Os frutos do individualismo

A Voz da Diocese

a voz da diocese

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Algumas vezes aqui nesta coluna se falou sobre o grande mal da cultura contemporânea: o individualismo. Historicamente, ele assumiu um papel de fundamental importância no desenvolvimento da cultura ocidental.

No âmbito econômico teve papel decisivo no sistema capitalista, proporcionando grande mudança na forma de compreender e avaliar o indivíduo.  O dinheiro torna-se o objeto de poder, vale mais quem ganha mais. Ou seja, ele, utopicamente, dá ao homem a mesma liberdade e personalidade em todos os lugares do mundo. Contudo, quando alguém não consegue adaptar-se a esta realidade sofre as terríveis consequências.

Infelizmente, quando um indivíduo não consegue incluir-se nos padrões impostos pelo individualismo, torna-se alvo de muitas doenças psíquicas e sociais. As crises de identidade, os transtornos obsessivos compulsivos, a síndrome do pânico, a ansiedade, a depressão, entre outros, certamente são sintomas desse processo de individualização. De igual modo, a exclusão e o abandono podem ser contados entre as doenças sociais causadas pelo individualismo doentio.

Desde o início de seu pontificado, Francisco acusa a “cultura do descarte” como uma triste consequência dos padrões de vida escolhidos pela sociedade. “Hoje, tudo entra no jogo da competitividade e da lei do mais forte, onde o poderoso engole o mais fraco. Em consequência desta situação, grandes massas da população veem-se excluídas e marginalizadas: sem trabalho, sem perspectivas, num beco sem saída. O ser humano é considerado, em si mesmo, como um bem de consumo que se pode usar e depois lançar fora. Assim teve início a cultura do «descartável», que, aliás, chega a ser promovida” (Evangelii gaudium, 53). Esta realidade é agravada no contexto da pandemia em que estamos vivendo.

Assim, o Papa Francisco alerta que “o coronavírus não é a única doença a ser combatida, mas a pandemia trouxe à luz patologias sociais mais vastas. Uma delas é a visão distorcida da pessoa, um olhar que ignora a sua dignidade e a sua índole relacional. Por vezes, consideramos os outros como objetos, objetos para serem usados e descartados. Na realidade, este tipo de olhar cega e fomenta uma cultura do descarte individualista e agressiva, que transforma o ser humano num bem de consumo” (Audiência Geral, 12 ago. 2020).

À luz da fé, sabemos que aos olhos de Deus todos nós possuímos o mesmo valor e somos amados sem distinção. Fomos criados não como objetos, mas como pessoas amadas e capazes de amar; fomos criados à sua imagem e semelhança (cf. Gn 1, 27).

Cientes dessa verdade, somos levados a assumir o papel de protagonistas da transformação cultural promovendo ambientes de valorização da dignidade, do bem comum e do respeito de toda a criação.

Esta consciência renovada pela dignidade de cada ser humano tem sérias implicações sociais, econômicas e políticas. Olhar para o irmão e para toda a criação como uma dádiva recebida do amor do Pai suscita um comportamento de atenção, cuidado e admiração” (idem).

Foto da galeria

Padre Aurecir Martins de Melo Junior é assessor diocesano da Pastoral da Comunicação. Esta coluna é publicada às terças-feiras.

Publicidade
TAGS:

A Voz da Diocese

a voz da diocese

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.