podemos conjuntamente exercer sobre as notícias falsas, desmascarando-as. Todos estamos chamados a ser testemunhas da verdade: a ir, ver e partilhar.

Na comunicação, nada pode jamais substituir, de todo, o ver pessoalmente. Algumas coisas só se podem aprender, experimentando-as. Na verdade, não se comunica só com as palavras, mas também com os olhos, o tom da voz, os gestos. O intenso fascínio de Jesus sobre quem o encontrava dependia da verdade da sua pregação, mas a eficácia daquilo que dizia era inseparável do seu olhar, das suas atitudes e até dos seus silêncios. Os discípulos não só ouviam as suas palavras, mas viam-no falar. A palavra só é eficaz, se se «vê», se te envolve numa experiência, num diálogo. Por esta razão, o “vem e verás” era, e continua, a ser essencial.

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O trabalho edifica

terça-feira, 04 de maio de 2021

A celebração do 1º de maio - Dia do Trabalho é a marca de conquistas históricas em favor de homens e mulheres que garantem a subsistência e a dignidade de suas famílias. Contudo, não podemos relegar o valor e a importância do trabalho somente como o meio de garantir o pão cotidiano. Ele é muito mais que isso.

A celebração do 1º de maio - Dia do Trabalho é a marca de conquistas históricas em favor de homens e mulheres que garantem a subsistência e a dignidade de suas famílias. Contudo, não podemos relegar o valor e a importância do trabalho somente como o meio de garantir o pão cotidiano. Ele é muito mais que isso.

São João Paulo II, ao refletir sobre o trabalho humano, adverte que se é verdade dizer que a humanidade se sustenta com o pão fruto do seu labor, isto equivale dizer que além do pão cotidiano que mantém vivo o corpo, o trabalho produz o pão da ciência e do progresso, da civilização e da cultura (cf. Laborem exercens, n. 1).

Ainda há de se considerar que o trabalho é também um ato de coragem diária, pessoal e coletiva, que encarna e reivindica as razões de um recomeço, que diz respeito a todos. Mais que esforços e canseiras pessoais comuns no ato do trabalho, o trabalhador tem que enfrentar muitas tensões, conflitos e crises que perturbam a vida de cada uma das sociedades ou mesmo da humanidade inteira.

Deste modo, é essencial ampliar nossa compreensão a cerca do conceito trabalho. A ideia difundida na primeira metade do século 19, e existente ainda nos dias atuais, equivocadamente equivale o trabalho a uma mercadoria que podia ser comprada ou vendida sem considerar o valor de quem o executava e de sua importância para o funcionamento da sociedade.

Devemos encarar o trabalho humano pela dimensão fundamental do sujeito, isto é, do homem-pessoa que o executa. Assim considerando, se entende que o trabalho é um bem do homem e da humanidade, na qual o trabalhador não transforma somente a natureza, adaptando-a à sua necessidade, mas, pelo trabalho, realiza-se a si mesmo como homem, tornando-se mais homem.

O Papa Francisco, ao refletir sobre o trabalho como vocação do homem, diz que: “É o trabalho que torna o homem semelhante a Deus, pois com o trabalho o homem é criador, é capaz de criar, de criar muitas coisas; até mesmo de criar uma família para seguir em frente. O homem é criador e cria com o trabalho. Esta é a vocação. E a Bíblia diz: «Viu Deus que tudo quanto tinha feito era muito bom» (Gn 1, 31). Ou seja, o trabalho tem em si uma bondade e cria a harmonia das coisas - beleza, bondade - e envolve o homem em tudo: no seu pensamento, na sua atuação, em tudo. O homem participa no trabalho. É a primeira vocação do homem: trabalhar. E isto dá dignidade ao homem. É a dignidade que o faz assemelhar-se a Deus. A dignidade do trabalho” (Homilia, 1º de maio de 2020).

Deste modo, toda a injustiça cometida a uma pessoa que com seu trabalho contribui para a edificação da comunidade é um ato de violência contra a própria dignidade humana. O trabalho é uma bonita vocação dada por Deus ao homem, mas só pode ser vivida em toda sua beleza e profundidade quando são oferecidas condições adequadas e respeitada a dignidade da pessoa.

Ao refletirmos sobre este tema, não temos como deixar de lembrar e sensibilizar com os mais de 14 milhões de desempregados do nosso país (fonte: IBGE). Neste ano dedicado a São José, no qual muitos irmãos e irmãs sofrem a calamidade do desemprego, peçamos ao humilde trabalhador de Nazaré, que nos oriente a Cristo, sustente o sacrifício daqueles que praticam o bem neste mundo e interceda por aqueles que perderam o próprio emprego ou não conseguem encontrá-lo.

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