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Viver na verdade como São João Batista

terça-feira, 15 de junho de 2021

Estimados leitores, neste mês de junho celebramos, no próximo dia 24, São João Batista, padroeiro da nossa cidade de Nova Friburgo. E o que aprendemos com este grande santo? Em primeiro lugar, aprendemos a dar testemunho de Cristo com nossa vida, com nosso exemplo. Muitos acham que o dever de anunciar a Cristo se cumpre-se apenas com palavras ou gritos. Obviamente as palavras são necessárias, mas se não vão acompanhadas do nosso exemplo, nada do que falamos consegue penetrar e transformar a vida dos nossos ouvintes.

Estimados leitores, neste mês de junho celebramos, no próximo dia 24, São João Batista, padroeiro da nossa cidade de Nova Friburgo. E o que aprendemos com este grande santo? Em primeiro lugar, aprendemos a dar testemunho de Cristo com nossa vida, com nosso exemplo. Muitos acham que o dever de anunciar a Cristo se cumpre-se apenas com palavras ou gritos. Obviamente as palavras são necessárias, mas se não vão acompanhadas do nosso exemplo, nada do que falamos consegue penetrar e transformar a vida dos nossos ouvintes.

Como bem nos lembra Santo Antônio de Pádua, que também celebramos neste mês, no último domingo, 13, “cessem as palavras, falem as obras”. E São João Batista viveu essa coerência entre o que pregava e o que vivia. Pregou a penitência e a conversão e buscou viver uma vida mortificada, de acordo com sua pregação.

Em segundo lugar, de São João Batista aprendemos também que nossa vida ganha sentido no serviço a Deus e ao nosso próximo. E como podemos servir a Deus e aos demais se estamos confinados, em plena pandemia? Certamente podemos servir a Deus nos demais em muitas situações do nosso dia a dia... Um telefonema a alguém que sabemos que está sofrendo com a solidão ou pela perda de um ente querido; nutrir conversas cheias de alegria e esperança, que infundam ânimo nos demais; se prontificar a ajudar aqueles que são do grupo de risco, indo para eles à farmácia, ao mercado, à padaria...; colaborar com as obras sociais de tantas Igrejas que, neste tempo de pandemia, não deixaram de ajudar os que estão em situação de rua ou famílias carentes; ser mais compreensivos e “gastar tempo” com os filhos pequenos, entediados com o isolamento... Enfim... muitas são as possibilidades de servir... E, servindo aos que mais necessitam, servimos também a Deus, já que estamos chamados a ver a Cristo naqueles que mais sofrem.

Por último, mas não menos importante, aprendemos que a nossa vida deve ser um compromisso com a verdade. Se antes falávamos da coerência de João Batista, essa coerência se dava por causa do seu compromisso com a verdade. E por ela João perdeu a sua vida, foi martirizado. A “voz que clama no deserto” (cf. Jo 1,23) foi silenciada... Mas nem por isso seu sangue derramado deixou de “gritar”, porque a verdade nunca pode ser abafada, camuflada, silenciada.

Vivemos numa sociedade que passa por uma “crise acerca da verdade”. Queremos nos comprometer com “nossa verdade”, não aceitamos a ideia de uma verdade universalmente válida. E, assim como atribuímos critérios subjetivos para descobri-la, também falamos de uma verdade subjetiva. “Importa o que eu penso sobre isso”, dizemos... E este caminho só nos leva ao equívoco, à confusão, ao erro. Perdemos de vista quem somos e ferimos nossa dignidade. Além do mais, a verdade é essencial na nossa convivência com os demais, pois, como diz Santo Tomás de Aquino: “os homens não poderiam viver juntos se não tivessem confiança recíproca, quer dizer, se não manifestassem a verdade uns aos outros”.

Assim sendo, qualquer cristão, qualquer um de nós, nunca pode renunciar a conhecer a verdade. E a verdade que nos liberta é Cristo. E o encontro com a pessoa de Cristo é sempre transformador e nos move a segui-lo. E, claro, esse seguimento é um constante caminhar na verdade do Evangelho, que é sempre atual. Neste caminhar experimentaremos, como João Batista, a verdadeira liberdade que nos conduz à autêntica felicidade.  

Que este grande santo interceda por nós e por nossa cidade, para que, servindo aos demais sem jamais renunciar à verdade, possamos construir uma civilização onde reine a justiça e a caridade.

Diácono Marcus Vinícius Linhares Muros, formador do Seminário Diocesano Imaculada Conceição. Esta coluna é publicada às terças-feiras.

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Comunicar os valores, a missão e a dignidade da família

segunda-feira, 07 de junho de 2021

Inúmeros são os documentos e textos do Magistério Eclesiástico sobre a família, sua dignidade e missão, desde a pena dos papas e conclusões de concílios. É o Concílio Vaticano II, na Constituição Pastoral Gaudium et Spes, aquele que vai alertar para a tríplice idolatria do mundo hodierno: a do poder, do prazer e do dinheiro.

Inúmeros são os documentos e textos do Magistério Eclesiástico sobre a família, sua dignidade e missão, desde a pena dos papas e conclusões de concílios. É o Concílio Vaticano II, na Constituição Pastoral Gaudium et Spes, aquele que vai alertar para a tríplice idolatria do mundo hodierno: a do poder, do prazer e do dinheiro. Neste contexto, apresenta os riscos e os desafios colocados à família cristã, propondo como fundamental a educação dos valores humanos e cristãos, o sentido sagrado e sacramental do matrimônio, na sua unidade-fidelidade e indissolubilidade, nas finalidades do bem dos cônjuges e geração e educação dos filhos.

