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O Impressionismo, a eterna dúvida e Tom Jobim

segunda-feira, 07 de dezembro de 2020

Dando continuação às reflexões que tive ao assistir, no YouTube, o Curso de Imersão: “Vincent e Pablo, dois gigantes do século XIX e XX”, apresentado por Catherine Beltrão. A arte se movimenta no tempo, transformando suas expressões, mostrando o modo de pensar e de viver de uma época. Este tema me faz lembrar a visita que fiz ao museu de Van Gogh, em Amsterdã, quando passei uma manhã inteira observando suas obras, percebendo a sensibilidade com que ele captava as imagens da vida, a serenidade com que distribuía as cores na tela, principalmente o branco e o amarelo.

Dando continuação às reflexões que tive ao assistir, no YouTube, o Curso de Imersão: “Vincent e Pablo, dois gigantes do século XIX e XX”, apresentado por Catherine Beltrão. A arte se movimenta no tempo, transformando suas expressões, mostrando o modo de pensar e de viver de uma época. Este tema me faz lembrar a visita que fiz ao museu de Van Gogh, em Amsterdã, quando passei uma manhã inteira observando suas obras, percebendo a sensibilidade com que ele captava as imagens da vida, a serenidade com que distribuía as cores na tela, principalmente o branco e o amarelo. No Impressionismo e no Pós-Impressionismo, as cores são simbólicas; são suaves e iluminam a cena, são incisivas e reveladoras da intimidade. 

Sempre busquei compreender as relações entre a literatura e a arte. O Curso de Imersão me ofereceu motivos mais instigantes ainda para mergulhar na pesquisa e na observação dos momentos históricos. O Pós-Impressionismo foi uma tendência artística que se manifestou na passagem do século XIX para o XX, que mudou a história da arte de um modo geral e nos transformou, fazendo-nos direcionar os olhos para nossas próprias impressões, como forma de autoconhecimento e libertação. O pensamento passou a valorizar a intimidade da pessoa, o seu mundo interior, a autopercepção. O Brasil amadureceu; deixou de ser colônia e tornou-se independente. Há uma interação sutil entre a arte e a história, na medida em que a literatura, sendo capaz de alicerçar o modo como se concebe a realidade sócio-econômica-política e cultural, exerce influência nas decisões e ações que determinam os rumos de uma nação. Tudo está interligado. Não há movimentos espontâneos e distintos, principalmente depois do advento da impressão tipográfica, no século XV. A edição de textos em grande escala favoreceu a expansão do inconsciente coletivo que se expressa através da arte. A força criativa faz parte da essência humana, e a literatura, enquanto arte da palavra, ganhou, então, poder incalculável. 

Para melhor entender este movimento, vale a pena compreender o Impressionismo, enquanto arte que revela o instante, as impressões sensoriais e o psicológico. Neste contexto, surge no Brasil, Machado de Assis!, presenteando-nos com a obra-prima Dom Casmurro, cujo romance penetrou de tal forma no âmago do personagem que foi capaz de trazer para a vida real sua cruel dúvida, que até hoje, ninguém conseguiu chegar à conclusão se Bentinho foi traído por Capitu ou não. Está eternizada.

Estou diante de um tema sedutor e interminável. Vou continuar a ler a respeito, escutando Tom Jobim, nosso grande maestro, que bebeu nas águas do Impressionismo para compor suas obras. 

 

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Orçamento estadual de 1971 destina ajuda a entidades de Friburgo

sábado, 05 de dezembro de 2020

Edição de 5 e 6 de dezembro de 1970
Pesquisado por Fernando Moreira

Manchetes:

Edição de 5 e 6 de dezembro de 1970
Pesquisado por Fernando Moreira

Manchetes:

  • Orçamento de 1971 - O deputado Álvaro de Almeida conseguiu que o orçamento estadual para 1971, contemple várias entidades friburguenses com significativas ajudas. Quanto a quota atribuída ao mesmo deputado para ser empregada, exclusivamente, em obras públicas em nosso município, foi por ele totalmente destinada a construção de seis subpostos de saúde em zonas suburbanas e rurais.
  • O Sanatório Naval e Nova Friburgo - O presidente Nilo Peçanha autorizará o ministro da Marinha, vice-almirante Alexandrino Faria de Alencar a adquirir em Nova Friburgo um terreno para a instalação de um hospital. Como complemento a esse ato governamental, em 22 de março de 1910, no Cartório Roquete, foi assinada a escritura da compra da propriedade denominada Barracão, tendo como vendedores os condes de Nova Friburgo, Bernardo Clemente Pinto e sua esposa, Ambrosina Clemente Pinto e como comprador o governo da União. E por que a aquisição do terreno em Friburgo? "As extraordinárias condições de clima desta localidade, a pureza do ar, a temperatura amena, a superioridade da água, fazem de todo o município um inigualável sanatório. Não foi sem razão. pois, que desde o último quartel do século passado cogitasse nossa Marinha de Guerra, em eleger Friburgo para instalar um Sanatório Naval, cidade que já tinha a fama de salubre, linda e acolhedora e para a qual convergiam os doentes esperançosos de cura.
  • O terceiro partido - Tão logo tomem posse os governadores estaduais, o problema da criação do terceiro partido entrará na ordem do dia. No nosso Estado e município já surgiram as lideranças quanto à nova força política, que vai nascer, exatamente no momento psicológico conveniente. 
  • Salário do futuro governador Raymundo Padilha - Ao assumir o cargo, a autoridade
  • vai perceber Cr$ 5 mil mensais e mais Cr$ 1.666,66 a título de representação. A lei recentemente aprovada foi promulgada pelo presidente da Assembleia, o deputado estadual Saramago Pinheiro.
  • Cimento Alvorada em Cantagalo - A Cia. Cimento Portland Alvorada, poderoso grupo industrial que tem também o controle acionário do cimento Paraíso, inaugurou grande e moderníssima fábrica de cimento no município de Cantagalo. A "Alvorada" possui o que de mais moderno existe em maquinário para preparar cimento e a sua produção é de 25 mil sacos diários. A receita pública municipal duplicará de início e o movimento comercial terá aumento substancial já que a nova indústria ocupará centenas de operários.
  • Honrosa comenda - Por proposta do Conselho da Ordem de Mérito Naval, será distinguido pelo presidente da República, o honroso título cavaleiro do seu quadro ordinário. O nosso distinto amigo capitão de Mar e Guerra, dr. Djalma da Rocha Santos Filho, diretor do  Sanatório Naval e nome de destaque no quadro de saúde da nossa Marinha de Guerra.

