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No dia a dia da saúde, A VOZ DA SERRA é doutor na informação!

terça-feira, 20 de outubro de 2020

O Caderno Z do último fim de semana comemorou o Dia do Médico, celebrado no domingo, 18, com uma edição muito especial. A medicina tem sido a guardiã da vida humana desde os primórdios da existência e não se pode conceber o mundo sem ela, afinal, o bem mais precioso que podemos ter é a saúde. Nestes tempos de pandemia do coronavírus, os profissionais que atuam na linha de frente da Covid-19 têm sido os heróis da pátria.

O Caderno Z do último fim de semana comemorou o Dia do Médico, celebrado no domingo, 18, com uma edição muito especial. A medicina tem sido a guardiã da vida humana desde os primórdios da existência e não se pode conceber o mundo sem ela, afinal, o bem mais precioso que podemos ter é a saúde. Nestes tempos de pandemia do coronavírus, os profissionais que atuam na linha de frente da Covid-19 têm sido os heróis da pátria. A leitura deste caderno nos comove e nos leva a refletir sobre a coragem desses profissionais que se doam ao trabalho, muitas vezes, sem as condições necessárias para a proteção da própria vida.

“Jovens médicos recém-formados” – impossível ler e não se emocionar. Médicos de vinte e poucos anos, diplomados neste ano de 2020, relatam suas experiências, seus medos e expectativas no enfrentamento da Covid-19. Carina Dias expressa “a angústia de querer fazer tudo o que estiver ao seu alcance pelos pacientes” e mesmo não tendo a experiência dos “colegas mais antigos”, está consciente do valor do aprendizado.

Para Vitória Aragão Carestiato, sua formação antecipada, apesar do “desespero que veio junto”, a oportunidade é de “ressignificar” tudo ao seu redor e se “valer da solidariedade e unir no bom senso”. Lucas Vahia Concy, 23 anos, já reconhece que “a medicina, muito mais que uma exigência física ou intelectual, demanda um amadurecimento da alma”. O jovem doutor já sentiu o drama de perder uma paciente, sem que ela ao menos se “despedisse” dele. Nas lições que tem aprendido, dr. Lucas alerta para a valorização dos pequenos momentos e ressalta: “acho que seremos mais conscientes em nossas escolhas políticas, afinal, uma gripezinha não leva mais de 150 mil vidas”. Não leva mesmo!

Falando em política, com algumas alterações como o fim das coligações para vereadores, o pleito deste ano sofre com a falta de comícios. Assim, mais do que antes, as redes sociais são as vias de comunicação dos candidatos com os eleitores. Mas fica bem claro que publicações que, por exemplo, “permitam a disseminação de fake news” serão “monitoradas, investigadas e coibidas”.

Sobre meio ambiente, ninguém precisa ficar uma pilha, com nervos à flor da pele, por não saber o que fazer com pilhas e baterias usadas. Nossa cidade está dotada de coletores para receber esses materiais. No Centro, o coletor está localizado na Rua Prefeito José Eugênio Müller, perto da esquina com a Rua Portugal. Em Lumiar, a cervejaria Lumiarina instalou um coletor na porta da fábrica.

Em “Há 50 anos”, o Mobral produzia os primeiros frutos em Nova Friburgo. Agora em 2020, parece ter gente alfabetizada com dificuldades de ler e de interpretar textos. Principalmente os relacionados às medidas de restrições da pandemia. Aglomerações, ruas lotadas, gente sem máscara são flagrantes comuns na cidade. Aliás, entramos no estágio “bandeira verde”, com “risco muito baixo de contágio”, mesmo com 3.500 infectados e 147 mortes. Entre as medidas de flexibilização, destaco: casas de festa no máximo de 120 pessoas e ainda com distanciamento de dois metros entre as mesas. Vamos pensar: quem numa festa vai se preocupar em ficar “sentadinho em seu lugar”? Festa é para festejar. Com os comes e bebes, as máscaras vão cair e depois de umas boas taças de vinho, cairão também os protocolos! Como bem se vê, está difícil para todo mundo.

Voltando ao “Z”, a edição pelo Dia do Médico, deveria ser reproduzida num outdoor para que as pessoas pudessem entrar no espírito real da pandemia, sem duvidar de suas consequências desastrosas, tanto para a população, quanto para quem cuida da saúde de uma cidade. A VOZ DA SERRA também trouxe o cardiologista Marcelo Orphão que, em entrevista com Ana Borges, ressaltou não somente sua experiência médica atuando na pandemia, mas fez relatos emocionantes de sua condição de paciente da Covid-19. Apesar de compreender as dificuldades que os setores da educação enfrentam, dr. Marcelo também é contra o retorno das aulas neste momento e alerta: “Que ninguém se iluda: a vacina não trará uma vida normal num instante”. Suas considerações são bem claras. “As lições sabemos de cor... só nos resta aprender”. 

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Vivas ao André!

terça-feira, 20 de outubro de 2020

Na próxima quinta-feira, 22, o dia será do admirado empresário friburguense André Kauark Chianca se envolver em outras atividades e atendimentos que não venham se limitar tão somente as suas funções profissionais.

Isso, por que, para satisfação de familiares e incontáveis amigos, em razão da pessoa formidável e admirável que é, estará recebendo cumprimentos por completar mais um aniversário neste dia. Por esta alegre razão, nos congratulamos com o André, desejando muitas felicidades.

Parabéns ao Miracema

Na próxima quinta-feira, 22, o dia será do admirado empresário friburguense André Kauark Chianca se envolver em outras atividades e atendimentos que não venham se limitar tão somente as suas funções profissionais.

Isso, por que, para satisfação de familiares e incontáveis amigos, em razão da pessoa formidável e admirável que é, estará recebendo cumprimentos por completar mais um aniversário neste dia. Por esta alegre razão, nos congratulamos com o André, desejando muitas felicidades.

