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A importância do contato mãe-bebê para o futuro da criança

quinta-feira, 04 de fevereiro de 2021

A infância é um tempo crucial para o desenvolvimento do cérebro. É vital que os bebês e seus pais sejam apoiados durante este tempo para promover o vínculo. Sem haver uma ligação inicial boa, as crianças são menos prováveis de crescerem para serem adultos felizes, independentes e resilientes. A etapa mais importante para o desenvolvimento do cérebro é o começo da vida, iniciando no ventre e então no primeiro ano de vida. Na idade de três anos, o cérebro de uma criança tem atingido quase 90% do tamanho adulto.

A infância é um tempo crucial para o desenvolvimento do cérebro. É vital que os bebês e seus pais sejam apoiados durante este tempo para promover o vínculo. Sem haver uma ligação inicial boa, as crianças são menos prováveis de crescerem para serem adultos felizes, independentes e resilientes. A etapa mais importante para o desenvolvimento do cérebro é o começo da vida, iniciando no ventre e então no primeiro ano de vida. Na idade de três anos, o cérebro de uma criança tem atingido quase 90% do tamanho adulto. Este rápido crescimento cerebral e de circuitos tem sido estimado numa espantosa taxa de 700 a 1.000 conexões de sinapses por segundo neste período da vida. Impressionante, não é? As experiências que o bebê tem com seus cuidadores são cruciais para a rede de neurônios e habilita milhões e milhões de novas conexões no cérebro para serem feitas. Interações e comunicações repetidas com as pessoas próximas ao bebê ajudam memórias e relacionamentos a se formarem. Se experiências positivas não ocorrem entre o bebê e seus pais, os circuitos cerebrais necessários para a vivência de experiências humanas normais podem ser perdidos. Isto é frequentemente referido como um princípio que diz “use-o ou perca-o”, no contexto do que estamos falando, significa: use o cérebro ou perca-o. Estudos de casos trágicos de crianças “selvagens” que sobreviveram com um mínimo de contato humano, ilustra a severa perda da linguagem e do desenvolvimento emocional na ausência de amor, linguagem e atenção. Do mesmo modo, ainda que bebês tenham uma profunda predisposição genética para unirem-se a um pai amoroso ou mãe amorosa, isto pode ser quebrado ou prejudicado se um pai, mãe ou outro cuidador do bebê for negligente, descuidado e inconsistente ou incoerente no lidar com a criança. Por exemplo, um dia a mãe abraça o bebê e o beija com carinho, e horas depois se irrita pelo cansaço e age com frieza com ele. Você faz isso com sua criança? Você descarrega suas frustrações com seu marido sobre seus filhos? Você grita ou bate nos seus filhos mais por causa da desavença com sua esposa do que por erros cometidos por eles? Se você faz isso mamãe, papai, é hora de parar com este abuso para não prejudicar o cérebro destas crianças e para não criar uma base psicológica ou emocional para doenças mentais no futuro. No artigo “Feridas que o tempo não cura. A neurobiologia do abuso na criança”, publicado na revista científica chamada “Cerebrum” no ano 2000, o cientista Teicher relatou as seguintes patologias ou doenças em crianças que sofreram negligência nos primeiros anos de vida: (1) Reduzido crescimento no hemisfério cerebral esquerdo o qual pode levar à aumento associado do risco de depressão. (2) Aumento da sensibilidade no sistema límbico o qual pode favorecer o surgimento de desordens de ansiedade. (3) Redução no crescimento do hipocampo que poderia contribuir para deficiências no aprendizado e na memória. Estes resultados foram confirmados por casos de extrema negligência e resultados de crianças vivendo em orfanatos na Romênia. O médico psiquiatra do Departamento de Psiquiatria da Criança e Adolescência da Universidade de Birmingham, de Londres, Inglaterra, Dr. Rutter e colaboradores, tiveram um artigo publicado em 1985 na revista inglesa de psiquiatria, The British Journal of Psychiatry, que é o resultado de estudos sobre o desenvolvimento de crianças de um orfanato na Romênia adotadas em idades diferentes por famílias amáveis. Quando cada criança tinha 6 anos de idade, os pesquisadores avaliaram que proporção das adotadas funcionavam normalmente. Eles encontraram que 69% das crianças adotadas antes dos seis meses de idade; 43% das adotadas entre sete meses e 2 anos de idade e somente 22% das adotadas entre 2 anos e 3 anos e meio de idade funcionavam normalmente. Este estudo destaca a importância do apoio dos pais para com os bebês nos cruciais primeiros anos de vida. Entretanto, os pais podem se preocupar com coisas que não são tão importantes para o desenvolvimento do cérebro de seus filhos, tais como dar a eles um quarto próprio, comprar muitos brinquedos e levá-los a passeios caros nos feriados. No lugar disto, o presente mais valioso para uma criança é grátis: é o amor, o tempo e o apoio dos pais. Isto não é um sentimento vazio, superficial, sem sentido. A ciência está agora mostrando o por que o cérebro do bebê precisa de amor mais do que qualquer outra coisa.