Pílulas:

  • Nesta edição enumeramos as entidades locais beneficiadas com verbas no orçamento estadual para 1971, bem como as quantias isoladamente consignadas pelo deputado Álvaro de Almeida. Além de auxílios às organizações, coube ainda ao deputado indicar obras públicas no seu município base no total de Cr$ 150 mil que servirá para a construção de seis subpostos de Saúde.
  • Friburgo Automóveis, conceituada chefiada por Paulo de Souza Cordeiro, José de Moraes e Fernando Vassallo, inaugurou suas novas instalações, em prédio próprio à Rua Luiz Spinelli. É uma beleza a agência distribuidora da Volkswagen do Brasil S.A.
  • O senhor José Dantas dos Santos, amigo pessoal do futuro governador Raymundo Padilha e segundo afirmam em meios políticos dos mais categorizados o representante do mesmo futuro governador na vasta zona compreendida entre Friburgo e oito municípios circunvizinhos, não faz por menos: quer que a partir de fevereiro de 1971 seja feita total remodelação no diretório arenista dos mesmos municípios, de modo que nos mesmos órgãos a figura Padilhista seja a tônica, seja a única predominante, devendo serem afastados todos os que costumam ziguezaguear. Quer uma completa limpeza em Friburgo.

Sociais:

  • A VOZ DA SERRA registra os aniversários de: Francisco de Assis Bravo (1º); Nísia Araújo de Souza, Wilson Jardim, Maria Elisa Abreu Máximo e Denise Cariello (5); Anna Longo Mecceni, Hernani de Carvalho (6); Olga Bonan Orlando, Ernesto Bizotto Filho e Overland Lourenço da Silva (7). Walter Santos e Natália Meyr Kramer (8). Zoé Marra Pinto e Karin Schultz (10); Jeferson Lugon (11); Jacintha Crescêncio Sertã e Afonso Rotay (12).

 

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Bamboleio de pálpebra

sexta-feira, 04 de dezembro de 2020

Em tempos em que vangloria-se tanto a necessidade e coragem em se dizer tudo o que pensa, aqueles que preferem o silêncio muitas vezes passam por involuídos. Isso mesmo. Se antes poupar a si mesmo ou ao próximo de discussões, deixar de falar tudo o que supostamente não seria bem recebido pelo interlocutor, recluir-se em silêncio eram práticas desejadas, hoje, há quem diga que nem tanto. Pelo contrário.

Em tempos em que vangloria-se tanto a necessidade e coragem em se dizer tudo o que pensa, aqueles que preferem o silêncio muitas vezes passam por involuídos. Isso mesmo. Se antes poupar a si mesmo ou ao próximo de discussões, deixar de falar tudo o que supostamente não seria bem recebido pelo interlocutor, recluir-se em silêncio eram práticas desejadas, hoje, há quem diga que nem tanto. Pelo contrário. Basta um bate-papo em uma roda de amigos e cedo ou tarde alguém acaba explicitando que a hora da verdade soou, que não faz bem para a saúde guardar sentimentos e opiniões e que o processo de libertação para por essa franqueza no trato social.

E a legião das pessoas que não desejam adoecer por guardar além das palavras engolidas sem ser ditas, as mágoas remoídas é deveras crescente. Esse caminho passa pelo autoconhecimento e algumas vezes descamba para o extremo posto: dizer tudo o que sente, sem traquejo e muitas vezes, sem sensibilidade. E então, ao invés de os sapos serem engolidos, passam a ser jogados no colo do outro sem parcimônia.

Esse assunto surge em muitas conversas. Poucas vezes alguém aponta para o caminho do meio como algo a ser considerado. E então surge a indagação: o equilíbrio é o meio mesmo? Fato é que o ponto de equilíbrio varia de pessoa para pessoa. E só especialistas podem aprofundar o assunto. 

Eu mesma, que costumo buscar a interação eficiente e ter resposta para tudo, por esses dias andei sem palavras. De verdade. Sem vontade de dizê-las, talvez. Sem motivação. Buscando uma luz que ao final só conduzia para o silêncio e uma vontade toda minha de revisitar a introspecção. Aliás, a busca pelas práticas de silêncio e o voltar-se para si conquista cada vez mais adeptos. Mas seria possível vivê-la em público, cercada de pessoas, de demandas sociais?

E então, como de costume, a reflexão vem. E mais uma vez, a conclusão a que não chegamos (por complexa que é) e o percurso que aponta para um sentido: não devemos julgar as pessoas. Ninguém. Cada um trava suas batalhas diárias, algumas delas inglórias. Uns vão sentir necessidade de compartilhá-las com maior número de pessoas. Outros irão se retrair. Muitos se voltarão para a natureza e sua comunhão com ela serão seu reencontro com o estado de equilíbrio. Não podemos julgar nenhuma delas.

 Uma boa técnica, que na verdade é empirismo, passa justamente por lapidar um conceito básico que deveria se fazer presente em mais momentos de nossas existências: o respeito. A si próprio. Aos outros. A toda a coletividade. Dizer tudo o que pensa ferindo pessoas desnecessariamente, não me parece o melhor roteiro de vida. Da mesma forma, ser destinatário de um contingente de remorso por não conseguir expressar o que se sente, também não. A verdade é que cada um sabe de si. Mas acho que o trato com a comunicação interna, social e com o mundo, poderia ser mais bem refinado...

Palavras que somem podem se perder em um lugar desconhecido por todos. Aquilo que deveria ser dito e não foi. Aquilo que felizmente não foi dito, mas foi pensado. Há tantas formas de se comunicar. Ricas formas. E dependendo do contexto, um bamboleio de pálpebra diz realmente mais que mil palavras. Ah, se diz ...

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O segredo do equilíbrio financeiro

sexta-feira, 04 de dezembro de 2020

Quanto menos planejamento, mais emergências surgem na sua vida financeira. Já se deu conta disso? A pior parte dessa história é saber que conforme surgem novas emergências, outras chegam sem avisar e tudo parece ser tão urgente a ponto de ser uma grande luta para voltar ao equilíbrio das suas finanças pessoais. Bom, e se eu te contar que existe um planejamento para evitar essas dores de cabeça? Pode parecer algo muito simples e básico – de fato é –, mas você vai precisar de muita dedicação para pôr esta estratégia em prática. Pois vamos a ela: estou referindo-me a reserva de emergências.