Parabéns ao Miracema

Outro querido aniversariante desta semana, que estreia idade nova amanhã, 21, é o Antônio José Argentino, carinhosamente chamado por todos como Miracema.

A ele, que marcou época como um dos grandes craques que veio justamente de Miracema para brilhar no futebol friburguense e atuou também em lojas de materiais de construção da cidade, nossos parabéns!

O dia da pequena Maria

Esta segunda-feira, 19, assinalou a soma dos dois aninhos da bela Maria , filha do casal Willian e Michelle Alves. Atualmente morando em Rio das Ostras, a família tem raízes friburguenses. A Maria é neta de Geraldo-Jorgina Alves, ele antigo morador do bairro Califórnia, onde é conhecido como Geraldo Fumaça. Os avôs paternos são Vera e Bira.

 Este ano, embora sem festa, devido à pandemia, Maria recebeu o carinho e atenção de todos os familiares. Parabéns!

Votos e diversões

 Ao contrário daqueles que dizem não ser chegados à politica, muita gente está gostando de haver eleições este ano.

 Afinal, um ano complicado como este e com tantas figuras que até nos divertem vê-los como candidatos, se não tivesse eleição, 2020 estaria ainda mais sem graça.

 Tem gente que até lamenta o horário eleitoral ser curto na TV e as propagandas politicas reduzidas. Afinal, muitas delas nos proporcionam boas risadas

Mostra Cultural

Vai até o dia 19 de novembro, sempre com visitação, de segunda a sexta-feira, a partir das 10h, mantendo-se, claro, todos os protocolos sanitários necessários, a Mostra Cultural do Casarão, na sede da Casa Madre Roselli, na Rua General Osório, 226, centro de Nova Friburgo.

Toda a renda proveniente da venda dos quadros, será revertida tanto para a Banda Euterpe Friburguense, como para a Casa Madre Roselli, duas respeitadas instituições de Nova Friburgo que merecem todo apoio.

Valeu AVS e amigos!

Como hoje, 20, estou vivendo a dádiva de estar completando mais um aniversário, agradeço o carinho todo especial dos queridos amigos aqui de A VOZ DA SERRA, pelo simpático registro na coluna Sociais da edição do último fim de semana

Estou muito grato e, de forma carinhosa, agradeço também aos familiares, leitores e amigos que estão me felicitando. Muito obrigado!

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O dia da pequena Maria
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A sociedade justa deve ser realizada pela política (Bento XVI, Deus Caritas est, n.28)

terça-feira, 20 de outubro de 2020

Prezados (as) Senhores e Senhoras, Candidatos e Candidatas nas eleições municipais 2020,

Paz e bem!

Prezados (as) Senhores e Senhoras, Candidatos e Candidatas nas eleições municipais 2020,

Paz e bem!

No período de campanha eleitoral, a um mês das eleições municipais, minha cordial saudação aos candidatos e candidatas para os relevantes cargos executivos e legislativos. Minha primeira palavra é de gratidão pela vossa candidatura e nobre desejo de servir à população, nesse difícil momento histórico, agravado pela pandemia, no qual convivemos com sofrimentos diversos e infelizmente com a desvalorização da política por parte de muitos. Por essa razão minha gratidão pela coragem, disponibilidade, confiança, vocação e missão de servir ao verdadeiro bem comum, por meio da “boa política e política melhor” (Papa Francisco).

Sempre acreditei na política como nobre vocação e caminho de transformação social, pautada pela ética, justiça, solidariedade e respeito à vida de todos e todas, em todas as fases e situações, “de todo homem e do homem todo” (São João Paulo II). A política é missão concreta, sendo “uma expressão mais alta da caridade” (São Paulo VI) e meio para a justiça social, tão urgente e plausível.

Para tanto, urge concentrar os esforços nas “grandes causas” da vida e dos municípios, em conexão com a realidade concreta das pessoas, especialmente os mais pobres, necessitados e vulneráveis. Estamos incentivando, como Igreja Católica, um grande pacto pela vida e pelo Brasil, buscando o que nos une: ética, justiça, paz, respeito, novas estruturas, vida com qualidade e dignidade. Por meio da evangelização e inúmeras atividades pastorais e sociais procuramos, como Igreja, colaborar com a política na construção da sociedade justa, fraterna e solidária.

O cenário atual não pode gerar em nós sentimentos de resignação, desesperança e conformismo. Antes, pode ser ocasião de mobilização de energias para comunitariamente buscarmos soluções para os problemas e colocar a ética na política, na agenda do dia e na consciência individual e coletiva. Por essa razão, insisto na importância da política e do voto livre e responsável.

A motivação para a atitude consciente e cidadã, emerge do Evangelho, da fé cristã e das palavras do Papa Bento XVI, em sua encíclica Deus caritas est (n.28): “A Igreja não pode nem deve tomar nas suas próprias mãos a batalha política para realizar a sociedade mais justa possível. Não pode nem deve colocar-se no lugar do Estado. Mas também não pode nem deve ficar à margem na luta pela justiça. Deve inserir-se nela pela via da argumentação racional e deve despertar as forças espirituais, sem as quais a justiça, que sempre requer renúncias também, não poderá afirmar-se nem prosperar. A sociedade justa não pode ser obra da Igreja: deve ser realizada pela política. Mas toca à Igreja, e profundamente, o empenhar-se pela justiça trabalhando para a abertura da inteligência e da vontade às exigências do bem”.

