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O café: subidor de montanhas e destruidor de florestas - Parte 4

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

O café marcha como um soldado patriota

O café marcha como um soldado patriota

Um novo produto de plantation tropical iniciou um assalto sobre a densa cobertura florestal da serra fluminense, situada sobre o relevo de mares de morros no vale do rio Paraíba do Sul. Contrariamente à cana-de-açúcar, amiga das várzeas, dos aluviões e das grandes planícies, o café foi por excelência um trepador de morros, um inveterado escalador de serras. É ele que arrastava o homem para as altitudes, para o clima próprio à sua máxima frutificação. Os morros meias-laranjas estariam em pouco mais de meio século quase completamente coberto por cafezais.

Na serra fluminense, a ofensiva do café contra a floresta foi acelerada, nada deixando em seu rastro além de montanhas desnudadas. Calcula-se que entre 25 mil e 30 mil quilômetros quadrados de cobertura florestal primária de Mata Atlântica, nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais tenham desaparecido para dar lugar ao cultivo de café. Novas estradas, vendas, pousos, capelas e paróquias surgiram a cavaleiro das ondas verdes do café que seguiram em marcha como soldados patriotas até o cume das montanhas, transformando a passagem. Inúmeras propriedades rurais começaram a surgir onde outrora fora a selva.

A província fluminense com o seu escol de barões do café salvou o Brasil do desastre econômico no Império. Os fazendeiros fluminenses afidalgaram-se adquirindo títulos nobiliárquicos vindos a integrar a nobreza do Império. Depois da retirada da mata fazendo uso da queimada, os escravos removiam o entulho e preparavam as covas para o plantio do café nas encostas mais altas da propriedade. As mudas de café, após o plantio, levavam em média cinco anos para atingir a maturidade, quando então começavam a produzir em escala comercial. A partir daí, sua capacidade produtiva se mantinha por um período que variava entre 25 a 30 anos.

As mudas eram plantadas em linhas retas, perpendiculares aos pés dos morros e dispostas em fileiras verticais com um espaço aproximado de dois a três metros entre cada uma delas. Essa forma de plantio era extremamente inadequada às condições climáticas da região, que era marcada pela presença de fortes chuvas torrenciais. Plantar pés de café de forma enfileirada no sentido vertical das encostas provocava forte erosão nos terrenos das propriedades, tornando os solos improdutivos.

Segundo os historiadores, essa prática agrícola era explicada para facilitar o trabalho dos feitores na sua tarefa de exercer melhor o controle do trabalho dos escravos. O movimento contínuo das lavouras, com a ocupação de novas áreas de florestas dos latifúndios, associado a exploração da mão-de-obra escrava era a forma de se reduzir os custos da produção. O tempo de vida útil de um escravo empregado na lavoura era de aproximadamente dez anos, o que não chegava a ser encarado como prejuízo pelo fazendeiro. Considerava-se que após dois anos de trabalho o escravo já teria pago o seu custo de aquisição.

A grande propriedade fundiária estimulava a manutenção de práticas agrícolas insustentáveis no Brasil oitocentista. A possibilidade de plantar em outros terrenos não causava preocupação para os grandes fazendeiros, já que eles podiam contar sempre com novas terras cobertas com florestas primárias. A ideia da natureza como inesgotável e eternamente fonte provedora de recursos, não dava margem para a adoção de qualquer tipo de cuidado com a sua preservação. Via-se a Mata Atlântica como um universo que jamais se consumiria. Era cômodo abandonar as antigas lavouras desgastadas e apropriar-se de novos terrenos.

A imagem de uma terra sempre disponível para o avanço da produção minimizava a importância do cuidado ambiental. À medida que os solos agrícolas tornavam-se estéreis, a fronteira avançava em direção às florestas. Sustentabilidade é a capacidade de um grupo de fazer uso dos recursos da natureza, sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de continuar a utilizá-los. Não era essa a mentalidade dos cafeicultores quando iniciaram a plantação de café na serra fluminense.

Técnicas como a aragem e o plantio em curvas de nível para manter a fertilidade dos solos cultivados eram conhecidos naquela época. Por que então os lavradores de café não tiveram este cuidado? Uma das explicações para esta negligência pode estar relacionada à ideia da grande extensão dos latifúndios, com a possibilidade de ir plantando em novos terrenos quando o cultivado estivesse esgotado. Colheram sem nunca cessar, sem nunca indenizar à terra os frutos que dela retirava. Tirar e nunca repor! Última parte na próxima semana.

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    Em dois anos de trabalho, o escravo pagava o seu custo de aquisição.

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    Pés de café enfileirados facilitava a vigilância do feitor

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    Plantar pés de café no sentido vertical provocava erosão (Acervo IMS)

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A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Você tem dificuldade para dormir?

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Muitas pessoas têm dificuldade para dormir configurando o que chamamos de “insônia”. Vamos ver o que pode ser feito para melhorar este problema ou resolvê-lo.

Existem insônias diferentes. Tem pessoas que custam a pegar no sono, e isto é a insônia inicial. Outras começam a dormir, mas ao longo da noite acordam muitas vezes, o que configura a insônia intermitente. E existem as que pegam no sono, dormem, mas acordam muito cedo, de madrugada e não conseguem voltar a dormir.

Muitas pessoas têm dificuldade para dormir configurando o que chamamos de “insônia”. Vamos ver o que pode ser feito para melhorar este problema ou resolvê-lo.

Existem insônias diferentes. Tem pessoas que custam a pegar no sono, e isto é a insônia inicial. Outras começam a dormir, mas ao longo da noite acordam muitas vezes, o que configura a insônia intermitente. E existem as que pegam no sono, dormem, mas acordam muito cedo, de madrugada e não conseguem voltar a dormir.

O sono de má qualidade é um sério problema de saúde. Dormir mal é bem desagradável. E quem dorme mal, geralmente tem um dia seguinte difícil em termos de energia. Existem causas diferentes para a insônia, desde o comer excessivo, uso de bebidas cafeinadas e alcoólicas de noite, doenças crônicas, até a depressão e fase eufórica da doença bipolar. Às vezes a solução pode vir com a prática de alguns hábitos que vou comentar mais adiante. Outras vezes pode ser necessário orientação médica e mudanças no estilo de vida.