São Paulo VI segue este roteiro de forma brilhante e corajosa, defendendo a família e a comunhão conjugal autêntica, de verdadeiro amor humano, aberto à prole, dentro de um planejamento familiar, opondo-se aos métodos artificiais contraceptivos, fechados ao sentido integral da sexualidade e da vida humana, conforme o Plano da Criação Divina. Escreveu a profética encíclica Humanae Vitae. E para a evangelização nos valores do reino, diante das mudanças e desafiadoras realidades sociais, nos brindou com a inspiradora Evangelii Nuntiandi, dentre outros grandes escritos.

Porém, quem vai reunir todo este rico conteúdo sobre a dignidade e missão da família no mundo contemporâneo é São João Paulo II na luminosa Familiaris Consortio, abordando todos os temas fundamentais e sua relação com o presente e o futuro da humanidade. São João Paulo II apresenta a família como projeto de Deus, célula mater da sociedade, a sua formação, a preparação remota, próxima e iminente do matrimônio, os valores éticos e cristãos, o combate às ideologias de destruição da pessoa humana e base familiar, já acusadas na Gaudium et Spes, e outras já sinalizadas pelos avanços tecnológicos e no campo da ciência genética, a importância e a essencialidade da pastoral familiar para a ação missionária da Igreja, sua organização e tarefas. Todos deveriam ler e aplicar esta Carta Magna da Família do Santo Papa.

Neste âmbito teológico moral, deixou-nos também os lúcidos escritos: Veritatis Splendor, sobre a verdade ética e os valores morais frente às correntes errôneas de pensamento - relativistas, hedonistas, utilitaristas, e a Evangelium Vitae, atualizando o ensinamento de Paulo VI na Humanae Vitae, na defesa da vida perante os novos procedimentos e artifícios da Biotecnologia e a manipulação antiética da vida humana.

Na mesma esteira, posicionaram-se os papas Bento XVI e Francisco sobre a nocividade dos relativismos teóricos e éticos que vão desfigurando a sociedade e a família humana e a importância do testemunho do amor cristão, renovando as estruturas sociais. Com este foco, o papa emérito nos enriquece com Deus caritas est, Spe salvi e sua encíclica social, unindo amor e verdade - Caritas in Veritate, dentre tantos outros profundos textos.

O Papa Francisco, acentuando uma Igreja em estado de saída, de permanente missão, apresenta o seu primeiro escrito integral, após complementar e publicar a Lumen Fidei, a Evangelii Gaudium, ressaltando a tarefa essencial da evangelização, como fez São Paulo VI, com a educação dos valores humano-cristãos, na cultura do encontro, na assunção das realidades mais duras e difíceis e no testemunho profético da verdade, no pastoreio zeloso, comunicando a fé e defendendo sempre a vida e a família.

Ainda os dois sínodos dos bispos sobre a família ofereceram uma forte e balizadora orientação para a edificação e o atendimento sempre mais pastoral das pessoas nas diversas periferias geográficas e existenciais, numa acolhida ao mesmo tempo fiel à instituição sagrada familiar e do matrimônio, conforme a vontade divina e humildemente misericordiosa no abraço a todos os irmãos, especialmente as ovelhas mais feridas, abandonadas ou marginalizadas nos caminhos da vida. Toda esta riqueza de contribuição foi reunida e completada com a inspiração condutora do sucessor de Pedro, nos presenteando com a exortação apostólica Amoris laetitia - A alegria do Amor.

Que o Espírito Santo, assistente permanente do magistério da Igreja, comunicador místico no interior de todo cristão, fale mais uma vez pela comunhão episcopal com Pedro, seu escolhido chefe dos apóstolos e de todo o rebanho, hoje Francisco, e faça ecoar por todo o recanto sua voz sábia e iluminadora, fortalecedora, confirmando todos os irmãos na fé.

Juntos, continuemos a comunicar a grandeza e a beleza da família!

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é chanceler da Diocese de Nova Friburgo e assessor diocesano da Pastoral Familiar. Esta coluna é publicada às terças-feiras.

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A Eucaristia e a partilha do pão!

terça-feira, 01 de junho de 2021

"Dai-lhes vós mesmos de comer”. (Mt 14,16)

Na solenidade de Corpus Christi deste ano, celebrada nesta quinta-feira, 3, somos chamados a, além de contemplar Jesus vivo entre nós na Eucaristia, ter o olhar para os sofredores do nosso tempo pandêmico. A nossa diocese está nos convidando a partilhar o pão material com nossos irmãos que estão privados do alimento material.

"Dai-lhes vós mesmos de comer”. (Mt 14,16)

Na solenidade de Corpus Christi deste ano, celebrada nesta quinta-feira, 3, somos chamados a, além de contemplar Jesus vivo entre nós na Eucaristia, ter o olhar para os sofredores do nosso tempo pandêmico. A nossa diocese está nos convidando a partilhar o pão material com nossos irmãos que estão privados do alimento material.

A Eucaristia é o alimento espiritual de nossa caminhada para Deus como foi o maná que alimentou o povo de Deus por 40 anos, a caminho da Terra Prometida. (Ex 8,2-16). Esse maná era apenas uma figura do verdadeiro “pão vivo descido do céu”, que quem comer “viverá eternamente” (Jo 6,51). Hoje para se viver com dignidade está difícil para muitos irmãos!