Na mesma direção, ao falar da “caridade social e política”, assim se expressa o Papa Francisco em sua última e recente encíclica Fratelli Tutti, n. 176 e 180: “Atualmente muitos possuem uma má noção da política, e não se pode ignorar que frequentemente, por trás deste fato, estão os erros, a corrupção e a ineficiência de alguns políticos. A isto vêm juntar-se as estratégias que visam enfraquecê-la, substituí-la pela economia ou dominá-la por alguma ideologia. E, contudo, poderá o mundo funcionar sem política? Poderá encontrar um caminho eficaz para a fraternidade universal e a paz social sem uma boa política?Convido uma vez mais a revalorizar a política, que é uma sublime vocação porque busca o bem comum”.

Aos candidatos e candidatas que buscam concretizar por meio da política a tão esperada sociedade justa, meus sinceros agradecimentos pela disponibilidade e coragem, com votos de que tanto a campanha quanto o exercício do mandato sejam ocasião para semear e colher bons frutos em favor da vida e do bem comum, com amor político, desinteressado, democrático, eficiente e justo.

Por conta de minha agenda intensa e extensa, nesse início de governo pastoral na Diocese de Nova Friburgo, considerando a pandemia e o grande número de candidatos e candidatas nos municípios de nossa Diocese, infelizmente não poderei, neste ano, recebê-los (as) em audiência. Estou certo de poder contar com a compreensão dos senhores e senhoras. Contudo, asseguro-lhes minhas orações e reitero minha sincera gratidão pela disponibilidade em servir ao bem comum por meio da política. Serena e frutuosa campanha a todos e todas. Unidos na missão pela vida e pelo Brasil. Com minha benção, orações e proximidade fraterna.

 

Dom Luiz Antonio Lopes Ricci é bispo diocesano de Nova Friburgo. Esta coluna é publicada às terças-feiras.

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Aceno aos professores

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

No dia 15 de outubro brindamos os mestres. Nesta coluna literária, peço
licença para saudá-los, mesmo quatro dias depois. Ser professor não é uma
tarefa de facilidades, é um desafio diário estar diante de turmas repletas de
alunos, inclusive os de tenra idade que ainda não sabem o motivo pelo qual
estão sentados diante de uma pessoa que diz e mostra o que eles devem ser e
fazer. Não é uma atividade simples de realizar, precisa de cuidados,
planejamento, execução e avaliação; apenas um gesto ou uma palavra do


No dia 15 de outubro brindamos os mestres. Nesta coluna literária, peço
licença para saudá-los, mesmo quatro dias depois. Ser professor não é uma
tarefa de facilidades, é um desafio diário estar diante de turmas repletas de
alunos, inclusive os de tenra idade que ainda não sabem o motivo pelo qual
estão sentados diante de uma pessoa que diz e mostra o que eles devem ser e
fazer. Não é uma atividade simples de realizar, precisa de cuidados,
planejamento, execução e avaliação; apenas um gesto ou uma palavra do
professor pode influenciar a existência de outro, o aluno.
O professor precisa encontrar dentro de si e aprimorar o olhar do mestre,
nunca resignado, sempre atento e amoroso. Tem de saber empregar um tom
de voz a cada momento; ele é um exímio ator ante seus aprendizes que são
seduzidos para conhecer a vida do planeta e aprender desde os fatos da
gramática à dispersão da luz. Para desenvolver as mais específicas
habilidades físicas e capacidades cognitivas.
Hoje o professor não recebe o devido reconhecimento. A começar pela
sua formação, salário, condições para realizar o trabalho, transporte e muito
mais. Por serem resistentes, resilientes e insistentes, atravessaram séculos e
milênios cumprindo o fazer de ensinar. E, assim, vão continuar. Se o amor não
sustenta o trabalho que realiza, ele deixa de ser um mestre para ser alguém
que apenas ensina, um mero cumpridor de obrigações. Isso porque a ação docente
é um ato consciente e responsável, fundamentado pelos valores humanos.
Dermeval Saviani, filósofo e pedagogo brasileiro afirmou em seu livro
Educação - Senso Comum à Consciência Filosófica que “O trabalho educativo
é o ato de produzir, direta ou indiretamente, em cada indivíduo singular, a
humanidade que é produzida historicamente e coletivamente pelo conjunto de
homens”. Ou seja, ser professor é hominizar.
Não basta ensinar fatos objetivos. Ser professor é capacitar o aluno para
que ele aprenda a desenvolver suas capacidades. É uma pessoa de ética,
discernimento e de percepção, tríade que faz uma pessoa colaborar para que
outra tenha inteireza e caráter.

Parabéns, professores! Que o universo os ilumine para que a vida
humana neste planeta, a safira do sistema solar, tão rica em biodiversidade e
beleza, seja preservada e aprimorada.

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Mobral produz os primeiros frutos em Friburgo

sábado, 17 de outubro de 2020

Edição de 17 e 18 de outubro de 1970.
Pesquisado por Fernando Moreira

Manchetes:

Edição de 17 e 18 de outubro de 1970.
Pesquisado por Fernando Moreira

Manchetes:

  • A campanha financeira do Mobral friburguense produz os primeiros frutos - Com a  elogiável colaboração da Torrington do Brasil S/A, a Comissão Municipal do Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral) de Nova Friburgo, dirigiu apelo a todas as forças da comunidade friburguense para que haja colaboração financeira permitindo o funcionamento dos núcleos de alfabetização. Nosso povo desde cedo compreendeu o sentido da campanha que se reveste de tanto civismo e diversos oferecimentos de ajuda em dinheiro vem chegando a tesouraria do Mobral, a cargo do senhor Luiz Vollú Leitão, ou diretamente ao presidente, padre Luiz Gonzaga Monnerat, reitor do Colégio Anchieta. 
  • Apoio firme - Paulo Azevedo, sobrinho do prefeito de Friburgo. Amâncio Azevedo, disse ao Diário de Notícias, da capital fluminense, que o seu tio está dando apoio integral ao deputado Álvaro de Almeida, um dos três candidatos do MDB à sucessão municipal. Pretendendo demonstrar a firmeza do apoio do prefeito Amâncio a essa candidatura, Paulo Azevedo, que postula uma cadeira na Assembleia, disse que “nos comícios que a oposição vem promovendo, está pregando a necessidade da eleição de Alvaro de Almeida”.
  • Lafayette Bravo Filho - Pelo fato de desejar estar inteiramente dedicado à campanha do candidato Álvaro de Almeida, Lafayette avisa que não concorrerá na eleição de 15 de novembro, a nenhum cargo eletivo. Comunica, outrossim, que verdadeiramente identificado com a batalha que o MDB trava, relacionada com a sucessão municipal, espera que os seus amigos e correligionários cerrem fileiras em torno do mencionado industrial.
  • Governo inaugura em Niterói a sala “três mil” - A “meta três mil” foi atingida no Estado do Rio com a inauguração de 16 novas salas de aula no Grupo Escolar Conselheiro Josino, no Fonseca, em Niterói, em ato presidido pelo governador Geremias de Mattos Fontes e assistido por secretários estaduais e de outras altas autoridades civis e militares. O secretário Rinaldi Venâncio revelou que o Grupo Escolar Conselheiro Josino agora terá capacidade para abrigar 1.800 alunos, distribuídos em três turnos. As novas salas, construídas em 18 meses, custaram aos cofres públicos Cr$ 230 míl.
  • Preços altíssimos - Tanto a campanha que vimos mantendo contra a alta dos preços dos gêneros alimentícios está absolutamente certa e politicamente desapaixonada, que o governo vai movimentar vários setores com o intuito de apurar responsabilidades e punir os exploradores do povo. Não é possível que continue a desenfreada majoração nos orçamentos domésticos, assunto que tanto inquieta socialmente o país, trazendo os lares em inquietude.
  • MDB inaugura posto eleitoral em Olaria do Cônego - Uma verdadeira multidão presente a festiva inauguração do posto eleitoral do MDB em “Olaria do Cônego”, na Rua Presidente Vargas. Toda a liderança partidária e candidatos emedebistas prestigiaram a solenidade recente. O posto eleitoral central do MDB fica à Rua Alberto Braune, 33, reunindo permanentemente pessoal habilitado a prestar quaisquer informações relacionadas com lugar das seções, horário da votação etc, bem como oferecer instruções gerais sobre como preencher a cédula e votar.
  • Aniversário do dr. Miranda Fortes - O ilustre e querido médico dr. Mário César de Miranda Fortes aniversaria neste 20 de outubro, o que é motivo de júbilo em vários escalões da comunidade friburguense, já que o renomado médico merece por todos os títulos as auréola de simpatia e confiança com que é envolvido. Pediatra com fama além fronteiras, dr. Miranda Fortes faz parte da Academia de Pediatria dos Estados Unidos, honra que somente é concedida àqueles que se destacam pela competência em seus países de origem e possuem títulos e diplomas que os credencialm para tal.   

Sociais

  • A VOZ DA SERRA registra os aniversários de: Juvenal Namen e Carmen Bravo Costa (17); Maria de Lourdes Coutinho, Ademar Cardoso e Luiz Carlos Fabris (18); Eda Maria de Castro Nunes e Mário Cézar de Miranda Fortes (20); Vitorino Moreira da Costa, Paulo Cesar Azevedo e Oberthal Guimarães de Freitas (21); João Agrello (23).

 

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Edição de 17 e 18 de outubro de 1970
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Sua previdência pode estar sendo desonesta

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

O título é chamativo; e deveria ser. Afinal, em meio a tempos tão líquidos talvez eu não conseguisse sua atenção para dedicar alguns – poucos – minutos para a leitura de hoje. O assunto é importante: em 2019 foi aprovada a Reforma da Previdência e estudos mostram o aumento da demanda por produtos de previdência privada. Além disso, projeções de especialistas preveem crescimento de 25% (equivalente a quatro milhões de pessoas) entre a população que busca por estes produtos. Percebe a relevância do assunto?

O título é chamativo; e deveria ser. Afinal, em meio a tempos tão líquidos talvez eu não conseguisse sua atenção para dedicar alguns – poucos – minutos para a leitura de hoje. O assunto é importante: em 2019 foi aprovada a Reforma da Previdência e estudos mostram o aumento da demanda por produtos de previdência privada. Além disso, projeções de especialistas preveem crescimento de 25% (equivalente a quatro milhões de pessoas) entre a população que busca por estes produtos. Percebe a relevância do assunto?

Antes de mais nada, vamos entender como funcionam os produtos de previdência privada. Nesta coluna, já escrevi muito sobre fundos de investimentos e como escolher algo que esteja de acordo com seus objetivos. Diante de textos com estes temas, tenho certeza que muita gente achou complicado investir através de fundos, mas aqui vai o primeiro choque de realidade: previdências privadas são fundos de investimentos. Sim, exatamente como os que podemos adquirir via mercado financeiro. Contudo, a diferença é simples: quem te vende fundos de previdência privada não está muito afim (ou, às vezes, não tem conhecimento aprofundado) em estabelecer tanta transparência acerca de seus investimentos. Pois bem, então fica comigo a tarefa de educar!

Se você é leitor da coluna e acompanha meu trabalho, já tem consciência da tão comentada diversificação. Por que, então, alocar todo o seu capital num único fundo de previdência privada? Pode estar aí o primeiro possível erro no planejamento da sua aposentadoria. O segundo erro é não considerar a volatilidade (variação de preços) do seu capital. Você já parou para ver os gráficos do seu fundo de previdência? Prepare-se, a surpresa pode ser grande. Agora, em terceiro lugar, quero deixar evidenciada a minha insatisfação ao estudar os produtos do mercado. Se você possui algum contrato de previdência privada, pegue-o assim que possível e procure o campo que identifica o nome (ou tipo) do fundo; caso esteja escrita a sigla FIC (Fundo de Investimento em Cotas) ou FICFI (Fundo de Investimento em Cotas de Fundo de Investimento), procure o quanto antes a pessoa que lhe vendeu o produto e peça para ela identificar a taxa real de administração cobrada sobre o seu capital. A possibilidade de ser acima do que está escrito no contrato é muito (muito mesmo) grande.