Existem estágios no sono, e uma possível explicação para alguns tipos de insônia é que na medida em que a pessoa faz a transição de um estágio para outro com sono mais leve ela pode ter dores físicas, certos incômodos que podem acordá-lo. Isso pode incluir problemas médicos como dor crônica, apneia do sono, síndrome das pernas inquietas, refluxo esofágico e outras condições. A dor do exercício intenso do dia, o ruído ou a luz do ambiente, a fome, a sede, o calor ou frio demais podem acordar a pessoa.

Se o indivíduo costuma acordar para urinar, ele pode estar ingerindo líquidos em excesso, especialmente à noite. E pode ser um sintoma de diabetes, problemas na bexiga, próstata, rins, adrenais ou cardíacos. Procure uma avaliação médica caso você esteja urinando demais ou urinando muito mais à noite do que durante o dia.

Práticas que ajudam para uma melhor qualidade do sono incluem: dormir num quarto fresco, escuro e silencioso; diminuir a exposição a luzes artificiais após o pôr do sol; colocar no modo “noturno” seus equipamentos como celular, tablet, relógio de cabeceira; evitar o consumo de cafeína e álcool especialmente no final do dia; procurar ir para a cama dormir no mesmo horário todas as noites; evitar uma refeição pesada no final do dia.

As ondas de calor são uma causa comum de despertar noturno em mulheres de certa idade. Se você sofre de flashes noturnos, pode ajudar dormir em um quarto fresco; usar pijamas e lençóis que não acumulam umidade; e procurar avaliação com seu ginecologista e/ou endocrinologista.

Para resolver a insônia não existe uma solução que funciona para todos. Para alguns que sofrem de insônia crônica pode ser importante passar por uma avaliação também psicológica e não só médica.

Outras dicas gerais para ajudar a dormir melhor são: cuidar das necessidades urgentes; manter luzes e telas artificiais desligadas; usar pequenas luzes noturnas para iluminar seu caminho para o banheiro, se necessário; fazer uma atividade calma, como ler à luz de velas; praticar exercícios de respiração profunda, escrever em seu diário; procurar soluções para o estresse; evitar guardar aborrecimentos e não ficar cultivando pensamentos negativos tipo “será que vou conseguir dormir hoje?.”

Finalmente, alguns chás calmantes podem facilitar o sono, como o de capim limão, erva cidreira, camomila, melissa, e chá de valeriana e de lúpulo. Se a pessoa está passando por uma insônia rebelde, resistente, e por vários dias sem melhorar, um médico poderá prescrever temporariamente um indutor do sono, que é um medicamento com venda somente com receita controlada.

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Surpresa?

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Para pensar:
"O egoísmo, o orgulho, a vaidade, a ambição, a cupidez, o ódio, a inveja, o ciúme, a maledicência são para a alma ervas venenosas das quais é preciso a cada dia arrancar algumas hastes e que têm como contraveneno: a caridade e a humildade.”
Allan Kardec

Para refletir:
“Elogiar-se é coisa de vaidoso, depreciar-se, de tolo.”
Aristóteles

Surpresa?

Para pensar:
"O egoísmo, o orgulho, a vaidade, a ambição, a cupidez, o ódio, a inveja, o ciúme, a maledicência são para a alma ervas venenosas das quais é preciso a cada dia arrancar algumas hastes e que têm como contraveneno: a caridade e a humildade.”
Allan Kardec

Para refletir:
“Elogiar-se é coisa de vaidoso, depreciar-se, de tolo.”
Aristóteles

Surpresa?

Um ofício de circulação interna no Palácio Barão de Nova Friburgo indica que a Procuradoria-Geral do Município considera propor “uma ação de natureza cível visando ressarcimento dos valores descontados a título de empréstimos consignados celebrados com certos bancos locais, além de eventual percepção de danos morais, em razão das instituições bancárias não terem obedecido o comando restritivo contido na lei municipal 4.743/2020, que determinou a suspensão pelo prazo de 120 dias dos descontos das mensalidades referentes aos empréstimos consignados envolvendo os servidores municipais da ativa e inativos”.

Curiosidade

O colunista se confessa curioso para ver os desdobramentos deste caso, diante de tantos depoimentos técnicos indicando que, a rigor, o episódio teria se desenvolvido a partir de equívocos ocorridos  tanto no Legislativo quanto no Executivo municipais.

De fato, tem muita gente escandalizada com o rumo que as coisas estão tomando.

A coluna torce para que as fontes consultadas estejam erradas, embora não tenha grandes esperanças a esse respeito.

Inércia

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro instaurou inquérito para apurar o motivo da tarifa dos ônibus urbanos de Nova Friburgo ainda não ter sido reduzida de R$ 4,20 para R$ 3,95, em respeito ao decreto legislativo aprovado pela Câmara Municipal o dia 4 deste mês.

O MP vai apurar o que considera um descumprimento da prefeitura ao que foi deliberado em plenário.

Ouvidos moucos

Por meio da 2ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Nova Friburgo o MP determinou ainda que a prestadora do serviço, a prefeitura e a Câmara Municipal sejam oficiadas e se manifestem formalmente.

De fato, não se trata de algo relacionado ao mérito da redução.

Simplesmente o que está em vigor precisa ser cumprido, não se pode abrir este tipo de precedente.

E o papel que vem sendo desempenhado pela prefeitura novamente reforça tudo o que a coluna vem afirmando sobre o contexto atual que rege este serviço.

Outro lado

O fiscal Rodrigo Magalhães, responsável pela notificação à banca de jornal em frente ao antigo fórum, entrou em contato com a coluna para dar explicações sobre o ocorrido.

O conteúdo de sua manifestação já foi publicado em A VOZ DA SERRA, mas como a coluna havia se posicionado no episódio, entendemos ser oportuna a publicação de seu teor também aqui.

Aspas (1)

“Sou fiscal de atividades econômicas concursado da Prefeitura Municipal de Nova Friburgo, lotado na Subsecretaria de Ordem Urbana/Posturas, responsável pela notificação à banca de jornal citada na sua coluna. Tenho cópia deste documento na Subsecretaria de Posturas, o qual está à sua disposição para conferência. O conteúdo é técnico, rotineiro e com base legal, utilizado em qualquer ação fiscalizatória. Foi solicitado, após identificação e orientações gerais, apenas a apresentação do alvará de funcionamento e da licença de exploração de publicidade, em um prazo de 15 dias, visto que a banca de jornal do antigo fórum encontrava-se fechada.”