São Cirilo de Jerusalém disse que após a comunhão, somos “Cristóforos”, portadores de Cristo. Se somos o sinal de Jesus para o mundo, precisamos nos compadecer daqueles que são nossos irmãos e que estão carentes do necessário para alimentar o seu corpo. Precisamos levar o alívio aos corações como o próprio Senhor nos diz: “Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei” (Mt 11,28).

A maneira mais fácil de acolher esse convite amoroso do Senhor é na Eucaristia, e esta deve nos levar a enxergar quem está próximo de nós com fome!  O Senhor nos acolhe sempre e assim precisamos acolher os nossos irmãos... Devemos estar abertos às dores de muitos irmãos nesse tempo de pandemia. Comungar requer de nós esta abertura e sensibilidade. Não podemos ser insensíveis à dor do mundo.

O nosso papa emérito Bento XVI, em sua primeira encíclica, disse que, “Deus nos amou primeiro”, e que, então, amar a Deus e aos irmãos já não é apenas um mandamento, mas uma necessária retribuição de amor de nossa parte. Por isso, insisto em dizer que nossa amizade com Jesus Eucarístico deve nos levar à vivência do amor que se traduz em gestos concretos e um deles é a partilha do pão material com quem está privado.

O querido Papa Francisco, em uma das suas audiências públicas sobre a Eucaristia, assim se expressou: “A Eucaristia nos torna fortes para dar frutos de boas obras para viver como cristãos”. Esses frutos recebidos na Eucaristia devem nos levar a ser homens e mulheres comprometidos com o fruto da partilha, num tempo onde se impera a ganância, o ódio e o egoísmo ao tirar proveito de tudo. Continua nos exortando a ser: “a comunidade eucarística, comunicando-se com o destino de Jesus servo, torna-se "serva".

O "servir" deve ser a marca de todo aquele que verdadeiramente se compromete com a Eucaristia, que recebe Cristo Vivo em cada missa. Se faz necessário levarmos o bálsamo do amor misericordioso de Deus a quem está com fome.

Concluo com o pontífice que nos chama a ver a Sagrada Eucaristia como centro da vida eclesial e como fonte de uma “cultura eucarística”, capaz de inspirar todos nós fiéis à solidariedade, à paz, à vida familiar e o cuidado com a criação. Que a Eucaristia nos ajude em nosso processo de conversão do nosso coração e de mudança da sociedade e da Igreja como samaritana. Amém! Graças e louvores se deem a todo momento, ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!

Padre Marcelo Campos da Silva é vigário episcopal do Norte e pároco da Paróquia São José, no distrito de São José do Ribeirão, em Bom Jardim

 

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Que todos sejam um (Jo 17, 21)

terça-feira, 25 de maio de 2021

Jesus na conhecida Oração Sacerdotal (cf. Jo 17), clama ao Pai pela unidade. “Que todos sejam um como eu e tu somos um” (Jo 17, 21). Estas palavras vêm adquirindo cada vez mais significado em nossas vidas. Infectada pelo vírus do individualismo, a humanidade tem sofrido as consequências da polarização que enfraquece os laços de amor e respeito.

Jesus na conhecida Oração Sacerdotal (cf. Jo 17), clama ao Pai pela unidade. “Que todos sejam um como eu e tu somos um” (Jo 17, 21). Estas palavras vêm adquirindo cada vez mais significado em nossas vidas. Infectada pelo vírus do individualismo, a humanidade tem sofrido as consequências da polarização que enfraquece os laços de amor e respeito.

Olhemos para o acontecimento de Pentecostes, celebrado pela Igreja Católica no último domingo, 23. Um grupo de 11 homens de culturas e educação diferentes, com ideias políticas diversas e visões de mundo opostas, reunidos num mesmo lugar. Ao receberem o espírito da verdade aprenderam a dar o primado, não a seus modos de vista humanos, mas ao bem comum. O que podemos comprovar pelos testemunhos dos primeiros séculos: “Os cristãos tinham tudo em comum” (At 2,44).

O Papa Francisco, na Solenidade de Pentecostes, advertiu à Igreja em sua missão de ser testemunha da unidade. “Hoje, se dermos ouvidos ao Espírito, deixaremos de nos focar em conservadores e progressistas, tradicionalistas e inovadores, de direita e de esquerda; O paráclito impele à unidade, à concórdia, à harmonia das diversidades” (Homilia, 23 mai. 2021).

A vivência de uma pandemia deveria despertar em todos nós o sentimento de unidade e corresponsabilidade. Mas, infelizmente, o que vemos é o aguçamento das ideologias e divisões geradas por elas. Na vazia luta de afirmar o próprio modo de pensar, os grupos ideológicos, absortos, são incapazes de perceberem o mal que fazem a si e à humanidade.

Ao contrário do acontecimento de Pentecostes, no qual homens de diferentes etnias ouviam os apóstolos falarem cada qual em sua própria língua, hoje o cenário se parece mais com o episódio da torre de Babel (Gn 11, 1-9). Cada partido, ávido de poder, é incapaz de dar ouvido à razão. Neste cenário turbulento, se faz necessário e urgente o surgimento de homens e mulheres de bem, que independentemente de sua crença, etnia e posicionamento político deem voz ao bom senso e sejam consolo em tempos de angústia.

