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O que você pode fazer pela paz?

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Quem supervisionou a criação da primeira bomba atômica foi o físico Robert Oppenheimer. Ele se apresentou diante de um Comitê do Congresso nos Estados Unidos e ali o perguntaram se havia alguma defesa contra aquela bomba. Ele respondeu: “... Ela é a paz.” (Compilado por Paul Lee Tan, Enciclopedia of 7.700 Illustrations: Signs of the Times, Rockville, Maryland: Assurance Publishers, 1985, p.989).

Quem supervisionou a criação da primeira bomba atômica foi o físico Robert Oppenheimer. Ele se apresentou diante de um Comitê do Congresso nos Estados Unidos e ali o perguntaram se havia alguma defesa contra aquela bomba. Ele respondeu: “... Ela é a paz.” (Compilado por Paul Lee Tan, Enciclopedia of 7.700 Illustrations: Signs of the Times, Rockville, Maryland: Assurance Publishers, 1985, p.989).

Nunca conseguiremos paz no mundo? Desde que a história da humanidade passou a ser registrada, calcula-se que o mundo esteve completamente em paz apenas cerca de 8% do tempo. Pelo menos oito mil tratados de paz foram violados. Durante os 50 anos seguintes ao fim de Primeira Guerra Mundial, aquela que poderia ter acabado com todas as guerras, houve apenas dois minutos de paz para cada ano de guerra em nosso planeta.

Em 1895, Alfred Nobel, o inventor da dinamite, estabeleceu um fundo para criar um prêmio para indivíduos que dessem uma contribuição extraordinária à paz. Porém, nas últimas décadas, até alguns ganhadores do Nobel da Paz estiveram envolvidos em conflitos violentos. (“O nobre Príncipe da Paz”, Lição da Escola Sabatina - professor, 23 de janeiro 2021, p. 64, Casa Publicadora Brasileira).

Será que temos que matar as pessoas que matam outras para ensinar à sociedade que não se deve matar? Você pode não matar fisicamente uma pessoa, mas pode matar emocionalmente, desprezando-a, usando-a como um objeto de satisfação pessoal seja na busca de prazeres sexuais, seja para construir um império econômico.

Lá por 2005 havia uma série de pequenas lojas, incluindo um pequeno supermercado perto de onde eu morava, no Estado da Georgia, perto da fronteira com o Tennessee, nos Estados Unidos. Então, a maior rede de supermercados daquele país cheio de paradoxos, começou a construir mais uma filial ali pertinho. Conclusão: acabou com o pequeno negócio do humilde supermercado local. Por que donos de empresas bilionárias não saciam com o que já possuem e destroem a paz dos pequenos comerciantes?

Países são prejudicados devido à corrupção. Como vivem as pessoas dos países que possuem menos ladroagem dos seus governantes? Quando milhões de reais são desviados por governantes para fins pessoais, a população sofre desnecessariamente. Perde-se a paz e o progresso que poderia existir naquele município, estado, país.

Outra maneira de se destruir a paz é pela fofoca, falsas notícias, conhecidas hoje por fake news. Existem fake news disseminadas apenas por maldade pura, como os e-mails que chegam ao nosso computador que simulam ser de empresas conhecidas, e se você clicar onde é dito para fazer isso, seu computador irá adquirir algum vírus. E existem as fake news que servem para enganar a população, servem aos conflitos de interesses de uma minoria no poder, praticados tanto por indivíduos quanto por corporações.

Hoje você pode promover a paz. Como? Sendo verdadeiro. Não lançando fofocas por aí. Auxiliando algum necessitado de qualquer coisa. Cultivando gratidão. Abra a torneira da pia de sua cozinha. Sai água? Já pensou o que significa ter água nas torneiras de sua casa? Já pensou em que milhões de pessoas não possuem água encanada e tem que buscá-la com latas e galões muitas vezes em longas distâncias indo à pé? Tem muita coisa em nossa vida para sermos gratos, mesmo em meio à conflitos.

Você pode contribuir para a paz jogando o lixo no lixo, lendo algo educativo, cedendo a vez no trânsito, compartilhando alimentos e roupas, tomando decisões honestas em sua empresa, no uso de seu poder público, em seu negócio. Não vamos ter prefeita paz neste mundo antes do seu fim em breve. Mas hoje você e eu podemos cooperar para aliviar o sofrimento de alguém, de você mesmo também. Façamos isso.

 

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Potiguar, filho de carroceiro e lavadeira é empossado juiz no Pará

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Esse é um exemplo típico de que querer é poder e que cotas em universidades, nem sempre é o caminho mais adequado para formar universitários de gabarito. Francisco Walter Rêgo Batista, de 31 anos, é natural da cidade de Paus dos Ferros, no interior do Rio Grande do Norte, a 333 quilômetros da capital potiguar, Natal. Ele foi empossado, no último dia 8, como o mais novo juiz do Tribunal de Justiça do Pará.

Esse é um exemplo típico de que querer é poder e que cotas em universidades, nem sempre é o caminho mais adequado para formar universitários de gabarito. Francisco Walter Rêgo Batista, de 31 anos, é natural da cidade de Paus dos Ferros, no interior do Rio Grande do Norte, a 333 quilômetros da capital potiguar, Natal. Ele foi empossado, no último dia 8, como o mais novo juiz do Tribunal de Justiça do Pará. Trata-se do coroamento de um sonho que começou no ensino médio, quando ele vislumbrou, no Direito, uma maneira de melhorar a vida de sua família, seu pai carroceiro e sua mãe, agricultora e lavadeira.