Aspas (2)

“Anteriormente ao advento da pandemia de Covid-19 já estava sendo feito um levantamento de todas as bancas de jornal do município, com o intuito de verificação das licenças exigidas, porém com a formação da Força Tarefa de Ação Integrada e o foco no estado de calamidade de saúde pública, houve um adiamento.”

O fiscal destaca em seguida seis amparos legais para sua atuação, que não precisamos reproduzir aqui. E continua: “O ofício de qualquer corpo técnico fiscal é o de exercer o poder de polícia administrativa baseado no ordenamento legal e dentro das respectivas competências, sem perseguir ou oferecer privilégio a qualquer cidadão.”

Aspas (3)

“Os fiscais não possuem o poder de conceder licenças ou de legislar. Concordo que o bom senso é fundamental em qualquer trabalho. O caso em questão aborda a verificação de licenças de uma concessão de uso de espaço público no entorno de um dos dois bens municipais com tombamento federal (Iphan), a Praça Getúlio Vargas, justamente na calçada da Fundação Dom João VI, antiga residência urbana do Barão de Nova Friburgo e exatamente em frente ao antigo fórum, hoje espaço cultural. Este entorno possui tombamento municipal e faz parte da história do Brasil.”

Aspas (4)

“Somos apenas quatro fiscais de atividades econômicas concursados em Nova Friburgo e temos de fato uma demanda reprimida gigantesca. Possuímos apenas um computador para todo o corpo técnico, a dificuldade de consulta ao sistema informatizado é grande. (...) Entendo os questionamentos pois todos são importantes e colaboram de alguma forma com a sociedade, mas sempre o problema do outro é maior e mais gritante, logo tudo deveria ficar como está, daí só regredimos. A longa história de omissão nas ações fiscalizatórias e a enorme lista de problemas mais graves são as justificativas mais corriqueiras que ouvimos em nossas ações, e só reforçam as tensões políticas e sociais às quais o nosso trabalho está sujeito. Toda fiscalização não é bem-vista por quem está sendo fiscalizado, e a imprensa tem divulgado esta situação principalmente durante as ações na pandemia. Nossa consciência está tranquila. Somos abertos ao diálogo e temos a premissa legal e moral de sempre orientar qualquer cidadão. Todos são muito bem-vindos.”

Responsabilidades

A coluna agradece pela manifestação, e esclarece que sua crítica não se dirigiu aos fiscais, mas a quem tem o dever moral de agir para evitar e eliminar este tipo de conflito.

Evidentemente aos fiscais cabe seguir o que lhes é determinado.

Ao governo, no entanto, cabe dar a devida atenção às necessidades de quem tanto se sacrifica para assumir uma responsabilidade que deveria ser de todos, e cuidar para que tais necessidades encontrem o devido amparo legal, enquanto deveria estar se esforçando por assumir as próprias responsabilidades para com a vida animal.

A propósito...

E já que falamos no antigo fórum, a coluna aproveita para publicar mais um clique cirúrgico da querida Regina Lo Bianco, mostrando como o patrimônio arquitetônico carece da devida atenção.

Foto da galeria
A propósito... (Foto: Regina Lo Bianco)
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JTNJJ Miguel - uma figura

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

D. Marta ficou nervosa à toa e mandou parar, como se ele tivesse culpa do tamanho do Brasil

D. Marta ficou nervosa à toa e mandou parar, como se ele tivesse culpa do tamanho do Brasil

Miguel era diferente por seu próprio tipo físico, que conseguia ser alemão e roceiro ao mesmo tempo, com aqueles cabelos em fogo sobre a cara avermelhada, o nariz descascando na ponta. Vestia uma imutável jaqueta de couro, fosse inverno ou verão. E ria, vivia rindo. Ria da descompostura que levava das colegas, em cuja conquista batalhava o tempo todo; ria dos conceitos que obtinha nas provas, exibindo-os para a turma e explicando: “Esse professor não me entende...”  Ria das dúvidas que lançavam sobre seu talento de cantor e instrumentista, afirmando que mesmo os grandes astros tinham enfrentado a descrença antes de atingirem a fama. Nada podia magoá-lo e todos gostavam dele. Divertiam-se com sua elegância brega, deixando crescer a unha do dedo mindinho, coisa que julgava o fino da distinção; aceitavam sua ignorância simpática; engoliam suas respostas descalibradas, para as quais não havia réplica: “Dizer para a turma o que entendi desse texto... Professor, será que, no lugar disso, não dá pra apresentar um sucesso do Roberto Carlos, não? As gatas aí da sala estão a fim de um som romântico, professor”.

Embora não fosse simplesmente acomodado, Miguel nunca ficava triste por causa dos insucessos escolares. Se a Matemática insistia em ser um mistério impenetrável, pior para a Matemática, não era por causa de uns números sem pé nem cabeça que ele iria deixar-se abater. Um professor dizia que a Linha do Equador era imaginária... “E vale a pena estudar um negócio que nem existe de verdade?” O outro queria fazê-lo acreditar que o Português nascera do Latim, idioma falado pelos antigos romanos, mas como acreditar nisso se outro dia passou um filme em que os bravos soldados de Roma esbravejavam em Inglês, coisa fácil de perceber pelos yesses e nous que apareciam o tempo todo? Numa aula, D. Marta mandou-o localizar o Estado do Rio no mapa do Brasil, país grande que não tem mais fim. Miguel deu a partida lá de cima no Amazonas e veio correndo o dedo por todo o território nacional. Já estava quase em Minas Gerais quando D. Marta ficou nervosa à toa e mandou parar, como se ele tivesse culpa do tamanho do Brasil. Não conseguindo entender a complicação que os professores faziam, só continuou a estudar porque da última vez em que pedira aumento de salário, o patrão se saíra com um monte de conversa fiada que, resumida, significava isso: Pelo estudo que tem, você ganha até demais.