“É preciso aprender a aceitar o outro na sua forma de ser e pensar de modo diverso. Para isso, é necessário fazer da responsabilidade comum pela justiça e a paz o critério basilar do diálogo. Um diálogo, onde se trate de paz e de justiça indo mais além do que é simplesmente pragmático, torna-se por si mesmo uma luta ética sobre a verdade e sobre o ser humano; um diálogo sobre os valores que são pressupostos em tudo. Assim o diálogo, ao princípio meramente prático, torna-se também uma luta pelo justo modo de ser pessoa humana. Embora as escolhas básicas não estejam enquanto tais em discussão, os esforços à volta de uma questão concreta tornam-se um percurso no qual ambas as partes podem encontrar purificação e enriquecimento através da escuta do outro. Assim estes esforços podem ter o significado também de passos comuns rumo à única verdade, sem que as escolhas básicas sejam alteradas. Se ambas as partes se movem a partir de uma hermenêutica de justiça e de paz, a diferença básica não desaparecerá, mas crescerá uma proximidade mais profunda entre eles” (Papa emérito Bento XVI, 21 dez. 2012).

É neste sentido que o Papa Francisco diz que nossa missão é sermos paráclitos, isto é, consoladores. “E como podemos fazer isso? Não fazendo grandes discursos, mas aproximando-nos das pessoas; não com palavras empoladas, mas com a oração e a proximidade” (23 mai. 2021).

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Parabéns Nova Friburgo!

terça-feira, 18 de maio de 2021

Celebramos no último domingo, 16, os 203 anos da fundação de Nova Friburgo, única cidade brasileira criada por um decreto real do então rei de Portugal, Dom João VI. A estimada cidade da serra fluminense traz em sua história inúmeras marcas de inovação e superação. Sua colonização foi planejada a fim de estreitar os laços do rei de Portugal com os povos germânicos na luta contra o Império Francês. Seu nome foi dado pelos suíços em homenagem à Fribourg, de onde partiu a maioria das 265 famílias suíças que aqui se instalaram.

Celebramos no último domingo, 16, os 203 anos da fundação de Nova Friburgo, única cidade brasileira criada por um decreto real do então rei de Portugal, Dom João VI. A estimada cidade da serra fluminense traz em sua história inúmeras marcas de inovação e superação. Sua colonização foi planejada a fim de estreitar os laços do rei de Portugal com os povos germânicos na luta contra o Império Francês. Seu nome foi dado pelos suíços em homenagem à Fribourg, de onde partiu a maioria das 265 famílias suíças que aqui se instalaram. Ainda sobre sua gênese, podemos afirmar que foi o primeiro município no Brasil colonizado por alemães.

Desde então, Nova Friburgo passou a ser um local onde pessoas dos mais diferentes lugares do mundo encontraram morada. O clima típico da cidade é um convite a conhecer e se apaixonar. À luz da história esta celebração se enche de significados importantes para as pessoas que aqui construíram suas vidas e suas famílias. Na construção do futuro é essencial olhar o passado e recordar tanto os acontecimentos felizes quanto os tristes.

Devemos celebrar não somente as vitórias, mas, principalmente, a superação de um povo que luta e confia. No exercício da fé recordar que Deus sempre se faz presente com seu amor e sua misericórdia.

Mais uma vez estamos vivenciando um momento crítico da história, não só de nosso município, mas do mundo inteiro. Poderíamos, assim, acreditar que não teríamos nenhum motivo para celebrar. Afinal, nos últimos meses, perdemos mais de 500 irmãos nossos para a Covid-19. Contudo, limitar a alegria de toda uma vida somente ao momento presente é enganar-se. A vida não se encerra no agora, ela é uma construção, uma sucessão de instantes que tecem a história pessoal e comunitária. O anseio pela alegria inscrito no coração humano, neste mundo “é contrastado com os lamentos e gritos que provêm de tantas situações dolorosas: miséria, fome, doenças, guerras, violências” (Bento XVI, Páscoa 2011).

O valor e a fortaleza dos primeiros habitantes destas terras estão marcados na identidade do povo friburguense. Estes homens e mulheres, na busca de realizar o sonho de um lar para seus filhos, enfrentaram todo o tipo de dificuldades desde o desterro de suas terras natais, nas longas viagens de navios e no desbravamento deste chão para se estabelecerem.

Neste sentido, celebrar é mais que exaltar os momentos felizes da vida, é recordar também as dores e as vitórias, na certeza de que Deus, Senhor e Mestre da História (cf. Catecismo §269; 304; 450), sempre manifesta sabiamente todos os seus prodígios, mesmo que oculto à percepção humana. A razão para celebrar, mesmo em situações conflitantes, advém da certeza de que “a história presente não permanece fechada em si mesma, mas está aberta para o reino de Deus” (Sollicitudo rei socialis, 47).

A história de Nova Friburgo, é formada por fatos marcantes que se contabilizam entre momentos difíceis e felizes, mas o que é digno de comemoração é, sem dúvida alguma, o povo que aqui reside e sua capacidade de superação.

Muito há que se fazer. O sonho de um lugar melhor para nossos filhos ainda não foi totalmente concretizado. A história é dinâmica e depende de cada um de nós, no exercício de nossas funções escrevê-la do melhor modo possível.

Parabéns à cidade de Nova Friburgo! Parabéns a todos os friburguenses que construíram e continuam a construir a história desta terra, a nossa história!

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Padre Aurecir Martins de Melo Junior é assessor diocesano da Pastoral da Comunicação. Esta coluna é publicada às terças-feiras.

