“Sempre tereis pobres entre vós” (Mc 14, 7)

A Voz da Diocese

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Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo.

terça-feira, 09 de novembro de 2021

No próximo domingo, 14, a Igreja Católica celebrará a quinta edição do Dia Mundial dos Pobres. No artigo desta semana trazemos um resumo da mensagem do santo padre, o Papa Francisco. Refletindo sobre o versículo “Sempre tereis pobres entre vós” (Mc 14, 7), Francisco, relembra o gesto da mulher que invade a refeição em casa de Simão e derrama sobre a cabeça de Jesus um vaso de alabastro cheio de perfume precioso. Gesto que suscitou grande estupefação e deu origem a duas interpretações diversas. A primeira referente à indignação de alguns dos presentes, incluindo os discípulos, e a segunda, referente à interpretação de Jesus sobre o fato.

Destaca o pontífice que “Jesus recorda-lhes que ele é o primeiro pobre, o mais pobre entre os pobres, porque os representa a todos. E é também em nome dos pobres, das pessoas abandonadas, marginalizadas e discriminadas que o filho de Deus aceita o gesto daquela mulher. Esta, com a sua sensibilidade feminina, demonstra ser a única que compreendeu o estado de espírito do Senhor. [...] As mulheres, tantas vezes discriminadas e mantidas ao largo dos postos de responsabilidade, nas páginas do Evangelho são, pelo contrário, protagonistas na história da revelação”.

O Papa Francisco repete com insistência, a mensagem que os pobres são os verdadeiros evangelizadores, pois levam ao mundo o Cristo em suas tribulações e indigências, nas condições, por vezes desumanas, em que são obrigados a viver.

Relembrando a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, instrui que “o nosso compromisso não consiste exclusivamente em ações ou em programas de promoção e assistência; aquilo que o Espírito põe em movimento não é um excesso de ativismo, mas primariamente uma atenção prestada ao outro, considerando-o como um só consigo mesmo. Esta atenção amiga é o início duma verdadeira preocupação pela sua pessoa e, a partir dela, desejo de procurar efetivamente o seu bem” (198-199).

Assim, no discurso, legitima que os pobres não são pessoas “externas” à comunidade, mas irmãos e irmãs cujo sofrimento se partilha, para abrandar o seu mal e a marginalização, a fim de lhes ser devolvida a dignidade perdida e garantida a necessária inclusão social.

Seguir Jesus comporta uma mudança de mentalidade a esse propósito, ou seja, acolher o desafio da partilha e da comparticipação. Tornar-se seu discípulo implica a opção de não acumular tesouros na terra, que dão a ilusão duma segurança em realidade frágil e efêmera; ao contrário, requer disponibilidade para se libertar de todos os vínculos que impedem de alcançar a verdadeira felicidade e bem-aventurança, para reconhecer aquilo que é duradouro e que nada e ninguém pode destruir (cf. Mt 6, 19-20).

Francisco nos lembra que no ato de dar esmolas corremos o risco de gratificar aquele que dá e humilhar aquele que recebe, enquanto a partilha reforça a solidariedade e cria as premissas necessárias para se alcançar a justiça.

Concluindo, recorda as palavras de São João Crisóstomo: “Quem é generoso não deve pedir contas do comportamento, mas somente melhorar a condição de pobreza e satisfazer a necessidade. O pobre só tem uma defesa: a sua pobreza e a condição de necessidade em que se encontra. Não lhe peças mais nada; mesmo que fosse o homem mais malvado do mundo, se lhe vier a faltar o alimento necessário, libertemo-lo da fome. (…) O homem misericordioso é um porto para quem está em necessidade: o porto acolhe e liberta do perigo todos os náufragos, sejam eles malfeitores, bons ou como forem. Aos que se encontram em perigo, o porto acolhe-os, coloca-os em segurança dentro da sua enseada. Também tu, portanto, quando vês por terra um homem que sofreu o naufrágio da pobreza, não o julgues, nem lhe peças conta do seu comportamento, mas liberta-o da desventura” (Discursos sobre o pobre Lázaro, II, 5).

Fonte: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/poveri/documents/20210613-messaggio-v-giornatamondiale-poveri-2021.html

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