Abraçado ao violão, tentava impressionar as garotas, desfiando todas as canções possíveis sobre dor de cotovelo. No recreio, o pessoal ia chegando e ficava olhando os dedos nodosos de Miguel pulando de uma corda para outra, tentando produzir sons delicados, mas arrancando do instrumento apenas uma fala bruta e desarmoniosa como a própria mão que a produzia. Quando lhe perguntavam por que raramente trazia os livros, mas nunca se esquecia do violão, respondia que nunca tinha visto juntar mulher em volta de livro.

 No fim do ano Miguel foi informado de que os professores não tinham condições de promovê-lo à série seguinte, e que seria melhor ele repetir o ano para superar algumas deficiências e coisa e tal. Terminada a explanação, Miguel armou uma cara de funda preocupação e deu uma resposta que bem define sua atitude diante da vida: “Isso aí que o senhor falou, tudo bem. Agora, eu queria saber se é verdade que no ano que vem não vão mais me deixar entrar em sala com o violão. Aí, já é prejudicar uma carreira, é ou não é?”

Mas no outro ano Miguel voltou, e o violão também. Vê-los na aula era como assistir pela segunda vez à mesma comédia, sem que por isso ela perdesse a graça. “Bom, eu não compareci à prova porque ontem eu vinha ouvindo umas musiquinhas no ônibus. Acredita que dormi, acordei lá no ponto final e perdi a hora? O que me atrapalha, professor, pode crer, é esse meu amor à arte”.

O colégio conseguiu ensinar pouco mais do que pouca coisa a Miguel. Ele, no entanto, ensinou muita coisa a todos do colégio. Ainda outro dia foi visto, empoleirado no alto de um poste, talvez trocando lâmpadas, talvez consertando linhas telefônicas, a cara mais vermelha, o nariz mais descascado, um sol que parecia concentrar-se todo no cabelo amarelo de Miguel. Lá estava ele, com a mesma alegria criança que sempre mora em seu coração, com sua lição de otimismo e coragem. Consciente de suas limitações intelectuais, faz graça com elas; sabedor de sua feiura, comporta-se como galã irresistível e, por mais que a vida o maltrate, não deixa de sentir e demonstrar amor por ela. Pendurado no poste, por mais que o sol lhe bata no rosto, por mais incômoda que seja a posição em que se acha, não deixa de acenar para um conhecido que passa lá embaixo.

Você costumava dizer, Miguel, que não tinha jeito para aprender. Talvez seja verdade. Mas você tem algo mais importante do que isso, que é o seu jeito para ensinar. Ensinar a gente a aceitar a vida, mesmo quando ela se comporta como uma velha rabugenta e nos trata a chineladas.

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O rico vigilante

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Tiago, o mais velho, em explanação preciosa, falou sobre as ânsias de riqueza, tão comuns em todos os mortais, e, findo o interessante debate doméstico, Jesus comentou sorridente:

“Um homem temente a Deus e consagrado a retidão, leu muitos conselhos alusivos à prudência, e deliberou trabalhar, com afinco, de modo a reter um tesouro com que pudesse beneficiar a família. Depois de sentidas orações, meteu-se em várias empresas, aflito por alcançar seus fins. E, por 20 anos consecutivos, ajuntou moeda sobre moeda, formando o patrimônio de alguns milhões.


Tiago, o mais velho, em explanação preciosa, falou sobre as ânsias de riqueza, tão comuns em todos os mortais, e, findo o interessante debate doméstico, Jesus comentou sorridente:

“Um homem temente a Deus e consagrado a retidão, leu muitos conselhos alusivos à prudência, e deliberou trabalhar, com afinco, de modo a reter um tesouro com que pudesse beneficiar a família. Depois de sentidas orações, meteu-se em várias empresas, aflito por alcançar seus fins. E, por 20 anos consecutivos, ajuntou moeda sobre moeda, formando o patrimônio de alguns milhões.

Quando parou de agir, a fim de apreciar a sua obra, reconheceu, com desapontamento, que todos os quadros da própria vida se haviam alterado, sem que ele mesmo percebesse.

O lar, dantes simples e alegre, adquirira feição sombria. A esposa fizera-se escrava de mil obrigações destinadas a matar o tempo; os filhos cochichavam entre si, consultando sobre a herança que a morte do pai lhes reservaria; a amizade fiel desertara; os vizinhos, acreditando-o completamente feliz, cercaram-no de inveja e ironia; as autoridades da localidade em que vivia obrigavam-no a dobradas atitudes de artifício, em desacordo com a sinceridade do seu coração. Os negociantes visitavam-no, a cada instante, propondo-lhe transações criminosas ou descabidas; servidores bajulavam-no, com declarado fingimento quando ao lado de seus ouvidos, para lhe amaldiçoarem o nome, por trás de portas semicerradas. Em razão de tantos distúrbios, era compelido a transformar a residência numa fortaleza, vigiando-se contra tudo e contra todos.

Sobrava-lhe tempo, agora, para registrar as moléstias do corpo e raramente passava algum dia sem as irritações do estômago ou sem dores de cabeça.

Em poucas semanas de meticulosa observação, concluiu que a fortuna trancafiada no cofre era motivo de desilusões e arrependimentos sem termo.

Em certa noite, porque não mais tolerasse as preocupações obcecantes do novo estado, orou em lágrimas, suplicando a inspiração do Senhor. Depois da comovente rogativa, eis que um anjo lhe aparece na tela evanescente do sonho e lhe diz, compadecido:

— Toda fortuna que corre, à maneira das águas cristalinas da fonte, é uma bênção viva, mas toda riqueza, em repouso inútil, é poço venenoso de águas estagnadas... Por que exigiste um rio, quando o simples copo d’água te sacia a sede? Como te animaste a guardar, ao redor de ti, celeiros tão recheados, quando alguns grãos de trigo te bastam à refeição? Que motivos te induziram a amontoar centenas de peles, em torno do lar, quando alguns fragmentos de lã te aquecem o corpo, em trânsito para o sepulcro?... Volta e converte a tua arca de moedas em cofre milagroso de salvação! Estende os júbilos do trabalho, cria escolas para a sementeira da luz espiritual e improvisa a alegria a muitos! Somente vale o dinheiro da Terra pelo bem que possa fazer!

Sob indizível espanto, o caçador de outro despertou transformado e, do dia seguinte em diante, passou a libertar as suas enormes reservas, para que todos os seus vizinhos tivessem junto dele, as bênçãos do serviço e do bom ânimo...