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Um americano maluco

quarta-feira, 03 de fevereiro de 2021

Mas depois que a boa velhinha voou para o céu, o melhor é deixá-la descansar em paz

Mas depois que a boa velhinha voou para o céu, o melhor é deixá-la descansar em paz

Embora nunca se tenha feito um levantamento científico sério, não tenho dúvida de que nos Estados Unidos está a maior concentração mundial de malucos. Afinal, os americanos são os maiorais em quase tudo, basta ver que nas calçadas de lá as pessoas têm que andar com cuidado para não esbarrar em algum ganhador do Nobel: cientistas, escritores, humanistas e mais uma fila interminável. Na última vez que vi a relação de vencedores, eles já tinham faturado o prêmio 352 vezes. O que nos consola é que até lugares que a gente nem sabia que existiam e muito menos que fossem países já alcançaram essa glória. É o caso de Santa Lúcia, que para mim não passava de uma clínica psiquiátrica, mas já faturou duas vezes (Literatura e Ciências Econômicas). Ainda há esperanças para o Brasil!

Apesar de ser tão importante e entregar aos contemplados uma grana preta (na verdade, nas cores do Euro), o prêmio não deixou de ser esnobado. Foi o que fez Lê Dúc Thou, do Vietname, que, tendo sido o Nobel da Paz em 1973, pediu que o deixassem em paz e não estendeu a casaca para receber a medalha nem a mão para pegar o dinheiro.

Os dados sobre os americanos, porém, são sempre superlativos. Certa vez li que se o resto do mundo comesse a mesma quantidade dos ianques a fome se alastraria (ainda mais!) pelo mundo. Se comparado, por exemplo, com um indiano, cada sobrinho do Tio Sam consome vinte vezes mais de tudo: água, eletricidade, papel higiênico e remédio, sem falar no uísque e provavelmente na cocaína. Portanto, não é de se estranhar e que, ao contrário, seja muito lógico que entre eles esteja a maior população de malucos do planeta. Para comprovar a tese, lembro o caso do sujeito que recentemente foi preso no Tenesse por estar arrobando túmulos num cemitério.

A coisa em si já é bastante doida, e ainda mais se agrava pelo motivo apresentado pelo arrombador. No fundo, um motivo muito nobre. Ele não estava arrancando dentes de ouro, nem profanando cadáveres, nem procurando algum Rolex que tivessem deixado cair no caixão na hora do sepultamento. Visto por um vigia noturno, o sujeito foi preso. Na delegacia, alegou que pretendia — simplesmente pretendia — ressuscitar a avó. Vejam vocês! Eu sempre soube que as avós fazem parte dos melhores momentos de nossa vida e, quando elas se vão, ficam para sempre entre as nossas mais doces lembranças. É só a gente pegar o álbum de fotografias ou, se você é mais jovem, o arquivo de fotos do celular para ver que não há momento algum de sua felicidade em que elas não estejam presentes, sorrindo na fotografia. Sim, amar a avó é compreensível e elogiável.  Elas merecem.  Mas depois que a boa velhinha voou para o céu, o melhor é deixá-la descansar em paz.

Ainda não está bem claro para que esse madman pretendia tirar a vovozinha do sono eterno. Talvez para pedir melhora na mesada, talvez para reclamar da pequena parte que lhe coube na herança, talvez para implorar perdão por alguma falta cometida. Fosse qual fosse o motivo, não creio que ela pudesse atendê-lo. Até porque, se lhe perguntassem se queria voltar ao mundo dos vivos, provavelmente ela, com a sabedoria que só os mortos podem ter, responderia citando o poeta baiano Leminski:

Vida e morte / amor e dúvida / dor e sorte / quem for louco / que volte.

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Cada edição de AVS é uma saudade a mais em nossa história!

terça-feira, 02 de fevereiro de 2021

Quando se fala em saudade, eu sinto que ela tem cheiro de alumínio lavado. Estranho? Nada de espanto, pois, na minha casa de infância, bebíamos água nas canequinhas de alumínio, que vovó, tão bem, mantinha ariadas. Saudade pode ser muita coisa e como disse Ana Borges, é pessoal e intransferível nas suas várias formas de manifestação. Em todos os idiomas é sentida, a começar pelo banzo, que os negros trouxeram, quando “removidos” de suas terras africanas. Na visão de Priscila Pasko, a saudade se traduz na arte, em canções, na literatura, coreografia, pinturas ou poemas.