Basicamente, nestes casos o seu dinheiro está sob administração de um fundo que investe em um segundo fundo com outra administração. É assim que pode haver uma taxa de administração oculta no seu contrato, fazendo com que a rentabilidade do seu capital seja direta e negativamente impactada.

É claro que Fundo de Investimento em Cotas podem fazer parte de uma estratégia de investimentos, mas é importante saber o que estão fazendo com seu dinheiro. Contudo, há diversas soluções positivas para o seu planejamento; fazer seus investimentos de forma direta (sem depender exclusivamente de fundos) pode ser um grande diferencial para o futuro e você pode contar comigo para esclarecer todas as suas dúvidas. Pense nisso!

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Missão Docente

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

A prosa hoje é dedicada aos professores que tiveram o seu dia celebrado nesta quinta-feira, 15. Rendo minhas singelas palavras sobre o magistério e a razão precípua da missão de lecionar: os alunos. Quero falar sobre eles, sobre nós, sobre essa relação que transcende as mais variadas designações. Enquanto professora, asseguro: a missão não é fácil. Não mesmo.

A prosa hoje é dedicada aos professores que tiveram o seu dia celebrado nesta quinta-feira, 15. Rendo minhas singelas palavras sobre o magistério e a razão precípua da missão de lecionar: os alunos. Quero falar sobre eles, sobre nós, sobre essa relação que transcende as mais variadas designações. Enquanto professora, asseguro: a missão não é fácil. Não mesmo. Em uma sociedade absolutamente complexa e plural, escolhemos dedicar uma vida aos estudos e às relações interpessoais, com o objetivo claro de primar pela educação e contribuir para a construção de pontes invisíveis e bem fincadas nas vidas de outras pessoas. Os professores têm esse privilégio. E para tanto, trabalham com esmero e dedicação infinitamente maiores do que possa parecer.

Não raras vezes, ouço a pergunta: “vale a pena?”. E aproveito a oportunidade para dizer a todos com todas as letras garrafais: s-i-m. Participar das vidas de pessoas contribuindo para sua formação é uma dádiva. Só quem sabe o valor do olhar de um aluno para nós transpondo toda a esperança do mundo, sabe do que estou falando. Quem recebe mensagens de carinho, um abraço afetuoso num dia ruim, quem vibra com a realização do outro, com o crescimento pessoal e profissional dele, sabe do que estou falando.

Felizes aqueles que reconhecem nessa relação entre professor e aluno o tesouro infindável de partilha, de conhecimento, de experiências preciosas. E amor. Porque sala de aula é amor. Não de forma lúdica ou ilusória. Amor real: com dores, desafios, superação, paciência, vontade, abraços, choro, compreensão, humildade, perdão, acertos, erros, empenho etc etc etc.

Certa vez, aqui mesmo, escrevi que o dia dos professores merece uma digressão. E peço licença para mais uma vez expressá-la. O professor ou a professora, talvez seja nosso verdadeiro primeiro contato com o mundo humano (e adulto) para além da família, ainda na infância. Quando entramos na escola, é esse profissional importantíssimo quem nos conduz para um novo universo, para novas etapas de aprendizagem e interação. Lembro-me de como essa figura me importou desde a primeira vez. Muito valor sendo agregado. Sentia como se tivesse naquela pessoa, alguém em quem eu poderia confiar. A quem orgulhosa eu mostrava minhas primeiras sílabas escritas e quem eu adoraria que hoje lesse meus textos. Alguém que me ensinou muito sobre as letras, a convivência e os seres humanos.

Guardo até hoje nomes, sobrenomes, jeitos, trejeitos, vozes e, principalmente, ensinamentos, de muitos dos professores que tive ao longo da vida. Cravaram seus rostos em minha história de maneira indelével. E alguns desses mestres, a quem guardo no coração com apreço especial, possuíam (possuem) uma característica, além da brilhante formação e do notável conhecimento do conteúdo: o amor! De novo, ele – sempre! – o amor. Nítido amor por lecionar; tão límpido quanto o amor pelos alunos. De importantes para minha formação, se tornaram, então, inesquecíveis.

Hoje, muitos anos depois, felizmente continuo com a memória boa e coleciono memórias, afetos, nomes, sobrenomes, jeitos, trejeitos, vozes e ensinamentos dos meus alunos. E sinto na pele o nítido amor por lecionar. E por eles. Que incrível a vida. Que maravilhoso o poder do ensino.

Em tempos sombrios, felizmente continuo crendo que a educação é o caminho. Sou defensora fervorosa de que o estudo fomenta a construção de um patrimônio incalculável e intransferível. Aquele nosso tesouro que jamais se perde, que não pode ser subtraído de nós. Acredito que a formação de profissionais alinhados com sentimentos nobres, conhecedores de seus deveres e defensores de direitos e prerrogativas de todos os seres, possa transformar o mundo. Para melhor. Cada vez mais. Sem limites. Tenho esperança.

Nesse contexto, ser professor é uma grande e difícil missão. Muito difícil. Tem que amar para exercer.  Por felicidade, cruzamos com alunos tão incríveis que a tarefa fica mais leve e prazerosa. Contribuir positivamente para o crescimento de alguém é algo sublime. Por isso, dia e noite desejo manifestar gratidão aos alunos, pois sem esse grupo tão especial de gente do bem, também não cresceríamos como pessoas que somos antes de sermos profissionais.