Quanto menos planejamento, mais emergências surgem na sua vida financeira. Já se deu conta disso? A pior parte dessa história é saber que conforme surgem novas emergências, outras chegam sem avisar e tudo parece ser tão urgente a ponto de ser uma grande luta para voltar ao equilíbrio das suas finanças pessoais. Bom, e se eu te contar que existe um planejamento para evitar essas dores de cabeça? Pode parecer algo muito simples e básico – de fato é –, mas você vai precisar de muita dedicação para pôr esta estratégia em prática. Pois vamos a ela: estou referindo-me a reserva de emergências. Conhece? Tem? Já teve? Pensa em criar a sua? Hoje você vai aprender tudo sobre a estratégia financeira para evitar contratempos e possibilitar um estilo de vida mais leve e previsível (justamente por considerar o imprevisível).

Antes de mais nada, você sabe para quê serve a reserva de emergências? Se souber, me fala porque eu não sei! Pode parecer contraditório eu querer lhe ensinar algo cuja necessidade eu não conheça, mas – de fato – ninguém sabe quando nem por qual motivo haverão retiradas desta reserva. Contudo, posso te garantir, mais cedo ou mais tarde você vai passar por emergências (desde um roubo de celular, até problemas de saúde na família) e ter caixa para superar as adversidades é fundamental para que a emergência não te traga ainda mais problemas.

Chegou a hora de entender como montar sua reserva e o primeiro passo é conhecer a fundo suas finanças pessoais para chegar num valor médio e fidedigno (dedique um tempo ao estudo do orçamento doméstico ou recorra ao auxílio profissional) de padrão de consumo mensal. Agora, com esse valor em mãos, é hora colher outros dados: a segurança do seu emprego; acesso à auxílios de seguridade social e planos de seguro privado e a realidade pessoal de cada integrante familiar responsável pela participação da manutenção financeira doméstica. Concluída esta etapa, vamos ao segundo passo: por quantos meses você pensa em suprir suas despesas sem contar com nenhuma geração de renda? A sugestão é pensar em algo – dentro dos parâmetros definidos até aqui – entre três a nove meses.

Basicamente, reserva de emergência é isso, pensar em suprir necessidades extremas e considerar a geração nula de renda. A propósito, basta olharmos a realidade ao nosso redor e seremos capazes de entender que basta uma grande crise surgir para muitos trabalhadores se encontrarem na delicada situação de desemprego (e muitas vezes sem acesso ao auxílio social decorrente da falta de trabalho).

Somente aqui, no terceiro passo, você vai ser capaz de calcular o valor exato da sua reserva. Então vamos às contas: 1º passo - Valor médio de consumo mensal = R$ 4.000
2º passo - Tempo suprindo o consumo mensal = seis meses
3º passo - Valor da reserva de emergência: R$ 24.000

Por último, é fundamental saber onde alocar sua reserva. Opte sempre por produtos financeiros de alta liquidez (de preferência imediata ou até em D+2), com rentabilidade suficiente para suprir a inflação (rentabilidade alta não é o foco aqui) e baixa volatilidade (você não pode resgatar valores abaixo dos investimentos para esta reserva). Para facilitar a interpretação, títulos públicos e fundos referenciados DI podem ser boas opções de alocação para a sua reserva de emergência.No futuro, você pode passar por outras crises; valerá a pena ter uma reserva à sua disposição. Pense nisso com carinho.

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Começando

quinta-feira, 03 de dezembro de 2020

Para pensar:
"Ninguém foge da lei universal. Tudo que plantamos, somos obrigados a colher. Tudo que oferecemos ao próximo, somos obrigados a receber de volta.”
Scheila F. Scisloski

Para refletir:
“Se você quer conhecer o fim, olhe para o início.”
Provérbio africano

Começando

Para pensar:
"Ninguém foge da lei universal. Tudo que plantamos, somos obrigados a colher. Tudo que oferecemos ao próximo, somos obrigados a receber de volta.”
Scheila F. Scisloski

Para refletir:
“Se você quer conhecer o fim, olhe para o início.”
Provérbio africano

Começando

No dia 24 de novembro de 2020, há menos de dez dias, portanto, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro propôs uma ação civil pública, vejam só, por atos de improbidade administrativa, com pedido liminar de indisponibilidade de bens em face de 1) Suzane Menezes, ex-secretária municipal de Saúde, 2) Bruno Cesar Villas Boas de Moraes, ex-secretário municipal de Governo; 3) Paulo Eduardo de Souza, ex-diretor geral do Hospital Raul Sertã; 4) Global Trade Indústria de Alimentação; 5) Ricardo Silveira Mora; e 6) Renato Pinheiro Bravo, prefeito municipal.

Aspas (1)

“A presente demanda possui, assim, escopo na persecução de atos de improbidade administrativa que ocasionaram prejuízo ao erário como decorrência da contratação levada a efeito no PA 7.226/17, referente à contratação emergencial de empresa especializada no fornecimento de alimentação a pacientes, acompanhantes e funcionários do Hospital Municipal Raul Sertã, pelo período de 180 dias.”

E os outros? (1)

A essa altura, o leitor mais bem-informado pode estar se perguntando: “mas por que só este contrato? Afinal, não foram vários?”

Tio Massimo responde: sim, foram. Ocorre que neste caso específico a fonte de recursos utilizada para amparo à contratação foi a fonte 0001 (Recursos de Impostos e Transferências de Impostos), o que justifica a competência da Justiça Estadual uma vez que se trata de recurso integrante do patrimônio originário do ente público municipal.

E os outros? (2)

Os demais contratos emergenciais referentes ao mesmo objeto foram encaminhados ao conhecimento do Ministério Público Federal, uma vez que a fonte de recursos neles utilizada é proveniente de receita da União (fonte 0007).

Na eventualidade (bastante provável) dos demais contratos emergenciais para o mesmo serviço também redundarem em judicialização, o nome do secretário de Saúde terá de ser atualizado.

Sem receios

Mais uma vez, o Judiciário é muito claro e seguro em suas afirmações, empregando termos mais contundentes do que este espaço geralmente utiliza.

Um exemplo: os citados “deram azo a toda sorte de ilegalidades quando da contratação da empresa para o fornecimento de refeições aos pacientes e funcionários do Hospital Municipal Raul Sertã, com violação de princípios constitucionais e dos procedimentos legais necessários à deflagração de procedimento licitatório, culminando em fabricada dispensa, direcionada à contratação da aludida sociedade empresária como prestadora do sobredito serviço ao HRS”.