A sua história difere de uma grande maioria de estudantes de Direito e mesmo de magistrados, pois desde o início frequentou as escolas públicas, fossem elas do primeiro e segundo graus e, do interior de uma escola do interior do estado do Rio Grande do Norte; além disso, lhe era vedada a frequência aos cursinhos preparatórios e, para ajudar os pais, teve de trabalhar durante todo o ensino médio. Não deve ter sido fácil, pois após seu trabalho numa movelaria, das 7h às 18h, ia para a escola estudar e se preparar para o futuro, ainda incerto. O cansaço foi sempre um companheiro inseparável, muitas vezes a prejudicar seu desempenho escolar.

Foi aí que entrou em sua vida um tio, que lhe propôs sair da movelaria e se dedicar, por completo, nos estudos preparatórios para o vestibular. Comprou para ele vários livros nos sebos da Natal. Como um verdadeiro autodidata, foi em busca de seu ideal e, em 2007, foi aprovado no curso de Direito da Universidade Federal da Paraíba, na primeira vez em que prestou o vestibular. Ainda não havia cotas e Enem, tendo ele competido com muitos alunos mais favorecidos, vindos de escolas particulares e de cursinhos pré-vestibulares. Walter, desde o início só frequentou escolas públicas, o que mostra, também, que por mais deficientes que elas possam ser, na visão de muitos, a vontade do aluno se sobrepõe às dificuldades.

Também é primordial a ajuda da família, pois como ele mesmo afirma, “meus pais sempre me apoiaram na realização dos meus sonhos, sempre pregando que os estudos levam o ser humano a lugares inimagináveis”. O curioso é que a sua trajetória inspirou o irmão, que também concluiu o curso de Direito e, hoje, atua como assessor de promotor de justiça.

No último dia 11 essa história teve um final feliz, quando Francisco Walter Rêgo Batista tomou posse no Tribunal de Justiça do Para. Essa é uma história de fé e perseverança, ainda mais que sabemos ser a Escola de Magistratura um funil com boca muito estreita, pois só os melhores e mais dotados conseguem o objetivo de se tornarem juízes com J maiúsculo, não como esses falsos magistrados que dão plantão no STF, uma verdadeira aberração da justiça brasileira.

A nossa torcida é para que esse mais novo juiz use a lei e sua própria experiência de vida no desempenho de suas funções. Afinal, ele sabe como ninguém como é viver sob condições financeiras precárias e que, independente de ser rico ou pobre, a lei deve ser igual para todos. Mas, ele tem consciência, também, de que a perseverança é o maior dom que o ser humano tem e que a fé move montanhas. No momento em que ele resolveu ir em busca de seu objetivo, nada o deteve. Que esse sentimento o faça um juiz diferenciado, que use a sua autoridade a bem da justiça e, não, para seu próprio proveito, como vemos acontecer com juízes togados e falsos juízes.

Parabéns Walter, pela sua trajetória de vida até aqui e que sua história sirva de lição para muitos jovens, que nas mesmas condições que você enfrentou, desistem pelo caminho.

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AVS não é religião, mas nos religa aos nobres sentimentos!

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Um tema mais do que emocionante! É assim que saúdo o Caderno Z do último fim de semana pela escolha do tema “Religião e as diversas formas de fé”. E logo de cara encontro o filósofo francês Pierre Teilhard de Chardin, por quem desenvolvi grande empatia em meus estudos na Ordem Rosacruz-Amorc. Sobre a espiritualidade, Chardin a considerava a “causa de união”, de buscas, de questionamentos e de, especialmente, “encontrar Deus em nosso interior durante a vida”. Esse encontro é também a busca de todas as religiões, cada uma a seu modo.

Um tema mais do que emocionante! É assim que saúdo o Caderno Z do último fim de semana pela escolha do tema “Religião e as diversas formas de fé”. E logo de cara encontro o filósofo francês Pierre Teilhard de Chardin, por quem desenvolvi grande empatia em meus estudos na Ordem Rosacruz-Amorc. Sobre a espiritualidade, Chardin a considerava a “causa de união”, de buscas, de questionamentos e de, especialmente, “encontrar Deus em nosso interior durante a vida”. Esse encontro é também a busca de todas as religiões, cada uma a seu modo. Allan Kardec “popularizou o espiritismo no Brasil” e dois nomes importantes se destacam em nosso país: Bezerra de Menezes e Francisco Cândido Xavier.

Martin Lutero, ordenado padre em 1507, rompeu com a Igreja Católica e deixou um legado religioso universal e Nova Friburgo possui a mais antiga Igreja Luterana da América Latina, fundada em 3 de maio de 1824. Sabendo-se que a “religião  começou a ser praticada desde a idade da pedra, sendo frequentemente utilizada para explicar os fenômenos da natureza”, em vários aspectos a religião precisou passar por adaptações, pois, muito do que lhe era atribuído, a ciência desvendou. E Jerusalém, “a cidade sagrada fundada pelo Rei David”? Independentemente de qualquer crença ou na sua ausência, o local, por si só, é consagrado pela riqueza de sua história. Ser ou não ser religioso pode não ser mais a questão, “porque as diversas formas de fé pelo mundo” estão buscando alicerçar as bases de um ser humano melhor, mais apurado. Mesmo assim, diante de algumas atrocidades, ainda nos perguntamos: “o que deu errado na humanidade?”.Voltemos, então, a Teilhard de Chardin: “Somos seres espirituais passando por uma experiência humana”. Isso é profundo e vale uma reflexão!