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Mensagem do Papa Francisco para o 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais

terça-feira, 11 de maio de 2021

Todos os anos na celebração do Domingo da Ascensão do Senhor a Igreja dedica-se a refletir e dar destaque à importância das comunicações sociais para o sadio desenvolvimento social, bem como para a evangelização. Em 2021, a data será celebrada no próximo domingo, 16. Achamos por bem trazer nesta coluna um recorte da mensagem do Papa Francisco para este ano, na qual ele agradece à coragem dos jornalistas em dar voz à verdade dos fatos.

Todos os anos na celebração do Domingo da Ascensão do Senhor a Igreja dedica-se a refletir e dar destaque à importância das comunicações sociais para o sadio desenvolvimento social, bem como para a evangelização. Em 2021, a data será celebrada no próximo domingo, 16. Achamos por bem trazer nesta coluna um recorte da mensagem do Papa Francisco para este ano, na qual ele agradece à coragem dos jornalistas em dar voz à verdade dos fatos.

Para poder contar a verdade da vida que se faz história, é necessário sair da presunção cômoda do “já sabido” e mover-se, ir ver, estar com as pessoas, ouvi-las, recolher as sugestões da realidade, que nunca deixará de nos surpreender em algum dos seus aspectos. Este ano, desejo dedicar a mensagem à chamada a “ir e ver”, como sugestão para toda a expressão comunicativa que queira ser transparente e honesta: tanto na redação de um jornal como no mundo da web, tanto na pregação comum da Igreja como na comunicação política ou social.

Pensemos no grande tema da informação. Há já algum tempo que vozes atentas se queixam do risco de um nivelamento em “jornais fotocópia” ou em noticiários de televisão, rádio e websites que são substancialmente iguais, onde os gêneros da entrevista e da reportagem perdem espaço e qualidade em troca de uma informação pré-fabricada, autorreferencial, que cada vez menos consegue confrontar a verdade das coisas e a vida concreta das pessoas, e já não é capaz de individuar os fenômenos sociais mais graves nem as energias positivas que se libertam da base da sociedade. (...)

Todo o instrumento só é útil e válido, se nos impele a ir e ver coisas que de contrário não chegaríamos a saber, se coloca em rede conhecimentos que de contrário não circulariam, se consente encontro que de contrário não teriam lugar. O próprio jornalismo, como exposição da realidade, requer a capacidade de ir aonde mais ninguém vai: mover-se com desejo de ver. Uma curiosidade, uma abertura, uma paixão. Temos que agradecer à coragem e determinação de tantos profissionais, se hoje conhecemos, por exemplo, a difícil condição das minorias perseguidas em várias partes do mundo, se muitos abusos e injustiças contra os pobres e contra a criação foram denunciados, se muitas guerras esquecidas foram noticiadas. Seria uma perda não só para a informação, mas também para toda a sociedade e para a democracia, se faltassem estas vozes: um empobrecimento para a nossa humanidade.

Numerosas realidades do planeta – e mais ainda neste tempo de pandemia – dirigem ao mundo da comunicação um convite a “ir e ver”. Há o risco de narrar a pandemia ou qualquer outra crise só com os olhos do mundo mais rico, de manter uma “dupla contabilidade”. Por exemplo, na questão das vacinas e dos cuidados médicos em geral, pensemos no risco de exclusão que correm as pessoas mais indigentes. (...) Mas, também no mundo dos mais afortunados, permanece oculto em grande parte o drama social das famílias decaídas rapidamente na pobreza: causam impressão, mas sem merecer grande espaço nas notícias, as pessoas que, vencendo a vergonha, fazem a fila à porta dos centros da Cáritas para receber uma ração de víveres.

A rede, com as suas inumeráveis expressões sociais, pode multiplicar a capacidade de relato e partilha: muitos mais olhos abertos sobre o mundo, um fluxo contínuo de imagens e testemunhos. (...), entretanto foram-se tornando evidentes, para todos, os riscos de uma comunicação social não verificável. (...) Todos somos responsáveis pela comunicação que fazemos, pelas informações que damos, pelo controle que podemos conjuntamente exercer sobre as notícias falsas, desmascarando-as. Todos estamos chamados a ser testemunhas da verdade: a ir, ver e partilhar.

Na comunicação, nada pode jamais substituir, de todo, o ver pessoalmente. Algumas coisas só se podem aprender, experimentando-as. Na verdade, não se comunica só com as palavras, mas também com os olhos, o tom da voz, os gestos. O intenso fascínio de Jesus sobre quem o encontrava dependia da verdade da sua pregação, mas a eficácia daquilo que dizia era inseparável do seu olhar, das suas atitudes e até dos seus silêncios. Os discípulos não só ouviam as suas palavras, mas viam-no falar. A palavra só é eficaz, se se «vê», se te envolve numa experiência, num diálogo. Por esta razão, o “vem e verás” era, e continua, a ser essencial.

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O trabalho edifica

terça-feira, 04 de maio de 2021

A celebração do 1º de maio - Dia do Trabalho é a marca de conquistas históricas em favor de homens e mulheres que garantem a subsistência e a dignidade de suas famílias. Contudo, não podemos relegar o valor e a importância do trabalho somente como o meio de garantir o pão cotidiano. Ele é muito mais que isso.

A celebração do 1º de maio - Dia do Trabalho é a marca de conquistas históricas em favor de homens e mulheres que garantem a subsistência e a dignidade de suas famílias. Contudo, não podemos relegar o valor e a importância do trabalho somente como o meio de garantir o pão cotidiano. Ele é muito mais que isso.