Aspas (2)

Outro exemplo: “Renato Bravo, na qualidade de prefeito de Nova Friburgo, assinou o contrato emergencial eivado de ilegalidades, dispensando a contratação através de licitação, causando dano ao erário, como também se omitiu em relação ao seu dever de controle e fiscalização – já que tinha o dever de realizar o controle finalístico e de legalidade, evitando, assim, a ocorrência de lesão ao erário.”

A coluna poderia ocupar uma página inteira com argumentos utilizados e situações descritas, mas a essa altura o leitor já conhece bem a história.

Avancemos, portanto.

Desdobramento

Na última segunda-feira, 1º, a juíza Fernanda Telles concedeu a medida liminar requerida para demandar a indisponibilidade dos bens dos demandados até o alcance de R$ 377.667.

O tipo de informação que torna curioso, por exemplo, relembrar que teve candidato a prefeito cujo patrimônio declarado foi sensivelmente reduzido entre 2016 e 2020.

Uma daquelas coincidências da vida, claro.

Entendimentos

Em meio a tudo isso, o certo é que todos que tiveram contato com a materialidade reunida estão convencidos quanto ao sobrepreço praticado e também quanto ao dolo dos envolvidos.

Nesse contexto, a coluna pode acrescentar que não é coincidência que o primeiro secretário de Saúde tenha pedido exoneração após apenas 45 dias de governo.

E mais: a postura do MPRJ eleva a expectativa em torno das ações do MPF na mesma linha (e este espaço segue aberto para atualizações a este respeito).

Será?

Como se vê em peças como essas, e se verá muitas vezes no futuro, esta coluna jamais exagerou nas críticas que fez à atual gestão.

Muito ao contrário.

E, ainda que não exista mais no atual governo relevância que justifique lhe dedicar espaço, a coluna não pode deixar de registrar a gravidade e o volume de declarações que tem acumulado a respeito de dificuldades que estariam sendo criadas durante o período de transição para complicar ao máximo os trabalhos iniciais da próxima gestão.

Aspas (3)

“O governo está preparando a cama para que o próximo prefeito não consiga pagar os salários.”

“O próximo prefeito terá de fazer inúmeras escolhas de Sofia na gestão da Saúde e para manter os salários em dia.”

“Estou querendo largar a vida pública, porque desanima demais ver o que estou vendo nesses últimos dias.”

Todas estas frases foram ditas a este colunista por fontes as mais confiáveis, que transitam no centro da atual gestão municipal.

Resta esperar que, pela primeira vez, estejam equivocadas.

Bom combate

Até porque, quanto a essa suposta indignidade, cabe dizer que tem muita gente vendo e registrando o que está se passando, e este espaço está aberto a dar visibilidade a qualquer situação que possa ser comprovada nessa linha.

Aliás, se alguém estiver desconfortável com algo que eventualmente esteja testemunhando, que acumule provas.

Existem canais para dar visibilidade a tais atos, caso eles ocorram de fato.

Os leitores sabem que esta coluna é um deles, e sempre preserva suas fontes.

Parabéns!

A Uerj, há décadas muito bem representada em Nova Friburgo pelo Instituto Politécnico do Rio de Janeiro (IPRJ), celebra amanhã, 4 , gloriosos 70 anos de história.

A partir das 15h, a TV Uerj transmitirá ao vivo a solenidade comandada pelo reitor, professor Ricardo Lodi Ribeiro, que apropriadamente se dará de forma virtual, em conformidade com as restrições demandadas pelos esforços de combate ao novo coronavírus.

À toda a comunidade da Uerj, e em especial do IPRJ, nossos parabéns e os votos de que os próximos 70 anos sejam ainda mais férteis.

Revisão semanal

A coluna não se furta a criticar, mas também sabe reconhecer atitudes acertadas.

Desde o momento em que o Palácio Barão de Nova Friburgo estabeleceu que faria a revisão das bandeiras indicativas do grau de isolamento social devido a pandemia a cada duas semanas este espaço manifestou sua discordância, sob a argumentação de que qualquer reação que eventualmente se revelasse necessária demoraria demais a ser implementada.

Por mais transtornos que cause, a coluna sempre defendeu que a revisão fosse semanal, e recentemente a prefeitura voltou a trabalhar com esse intervalo.

Uma postura adequada, no entendimento deste jornalista.

Filhos do isolamento

Chegamos a dezembro e será interessante monitorar daqui para a frente de que maneira a pandemia afetou - se é que afetou - os trabalhos de dona cegonha.

Os “filhos da pandemia” estão chegando, e parece oportuno perguntar: o número de nascimentos vai subir?

Vai cair?

As turmas escolares dos nascidos em 2021 terão mais ou menos alunos do que o normal?

Ou nada irá mudar?

Espaço aberto

Se alguém, nas muitas clínicas que fazem pré-natal, ou nos muitos hospitais da cidade que realizam partos, puder e quiser compartilhar dados gerais a esse respeito, desde já agradecemos.

Até breve

A coluna de hoje foi a última de 2020.

Na reta final de um ano que exigiu muito de cada um de nós, e tendo pela frente outro que deve abrigar uma enorme crise humanitária mundial e reservar desafios tão grandes quanto este que está se encerrando, é chegado o momento de recarregar as baterias e reequilibrar as energias.

Gratidão

A todos que dão vida e sentido a este espaço, e que tanto respaldo nos deram nos momentos turbulentos que 2020 reservou, toda a gratidão deste colunista e os votos de um fim de ano de muita saúde, paz e união.

Se Deus permitir, estaremos juntos em 2021 desde o primeiro dia, cobrindo a posse dos vereadores, a eleição do novo presidente da Câmara e a posse do prefeito eleito, Johnny Maycon, poucos dias antes de celebrarmos a vida na ocasião do décimo aniversário da tragédia climática de janeiro de 2011.

Assunto, como se vê, não vai faltar.

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As fazendas históricas de Cantagalo

quinta-feira, 03 de dezembro de 2020

Na semana passada ocorreu o lançamento do livro “Álbum das Fazendas de Cantagalo” de autoria de Sebastião e Rosa Maria de Carvalho. No período de 1991 a 2013 o casal percorreu 35 fazendas históricas localizadas no município de Cantagalo. Gostaria de chamar a atenção que se formos considerar as fazendas históricas da magna Cantagalo antes da emancipação de diversos munícipios este número seria possivelmente dez vezes maior.