Saindo do “Z” com a energia espiritual revigorada, o mês de janeiro tem sido agraciado com aniversariantes de grande carisma: Vinicius Gastin, dia 19, Dalton Carestiato, dia 22, e Flávio Stern, nesta segunda-feira, 25. Entre tantos aniversariantes, cumprimentamos a concessionária Águas de Nova Friburgo por seus 12 anos de atuação. Há também o destaque de um aniversário muito importante, ou seja, os 103 anos da estimada Brigitte Schlupp, no último sábado, 23. Infelizmente, no domingo, 24, fomos impactados pelo seu falecimento. Que pena! Os sentimentos de pesar para a família são também para todos nós.

Em “Entrevista”, Guilherme Alt conversou com o secretário de Defesa Civil, Evi Gomes da Silva, que não nos trouxe boas notícias, pois, em nossa cidade há cerca de 30 mil pessoas “morando em situação de risco”. Mas, em compensação, todo o município está sob atenção da Defesa Civil e os bairros que possuem o sistema de alerta e alarme sonoro estão no foco de prevenção da secretaria, como destaca o secretário Evi. Atenção redobrada é mesmo imprescindível, pois, na última sexta-feira, 22, no bairro Três Irmãos, os moradores levaram um enorme susto com o desplacamento de pedras.

A bandeira vermelha continua tremulando em Nova Friburgo e o decreto municipal 879 “endureceu as regras da flexibilização...”. Entretanto, empresários da FEC-NF entregaram ao prefeito Johnny Maycon um documento com 24 medidas, todas viáveis, para o combate ao coronavírus. Parece que o grande problema ainda é conscientizar o grupo de maior risco, ou seja, os que não acreditam na pandemia. Em meio a tantos percalços, o “meme humano”, Felipe Ricotta, percorre as ruas da cidade, tocando e cantando suas músicas. Sem residência fixa, ele vive na estrada desde 2010.

Em “Há 50 anos”, a Sociedade Esportiva Friburguense completava seu Jubileu de Ouro. Dalton Carestiato presidia o clube, que festejou a efeméride com o Baile de Gala. Percorrendo a história, o “Clube da Colina”, nos ares de 2021, pode se orgulhar do Jubileu de Jequitibá. Cem anos de vida na vida de Nova Friburgo! Mesmo sem realizar outro baile de gala, por conta da pandemia, o acontecimento merece todos os louvores. Friburguenses, uni-vos! Palmas para a SEF! Parabéns!

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Aniversário da Conceição

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Aniversário da Conceição

No último domingo, 24, a admirada Conceição de Maria Pereira Carmo (foto), a piauiense de nascimento e friburguense de coração, passou o dia recebendo cumprimentos e manifestações de carinho por ter chegado a marca de 70 anos bem vividos, maior parte deste tempo ao lado do marido Oskar Albim Bertram.

A exemplo dos familiares e amigos da Conceição, enviamos nossas felicitações também, com desejos sinceros de muita saúde, paz, amor, alegrias e todas felicidades que ela bem merece.

E os respiradores?

Aniversário da Conceição

No último domingo, 24, a admirada Conceição de Maria Pereira Carmo (foto), a piauiense de nascimento e friburguense de coração, passou o dia recebendo cumprimentos e manifestações de carinho por ter chegado a marca de 70 anos bem vividos, maior parte deste tempo ao lado do marido Oskar Albim Bertram.

A exemplo dos familiares e amigos da Conceição, enviamos nossas felicitações também, com desejos sinceros de muita saúde, paz, amor, alegrias e todas felicidades que ela bem merece.

E os respiradores?

Independentemente de entrar no mérito da calamidade na saúde do estado do Amazonas, como se tem propalado com muitas mortes ocasionadas por faltas de cilindros de oxigênio, fica no ar uma dúvida.

Se a coluna tiver falando besteira que nos perdoem, mas achamos que se torna oportuna uma indagação que acho que pouca gente vem se atentando: cadê os antigos respiradores?

Estes tipos de equipamentos, que foram também objeto não só no Amazonas mas em muitos locais de falcatruas, não são mais falados como foram exaustivamente badalados há alguns meses para salvar pacientes acometidos pela Covid-19.

Vivas para o Robson

Amanhã, 27, o dia será do simpático e admirado dr. Robson Gomes Barcellos completar 56 anos de idade, o que será motivo de felicitações dos seus familiares e muitos amigos, entre os quais os da OAB-São Gonçalo, onde é conselheiro.

 Ao prezado Robson, na foto acompanhado de sua amada Tânia de Abreu Silveira, nossos cumprimentos com votos de felicidades.

Atração inclinada

Embora ainda não se saiba será acolhida ou não, a Diocese de Nova Friburgo parece já ter recebida uma sugestão tão simples quanto inusitada, com objetivo de criar um visual turístico a mais com relação a imponente Catedral São João Batista.

 A ideia sugerida, diz respeito a colocação de um prumo em ponto bem visível na fachada lateral da catedral, para que tantos os friburguenses, como os turistas, possam notar a inclinação do prédio. Seria um atrativo, a semelhante em termos de sentido, como a famosa atração italiana da Torre de Pisa.

Mais um do Cintra!

Um grande abraço de felicitações ao prezado amigo e figura por demais conhecida nos meios carnavalescos, esportivos, sociais e empresariais de Nova Friburgo, Marcelo de Souza Cintra (foto) que estreou nova idade no último domingo, dia 24. Felicidades!