São João Paulo II, ao refletir sobre o trabalho humano, adverte que se é verdade dizer que a humanidade se sustenta com o pão fruto do seu labor, isto equivale dizer que além do pão cotidiano que mantém vivo o corpo, o trabalho produz o pão da ciência e do progresso, da civilização e da cultura (cf. Laborem exercens, n. 1).

Ainda há de se considerar que o trabalho é também um ato de coragem diária, pessoal e coletiva, que encarna e reivindica as razões de um recomeço, que diz respeito a todos. Mais que esforços e canseiras pessoais comuns no ato do trabalho, o trabalhador tem que enfrentar muitas tensões, conflitos e crises que perturbam a vida de cada uma das sociedades ou mesmo da humanidade inteira.

Deste modo, é essencial ampliar nossa compreensão a cerca do conceito trabalho. A ideia difundida na primeira metade do século 19, e existente ainda nos dias atuais, equivocadamente equivale o trabalho a uma mercadoria que podia ser comprada ou vendida sem considerar o valor de quem o executava e de sua importância para o funcionamento da sociedade.

Devemos encarar o trabalho humano pela dimensão fundamental do sujeito, isto é, do homem-pessoa que o executa. Assim considerando, se entende que o trabalho é um bem do homem e da humanidade, na qual o trabalhador não transforma somente a natureza, adaptando-a à sua necessidade, mas, pelo trabalho, realiza-se a si mesmo como homem, tornando-se mais homem.

O Papa Francisco, ao refletir sobre o trabalho como vocação do homem, diz que: “É o trabalho que torna o homem semelhante a Deus, pois com o trabalho o homem é criador, é capaz de criar, de criar muitas coisas; até mesmo de criar uma família para seguir em frente. O homem é criador e cria com o trabalho. Esta é a vocação. E a Bíblia diz: «Viu Deus que tudo quanto tinha feito era muito bom» (Gn 1, 31). Ou seja, o trabalho tem em si uma bondade e cria a harmonia das coisas - beleza, bondade - e envolve o homem em tudo: no seu pensamento, na sua atuação, em tudo. O homem participa no trabalho. É a primeira vocação do homem: trabalhar. E isto dá dignidade ao homem. É a dignidade que o faz assemelhar-se a Deus. A dignidade do trabalho” (Homilia, 1º de maio de 2020).

Deste modo, toda a injustiça cometida a uma pessoa que com seu trabalho contribui para a edificação da comunidade é um ato de violência contra a própria dignidade humana. O trabalho é uma bonita vocação dada por Deus ao homem, mas só pode ser vivida em toda sua beleza e profundidade quando são oferecidas condições adequadas e respeitada a dignidade da pessoa.

Ao refletirmos sobre este tema, não temos como deixar de lembrar e sensibilizar com os mais de 14 milhões de desempregados do nosso país (fonte: IBGE). Neste ano dedicado a São José, no qual muitos irmãos e irmãs sofrem a calamidade do desemprego, peçamos ao humilde trabalhador de Nazaré, que nos oriente a Cristo, sustente o sacrifício daqueles que praticam o bem neste mundo e interceda por aqueles que perderam o próprio emprego ou não conseguem encontrá-lo.

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Padre Aurecir Martins de Melo Junior é assessor diocesano da Pastoral da Comunicação. Esta coluna é publicada às terças-feiras.

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Para não cair na indiferença

terça-feira, 27 de abril de 2021

Há na Esmolaria Apostólica, um departamento da Cúria Romana, uma fotografia icônica: noite de inverno, pessoas bem agasalhadas com casacos de pele, alegres e satisfeitas saindo de bons restaurantes e um desabrigado, faminto e com frio deitado ao chão. O registro fotográfico foi capaz de capturar com maestria o descaso e a indiferença das pessoas que desviavam o olhar do pobre homem jogado na sarjeta.

Há na Esmolaria Apostólica, um departamento da Cúria Romana, uma fotografia icônica: noite de inverno, pessoas bem agasalhadas com casacos de pele, alegres e satisfeitas saindo de bons restaurantes e um desabrigado, faminto e com frio deitado ao chão. O registro fotográfico foi capaz de capturar com maestria o descaso e a indiferença das pessoas que desviavam o olhar do pobre homem jogado na sarjeta.

Este é apenas um dentre inúmeros registros da falta de humanidade e de compaixão a que somos capazes. Ser indiferente não quer dizer, necessariamente, ser mal. Podemos ser pessoas muito boas com os que convivem conosco, com os que estão na mesma situação moral e social que nós, mas ainda assim a indiferença é capaz de ferir mortalmente a humanidade.

No próprio Evangelho podemos observar a cultura da indiferença impregnada no agir humano. Os evangelistas ao narrarem a multiplicação dos pães são unânimes em destacar a preocupação dos discípulos com a falta de alimento: “Despede a multidão, para que vá aos povoados e campos vizinhos procurar pousada e alimento” (Lc 9, 12). Neste posicionamento dos discípulos quase que os ouvimos dizer: “Não é problema nosso alimentar essa gente”.

Não quero dizer que os discípulos fossem maus. Eles não se preocupavam com a multidão, mas sim com o seu próprio bem-estar e também de Jesus. Mas a resposta de Jesus – “dai-lhes vós mesmo de comer” (Lc 9,13) – os ensina a prestar mais atenção às necessidades das pessoas, sobretudo das mais pobres.Quantas vezes mudamos nosso olhar de direção para não nos ferirmos com a miséria do outro? Ou quantas vezes somos incapazes de sentir a dor do outro?