A vida me fez professora. De gente grande. De gente linda, de gente cheia de sonhos. E dificuldades. E peculiaridades muitas vezes difíceis de lidar. E força de vontade. Sinto vontade de dizer que tudo vai dar certo para eles. Sinto que vai. É o que desejo para cada um deles. É preciso incentivá-los a manterem-se no caminho do bem. Custe o que custar. E serem honestos. Serem esforçados. Acreditarem em seu potencial. E trabalharem duro. Estudarem muito. Sentindo-se muito gratos pela oportunidade de evoluírem.

É preciso ter paixão por tudo isso. Não vislumbro outro caminho. E o retorno é seguro. Amar o ofício e exercê-lo com respeito, dedicação e humildade garantem o retorno que muitos professores sonham: o aprendizado, a evolução e o amor recíproco dos alunos. É o sentido de tudo.

Os grandes exemplos de devoção à profissão que vejo em muitos professores, uniram-se à uma vontade pessoal de contribuir para fazer pessoas felizes onde quer que eu esteja. Acredito plenamente nessa fórmula. Empatia, carinho, cumplicidade são combustíveis para o crescimento coletivo e individual, para a tolerância, o respeito e a dignidade que vai muito além dos livros.

Como bem disse Rubem Alves, os educadores, antes de serem especialistas em ferramentas do saber, deveriam ser especialistas em amor”. É isso. Sala de aula é sobre amor. Feliz dia dos professores!

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Um crime que abalou Nova Friburgo

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

“Matou o patrão para não ser estrangulado”. Esta era a manchete sensacionalista de uma reportagem publicada pelo jornal Luta Democrática, em 21 de julho de 1954. Trata-se de um crime que abalou Nova Friburgo em meados do século 20. Conversando com o amigo Bráulio Batista que é policial militar e estudante de história falávamos sobre esse crime e ele me motivou a escrever um artigo. Procurei extrair da reportagem somente a cronologia do crime e o motivo que o provocou, já que este jornal era tendencioso e pertencia a Tenório Cavalcanti, um dos advogados no julgamento.

“Matou o patrão para não ser estrangulado”. Esta era a manchete sensacionalista de uma reportagem publicada pelo jornal Luta Democrática, em 21 de julho de 1954. Trata-se de um crime que abalou Nova Friburgo em meados do século 20. Conversando com o amigo Bráulio Batista que é policial militar e estudante de história falávamos sobre esse crime e ele me motivou a escrever um artigo. Procurei extrair da reportagem somente a cronologia do crime e o motivo que o provocou, já que este jornal era tendencioso e pertencia a Tenório Cavalcanti, um dos advogados no julgamento.

A população de Nova Friburgo viveu no dia 19 de julho de 1954 uma intensa expectativa pelo julgamento no tribunal do júri do operário José Alves Pinheiro, acusado do assassinato de Henrique Frederico Fernando Witte, gerente da fábrica Rendas Arp. O caso apaixonou os friburguenses e não tardou que dividisse a opinião pública surgindo daí grande parte do sensacionalismo que se revestiu esse julgamento, possivelmente o mais importante da história forense de Nova Friburgo.

O povo, na sua quase totalidade ficou ao lado do réu, enquanto certa parcela de empregadores colocou-se ao lado da vítima, nos informa o jornal Luta Democrática. Além da importância deste acontecimento nele iriam se enfrentar dois advogados gigantes do mundo jurídico, Evandro Lins e Silva e o deputado Natalício Tenório Cavalcanti de Albuquerque, conhecido como o homem da capa preta e por portar quase sempre uma metralhadora que chamava de Lourdinha.

A cidade parou para acompanhar o julgamento e muitos estabelecimentos comerciais não abriram. Quase ao meio-dia o movimento na praça Getúlio Vargas onde ficava o fórum era intenso. A multidão guardava lugares naquele logradouro pois corria a notícia de que o julgamento seria transmitido pela rádio local e que alto-falantes seriam colocados nas imediações do fórum. Era muito comum à época essa prática pois nem todos tinham aparelho de rádio.

Houve algum problema e do lado de fora a turba reclamava a ausência dos alto-falantes prometidos. Foi então que Tenório Cavalcanti com a ajuda de técnicos da cidade mandou fazer a instalação de alto-falantes da camioneta de seu jornal. Quando abriu-se a porta do tribunal do júri às 14h, as pessoas entraram aos empurrões lotando e se comprimindo no salão.

No dia 18 de novembro de 1952, às 10h30, o operário José Alves Pinheiro feriu com uma faca o gerente da fábrica Rendas Arp, Henrique Frederico Fernando Witte, 46 anos, que morreu 28 dias depois desse incidente. José Alves Pinheiro foi empregado na fábrica Rendas Arp durante dois períodos relativamente curtos. A sua primeira contratação foi em 1948, trabalhando por cinco meses, quando pediu demissão. Tempos depois voltou a trabalhar nessa fábrica quando foi dispensado em novembro de 1952, depois de um ano de trabalho. A demissão segundo o jornal foi sem justa causa e ninguém soube informar o motivo.

Dirigindo-se ao Departamento Pessoal sob a gerência de Henrique Frederico Fernando Witte, o operário demitido não se conformou com o valor de sua rescisão contratual. Não aceitou os dois mil cruzeiros oferecido por Witte. Procurou um advogado trabalhista e retornou à gerência com um parecer do mesmo que declarava que os seus direitos consistiam em seis mil cruzeiros, três vezes mais. No entanto Witte reafirmou que não pagaria mais de dois mil cruzeiros ao operário. Depois de muita insistência de José Pinheiro, o gerente fez uma nova oferta de 2.800 cruzeiros e que não foi aceito.