Aniversariante desta 5ª feira

Na próxima quinta-feira, 28, o dia será do admirado amigo e um dos mais conceituados cirurgiões dentistas de Nova Friburgo, Dr. Jazão de Oliveira Ribeiro, trocar de idade.

Por esta razão, de total satisfação também dos seus familiares e amigos, antecipamos ao prezado Jazão os cumprimentos com votos de contínuas felicidades, sucesso e tudo de bom.

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“Eu vim pra que todos tenham vida” (Jo 10, 10)

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Há quase um ano, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarava que o surto causado pelo vírus SARS-CoV-2, popularmente conhecido como novo coronavírus, identificado numa província da República Popular da China, havia adquirido proporção mundial. Desde então, somos testemunhas de todos os esforços para combater a doença que se alastrava por todo o globo terrestre. Todas as atenções e preocupações voltavam-se à batalha de preservação da vida e aos colapsos sociais agravados pela pandemia.

Há quase um ano, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarava que o surto causado pelo vírus SARS-CoV-2, popularmente conhecido como novo coronavírus, identificado numa província da República Popular da China, havia adquirido proporção mundial. Desde então, somos testemunhas de todos os esforços para combater a doença que se alastrava por todo o globo terrestre. Todas as atenções e preocupações voltavam-se à batalha de preservação da vida e aos colapsos sociais agravados pela pandemia.

Tornou-se evidente que estamos imersos numa rede viciosa de interesses na qual valores como a dignidade humana, o bem comum e a preservação da vida estão sendo, cotidianamente, massacrados pela corrupção e pelo descaso. Já no início da pandemia, o Papa Francisco denunciava as ações que poderiam agravar ainda mais a situação, advertindo que deveriam ser enfrentadas com o mesmo vigor com que se propunha enfrentar o novo coronavírus.

“A tempestade desmascara a nossa vulnerabilidade e deixa a descoberto as falsas e supérfluas seguranças com que construímos os nossos programas, os nossos projetos, os nossos hábitos e prioridades. Mostra-nos como deixamos adormecido e abandonado aquilo que nutre, sustenta e dá força à nossa vida e à nossa comunidade” (Mensagem Urbi et Orbi, 27 mar. 2020).

O pontífice tem insistido que a crise mundial deve ser encarada com os anticorpos da fé, esperança e caridade. Somos chamados a exercer nosso protagonismo na luta. Apesar de todos os esforços da comunidade científica em se mobilizar no desenvolvimento da vacina, a grande massa parece não se importar com a crise e os perigos enfrentados pela humanidade.

É isso mesmo, não se pode apontar apenas um culpado para o agravamento da doença e para as incomensuráveis perdas causadas pelo vírus. De certo que cada qual deve ser responsabilizado no que diz respeito à sua função na organização da sociedade. Sem dúvidas, o discurso negacionista levou muitos a desacreditar da gravidade da doença. Entretanto, até mesmo entre os que são conscientes da seriedade da situação atual, movidos pela falta de constância, se vê atitudes irresponsáveis.

O texto bíblico do livro do Gênesis revela que uma das consequências do pecado é o isentar-se da responsabilidade. “A mulher que pusestes ao meu lado apresentou-me deste fruto, e eu comi... A serpente enganou-me – respondeu ela – e eu comi” (Gn 3, 12.13). É hora de deixar de apontar culpados e assumir nossa responsabilidade nesta luta. Tenho falado insistentemente que os pequenos atos podem salvar inúmeras vidas. A prevenção sempre será mais eficaz que o tratamento.

Retomemos, portanto, como aponta Francisco, aquilo que sustenta, nutre e dá vida à nossa comunidade. Na caridade fraterna cuidemos daqueles que nos foram confiados para que em breve possamos juntos celebrar a vitória da vida sobre a morte.

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Padre Aurecir Martins de Melo Junior é coordenador diocesano da Pastoral da Comunicação. Esta coluna é publicada às quartas-feiras. 

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Será que somos civilizados?

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Neste início de ano, em plena pandemia e entre tantos acontecimentos,
também por estar estressada e triste, quis aprofundar meus laços afetivos e
literários com os animais. Logo, na primeira semana, adotei uma cachorrinha
abandonada na estrada. Como me fez bem cuidar dela, tive a sensação de
estar resgatando o mundo dos seus males. Duas semanas depois, foi um
encantamento por um cavalo que vive sozinho num terreno. Que vontade estou
tendo de trazê-lo para casa e fazê-lo feliz.
Dedico esta coluna aos animais também por querer conhecê-los mais e