Ainda o testemunho bíblico nos alerta para o abismo que criamos entre nós. Jesus, em um de seus discursos, conta a parábola do mau rico e do pobre Lázaro (cf. Lc 16, 19-31). O rico, mergulhado em sua individualidade dava inúmeros banquetes, vestia-se com roupas finas e caras, mas era incapaz de prover o bom sustento para o pobre Lázaro que ficava à sua porta.

Podemos ainda lembrar o Cego Bartimeu (cf. Mc 10, 46-52) que, sentado à beira do caminho, ao ouvir que Jesus se aproximava gritava para que tivesse piedade dele, era repreendido para que se calasse, pois incomodava. Poderíamos narrar aqui tantas outras situações em que, fechados em nossos projetos, realizações e comodismo, fomos indiferentes às necessidades dos demais. Vivemos uma era em que a informação chega a nós com eficaz velocidade, porém, ainda estamos insensíveis.

O Papa Francisco, relembrando sua primeira visita à ilha italiana de Lampedusa cunhou a expressão “globalização da indiferença”. E no contexto da pandemia refletiu: “Talvez nós hoje aqui em Roma estejamos preocupados porque ‘parece que as lojas estão fechadas, tenho que comprar isto, e parece que não posso passear todos os dias, e parece que...’: preocupados com as minhas coisas. E esquecemos as crianças famintas, esquecemos aquela pobre gente que nos confins dos países buscam a liberdade, aqueles migrantes forçados que fogem da fome e da guerra e encontram somente um muro, um muro feito de ferro, um muro de arame farpado, mas um muro que não os deixa passar. Sabemos que isto existe, mas não chega ao coração... Vivemos na indiferença: a indiferença é o drama de estar bem informado, mas não sentir a realidade dos outros.” (Homilia, 12 de março de 2020).

Sigamos o exemplo do coração de Jesus que viu a necessidade da humanidade e se compadeceu, não se fez indiferente.

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Padre Aurecir Martins de Melo Junior é assessor diocesano da Pastoral da Comunicação. Esta coluna é publicada às terças-feiras

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Confiança

terça-feira, 20 de abril de 2021

Buscando o verbete ‘confiança’ no dicionário encontraremos, entre tantas, a seguinte definição: “Crença ou fé de que determinadas expectativas se tornarão realidade; esperança”.

Em tempo de pandemia, lutamos todos os dias para superar as contrariedades do tempo e cultivar em nossos corações a certeza de que tudo se transformará para o bem. Contudo, a tentação de assumirmos o domínio, de termos o controle de tudo, é constante.

Buscando o verbete ‘confiança’ no dicionário encontraremos, entre tantas, a seguinte definição: “Crença ou fé de que determinadas expectativas se tornarão realidade; esperança”.

Em tempo de pandemia, lutamos todos os dias para superar as contrariedades do tempo e cultivar em nossos corações a certeza de que tudo se transformará para o bem. Contudo, a tentação de assumirmos o domínio, de termos o controle de tudo, é constante.

O livro do Gêneses relata bem essa ambição. A serpente ao tentar a mulher, não encontrou melhor argumento do que lhe prometer a igualdade com Deus: “E sereis como deuses…” (Gn 3,5). Eva não hesitou, tomou o fruto e comeu (cf. Gn 3,6). O relato bíblico evidencia que o coração do homem, mesmo antes de ser ferido pelo pecado, se deixa apetecer com o sonho de ser “como deus”, de ser senhor de si, de não depender de nada e de ninguém.

A voz sedutora da serpente continua a ecoar, insistentemente, no coração da humanidade, que inebriada pelo desejo de imortalidade, alimenta a esperança de solucionar, por suas próprias capacidades, todos os problemas do mundo. Contudo, quando algo foge de nosso controle, facilmente aloja-se o desespero e a angústia. Diante do grande mistério da morte, a humanidade contempla sua impotência e fragilidade.

Quando tudo parece não ter mais jeito, somos levados a colocar nossa esperança em algo ou alguém que foge a lógica deste mundo. Neste Tempo Pascal celebramos a vitória da vida sobre a morte. Jesus, Deus e homem, ressurge da morte para dar vida a todos os que nele esperam. Na sua ressurreição temos alimentada a esperança de um mundo novo.

Somos chamados a nos abandonarmos com confiança em Deus em cada momento da nossa vida, especialmente na hora da provação e da perturbação, na certeza de que Ele nos fará ressurgir das trevas do medo.

O Papa Francisco ao refletir sobre esta grande tempestade que assola o mundo inteiro exorta: “Quando sentimos fortemente a dúvida e o medo e parece que estamos afundando, não devemos ter vergonha de gritar, como Pedro: ‘Senhor, salva-me!' (cf. Mt 14,22-36). É uma bela oração! E o gesto de Jesus, que imediatamente estende a mão e agarra a do seu amigo, deve ser contemplado durante muito tempo: Jesus é a mão do Pai que nunca nos abandona; a mão forte e fiel do Pai, que sempre e só quer o nosso bem” (Angelus, 9 de ago. 2020).

Nele é que devemos por nossa confiança. Ele é o Ressuscitado, o Senhor que passou pela morte para nos salvar. Ele que se fez próximo de nós, que nos chamou a fazer parte do seu Reino.

Busquemos fazer a experiência de nos abandonarmos nas mãos daquele que tudo sabe e tudo pode. Somos um pequeno grão de areia na imensidão do amor misericordioso de Deus. Ele está sempre presente ao nosso lado, disposto a nos reerguer das nossas quedas, nos faz crescer na fé e sustentar nossa esperança, basta estendermos a mão e gritar: “Senhor, salva-me”.