Na semana passada ocorreu o lançamento do livro “Álbum das Fazendas de Cantagalo” de autoria de Sebastião e Rosa Maria de Carvalho. No período de 1991 a 2013 o casal percorreu 35 fazendas históricas localizadas no município de Cantagalo. Gostaria de chamar a atenção que se formos considerar as fazendas históricas da magna Cantagalo antes da emancipação de diversos munícipios este número seria possivelmente dez vezes maior.

O casal de pesquisadores Sebastião e Rosa Maria fizeram o registro das seguintes propriedades rurais históricas: as fazendas do Gavião,  Areias, Santa Rita, Boa Sorte, Boa Vista, São Clemente, Sant’Anna, Mont Vernon, Sossego, Nossa Senhora da Conceição do Rio Negro, Pouso Alto, Aldeia, Retiro, Ronca Pau e São Jorge, São José do Rio Negro, Soledade, Palha, São Lourenço, Água Quente, Lage, Nova União, Santa Bárbara, Santa Izabel, São Joaquim, São Sebastião, Bemposta, Sant’Anna de Pouso Alegre, Batalha, Gamela e o Sítio Guarapiranga.

As cinco primeiras fazendas pertenceram ao primeiro Barão de Nova Friburgo. Este levantamento foi realizado com o apoio do Centro de Estudos e Pesquisas Euclydes da Cunha objetivando entregar à Prefeitura de Cantagalo um relatório sobre a viabilidade turística em razão do expressivo patrimônio histórico. Todas estas propriedades foram unidades de produção de café no século 19 fazendo uso do modo de produção escrava. Algumas antes mesmo e outras a partir da abolição da escravidão substituíram o trabalho escravo por colonos italianos, portugueses e espanhóis em regime de trabalho de parceria agrícola.

De um modo geral, após a crise econômica do café migraram para a atividade pecuária de gado leiteiro e de corte e alguma lavoura branca. Outro dado interessante é que com a falência dos barões do café dos vales dos rios Grande, Negro e Dois Rios as mais importantes propriedades foram adquiridas por descendentes de colonos suíços como os Monnerat, Lutterbach, Leimgruber para ficar em apenas alguns exemplos. Verifica-se no álbum das fazendas que algumas não possuem mais a casa de vivenda, porém em contrapartida mantém os velhos engenhos de café, moendas de cana, moinho de milho, rodas d’água, olarias, enfim reminiscências da vida material no passado no ciclo do café.

Já se passaram sete anos de finalizada a pesquisa deste álbum ou até mesmo mais tempo se considerarmos as fazendas que foram inventariadas a partir de 1991. Logo, muita coisa mudou desde então e vou ficar em quatro exemplos no qual conheço particularmente o caso. A Fazenda Areias após a visita dos pesquisadores foi vendida e a sua estrutura bem alterada pelos novos proprietários, inclusive com relação ao mobiliário. Abandonou-se o estilo do Império e todos os móveis passaram a ser peças importadas de design inglês. Mas esta propriedade está novamente à venda pelo valor de R$ 25 milhões com “porteira fechada”, como se dizia antigamente.

Outra fazenda que tive a oportunidade de conhecer foi Mont Vernon que já não é de propriedade dos Lutterbach e sim de uma empresa de produtos veterinários. Mas a sua valiosíssima casa de vivenda foi mantida com reformas adaptadas às atividades da empresa. Com relação a Fazenda Gavião infelizmente o acervo que Sebastião Carvalho relaciona no álbum da propriedade que hospedava o Imperador D. Pedro II não existe mais. Por dificuldades financeiras da família Pitta este patrimônio histórico, a pérola entre as propriedades rurais do primeiro barão de Nova Friburgo, vem se deteriorando a olhos vistos.

Por outro lado temos boas notícias. A Fazenda São Clemente que pertenceu inicialmente a Francisco Clemente Pinto e adquirida pelos Monnerat é um verdadeiro tesouro de Cantagalo. O atual proprietário Marcelo Monnerat restaurou a casa palacete de acordo com informações de seu pai Carlos Lincoln Monnerat, de iconografias e da tela à óleo pintada por Henry Walder em 1895, que ilustra a sede da Fazenda São Clemente. O mobiliário e as louças do período do Império bem como o pomar-parque assinado por Auguste François Marie Glaziou são outras preciosidades desta fazenda histórica.

Outro grande exemplo de manutenção vem de outro Monnerat, o médico Renato que restaurou parte da Fazenda Sant’Anna que pertenceu ao poderoso barão de Cantagalo. Renato Monnerat reuniu um acervo e criou um centro de memória que deu o nome de Martin Nicoulin, em homenagem ao autor do livro “A gênese de Nova Friburgo”. A Prefeitura de Cantagalo possui uma atividade de turismo rural na região mas bem aquém do que propunha o casal de pesquisadores. Sebastião de Carvalho, que faleceu em 24 de maio deste ano, e Rosa Maria plantaram sementes que deram frutos.

A histórica e bem preservada Fazenda Sossego recebe visitas onde o turista pode desfrutar da vida cotidiana de uma típica fazenda de café oitocentista (o agendamento para visitas deve ser feito pelo telefone 22 – 992 689 696). O “Álbum das Fazendas de Cantagalo” é uma deliciosa visita ao passado e um valioso registro de como estas fazendas se adaptaram a nova ordem econômica do estado fluminense. O livro pode ser adquirido com Rosa Maria pelo telefone (22) 992 136 389.  

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    A casa palacete da Fazenda São Clemente

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    O casal de pesquisadores Sebastião e Rosa Maria de Carvalho

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    O historiador Martin Nicoulin com os Monnerat na Fazenda Santanna

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A maconha é uma erva medicinal segura?

quinta-feira, 03 de dezembro de 2020

Dr. James Rippe, formado em medicina na Universidade de Harvard, autor do livro “Lifestyle Medicine” (“Medicina do Estilo de Vida”), e o dr. Hildermar Santos, professor na Escola de Saúde Pública da Universidade de Loma Linda, Califórnia (EUA), falam do assunto sobre o uso da maconha (cannabis sativa) como erva medicinal num artigo interessante (Órion, segundo caderno, p. 4, março 2015), e aqui cito algumas informações deles.

Dr. James Rippe, formado em medicina na Universidade de Harvard, autor do livro “Lifestyle Medicine” (“Medicina do Estilo de Vida”), e o dr. Hildermar Santos, professor na Escola de Saúde Pública da Universidade de Loma Linda, Califórnia (EUA), falam do assunto sobre o uso da maconha (cannabis sativa) como erva medicinal num artigo interessante (Órion, segundo caderno, p. 4, março 2015), e aqui cito algumas informações deles.