Neste início de ano, em plena pandemia e entre tantos acontecimentos,
também por estar estressada e triste, quis aprofundar meus laços afetivos e
literários com os animais. Logo, na primeira semana, adotei uma cachorrinha
abandonada na estrada. Como me fez bem cuidar dela, tive a sensação de
estar resgatando o mundo dos seus males. Duas semanas depois, foi um
encantamento por um cavalo que vive sozinho num terreno. Que vontade estou
tendo de trazê-lo para casa e fazê-lo feliz.
Dedico esta coluna aos animais também por querer conhecê-los mais e
entender um pouco melhor meus sentimentos. Ao escrever, vou pesquisar e
avaliar minhas sensações a respeito deles; a literatura sempre oferece meios
para que possamos ampliar nossos conhecimentos e sentidos de vida.
O primeiro livro que abracei foi o de Silvia Othof, Os Bichos que Tive,
editora Salamandra, 18ª. edição, em que a autora relata sua relação com os
animais quando criança. Nas primeiras páginas, perguntas me invadiram: por
que as crianças estabelecem uma relação de afeto tão plena com os animais e
de tamanha beleza? Por que alguns adultos não percebem o modo como os
animais vivem, o que sentem e de que forma olham para a vida? Ah, os
animais têm uma percepção que não temos. Às vezes, penso que são anjos
que vêm à Terra buscar aprimoramento e cuidar de outros seres, como nós.
Lendo Sylvia, eu me dei conta de que os animais, ao participarem do
processo de formação do ser humano, oferecem importantes contribuições. A
criança que convive com animais tem algo de diferente das que não convivem.
Eles são companheiros e tanto podem nos ensinar, posto que possuem
especial sabedoria que exigem de nós acuidade mental para que possamos
perceber intenções significativas às nossas necessidades em suas atitudes e
reações. Quando meu marido infartou, o olhar da minha cachorra Vênus
brilhava de modo diferente, reluzia. Ela sentiu, antes de todos nós, que a saúde
dele estava correndo riscos. O cavalo, ao perceber que eu estava estressada e
de luto pelo meu filho que faria aniversário se aqui estivesse e por uma amiga
de infância que partiu, aproximou-se, levantou sua cabeça sobre o arame

farpado e encostou seu focinho em mim. O que me fez tão bem, trouxe-me
afeto e alegria. Beto adorava animais!
A belíssima história de Beleza Negra, clássico da literatura inglesa, escrito
por Anne Sewel, publicado em 1877, livro que esteve na estante da casa da
mamãe enquanto minha irmã e eu éramos crianças. Como a leitura me tocou!
É um relato autobiográfico de um cavalo que sofre inúmeras crueldades ao
longo de sua vida. O pior que, infelizmente, a história é, hoje, vivida por cavalos
em todos os cantos do mundo. Vou até relê-lo para me tornar mais humana.
Outra obra que busquei foi a de Lygia Bojunga, Os Colegas, 48ª. edição,
editado pela José Olympio, que conta a história de cachorros de rua, Virinha,
Latinha, Flor, Voz de Cristal que vivem num terreno baldio, ao lado de um
coelho e outros animais. A história me remete aos cachorros que andam em
bandos pelas ruas e campos, suas difíceis vidas, brincadeiras e rivalidades.
Eles têm uma vida socialmente silenciosa, pouco considerada por nós, seres
civilizados. Mas será que somos mesmo?
Por último, “fui acolhida” pelo Angel Dogs: Anjos de Quatro Patas, de
Allen e Linda Anderson, editado pela Giz Editorial, em 2008. É um livro que
mostra que os cachorros não são apenas companheiros, mas guias espirituais.
Acho muito difícil trazer o cavalo para minha casa, mas vou estar atenta a
ele, pronta para compartilhar afeto. A cachorrinha e o cavalo trouxeram vida ao
meu mês de janeiro. Que bom!

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Em Friburgo é fabricado um dos melhores whiskies do mundo: Teacher

sábado, 23 de janeiro de 2021

Pesquisado por Thiago Lima
Edição de 23 a 24 de janeiro de 1971.

 

MANCHETES :

Pesquisado por Thiago Lima
Edição de 23 a 24 de janeiro de 1971.

 

MANCHETES :

  • Whisky Teacher é fabricado em Friburgo - Muita gente ainda não sabe, mas em Nova Friburgo é manipulado um dos melhores whiskies do mundo. Teacher é a grande marca, cuja matéria prima oriunda da lendária Escócia, é cuidadosamente preparada sob a responsabilidade da Wm Teacher & Sons Brasil - Importadora Industrial de Whisky Limitada - já está dominando o mercado nacional. Não se trata de uma bebida comum e colocada no mercado para concorrência. O Whisky Teacher está na faixa dos melhores e mais caros, o que, aliás, não poderia deixar de acontecer, porquanto seria impossível oferecer qualidade  nas mesmas condições dos do tipo sem padronização na escala dos primeiros colocados.
  • Dom Clement Isnard e a Fundação Educacional de Nova Friburgo - A VOZ DA SERRA publica edital de convocação do Conselho Curador da Fundação Educacional de Nova Friburgo, para uma reunião em que deverá ser formulada a lista tríplice a ser encaminhada ao prefeito que tomará posse no próximo dia 31 de janeiro. Na ocasião, será escolhido o novo presidente da entidade que supervisiona o ensino municipal. O reverendíssimo bispo diocesano Dom Clemente Isnard estaria vetado e que já está convidado o cidadão que o substituirá na direção da Fundação Educacional.
  • Contas de luz agora podem ser pagas em bancos - A Companhia de Eletricidade de Nova Friburgo (Cenf) avisa que para melhor atendimento aos seus usuários, as contas de consumo de energia elétrica, poderão ser pagas em qualquer agência bancária da cidade, até a data do seu vencimento ou em seu escritório na Praça Presidente Getúlio Vargas, 55, conforme conhecimento já divulgado, a partir das contas de janeiro de 1971. A empresa lembra também aos eletricistas e construtores, que todas as instalações elétricas de distribuição e/ou entrada de corrente, deverão obedecer aos padrões da Associação Brasileira de Normas Técnicas. Os pedidos de ligação de luz ou força, deverão vir acompanhados da planta respectiva.    