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Padre Aurecir Martins de Melo Junior Assessor Diocesano da Pastoral da Comunicação

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Ressurreição: o nosso Deus é um Deus vivo!

terça-feira, 13 de abril de 2021

Entre as sombras da dúvida, do nada, do silêncio do peito, do esvaziamento do cosmo, surge a vida! O glorioso Sol rasga as trevas, numa manhã solene de ressurreição! O túmulo vazio. Os guardas atônitos. Os apóstolos vibrantes de certeza! "Nosso Cristo está vivo”! Os materialistas repetem desde sempre a mesma mentira: " Roubaram o corpo"; " Jesus Cristo foi apenas um homem contra o sistema e está morto", Míopes em suas mancas afirmações e adoradores da surda-muda matéria, teimam em não sair de suas cavernas frias para a luz aquecedora do amor de Cristo.

Entre as sombras da dúvida, do nada, do silêncio do peito, do esvaziamento do cosmo, surge a vida! O glorioso Sol rasga as trevas, numa manhã solene de ressurreição! O túmulo vazio. Os guardas atônitos. Os apóstolos vibrantes de certeza! "Nosso Cristo está vivo”! Os materialistas repetem desde sempre a mesma mentira: " Roubaram o corpo"; " Jesus Cristo foi apenas um homem contra o sistema e está morto", Míopes em suas mancas afirmações e adoradores da surda-muda matéria, teimam em não sair de suas cavernas frias para a luz aquecedora do amor de Cristo.

Os nossos domingos já não podem ser os mesmos! Existe um brilho diferente no ar, na calma da natureza apoteótica a bradar aleluia! Como naquele dia luminoso, aos olhos perplexos dos discípulos, o Senhor se elevava aos céus e prometia o seu espírito e a sua nova vinda para recolher.

Mas se este Jesus está vivo, por que aparece ainda pregado na cruz? Pode alguém perguntar. A cruz é o símbolo do gesto máximo do amor de Cristo por nós. É a recordação de quanto custou ao Deus feito homem a nossa libertação: sua vida, seu sangue, seu martírio. Se alguém dá a vida por nós, não podemos esquecer tal ato. O sacrifício da cruz é o grande sinal do amor cristão, o amor que não só vibra com a festa da vida, mas se solidariza e se doa nos sofrimentos e cruzes do irmão.

Para nós, católicos e demais cristãos, Jesus está vivo, sim, presente entre nós, Ressurreto, fulguroso e poderoso, mas sabemos o quanto sofreu por nós e, por isso, a sua cruz é para todos um instrumento símbolo de salvação.

Nestes ventos de ressurreição, devemos nos perguntar sobre nossos passos, sobre nossos rumos, sobre nossos corações... A luz que se acendeu há quase dois mil anos não se apagou... Ela se multiplica nos círios, no peito, nos sacrários do mundo inteiro, na chama da fé dos povos, na esperança ígnea que não se prostra nem mesmo com as bombas e perseguições, nem com as explosões de neon do ateísmo, do capitalismo selvagem. Ela se expande no brilho simples da verdade que quebra os sofisticados e ocos sofismas, meticulosamente talhados nas indústrias da exploração humana.

Este Deus vive entre nós. Vive em nós. Sua ação pasma a história, abrindo o mar com mão firme, curando toda enfermidade, transformando água em vinho, transubstanciando o próprio vinho em seu sangue, o pão em sua carne: eucaristia-ressurreição! Os véus do templo se rasgam de cima a baixo. Seu sudário permanece de século em século, questionando a análise dos químicos, médicos, cientistas em geral, ou de qualquer cético que queira apalpar a configuração do Senhor. Ei-lo! Eis o homem! Como apresentou Pilatos. Todo chagado e marcado por chicotes ferinos. Eis o Cristo de olho vazado pelos espinhos da coroa e sobre esta vista a imagem de uma moeda romana, conforme o costume.

Vejam o que queriam ver. Um Deus-homem impresso em negativo em um linho antiquíssimo, com pólen do século primeiro, pela explosão luminosa de sua ressurreição! Reconheçam que não há pintura em negativo com sangue AB judeu de quase dois mil anos que permaneça nítida após tantas intempéries. Figura que não é pintada e que após fotografia de um pesquisador, curiosamente aparece em positivo e apresenta tridimensionalmente o Senhor sofredor, sem nenhuma distorção em computador (o que normalmente aconteceria), o que só hoje, no século 21, os cientistas conseguiram colocar impresso em 3D.

A precisão dos traços e marcas da Paixão... funduras das chagas, inchações, todo o desenho anatômico das lesões, constatado por renomados cirurgiões, digitais de quem o transportou nas plantas dos seus pés... O que mais falta? O que mais? Frente às exigências empíricas dos que no fundo acham incômodo CRER, Jesus Ressuscitado diz ao Tomé de cada século: "Vem e vê. Põe o teu dedo em minhas chagas e no meu lado! Sou eu! Estive morto, mas venci a morte! Abre teu coração agora e abandona tua soberba! Tu creste porque viste. Felizes aqueles que creem, mesmo sem ver".

Caros irmãos, o nosso Deus é um Deus vivo! E você é convidado a viver e a beber desta fonte e a nunca mais ter sede! Feliz Páscoa!

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é chanceler da Diocese de Nova Friburgo. Esta coluna é publicada às terças-feiras. 

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