De forma geral a indicação da maconha para tratamento é relacionada com a tentativa de diminuir o vômito e náusea de pacientes com câncer ou Aids e aumentar o apetite nestes pacientes (pessoas com certos tipos de câncer e Aids perdem muito peso). Também é usada para alívio de dor, podendo produzir alívio nos sintomas da esclerose múltipla, dor forte na neuropatia periférica, e para pessoas que são epilépticas graves e que não tiveram melhora com o tratamento convencional.

Os achados científicos revelam um efeito terapêutico modesto, mais ligados ao controle da dor, alívio de náuseas e vômitos, e estimulação do apetite. (Arch Gen Psychiatry 2000; 57:547-552 – Vol.57 nº 6, june 2000.) O canabidiol, extraído da maconha, não cura os problemas de saúde, e sim tem efeito sintomático. E há os efeitos danosos pelo seu uso, dentre eles pode desencadear um tipo de surto psicótico em algumas pessoas sensíveis, com surgimento de alucinações auditivas e visuais, “contato” com pessoas invisíveis.

A maconha pode causar depressão, taquicardia, arritmia cardíaca, problemas reprodutivos, dependência e câncer. Pessoas que fumam um cigarro de maconha por dia têm o mesmo risco de câncer de pulmão que aqueles que fumam um maço de cigarros por dia. Produz também prejuízos no sistema imunológico e há evidências de aumento do risco de câncer da boca, língua, garganta e pulmões.

É desaconselhável o uso da cannabis sativa em pessoas com problemas coronários por aumentar o risco de morte por enfarto, que é a causa número um de morte no mundo. Importante para rapazes adultos jovens é a informação de que a maconha produz a redução do esperma, com a consequente diminuição do número de espermatozoides, queda da produção de testosterona e diminuição do tamanho dos testículos. E para as mulheres a maconha pode causar alterações no ciclo menstrual e facilitar o câncer de mama.

Como a maconha diminui os reflexos e altera a percepção das coisas em movimento, isto pode estar na causa dos acidentes de automóveis. Além disso, de 8% a 20% de seus usuários ficam dependentes da erva. Os sintomas principais da abstinência da maconha incluem: irritabilidade, agressividade, ansiedade, depressão, insônia, sudorese, náusea, vômito, taquicardia e “fissura” para usar a droga de novo.

Estudos feitos na Universidade da Carolina do Sul sobre os efeitos da maconha, dr. Prakash Nagarkatti e sua equipe, verificaram que um grupo de compostos desta erva suprime funções do sistema imune “fazendo com que o usuário seja mais suscetível a infecções e a alguns tipos de câncer". Afirmou ainda o dr. Nagarkatti: "Acreditamos que a chave para essa supressão seja um único tipo de célula imunológica, que só recentemente foi identificada, chamada célula supressora derivada da mieloide, MDSCs". Parece que estas células MDSCs suprimindo o sistema imunológico, promovem o crescimento do câncer. (http://emedix.com.br/not/not2010/10nov24imu-eji-nsr-maconha.php, visitado em 5 maio 2015).

Já que estudos mostram que a maconha afeta o sistema de defesa de nosso corpo, entre outros efeitos sérios, compensa usá-la para fins medicinais, ainda mais em período de pandemia?

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Finalmente

quarta-feira, 02 de dezembro de 2020

Para pensar:
"Legado não o que você deixa para as pessoas, legado é o que você deixa nas pessoas.”
Deive Leonardo

Para refletir:
“A pontualidade é uma virtude e está no mesmo nível do respeito e da honestidade. Embora a primeira não leve às demais, pessoas respeitosas e honestas, geralmente são pontuais.”
Marislei Brasileiro

Finalmente

Para pensar:
"Legado não o que você deixa para as pessoas, legado é o que você deixa nas pessoas.”
Deive Leonardo

Para refletir:
“A pontualidade é uma virtude e está no mesmo nível do respeito e da honestidade. Embora a primeira não leve às demais, pessoas respeitosas e honestas, geralmente são pontuais.”
Marislei Brasileiro

Finalmente

Na turbulenta segunda-feira, 30 de novembro, o Cremerj anunciou que entrará com ação judicial contra a Prefeitura de Nova Friburgo, “devido à situação calamitosa do setor de ortopedia do Hospital Municipal Raul Sertã”, acrescentando que “o serviço enfrenta uma grave falta de insumos, como atadura e gesso”.

“Não é de hoje que o Cremerj sinaliza que a ortopedia passa por problemas. Recentemente, o Conselho Regional de Medicina realizou duas fiscalizações no hospital e os relatórios foram enviados ao Ministério Público para as providências cabíveis.”

Sempre positivo

A coluna entende que esta medida provavelmente cumpre a alardeada promessa de um “escândalo” nessa reta final de governo, e entende ser muito correto que o órgão fiscalize mesmo a situação, apure responsabilidades e, se for o caso, aponte caminhos para a solução dos problemas.

Nada melhor que uma boa investigação para que a verdade venha à tona e possamos saber se alguém precisa responder por algo, ou se tudo o que era possível foi feito.

Desconfortos (1)

Dois fatores, todavia, incomodam este colunista nesse episódio.

O primeiro é o momento em que a virada da trama se deu, logo após as eleições e num momento em que uma importante mudança nos rumos da administração se anuncia.

Provavelmente é só coincidência, mas, de qualquer modo, não deixa de ser conveniente.

E o outro advém da longa demora para que o Cremerj se manifestasse publicamente em meio a tudo o que andou se passando na rede municipal de saúde pública, e não apenas no governo atual.

Desconfortos (2)

Nada contra a postura atual - muito ao contrário.

Mas ao colunista simplesmente parece que coisas muito mais sérias andaram acontecendo no passado recente, e, ao menos na parte que conseguimos ver, não tiveram a mesma atenção.

Resta acreditar, no entanto, que as intenções do órgão sejam as mais nobres possíveis.

Currículos

Alguns leitores pediram mais detalhes a respeito dos nomes indicados pelo prefeito eleito Johnny Maycon para sua equipe de transição.

Abaixo, portanto, a coluna reproduz uma breve biografia de cada um, à exceção do vereador Professor Pierre, que o leitor já conhece bem.

Hugo

Hugo Leonardo de Carvalho é psicólogo de formação, graduando em Direito e pós-graduando em Direito Tributário. Possui aproximadamente dez anos de experiência atuando em multinacionais e no poder público municipal, como concursado no cargo de fiscal de tributos, desde o ano de 2018. Atualmente, acumula a função de coordenador da fiscalização de ISS, o Imposto sobre Serviços.