PÍLULAS:

  • A Sociedade Esportiva Friburguense está completando seu Jubileu de Ouro - meio século de existência em favor do recreativismo de nossa terra. A efeméride deve servir de orgulho aos associados e à diretoria do “Clube da Colina” atualmente presidido por Dalton Carestiato. O ponto máximo da programação será o Baile de Gala - século XVI-XIX - numa iniciativa corajosa, já que entre várias atrações, estão as orquestras Violinos do Rio e Music Love’s.  
  • Segundo informações, o Governo Federal, através do Ministério da Saúde, extinguiu o plano de saúde exatamente quando o mesmo estava prestando bons serviços ao povo da zona rural, única assistência no momento, recebida pela desprotegida classe dos lavradores. Embora com lacunas bem grandes, o P.N.S. atingia a uma faixa inteiramente fora de qualquer atenção governamental e isto já representa algo que uma simples penada não deveria poder liquidar. 
  • Ainda sobre o Plano Nacional de Saúde, não estamos vendo maior ação junto ao governo para que o mesmo não seja "liquidado", ou seja, sustada a ordem de paralisação. Não representa contestar o regime, reclamar algo ou clamar por alguma coisa, desde que, evidentemente, em termos respeitáveis. Pelo contrário, constitui obrigação das classes representativas e agrupadas legalmente, sugerir, solicitar, colocar os pontos nos is, esclarecer dúvidas, tornar-se auxiliares das autoridades e dos órgão governativos. 
  • O futuro presidente da Câmara Municipal, vereador Geraldo Pinheiro, no dia 21 de janeiro de 1971, quando foi eleito pelo seu partido para o dito cargo em reunião presidida pelo dr. juiz eleitoral, só entrará em exercício após o dia 31, mas já reclamou da extinção do plano de saúde, através de um telegrama. 

SOCIAIS: 

  • A VOZ DA SERRA registra os aniversários de: Dona Itala Meceni Longo (25); Rachid Namen e Wladymir Ventura (27); Alberto Juliano de Jorge, José Coelho do Babo, Dr. Manlio de Araújo e Tereza Cristina (28); Esperidião Mussi e Elza Luzia (29); Maria de Lourdes, Hilda Afonso, Januário Leal e Reynaldo Batista Eyer (30).
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Toda esperança do mundo

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Toda esperança do mundo caberia em uma seringa? Em um sinal de proteção e alívio? E eis que enquanto escrevia a coluna, recebi a informação de que tivemos a primeira pessoa vacinada em nossa cidade. Ufa! Mudei o rumo da prosa da semana. Óbvio! Como deixar de manifestar toda a esperança inerente à primeira agulhada tão perto de nós. Confesso que havia visto um helicóptero vermelho sobrevoando minha casa, quando tempos depois, soube que poderia ser ele a conduzir as doses de vacina para nossa região, senti-me emocionada.

Toda esperança do mundo caberia em uma seringa? Em um sinal de proteção e alívio? E eis que enquanto escrevia a coluna, recebi a informação de que tivemos a primeira pessoa vacinada em nossa cidade. Ufa! Mudei o rumo da prosa da semana. Óbvio! Como deixar de manifestar toda a esperança inerente à primeira agulhada tão perto de nós. Confesso que havia visto um helicóptero vermelho sobrevoando minha casa, quando tempos depois, soube que poderia ser ele a conduzir as doses de vacina para nossa região, senti-me emocionada. Sabe aquela sensação pueril, de infância, da criança que supõe ter visto o “trenó do Papai Noel no céu”? Pois bem. Foi uma sensação assim. Eu sei, a comparação não foi boa, mas o sentimento foi bom demais.

É claro que sabemos que é só o início de um processo longo. Complexo. Com muitas incógnitas. Temos plena consciência dos desafios grandiosos que seguem por vir. Mas toda vida importa. E cada sopro de esperança diante do caos, merece ser comemorado. O feixe de luz na escuridão significa a esperança de que tudo seja, num próximo instante, iluminado. E quem não quer a luz? Enxergar a saída do beco? Penso que a maioria de nós tem esse desejo, sobretudo diante de problemas aparentemente de difíceis soluções.

A experiência coletiva que vivenciamos no contexto pandêmico aliada às nossas experiências pessoais têm sido um desafio, para muitos, sem precedentes.  Dificílimo. Caminhamos por vezes sem saber o destino. Esperamos sem saber exatamente pelo quê. Agimos por impulso, por desespero, por medo. Deixamos de fazer coisas, ficamos inertes diante de uma série de situações. É realmente extremamente difícil lidar com o novo, sem cura, invisível, letal. Não nos ensinaram sobre isso em lugar algum. Estamos aprendendo na marra a enfrentar tudo isso em meio às demais crises que nos assolam no campo coletivo...crise política, econômica, social etc., e no campo individual...angústia, preocupação, doenças etc.

Não é fácil viver um dos capítulos mais importantes dos livros de história, biologia, estudos sociais, filosofia, química, matemática das gerações vindouras. Eu que trabalho com ciências jurídicas nas salas de aulas, já estou atravessando, profissionalmente, um desafio e tanto. Os contextos sensíveis e técnicos aglomerados demandam ainda mais estudo, responsabilidade e empatia.