Pinheiro era arrimo de família de sua mãe e irmãos e temia recorrer a uma ação judicial pois o processo trabalhista era lento e a fábrica Rendas Arp normalmente esgotava todos os recursos. Não receberia tão cedo qualquer valor e a família passaria por privações. Continuou insistindo que a fábrica lhe pagasse o valor aferido pelo advogado alegando ter sido um bom operário e prova disso era que habitava uma das casas da Vila Arp, destinadas apenas aos funcionários de bom comportamento e qualificados.

Em determinado momento Witte disse que não pagaria nem mais os dois mil cruzeiros, pois estava irritado com a insistência de José Pinheiro. Este último propôs então ao gerente receber a indenização de cinco mil cruzeiros ou então ser admitido em outra seção, pois acreditava que se tratava de alguma antipatia o motivo de sua demissão. A sua proposta não foi aceita e Witte sugeriu que ele procurasse os seus direitos na justiça. Foi quando José Pinheiro argumentou que a fome já havia chegado em sua casa e, de acordo com o jornal, “o morto [Witte] disse que nada tinha com isso, deu um soco no operário e agarrou-o pelo pescoço furiosamente, tentando estrangulá-lo”.

Com porte físico bem inferior ao do gerente, José Pinheiro para se defender sacou de uma faca dando um único golpe em Witte no abdome, fugindo em seguida. No dia posterior apresentou-se à polícia. Evandro Lins e Silva contratado pela fábrica Rendas Arp atuou como assistente de acusação do promotor Helênio Verani. Já Tenório Cavalcanti era advogado do réu acompanhado do auxiliar Benigno Rodrigues. Presidia o Tribunal do Júri o juiz Antônio Neder.

No duelo de gigantes Evandro Lins e Silva ao ocupar a tribuna declarou que ali estava tão somente na qualidade de advogado e não como político e tampouco como candidato a qualquer pleito. Esta era uma investida contra o deputado Tenório Cavalcanti que respondeu nas considerações finais que ali estava como político, como deputado e como advogado mas não estava ganhando coisa nenhuma, pois o seu constituinte não poderia pagar “rios de dinheiro” como fez a Rendas Arp contratando Lins e Silva. E mais, o seu constituinte era pobre e não podia exercer a influência econômica das forças que ali lutavam pela sua condenação.

Tenório Cavalcanti atribuiu a atitude do réu a uma tensão social provocada pelos patrões e por um “gritante desequilíbrio social e econômico.” A sua tese foi a de legítima defesa, mas sutilmente tratava-se da luta entre o capital e o trabalho. O júri terminou às 5h da madrugada do dia seguinte. José Alves Pinheiro foi condenado a oito anos de reclusão, sendo que já cumprira dois anos. Pode-se afirmar que Tenório Cavalcanti saiu vitorioso.

Considerando que cumprida um terço da pena o condenado poderia requerer livramento condicional, em pouco mais de um ano José Alves Pinheiro estaria livre da prisão. Leyla Lopes se recorda desse acontecimento e nos informa que no dia seguinte ao julgamento, Tenório Cavalcanti desfilou em um cadillac conversível com a capota arriada pelas principais ruas da cidade. Trajava a sua capa preta debruada de cetim vermelho, colete à prova de bala, empunhando garbosamente a “Lourdinha”, sua metralhadora alemã.

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    Manchete no jornal Luta Democrática do crime que abalou Friburgo

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    Tenório Cavalcanti defendeu o operário gratuitamente

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    Tenório desfilou pelas ruas de Friburgo portando a sua metralhadora Lourdinha

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Você está repetindo no presente o que viveu no passado?

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Maria nasceu no interior, sendo a mais velha de cinco irmãos. Sua mãe cuidava da casa, seu pai era empregado numa fazenda e tinha problemas com a bebida. A epidemia é tal que até 17% dos homens na população em geral e 8% das mulheres cumprirão os critérios de alcoolismo durante a vida. (https://www.alcohol.org/statistics-information/ )

Maria nasceu no interior, sendo a mais velha de cinco irmãos. Sua mãe cuidava da casa, seu pai era empregado numa fazenda e tinha problemas com a bebida. A epidemia é tal que até 17% dos homens na população em geral e 8% das mulheres cumprirão os critérios de alcoolismo durante a vida. (https://www.alcohol.org/statistics-information/ )

O pai de Maria piorou na bebida, agredindo filhos e esposa e um dia decidiu expulsar sua mulher de casa. Maria o odiava e referia-se a ele como “bêbado malvado”. Ela ía para um canto da casa, nos seus 8 anos de idade, tremendo de medo ao ver seu pai chutando os irmãos e gritando com a mãe dela. Ao ele berrar que a esposa sairia de casa, as crianças se agarraram na saia dela, suplicando para não ir. Ela saiu, ameaçada pela violência do marido.

Alguns irmãos foram morar com parentes e Maria ficou com o pai, crescendo cheia de amargura e ódio por ele pelo que ele havia feito com a família. Aos 20 anos de idade ela se casou e ficou anos sem notícias dele. Um dia ele apareceu procurando por ela. Ele estava mudado. Havia recebido ajuda emocional e espiritual e procurava cada filho para uma reconciliação. Maria havia jurado que não falaria com ele. Não usava mais a palavra “pai”, referindo-se a ele como “aquele cara”. Ela não queria reconciliação. Queria distância dele. Havia tomado a decisão de não ser igual a ele no lidar com os filhos. Ela tinha três filhos agora. E lidava com eles de maneira ditatorial, agredindo-os com palavras duras, tão dolorosas quanto às de seu pai no passado. Ela não percebia isto. Será que não queria perceber? Nunca perdoava, nunca pedia perdão. Implicava com Teresa, sua filha do meio, gerando nela revolta e rebeldia.