Thiago

Thiago Parreira Ferreira Coimbra. Servidor Público concursado. Advogado. Pós-graduado em Regime Próprio de Previdência Social (RPPS). Ficou lotado na Subsecretaria de Recursos Humanos por mais de oito anos. Membro da Comissão Permanente de Inquérito Administrativo por quase cinco anos. Experiência em Direito Administrativo, com destaque em improbidade administrativa e combate à corrupção. Também com experiência em Direito Previdenciário e Trabalhista.

Kelle

Kelle Barros Carvalho de Freitas, 39 anos, é graduada em Ciências Contábeis e também tem formação em Gestão de Negócios, com experiência de 20 anos, sendo 12 de atuação no setor privado e oito na administração pública, exercendo as funções de contadora da Secretaria de Fazenda e secretária de Fazenda no município de Macuco. Atualmente contadora, estatutária, responsável pelo setor de auditoria da Controladoria-Geral do município de Nova Friburgo.

Marciano

Marciano da Silva Rego tem especialização em Gestão da Clínica pelo Instituto de Ensino e Pesquisa Sírio-Libanês; MBA em Gestão Estratégica em Tecnologia da Informação pela FGV, e é pós-graduado em auditoria em Sistemas de Saúde pela Unesa. É professor livre docente do Centro de Estudos Alexandre Vasconcellos nas áreas de gestão de pessoas e organizações; possui mais de 15 anos de experiência na área de Gestão e Técnico em Contabilidade. 1° Tenente reformado da Força Aérea Brasileira, cursou Administração Hospitalar pela Universidade da Força Aérea.

Caroline

Caroline Moura Klein é professora com 25 de anos de experiência nas redes pública e privada, servidora concursada da prefeitura desde 2001, se formou em Letras e possui pós-graduação em Administração, Orientação e Supervisão Escolar. Atuou na Secretaria de Educação como coordenadora do ensino fundamental e foi  diretora da Escola Municipal Rui Barbosa, dos Ceffas Rei Alberto e Flores de Nova Friburgo, ambas unidades conveniadas com o Ibelga. Atualmente é diretora da Escola Municipal Dante Magliano.

Yuri

Yuri Guimarães Felisberto Bezerra, 30 anos, é servidor concursado da prefeitura desde 2008. Trabalhou em diversas secretarias, como Cultura, Comunicação e no gabinete do prefeito. Formou-se em Direito e é advogado desde 2016. Esteve cedido à Câmara Municipal de Nova Friburgo na função de assessor parlamentar na atual legislatura, e retorna para a prefeitura em 2021 a convite do prefeito eleito Jhonny Maycon.

Transição

O prefeito Renato Bravo também já escolheu os membros de sua equipe que irão participar da transição de governo. A escolha foi anunciada através de publicação no Diário Oficial eletrônico na noite de segunda-feira, 30 de novembro.

Veja nesta página, em reportagem logo abaixo da coluna, quem vai integrar o grupo de transição da atual gestão.  

Menos um

A coluna ontem, 1º, registrou o encerramento das atividades da Luau TV em Nova Friburgo, e hoje tem o desprazer de informar que, depois de quase 45 anos de circulação, o jornal O Debate, de Macaé, encerrou suas atividades como veículo impresso.

O veículo que registrou toda a história recente de Macaé teve a sua última edição em papel nas bancas no sábado, 28 de novembro, e também não terá mais a versão em arquivo pdf, nos moldes de um jornal tradicional.

O site do veículo continua ativo, assim como as redes sociais.

Tempos difíceis

Na reportagem em que informou o fim da edição impressa, a direção do jornal explicou que a pandemia do coronavírus piorou muito a situação da editora responsável pela publicação, listando uma série de dificuldades que A VOZ DA SERRA conhece muito bem.

Para alegria de muitos que se acostumaram a escolher as próprias “verdades”, são mesmo tempos muito difíceis para a imprensa séria, sobretudo em mídia impressa.

Legado

Por aqui, todavia, seguimos remando contra a maré, impulsionados pela tenacidade de quem veio antes de nós e pelo suporte manifestado sistematicamente pelos leitores e pela maior parte da sociedade.

Nesta semana, inclusive, nossa longa história de 75 anos foi devidamente registrada num selo comemorativo, cujo lançamento teve de ocorrer sem a pompa merecida em razão dos protocolos de segurança impostos pela pandemia de Covid-19.

É isso. Seguimos juntos e, enquanto estivermos por aqui, temos um legado pelo qual zelar.

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Os mascarados

quarta-feira, 02 de dezembro de 2020

É ela que permite que dois conhecidos que se desconhecem troquem palavras cordiais ao se encontrarem por acaso

É ela que permite que dois conhecidos que se desconhecem troquem palavras cordiais ao se encontrarem por acaso

Os mais moços talvez não conheçam a palavra nesse sentido, mas ela sobrevive nos dicionários, ainda que em estado vegetativo. Está lá no Michaelis: “Mascarado: Diz-se de ou indivíduo ou profissional muito convencido ou presunçoso”. De fato, quando antigamente se queria acusar alguém de vaidoso, pretensioso, metido a besta, podia-se dizer, por exemplo: "Bom jogador, mas muito mascarado", ou "Além de burro, é mascarado". Isso era no tempo da televisão à lenha, coisa muito antiga. Tempo em que bandido usava máscara, preferindo ser um cidadão anônimo e atuando sobretudo à noite. Atualmente eles querem mais é ser conhecidos e reconhecidos, não têm mais horário certo, atacam 24 horas por dia e de cara limpa, nem ligam para as câmeras que gravam suas ações, às vezes até dão adeusinho para elas.

Mas nem foram os bandidos que me lembraram do antigo uso do adjetivo mascarado. Para falar a verdade, foi um acontecimento honesto e banal. Estava eu caminhando quando uma senhora me cumprimentou com grande familiaridade. Não tinha dúvida: ali estava uma velha conhecida, conhecimento que lhe permitia, sem faltar com a boa educação, interromper o caminhante que ia absorto em seus pensamentos — graves ou insignificantes — para dois dedos de prosa matinal. Mais ou menos bem educado que sou, não deixei de levar a conversa adiante, a qual se encerrou com mútuas declarações de alegria pelo encontro.