 Diante de tudo isso, qualquer lampejo comprovadamente eficaz para manejarmos nossas expectativas e nos aproximarmos tanto quanto possível de uma vida habilitada ao “novo normal” emociona mesmo. Eu chorei de emoção. E pretendo ainda vivenciar a mesma emoção por muitas vezes. Um dia, a materialização da ciência chegará aos meus também. Espero. Enquanto isso, celebrarei cada vacina aplicada a cada cidadão ao mesmo tempo em que chorarei por cada ato irresponsável que atenta contra vidas humanas, por cada cidadão sem ar, por cada profissional de saúde que luta incessantemente e se expõe aos mais variados riscos, por cada família enlutada.

Por tudo de terrível que vem acontecendo. Já entendi que sorriso e lágrimas acontecem ao mesmo tempo, que esperança e dor são vizinhas e convivem bem no mesmo ser, no mesmo rosto.

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Você precisa sair da poupança!

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Já ouviu falar sobre o conceito de rentabilidade real? É fundamental entender esta ideia assim que você começa a pensar – com inteligência financeira – na saúde do seu dinheiro. Basicamente, este conceito inclui as taxas de inflação sobre a rentabilidade nominal (o número percentual correspondente ao potencial de lucratividade) a fim de entender se o poder de compra, após determinado período, está protegido ou ampliado. Vamos analisar o exemplo prático da caderneta de poupança e entender, de vez, este conceito.

Já ouviu falar sobre o conceito de rentabilidade real? É fundamental entender esta ideia assim que você começa a pensar – com inteligência financeira – na saúde do seu dinheiro. Basicamente, este conceito inclui as taxas de inflação sobre a rentabilidade nominal (o número percentual correspondente ao potencial de lucratividade) a fim de entender se o poder de compra, após determinado período, está protegido ou ampliado. Vamos analisar o exemplo prático da caderneta de poupança e entender, de vez, este conceito.

A propósito, se você tem dinheiro na caderneta e não sabia disso, não se desespere (mas também não perca mais tempo), pois vou apresentar algumas soluções no final deste texto. Partindo para a exemplificação dos termos presentes neste conceito, confira alguns dados referentes às cadernetas de poupança e a inflação de 2020: rentabilidade nominal: 2,09% ao ano; inflação (IPCA): 4,52% ao ano; rentabilidade real (rentabilidade nominal - inflação): - 2,43% ao ano.

Triste, mas é assim – “pelas beiradas” – que as ferramentas de concentração de renda agem sobre a sociedade; explorando a falta de conhecimento para potencializar as margens de lucro. Portanto, por que não mudar essa história? É o que me motiva a estar aqui todas as sextas-feiras há mais de 60 semanas seguidas: promover o conhecimento financeiro! Não podemos aceitar nosso dinheiro perdendo poder de compra enquanto a captação da caderneta segue batendo recordes. Em 2020, a captação líquida desta classe foi de R$166 bilhões; o recorde anterior era de R$ 71bilhões em 2013. Considerando os dados do ano passado e numa situação hipotética de toda a captação líquida ter sido alocada no dia 1º de janeiro, a população brasileira perdeu – em poder de compra – mais de R$ 4 bilhões. Um desrespeito social, já que a caderneta de poupança é o produto de investimento mais popular do país.

O descaso é ainda maior se considerarmos destrinchar o índice IPCA de inflação e analisar produto a produto, qual é a inflação real sentida pela maioria dos brasileiros. Contudo, nem tudo está acabado e existem muitas (sim, muitas) possibilidades de investimento mais rentáveis que a caderneta de poupança e – acredite – a mesma (sim, a mesma) segurança para o seu dinheiro. Antes de entrarmos nas bases de cálculo da rentabilidade destes investimentos, é importante entender o que os protege. No caso da caderneta de poupança e outros diversos títulos de renda fixa (como, por exemplo, os CDB, LCI e LCA, LC), a entidade responsável por assegurar seus investimentos é o Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Portanto, já que a segurança é a mesma, por que continuar na poupança?

Agora, continuando com exemplos práticos, vamos analisar a fórmula de cálculo da poupança. Rentabilidade = 70% da Selic + TR (taxa referencial, que há anos é igual a zero). Portanto, refaço a pergunta com alguns acréscimos, por que receber 70% da Selic se você pode investir diretamente em títulos público e ser remunerado em 100% da Selic?

Continuando o show de horrores (considere Selic e CDI como taxas numericamente idênticas), por que ser remunerado em 70% do CDI se você pode ter acesso aos principais CDBs do Brasil e ser remunerado em 200% do CDI e ter exatamente a mesma garantia sobre o seu dinheiro? A única resposta que consigo enxergar é a manipulação do acesso à educação financeira. Você que está comigo, tem a responsabilidade de informar, sempre, o maior número de pessoas ao seu redor. As ferramentas de concentração de renda estão sempre presentes no nosso cotidiano e precisamos lutar contra elas. Pense nisso com muito carinho.

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A ilustre presença de Machado de Assis em Nova Friburgo

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

A primeira vez que Machado de Assis esteve em Nova Friburgo foi em 1878, para tratar de uma estafa e de uma retinite. Desde a sua criação Nova Friburgo era um município conhecido pela salubridade de seu clima atraindo indivíduos que vinham se curar da tuberculose que afligia, pelo menos, um membro de cada família brasileira. Neste sentido, este município era uma estância de cura para onde se dirigiam os cariocas abastados ou morigerados para a convalescência da tísica ou de outros “incômodos”.

A primeira vez que Machado de Assis esteve em Nova Friburgo foi em 1878, para tratar de uma estafa e de uma retinite. Desde a sua criação Nova Friburgo era um município conhecido pela salubridade de seu clima atraindo indivíduos que vinham se curar da tuberculose que afligia, pelo menos, um membro de cada família brasileira. Neste sentido, este município era uma estância de cura para onde se dirigiam os cariocas abastados ou morigerados para a convalescência da tísica ou de outros “incômodos”.