Na adolescência Teresa se envolveu com drogas e a mãe a expulsou de casa. Alguns filhos do meio têm problemas emocionais complicados porque em geral o mais velho recebe afeto especial por ser o primeiro, e o mais novo por ser o caçula. O do meio fica meio perdido. Após um casamento complicado com um dependente químico, Teresa teve José, que ao chegar na adolescência não aguentava mais as implicâncias da mãe porque ele usava cabelo comprido, óculos escuros o tempo todo e não comia carne. E ela que tinha sido hippie! Ela não controlava sua irritabilidade exagerada e sempre agredia verbalmente o jovem filho adolescente.

Aos 18 anos José se juntou com uma mulher mais velha que ele dez anos. Será uma moda isto? É sintoma de algo? Estão copiando algum personagem de novela? Ele se separou dela oito meses depois, dizendo que ela implicava demais com ele. Igual à mãe dele? É possível casar com alguém muito diferente do pai ou mãe em termos de personalidade? No segundo relacionamento de José, sua mulher sofria porque, dizia ela, ele ficava facilmente irritado e a destratava com palavras duras, embora não a agredisse fisicamente como o avô fazia com os filhos e a esposa. A repetição do comportamento entre gerações nem sempre ocorre igualzinho.

O pai de Maria, Maria mesmo, sua filha Teresa, o filho José, cada geração repetindo o mesmo comportamento emocional, com diferenças, mas o mesmo problema central: amargura, rispidez, abuso verbal. Parece um defeito no DNA passado geneticamente, não é? Mas felizmente a genética não explica tudo. Alguns neurocientistas afirmam que a genética é responsável, no máximo, por cerca de 40% do que nos tornamos como pessoa. Ela não determina inevitavelmente nosso comportamento. Existe o aprendizado, a escolha, a capacidade de raciocínio, a epigenética, o livre arbítrio e é isto o que pode levar à neutralizar as tendências hereditárias genéticas e aprendidas, para doenças do comportamento.

Temos que repetir a história do passado? Sim e não. Sim, pelo poder da influência hereditária e cópia do modelo observado durante a infância dos adultos com quem a criança viveu. Não, porque a genética não nos obriga a, inevitavelmente, repetir os mesmos comportamentos. Se assim fosse, por exemplo, todo filho de alcoólico teria que ser alcoólico,  apesar de que a ciência comprova que filhos de pais com alguma compulsão têm maiores chances de desenvolverem talvez a mesma compulsão comparados com filhos de pais sem compulsão por qualquer coisa.

Evitar repetir a história ruim do passado requer: 1 - lembrar dela ao invés de fugir da mesma como se nada de ruim tivesse ocorrido; 2  - observar com sinceridade e honestidade o próprio comportamento para ver se e como ocorre a repetição de atitudes desagradáveis que você jurava que nunca iria ter com as pessoas; 3 - ao perceber seu comportamento destrutivo herdado e cultivado, decidir lutar para mudá-lo por ver que ele está destruindo relacionamentos, e 4 - agir, fazer, atuar, treinar conscientemente o novo comportamento saudável.

Você muda quando você muda. As pessoas ao nosso redor (filhos, marido, esposa, esposo etc.) não têm culpa dos problemas de nosso passado. Não temos o direito de estressar a vida delas por causa de nossos conflitos vividos em nossa família de origem. É difícil mudar. Mas tem jeito. O pai de Maria conseguiu.Os nomes citados aqui são fictícios.

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Proposta de casamento

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

— Casar contigo? Tá doido!

— Ué, por que não? Tou me oferecendo de coração.

— E vai sustentar a gente como? E tem meus três meninos. Tu tem quantos?

— No papel é duas meninas.

— Mas fora do papel é uma fila que vai daqui à Bahia. É o que dizem...

— Exagero desse povo, num chega nem a Niterói.

— Quero não. A gente ia ter lua de mel com cinco testemunhas na cama.

— Cama é o que não me falta. Ontem mesmo peguei um sofá na beira do rio. Tirando a mola que espeta dum lado, dá pra dormir otimamente bem.

— Casar contigo? Tá doido!

— Ué, por que não? Tou me oferecendo de coração.

— E vai sustentar a gente como? E tem meus três meninos. Tu tem quantos?

— No papel é duas meninas.

— Mas fora do papel é uma fila que vai daqui à Bahia. É o que dizem...

— Exagero desse povo, num chega nem a Niterói.

— Quero não. A gente ia ter lua de mel com cinco testemunhas na cama.

— Cama é o que não me falta. Ontem mesmo peguei um sofá na beira do rio. Tirando a mola que espeta dum lado, dá pra dormir otimamente bem.

— Mas tua casa é desse tamaninho. A gente ia morrer sufocado lá dentro.

— Você precisa ver as janelas. É janela pra todo lado. Muito arejado. E tem um quintal bacana...

— Muito do bacana! Pena é aquele barranco nos fundos: cai-não-cai. Quero não.  E tem o Arlindo.

— O que que o Arlindo tem com a nossa conversa?

— Quer casar comigo.

— Safado! Picareta! Eu vi primeiro, ninguém tasca! E deve ser casado, aquele malandro.

— Casado é você e com três ou quatro. Arlindo é solteirinho que só vendo.

— Mas dizem que ele é meio frouxo.

— Isso posso te garantir que é mentira.

— Num vai me dizer que tu tá falando por experiência própria!

— Ah, deixa pra lá! Mas casar contigo, só se eu tivesse maluca.

— Vamos fazer o seguinte: a gente dá um chego lá em casa, tu vê as condições e pensa melhor no assunto.

— Tá bom. Vou lá conhecer tua casa. Mas, ó, num vou passar da sala, combinado?

— Mas o mais lindo é o quarto. Tu precisa ver.

— Tem o que no quarto?

— Tem a cama, tem o espelho, tem...

— O importante é a cama. É boa?

— Macia que dá gosto! Só vendo!

— Vamos lá dá uma olhada. Sem compromisso, hem!

— Sem compromisso. Deixa comigo...

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