Desde o primeiro sinal de semelhante renovação, a esposa fixou-o com estranheza e revolta, os filhos odiaram-no e os seus próprios beneficiados o julgaram louco; todavia, robustecido e feliz, o milionário vigilante voltou a possuir no domicílio um santuário aberto e os gênios da alegria oculta passaram a viver em seu coração.

Silenciando o Mestre, Tiago, que comandava a palestra da noite, exclamou, entusiasta:

— Senhor, que ensinamento valioso e sublime!...

Jesus sorriu e respondeu:

— Sim, mas apenas para aqueles que tiverem “ouvidos de ouvir” e “olhos de ver”.

Extraído do livro “Jesus no lar”; espírito Neio Lúcio; médium Francisco Cândido Xavier

CENTRO ESPÍRITA CAMINHEIROS DO BEM – 62 ANOS
Fundado em 13/10/1957
Iluminando mentes – Consolando corações

Rua Presidente Backer, 14 – Olaria - Nova Friburgo – RJ
E-mail: caminheirosdobem@frionline.com.br
Programa Atualidade Espírita, do 8º CEU, na TV Zoom, canal 10 – sábados, 9h.

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Esferas superiores

terça-feira, 15 de setembro de 2020

Para pensar:

"Nunca se esquecem as lições aprendidas na dor.”

Provérbio africano

Para refletir:

“São curtos os limites que separam a resignação da hipocrisia.”

Francisco de Quevedo

Esferas superiores

A exatos dois meses das eleições municipais, o cenário que se desenha nem poderia ser chamado de atípico, porque a rigor já passamos há muito deste ponto.

O que temos, na verdade, é algo inédito por todos os lados que se olhe, e que dificilmente voltará a se repetir.

Para pensar:

"Nunca se esquecem as lições aprendidas na dor.”

Provérbio africano

Para refletir:

“São curtos os limites que separam a resignação da hipocrisia.”

Francisco de Quevedo

Esferas superiores

A exatos dois meses das eleições municipais, o cenário que se desenha nem poderia ser chamado de atípico, porque a rigor já passamos há muito deste ponto.

O que temos, na verdade, é algo inédito por todos os lados que se olhe, e que dificilmente voltará a se repetir.

Não apenas pela precarização do processo eleitoral em razão da Covid-19 (fenômeno mundial) ou pelo enorme número de pré-candidatos (fenômeno local), mas também pelos efeitos da polarização (fenômeno nacional) e pelas notícias que brotam da crise no Palácio Guanabara (fenômeno estadual).

Comunicação difícil

Como já dissemos em outras oportunidades, o vácuo de lideranças em Nova Friburgo redundou numa acentuada fragmentação política, e na consequente possibilidade de que venhamos a ter quase três vezes mais candidatos à prefeitura do que tivemos em 2016.

Isso, por si só, já tornaria muito mais difícil o período de campanha, demandando muito mais empenho por parte de assessorias, imprensa e da população para que as propostas de cada grupo venham a ser verdadeiramente conhecidas pelo eleitorado.

Mas claro que o cenário é ainda pior, dadas as severas limitações impostas pelo novo coronavírus.

Caminho fácil

Como resultado desta combinação, tem muita gente apostando em atalhos, na construção de personagens estereotipados, e na transferência de votos (e rejeições) a partir de esferas superiores.

Em especial a federal, dado o caráter polarizador da presidência da República em sua atual encarnação.

Disputa feroz

Pois bem, a coluna já manifestou seu entendimento de que, numa cultura eleitoral mais madura, a composição de cada grupo, o histórico de seus integrantes e a qualidade de suas propostas são - ou deveriam ser - fatores muito mais importantes do que apoiar ou criticar quem tão pouco contato terá conosco.

Mas, claro, nem todos pensam assim.

E a verdade é que este tipo de eleitor mais passional tem sido disputado a tapa entre candidaturas que pretendem morder a mesma fatia do bolo eleitoral.

Divisão

O voto bolsonarista, por exemplo, parece fadado a ser dividido entre algumas candidaturas paralelas.

Há, afinal, uma chapa apoiada pelo deputado federal Luiz Lima, outra apoiada pelo vice-presidente Hamilton Mourão e que conta com a simpatia (inclusive registrada em foto recente) do deputado federal Eduardo Bolsonaro, e ainda outra lançada pelo partido ao qual é filiado o senador Flávio Bolsonaro, com apoio deste.

Ou seja: para quem está apostando alto na transferência de votos a vida também parece que não será fácil.

No Rio (1)

E já que mencionamos o deputado Luiz Lima - o mais votado em Nova Friburgo nas eleições de 2018 -, ele acaba de ser apontado, em convenção do PSL, como pré-candidato da sigla à Prefeitura do Rio de Janeiro.

Até uma semana atrás o nome mais cotado para concorrer como vice na mesma chapa era o da ex-deputada Cristiane Brasil (PTB), filha de Roberto Jefferson.

No Rio (2)

Contudo, na última sexta-feira, 11, ela foi detida durante a segunda parte da operação Catarata, acusada de integrar um grupo político que teria fraudado licitações de quase R$ 120 milhões.

Assim, a chapa, que também conta com o apoio do PSD, terá como candidata a vice a advogada Flávia Ribeiro dos Santos.

Mais uma

Entre as convenções que já ocorreram, ficou faltando registrar mais uma: a do Partido Trabalhista Cristão (PTC), que aconteceu quarta-feira passada, 9, durante a qual foi confirmada a pré-candidatura a prefeito de Mariozam da Rádio, tendo Glayce Cardinot como vice.

Nas contas do colunista, portanto, o cenário atual indica algo entre 15 e 17 possíveis candidatos a prefeito.

Não vai ser nada fácil fazer a cobertura dos próximos 60 dias...

E o Legislativo?

Temos falado muito sobre o número de candidatos a prefeito, mas entre os que pleiteiam uma vaga na Câmara Municipal o cenário não é muito melhor.

Sem a possibilidade de realizar coligações os partidos tiveram de lançar nominatas próprias, e para isso recorreram a muitas candidaturas cuja verdadeira ambição é ajudar a obter legenda para eleger um ou dois nomes.

Não chega a ser novidade, mas o que sempre existiu agora se acentuou.