Foram em duas correspondências com o escritor José Veríssimo, que estava naquela ocasião em Nova Friburgo, que Machado de Assis fez referência a sua convalescença na cidade serrana. A primeira carta data de 1 de dezembro de 1897. “Meu caro José Veríssimo(...) Estimei ler o que me diz dos bons efeitos de Nova Friburgo. A mim esse lugar para onde fui cadavérico há uns dezessete [dezenove] anos, e donde saí gordo, ce qu’on appelle gordo, há de sempre lembrar com saudades. Estou certo que lucrará muito, e todos os seus também, e invejo-lhes a temperatura...”

Já na segunda carta que data de 1º de fevereiro de 1901, escreveu: “Meu caro J. Veríssimo. Creio que se lembra de mim lá em cima [Nova Friburgo]; também eu me lembro de você cá em baixo, com a diferença que você tem as alamedas do belo parque para recordar os amigos, e eu tenho as ruas desta cidade. Li com inveja as notícias que me dá daí e dos seus dias gloriosos.(...) Nova Friburgo é terra abençoada. Foi aí que, depois de longa moléstia me refiz das carnes perdidas e do ânimo abatido. (...) consegui engordar como nunca...”

Em 16 de fevereiro de 1901, Machado escreveu: “...Pela outra sua [carta] vi que está passando bem, tão bem que até me quisera lá. Eu não menos quisera subir [para Nova Friburgo], apesar de carioca enragé; ao Sancho Pimentel, que há dias me convidava a acompanhá-lo, respondi com a verdade, isto é, que não posso deixar o meu posto.(...) Já tivemos frio! Verdade é que ter frio não é ter Nova Friburgo. A prova do benefício que lhe faz esse clima delicioso, com a vida que lhe corresponde, cá temos tido nas suas revistas literárias, que são para gulosos...”.

Buscando a melhora de uma moléstia da esposa, em janeiro de 1904, o escritor viajou para a salubre Nova Friburgo com Carolina Augusta Xavier de Novaes Machado de Assis, que padecia de uma infecção intestinal deixando-a anêmica. Em 1878 o casal se hospedara no Hotel Salusse, mas nesta segunda estadia optaram pelo Hotel Engert, que tinha instalações ajardinadas.

De Nova Friburgo, Machado de Assis escreveu em 14 de janeiro de 1904 a Veríssimo: “Minha mulher agradece-lhe igualmente os seus bons desejos, e espera, como eu, ganhar aqui o que se perdeu com a doença, se não é esta anemia que persiste ainda; o clima é bom e dizem que famoso para esta sorte de males.(...) Vim achar aqui alguma diferença do que era há vinte [vinte e seis] anos, não tal, porém, que pareça outra cousa. Há um jardim bem cuidado, e algo mais. O resto conserva-se. (...) Quanto ao algo novo, além do jardim público e árvores recém-plantadas, são uma dúzia de casas de residência e ruas começadas...” Em 17 de janeiro escreve ao amigo dando novas notícias da esposa. “...Minha mulher vai passando melhor, conquanto algumas pessoas amigas nos arrastassem a visitas e excursões e dessem conosco no teatro [Dona Eugênia], anteontem. O ar é bom, o calor não é mau, sem ser da mesma intensidade que o de lá [Rio de Janeiro], segundo contam e leio. Eu vou andando; não tenho a palestra do Garnier [livraria], e particularmente a nossa, mas você tem a arte de a fazer lembrar.”

Nas demais correspondências com Veríssimo, Machado ironizava escrevendo que do Hotel Engert ouvia as vozes secretas da Câmara Municipal, mencionava as chuvas constantes que lhes impediam os passeios, relatou uma missa e uma procissão, escreveu sobre o Colégio Anchieta em fase de construção, de suas saudades do Rio, de um conhecido de ambos que encontrou em Friburgo buscando a cura do filho e sobre uma febre que acometera o escritor. Mais uma vez ironizou: “Veja o que são as cousas deste mundo. Entrei com saúde em cidade, onde outros vêm convalescer de moléstia, e apanhei uma moléstia.”

Machado de Assis parece ter ficado em Nova Friburgo com a esposa por quase três meses, até quase o fim de março. No entanto, Carolina faleceu em outubro daquele ano.

Voltando no tempo, em 1893, discutia-se a mudança da capital do Estado do Rio de Janeiro, de Niterói para um município do interior. Nova Friburgo estava entre as cidades com boas chances de ser a sede do governo estadual. A este respeito escreveu Machado de Assis: “Também há quem indique Nova Friburgo e, se eu me deixasse levar pelas boas recordações dos hotéis Leuenroth e Salusse, não aconselharia outra cidade. Mas, além de não pertencer ao Estado (sou puro carioca), jamais iria contra a opinião dos meus concidadãos unicamente para satisfazer reminiscências culinárias. Nem só culinárias; mas também as tenho coreográficas... Oh! bons e saudosos bailes do salão Salusse! Convivas desse tempo, onde ides vós? Uns morreram, outros casaram, outros envelheceram; e, no meio de tanta fuga, é provável que alguns fugissem. Falo de quatorze [quinze] anos atrás. Resta ao menos este miserável escriba, que, em vez de lá estar outra vez, no alto da serra, aqui fica a comer-lhes o tempo.”

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