Um extraordinário e inédito processo de escuta de todo o povo de Deus, por dois anos, lançado nos últimos dias 9 e 10, em Roma, pelo profético Papa Francisco, nos projeta neste mês de outubro, mês das missões, num caminho já proposto pelo Concílio Vaticano II e impulsionado pelo iluminado Papa São Paulo VI - a sinodalidade.
Um extraordinário e inédito processo de escuta de todo o povo de Deus, por dois anos, lançado nos últimos dias 9 e 10, em Roma, pelo profético Papa Francisco, nos projeta neste mês de outubro, mês das missões, num caminho já proposto pelo Concílio Vaticano II e impulsionado pelo iluminado Papa São Paulo VI - a sinodalidade. Isto foi expresso nas últimas décadas, pela implementação do Sínodo dos Bispos, como um forte e rico momento de escuta do sucessor de Pedro dos seus irmãos sucessores dos apóstolos, espalhados no mundo inteiro, representando e ecoando as realidades e anseios de seus milhares de rebanhos. Estes processos enriqueceram muito a reflexão de toda a Igreja sobre diversos temas, com a contribuição das mais variadas culturas e especificidades dos países representados por seus pastores, com a contribuição de vários peritos, clérigos, religiosos e leigos. Estas proposições dos padres sinodais serviram de base para importantes e renovadoras exortações apostólicas pós-sinodais, assinadas pelos pontífices, desde São Paulo VI.
Mas, com certeza, faltava um aprofundamento sobre a própria sinodalidade, exercitando não só a colegialidade episcopal, alcançando de forma indireta as comunidades. Já há tempos, era sugerido, inclusive pelo próprio Papa Francisco, um processo de "caminhar juntos", escutando diretamente todas as expressões do povo de Deus, colhendo das bases das comunidades e dos cristãos, dos não cristãos e da sociedade em geral, as impressões, testemunhos e dados referentes à essencialidade da Igreja, em sua "comunhão, participação e missão", ouvindo, deixando que todos tomem a palavra, falando com coragem, integrando liberdade, verdade e caridade; celebrando a palavra e a eucaristia, na corresponsabilidade missionária, participando da comunidade eclesial e no serviço à sociedade, com responsabilidade social e política, no diálogo e na busca da justiça e do bem comum, salvaguardando os direitos humanos, no cuidado com a casa comum; fomentando a união e diálogo ecumênico, a partir de um único batismo, investindo na sinodalidade como um princípio educativo para a formação da pessoa humana e do cristão, das famílias e das comunidades, numa decisão por discernimento com base num consenso que dimana da obediência comum ao espírito; tornando as lideranças e membros da Igreja mais capazes de caminhar juntos, de se ouvir mutuamente e de dialogar, num crescimento em comunhão, aumentando a participação ministerial e o comprometimento missionário.
Como está todo este quadro na nossa comunidade diocesana, vicarial, forânea, paroquial, na comunidade onde vivo e atuo como batizado, como cristão, como cidadão? É o que este processo lançado pelo Papa quer saber, ao mesmo tempo consignando a sinodalidade como forma, estilo e estrutura da mesma Igreja, na atualização de sua corresponsabilidade e participação na missão da nova evangelização essencialmente unida à promoção humana. Por isto, foi aberta em todas as dioceses do mundo, no último dia 17, a fase de escuta de todos os representantes deste múnus conjunto e de seu contexto social de desenvolvimento.
Na nossa Diocese de Nova Friburgo, houve uma missa de abertura na Paróquia Nossa Senhora das Graças, em Olaria, às 16h, presidida pelo bispo diocesano, Dom Luiz Antonio Lopes Ricci, que ressaltou a importância de auscultar, termo do vocabulário médico que nos remete a um exame mais sensível e aprofundado da nossa realidade para um diagnóstico que nos direciona para a superação dos desafios, para a saúde da Igreja, em sua vida e missão. Com uma comissão diocesana e um material distribuído a todas as paróquias, comunidades e demais representações cristãs, religiosas e sociais, haverá um grande e frutuoso caminho comum (método) de construção do próprio caminho comum (diretrizes da vida e missão), através de relatórios que passarão pelas conferências episcopais e chegarão ao Sínodo dos Bispos que acontecerá em outubro de 2023, em Roma.
Depois deste evento, fruto de toda uma comunhão e cooperação, continuará o processo sinodal na fase de execução, com a mesma participação e entusiasmo das dioceses e comunidades e expressões eclesiais missionárias. Rezemos e participemos deste belo e histórico caminho juntos, como irmãos, numa igreja constitutivamente sinodal, aplicando cada vez mais estes princípios e ensinamentos do Concílio Vaticano II. Boa missão para todos.
Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é chanceler e assessor eclesiástico diocesano da Pastoral Familiar da Diocese de Nova Friburgo. Esta coluna é publicada às terças-feiras.
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