E, claro, quem se presta a esse serviço geralmente espera ser recompensado no futuro com alguma indicação política...

Saturação

Ao todo devemos ter algo próximo a 600 candidatos, o que dá uma ideia do nível de ruído que o eleitor terá de filtrar se quiser se concentrar nas propostas de quem mais parece lhe representar adequadamente.

Existe a perspectiva de que, a depender do contexto, tenhamos vereador eleito com menos de 400 votos, e prefeito com algo próximo a 20 mil, se tanto.

Levando-se em conta o tipo de desafio que aguarda a próxima gestão, definitivamente não é um cenário animador...

Absurdo

No mesmo fim de semana em que nossas vias registraram mais uma vida interrompida precocemente, enfatizando novamente o tipo de atenção que precisa ser dedicada a tornar mais seguro o tráfego em meio à nossa zona rural, câmeras registraram o momento em que alguém, na noite de sábado, 12, atravessou toda a Praça Getúlio Vargas em alta velocidade, dirigindo por sobre o espaço reservado à circulação de pessoas e animais.

Punição exemplar

Ao longo de todos estes anos à frente desta coluna, esta talvez tenha sido a situação mais absurda que já tivemos que narrar aqui.

Demonstração não apenas da mais profunda alienação, mas também da certeza da impunidade.

O tipo de vídeo que, ao viralizar, demanda por parte das autoridades uma resposta precisa, rápida e muito dura, sob a pena de reforçar a sensação de que, sim, nossas ruas são terra de ninguém e local desprotegido no qual imbecis podem ditar as próprias regras.

Isso simplesmente não pode ficar impune.

Desafio

De tanto olhar, a gente por vezes acaba se acostumando com a poluição visual que se espalha por nosso espaço urbano.

Basta, no entanto, retirarmos algumas arestas no photoshop para vermos como tudo poderia ser muito mais bonito e aconchegante, como nos mostra esta foto assinada pelo talentoso Henrique Pinheiro.

Em tempo: alguém consegue identificar onde a imagem foi feita?

Respostas na edição da próxima quinta-feira, 17. Boa sorte a todos.

Foto da galeria
(Foto: Henrique Pinheiro)
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A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

A VOZ DA SERRA é um passeio pelo mundo

terça-feira, 15 de setembro de 2020

Uma vez me perguntaram como é que eu faço para desenvolver meus textos e viajar na leitura do jornal. Respondi que começo sempre pelo Caderno Z, a plataforma de embarque. E a pessoa: Sim, mas e daí? É fácil começar? Com tantas indagações,  eu tive que ser muito sincera e explicar que há temas que desafiam a minha capacidade literária. A exemplo, estou diante de um desafio: a “gordofobia”. Temas assim, sobre estética, me desafiam, porque vejo as pessoas todas iguais. E sei que a nossa equipe de A VOZ DA SERRA e os leitores pensam do mesmo jeito.

Uma vez me perguntaram como é que eu faço para desenvolver meus textos e viajar na leitura do jornal. Respondi que começo sempre pelo Caderno Z, a plataforma de embarque. E a pessoa: Sim, mas e daí? É fácil começar? Com tantas indagações,  eu tive que ser muito sincera e explicar que há temas que desafiam a minha capacidade literária. A exemplo, estou diante de um desafio: a “gordofobia”. Temas assim, sobre estética, me desafiam, porque vejo as pessoas todas iguais. E sei que a nossa equipe de A VOZ DA SERRA e os leitores pensam do mesmo jeito. Entretanto, como nem todos são assim, é preciso abordar o assunto para ver se alguém, que goste de rotular ou padronizar o ser humano, se ligue e deixe de ditar modas e conceitos, principalmente, para a vida alheia.  

Na infância, eu ouvia conversas de adultos e era costume elogiar as pessoas robustas. Era um comentário agradável. Depois, o tempo foi passando e inventaram o modismo da magreza. Fora desse padrão, do sacrifício de queimar gorduras, a pessoa, muitas vezes, se sente fora do ninho. É chique olhar um prato apetitoso e se sentir tentado, porém, feliz por resistir e não quebrar uma dieta por puro modismo, diante de uma sociedade gordofóbica. Ninna e Giba estão na medida exata da sensatez: “A nossa régua pessoal não pode ser usada para medir o mundo. Respeitem a individualidade das pessoas”! Num universo infinitamente sem medidas, qual a razão de se querer emitir o tamanho ideal do ser humano? A pergunta fica no ar, com nota mil para o Caderno Z!

Em “Esportes”, Vinícius Gastin trouxe uma narrativa gostosa de se ler sobre a trajetória da nadadora Jhennifer Alves. A atleta friburguense está em alta, a todo vapor, para concorrer a premiações nas Olimpíadas de 2021. Mas antes disso, ela também concorre a colocações por sistema de anual de pontuação e na categoria “Craque da Galera”, que o público participa por votação, no site da Confederação Brasileira do Desporto Universitário. O torcedor pode votar até a próxima sexta-feira, 18. Sucesso, Jhennifer!

Não tem coisa mais calmante do que apreciar o bailado de uma pipa sob o céu azul de Nova Friburgo. O prazer não é só para quem assiste o espetáculo, pois quem comanda o show e “dá linha” é o protagonista que vivencia as emoções de ver sua presa livre e leve bailando, serenamente. Contudo, há uma série de recomendações no sentido de alertar sobre os perigos, em especial, como as pipas próximas de fios das redes de energia elétrica. Linha chilena e o cerol são altamente danosos. Todo cuidado é pouco!

As tarifas de ônibus continuam engarrafadas no valor de R$ 4.20. Os usuários ainda não sentiram o gostinho da nova tarifa com preço menor. O Ministério Público continua atento apurar a causa de a redução para R$ 3,95 não ter sido ainda efetivada. Em compensação, o transporte por aplicativo tem proposta de regulamentação, com vantagens não só para os profissionais, pois os usuários também ganharão. Aliás, as partes envolvidas sairão ganhando em mais segurança nos serviços.

Uma das coisas mais eficientes no decorrer desta pandemia é o sistema de dados estatísticos. Como é fácil expor os boletins com números precisos disso e daquilo! Também, pudera; tudo em função das tecnologias da computação. Eu nem vou entrar em questão com a bandeira de “baixo risco”. Sou apenas um grão de areia, imperceptível.