Meu problema começou dois passos adiante: quem era aquela senhora tão atenciosa? Lembrei-me até de uns versinhos que ando repetindo há anos, sem saber se são meus ou se os copiei de alguém: "Vi meu amigo de longe, / ele também me reconheceu. / Quando nos aproximamos, / eu vi que não era ele, / ele viu que não era eu". Estivesse ela sem máscara, e provavelmente eu a teria identificado, ou pelo menos reduzido a variedade de tempos e espaços em que nos teríamos conhecido: no trabalho, na vizinhança, numa festa, num funeral? Mas assim, com metade do rosto escondido, era apenas um vulto, uma voz, um punhado de gestos. Nada suficiente para que eu lhe desse um nome, uma personalidade, enfim, uma identidade.

A pandemia do coronavírus, de tantas e tão trágicas consequências, tem, pelo menos para mim, essa gravidade adicional: dificulta a identificação das pessoas. Não que antes eu fosse capaz de reconhecer todo mundo com rapidez e precisão. Muitas e muitas vezes cumprimentei estranhos e em tantas outras passei por amigos como se nunca os tivesse visto (talvez por isso, quem sabe, alguém já tenha me chamado de mascarado). Mas agora o problema se complicou muito. Obrigados a andar somente com meia cara de fora para não contrairmos o vírus ou para não transmiti-los aos outros, ficamos todos meio irreconhecíveis.

Sim, a máscara é necessária e bem merece ser chamado de mascarado quem não a usa. Mas tem seus efeitos colaterais, alguns bons, outros ruins. De ruim tem isso de não sabermos a quem estamos cumprimentando ou quem está acenando para nós. Às vezes também oculta o rosto de uma moça bonita ou de uma criança alegre. Mas é ela que nos protege contra esse bichinho que tão cruelmente ataca a humanidade. E é ela que permite que dois conhecidos que se desconhecem troquem palavras cordiais ao se encontrarem por acaso, durante uma caminhada matinal.

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O Botafogo caminha a passos largos para a segunda divisão

quarta-feira, 02 de dezembro de 2020

Botafoguenses não desanimem, pois tudo é uma questão de referência. Se invertermos a tabela do Campeonato Brasileiro, veremos que o plantel da estrela solitária sai da vice lanterna e passa a ocupar a segunda colocação geral. No entanto, a verdade é que a coisa vai de mal a pior e creio, assim como muitos torcedores do glorioso, que a segundona esse ano é inevitável. Milagres não acontecem a toda hora e os santos têm coisas mais importantes a tratar, do que se preocupar com o destino do Botafogo.

Botafoguenses não desanimem, pois tudo é uma questão de referência. Se invertermos a tabela do Campeonato Brasileiro, veremos que o plantel da estrela solitária sai da vice lanterna e passa a ocupar a segunda colocação geral. No entanto, a verdade é que a coisa vai de mal a pior e creio, assim como muitos torcedores do glorioso, que a segundona esse ano é inevitável. Milagres não acontecem a toda hora e os santos têm coisas mais importantes a tratar, do que se preocupar com o destino do Botafogo.

Aliás, é um espanto que ainda haja pessoas, como Durcésio Mello, ou mesmo Walmer Machado que se dispuseram a serem candidatos de um clube com dívida astronômica, próxima de R$ 1 milhão. Ou seja tinham consciência de que herdariam uma massa falida, combalida e desacreditada. Um clube mal administrado há décadas, com presidentes incompetentes, mas implacáveis na sangria de um moribundo prestes a dar o seu último suspiro.

Durcésio é dono de duas empresas no ramo de aeronaves e que funcionam no interior de São Paulo. O trabalho ocupa grande parte do seu tempo, mas o empresário se diz pronto para atender um chamado caso seja eleito. Como o foi, quem sabe sua experiência no ramo da aviação faça o clube alvinegro decolar. Só o tempo dirá. Já Walmer Machado eu conheço, pois é advogado do meu cunhado e é um profissional vitorioso, com uma carreira brilhante e, pelo que entendi de sua entrevista, antes das eleições, disposto a dividi-la com os problemas do Botafogo. Sua vasta clientela agradece a sua não eleição, pois sua vida profissional vai continuar sem maiores contratempos.

No último fim de semana não perdemos pontos, pois não jogamos em função do segundo turno das eleições em grande parte das capitais brasileiras. Em condições normais teríamos mais um empate ou uma derrota, pois o time demonstra a mesmice em todos os jogos. Maior posse de bola, passes sempre para os lados, erros bisonhos, pênaltis infantis, poucas conclusões ao gol, jogadores que parecem entediados, a esperarem o final da temporada para debandarem. Sem falar na má vontade que encontra por parte de um grande número de árbitros que apitam seus jogos.

E haja técnico, estamos já no quinto. Eduardo Barroca é o mais recente, que assume no lugar de Ramón Diaz, argentino que nunca comandou um treino sequer, pois logo após sua contratação sofreu uma intervenção cirúrgica, em Buenos Aires e não tinha previsão para ser liberado. O time era comandado por seu filho, que em três jogos, perdeu todos eles. Aliás, na décima nona colocação soma 20 pontos, com três vitórias, onze empates e oito derrotas. Um desempenho para lá de pífio.

E pensar que o Botafogo já foi um dos grandes times do Brasil, celeiro de craques, cujos nomes se inscrevem no cenário do futebol nacional e internacional. Um clube que, na época áurea do futebol brasileiro, foi um dos que mais contribuiu com jogadores convocados para a seleção brasileira. Quem teve Helênio de Freitas, Garrincha, Didi, Nilton Santos, Paulo César, Gérson, Quarentinha, Manga, Jairzinho, Rogério e tantos outros, não merecia tamanho descaso com os sucessivos dirigentes que passaram por General Severiano.

Um clube que chegou a ter sua sede e seu estádio vendidos, em 1977, para saldar dívidas e teve de se mudar para Marechal Hermes, no subúrbio carioca. Nada contra o bairro, mas, um dos mais tradicionais clubes da zona sul não merecia esse destino. Um clube ladeira a baixo cujo número de sócios votantes na última eleição foi pouco mais de 800 sofredores. Qualquer bloco carnavalesco pequeno, tem mais associados.

Como botafoguense, desde pequenininho, estou descrente e não vejo mais a tão propalada luz ao final do túnel; como aquela música cantada por Nana Caymmi cuja letra diz: “Eu desconfio que o nosso caso está na hora de acabar”, poderíamos parodiar para “Eu desconfio que o Botafogo está na hora de fechar e a estrela solitária vai deixar de brilhar”.

Se cair para a segunda divisão, não volta nunca mais para a elite, o ostracismo será o seu lugar.

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