Em “Há 50 anos” explodia o preço do gás, sofrendo “majorações jamais vistas em todos os tempos”. A carne também subia semanalmente e a nota perguntava: “Onde iremos parar?”. Bem, a resposta é fácil: iríamos parar em 2020, com “cesta básica com preços nas alturas”. Não importa se é “Prato Fino” ou simples, mas o arroz disparou!

Em “Massimo” – um “tiro no pé” com a repercussão da notificação à banca de jornal em frente ao prédio do antigo Fórum, na Praça Getúlio Vargas. O uso indevido de propaganda na banca tem a finalidade de angariar fundos para cuidar de animais abandonados. A “Postura” implicou e os defensores da causa, muito justa, estão “botando banca”. Entre a cruz e a espada, há um ponto no meio do caminho: bom senso!

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Aniversariante do dia

terça-feira, 15 de setembro de 2020

Hoje, 15, quem está completando bem vividos 86 anos de idade, é o renomado e admirado friburguense, Sílvio Montechiari, o homem cuja bela história empresarial se mistura com o desenvolvimento do segmento de confecções que fez com que Nova Friburgo se transformasse na capital brasileira da moda íntima.

Ao estimado Sílvio Montechiari, na foto com o neto André, nossas felicitações pelo aniversário.

Vivas ao Abicalil

Hoje, 15, quem está completando bem vividos 86 anos de idade, é o renomado e admirado friburguense, Sílvio Montechiari, o homem cuja bela história empresarial se mistura com o desenvolvimento do segmento de confecções que fez com que Nova Friburgo se transformasse na capital brasileira da moda íntima.

Ao estimado Sílvio Montechiari, na foto com o neto André, nossas felicitações pelo aniversário.

Vivas ao Abicalil

Quem passou o último sábado, 12, recebendo manifestações de carinho e cumprimentos dos familiares e amigos, foi  o diretor-presidente de indústria Ferragens Haga, José Luiz Abicalil, que somou mais um ano de vida nesta data.

 Ao querido Abicalil, nossas congratulações com votos de mais e mais felicidades e sucessos.

Posse no Rotary Imperador

No último dia 9, o Rotary Clube Imperador, sob a dedicada presidência de Gustavo Jachelli, teve a satisfação compartilhada por todos os seus membros, de ter a posse de uma nova e já querida companheira: Carolina Neves dos Reis Monnerat (foto), que tem como sua madrinha naquele admirado clube de serviço, Elizabeth Ruiz de Castro.

Parabéns ao presidente Gustavo, à madrinha Elizabeth e a todos os rotarianos do Nova Friburgo Imperador por mais esta aquisição para seu quadro.

The End mesmo?

De fato, como muitos observaram e tantos outros comentaram, o prolongado fim de semana do feriado de 7 de setembro registrou superlotação em praias, restaurantes etc, o que deu a ideia de que a pandemia, pelo menos, para essas pessoas, já chegou ao fim.

Alguns, inclusive se baseando numa lógica que se não será perfeita, dará pelo menos para pensar, que passados umas duas ou três semanas daquele feriadão de aglomerações e não aumentar substancialmente os casos de Covid-19 ou óbitos, pode ser mesmo que este drama tenha chegado ao final de fato.

Aniversário chegando

No próximo domingo, 20, a amiga Valéria Faustino (foto) estará completando mais um ano de vida.

Por esta alegre razão, desde já esta coluna se unindo ao seus familiares, amigos e admiradores, antecipa os cumprimentos à querida mestra Valéria com votos de tudo de bom!

  • Foto da galeria

    Aniversariante do Dia (Sr. Silvio Montechiari junto ao neto)

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    Posse no Rotary Imperador (Carolina N. R. Monnerat)

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    Aniversário chegando (Professora Valéria Faustino)

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Ética e sagrada escritura

terça-feira, 15 de setembro de 2020

No mês dedicado à Sagrada Escritura, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) por meio da Comissão Bíblico-Catequética e o Serviço de Animação Bíblica propõe à Igreja no Brasil o estudo do Livro do Deuteronômio, apontando como lema a passagem bíblica que diz “Abre a tua mão para o teu irmão” (Dt 15, 11). Com tal lema, e diante da crise ético/moral em que vivemos no cenário pessoal, político e familiar, podemos refletir de modo abundante sobre como apontar caminhos de saída da dita crise marcada, sobretudo, pelo indiferentismo.

No mês dedicado à Sagrada Escritura, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) por meio da Comissão Bíblico-Catequética e o Serviço de Animação Bíblica propõe à Igreja no Brasil o estudo do Livro do Deuteronômio, apontando como lema a passagem bíblica que diz “Abre a tua mão para o teu irmão” (Dt 15, 11). Com tal lema, e diante da crise ético/moral em que vivemos no cenário pessoal, político e familiar, podemos refletir de modo abundante sobre como apontar caminhos de saída da dita crise marcada, sobretudo, pelo indiferentismo.

O texto do livreto do Serviço de Animação Bíblica esclarece o seguinte: “Apesar da centralidade do culto e da confirmação de que Israel é um povo eleito e santo, as exigências apresentadas (no Deuteronômio) não se restringem à relação entre Deus e o povo; pelo contrário, a eleição e a fidelidade à aliança se expressam na convivência humana, comunitária, fraterna, no estabelecer leis humanitárias e numa atenção especial às pessoas mais vulneráveis: o pobre, o órfão, a viúva, o estrangeiro (Dt 12 – 26)”. Portanto, o Deuteronômio não é somente um livro que sintetiza o que é fundamental para a fé do povo de Deus, mas também traz consigo um ethos, uma lei moral que visa estabelecer relações éticas entre os membros do povo, leis que humanizam.

Pode parecer que, por ser um livro escrito em um contexto de fé na categoria da revelação, ele não contenha uma reflexão ética pautada na razão tal como a ética no decorrer de 26 séculos de pensamento filosófico, desde a Grécia antiga até os tempos atuais. Mas se engana quem pensa assim, pois a fé no Deus de Israel não visava levar o povo a atitudes contrárias ao que é próprio do ser humano. Para tanto, devemos compreender o que é o ser humano e entendermos quais são as atitudes próprias de uma pessoa humana. Ou seja, sem uma adequada antropologia não poderá haver uma adequada reflexão ética e consequente conduta ética.

Recentemente, muitas reflexões têm surgido em torno do conceito de pessoa. O que é pessoa? Resumindo, pessoa tem a ver com relação. É um ser capaz de se relacionar. E muito mais, se não está aberta à relação com os semelhantes, não vem a tornar-se pessoa no sentido mais pleno da palavra. O ser humano foi criado para a relação e nunca chegará a ser plenamente ele mesmo se não se abrir ao que mais o edifica: a bondade. O ser humano bondoso é a mais plena realização do que vem a ser pessoa, pois a bondade quebra o indiferentismo, abre espaço generoso para a escuta, a caridade, a esmola e todo tipo de saída de si mesmo, jurando de morte o egoísmo.

No versículo 7 do capítulo 15 do livro em questão, lemos: “Se houver entre os teus um pobre, um irmão teu (...) não endureças o coração nem feches a mão ao teu irmão pobre”. Aqui está explicitada a fé do povo de Deus e a subsequente conduta moral: porque Deus é bom para com o povo, os membros do povo devem ser bons uns com os outros. A memória da bondade de Deus, do que ocorreu na história, serve de apoio reflexivo para a conduta do povo. Leia o que se segue: “Não defraudarás o direito do migrante e do órfão, nem tomarás como penhor roupas da viúva; recorda que foste escravo no Egito, e de lá o Senhor teu Deus te resgatou; por isso eu hoje te ordeno cumprir esta lei” (Dt 24, 17-18). 

Aqui está delineado um caminho a ser seguido sem medo e que desembocou numa reflexão ímpar na boca de Jesus, tornando-se a regra de ouro da ética cristã: “O que vós desejais que os outros vos façam, fazei-o também vós a eles” (Lc 6, 31). O que antes era justificado apenas na revelação, em Jesus torna-se lei justificada também pela razão, pois Deus se fez humano sem deixar de se revelar divino. Não mais cumprir a lei somente porque Deus agiu com bondade para com o povo. Também isto.

Mas a reflexão cresce e humaniza-se sem deixar de ser divina; e aquilo que era transcendente, sem o deixar de ser, torna-se imanente sem se adulterar, pois a suprema regra se encontra no amor ao próximo, como Cristo, feito homem, nos amou. Deste modo, podemos elencar várias leis de amor: Seja bom pois você também deseja a bondade; seja pacífico, pois você também deseja a paz; seja prudente em relação às palavras, pois você não deseja ouvir grosserias. Eis um caminho que pode solapar o indiferentismo.

Padre Celso Henrique Macedo Diniz é vigário paroquial da Catedral Diocesana São João Batista. Esta coluna é publicada às terças-feiras.  

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Cadê o autor?

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Eu já estava querendo escrever sobre este assunto faz tempo. Há vinte anos, fiz a montagem de peças de teatro como produtora e dramaturga. Na época, notei que nos cartazes e nos anúncios todos os integrantes tinham seus nomes em destaque, como o diretor, os atores, o figurinista. E o autor?, seu nome era o menos destacado, normalmente colocado sob título em tamanho da fonte reduzido. Às vezes, até no final do cartaz. Nos letreiros, raramente.  Eu me perguntei várias vezes porque tamanha discriminação? Afinal de contas, se não houvesse a criação e o trabalho do autor, a peça não existiria.

Eu já estava querendo escrever sobre este assunto faz tempo. Há vinte anos, fiz a montagem de peças de teatro como produtora e dramaturga. Na época, notei que nos cartazes e nos anúncios todos os integrantes tinham seus nomes em destaque, como o diretor, os atores, o figurinista. E o autor?, seu nome era o menos destacado, normalmente colocado sob título em tamanho da fonte reduzido. Às vezes, até no final do cartaz. Nos letreiros, raramente.  Eu me perguntei várias vezes porque tamanha discriminação? Afinal de contas, se não houvesse a criação e o trabalho do autor, a peça não existiria. Intrigada, para não dizer indignada, levantei a questão com outras pessoas envolvidas nas peças, que chegaram a discursar sobre a importância dada ao nome, e o primeiro argumento era para atrair o público. “Se o autor não é conhecido, não tem sentido evidenciá-lo, além do que não há espaço disponível para ter o nome do autor aumentado. De fato, o teatro e o cinema são resultados de um trabalho de equipe, se falta o autor, o iluminador ou mesmo o figurinista o espetáculo fica comprometido. Como também a produção precisa de recursos para custear o local de apresentação, a montagem e toda a equipe envolvida. 

O fazer da arte é um trabalho que tem de ser valorizado; todos os envolvidos precisam ser remunerados. Jamais pode ser encarada como um passatempo ou uma diversão, é um processo economicamente produtivo. Mesmo assim nenhuma justificativa sustenta o não reconhecimento do autor como criador da obra apresentada.

O cinema e o teatro fazem a concretização do texto literário, dando vida aos personagens, vivificando as cenas. O livro valoriza o autor, dá ênfase ao seu nome, à sua vida literária porque guarda em suas páginas o texto para ser degustado pela leitura. É a fusão do autor com sua obra. O teatro e o cinema, aqui incluo os filmes e as séries na televisão, possuem universos amplos e que envolvem equipes diversificadas. A produção do livro, neste sentido, é mais barata. Logicamente, não o estou subestimando. Longe disso. O autor por um custo bem menor constrói um texto e edita o livro, mesmo se computar suas horas de trabalho. Já as produções cinematográficas e teatrais são caríssimas. Certa vez, a encenação exigia que o chão do palco fosse coberto por uma borracha grossa para que os atores não escorregassem e caíssem em cena. Entre as tiras de borracha deveria ser passada uma fita crepe reforçada com cola dos dois lados para que as borrachas não corressem. Elas custavam o cachê de um ator. Enfim, são os ossos do ofício. .

A meu ver, o argumento que apresento não justifica o fato de o nome do autor ficar em segundo plano.  De fato, como disse anteriormente, as apresentações precisam arrecadar os valores necessários para custearem a obra encenada. Pois se o produtor não tomar todas as precauções necessárias, ele termina a temporada com dificuldades financeiras. E o autor não corre tamanho risco, a não ser que ele seja o produtor.

Enfim, é uma questão a ser refletida.   

 

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