Quando se fala em saudade, eu sinto que ela tem cheiro de alumínio lavado. Estranho? Nada de espanto, pois, na minha casa de infância, bebíamos água nas canequinhas de alumínio, que vovó, tão bem, mantinha ariadas. Saudade pode ser muita coisa e como disse Ana Borges, é pessoal e intransferível nas suas várias formas de manifestação. Em todos os idiomas é sentida, a começar pelo banzo, que os negros trouxeram, quando “removidos” de suas terras africanas. Na visão de Priscila Pasko, a saudade se traduz na arte, em canções, na literatura, coreografia, pinturas ou poemas.

Alan Andrade foi certeiro em sua explanação: “uma palavra difícil de traduzir” e ressalta que a “saudade pode deixar de ser algo benéfico e trazer consequências negativas, conforme nos apeguemos excessivamente ao passado”. Alan também conversou com o psiquiatra Danilo Cassane, e a entrevista rendeu boas considerações sobre a saudade: “Muitas pessoas acabam perdendo o gosto e o prazer de viver por ficarem presas às experiências vividas, que não poderão se repetir com a mesma intensidade”, alerta dr. Danilo. A saudade é um tema inesgotável e na página 8 do “Z”, estou eu, entre tantos bambas da literatura. Não sei quem vou destacar e, na dúvida,  vamos de Clarice Lispector: “Saudade é um pouco de fome... é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.”. Pablo Neruda: “Saudade é solidão acompanhada...”. Quanto a mim, a saudade fala tanto que eu nem preciso falar! E o Caderno Z, com seus temas maravilhosos, é um provocador de saudades, pois sempre nos deixa rastros de boas lembranças.

Deixando o Z, vamos ao passeio pelas notícias. A pandemia está em alta, mas a bandeira passou para a cor laranja. O prefeito comemora, em “risco moderado”, uma vitória questionável, e diz: “Vencemos o momento mais crítico da pandemia até aqui”. Eu sou apenas uma observadora das inseguranças e sempre ouvi dizer que “time que está ganhando não se mexe”. Então, se estava dando certo, por que a pressa de trocar de bandeira? O boletim da prefeitura divulga: “mais uma morte e 84 novos casos”.

Os restaurantes voltam a receber clientes com redução de 40% de sua capacidade. Os bares, com 30%, das 7h às 19h e o comércio voltando de segunda a sábado, das 10h às 19h.  A gravidade da pandemia é um fato inegável e dá até uma sensação de inveja do “olariense” Bernardo Nunes, que mora na Austrália desde 2016. Em entrevista para Fernando Moreira, Bernardo destacou: “É até bonito ver como a população australiana se uniu no enfretamento à Covid-19”. No Brasil, ao contrário, o povo se dividiu entre os que levam a sério e os que ignoram a pandemia. Lamentável essa divisão!

Enquanto isso, nossa nadadora Jhennifer Alves, que “mira a Seletiva Olímpica”, cobrou maior apoio da cidade em um desabafo: “Nova Friburgo possui grandes empresas, mas elas estão deixando a desejar um pouco com os grandes atletas”. Muitas coisas ficam assim mesmo, a desejar, esperando dias melhores, como a Praça Getúlio Vargas, à mercê de uma “sensação de insegurança”. A charge de Silvério diz tudo! Porém, ninguém se deixe vencer, pois, toda esperança tem vida própria e se sustenta até das incertezas.

Não é sem razão que a coluna “Há 50 anos” tenha tantos fãs. É saudade, minha gente! Lembrar fatos de um passado, nem tão distante, é um deleite. Algumas coisas eram melhores, mas, melhoramos muito. No Carnaval de 1971, por exemplo, o Country Clube, o Xadrez e a Sociedade Esportiva Friburguense programavam inúmeras atrações e seria o evento “mais animado de todos os tempos, em termos de ornamentação, iluminação e orquestras para os bailes”. Que saudade! Era um tempo feliz e a gente nem sabia. Ou sabia?

Entretanto, feliz estou eu, agora, completando sete anos da coluna Surpresas de Viagem. Com muita honra festejo a ocasião, por estar nas páginas de A VOZ DA SERRA, com meu passaporte de viagens pelo mundo inteiro. Quando me debruço sobre as páginas do jornal, eu viajo, em primeira classe, pelas estradas dos conhecimentos. Adriana Ventura e equipe, minha gratidão! Aos nossos leitores, muito grata pela companhia...

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Amanhã, o dia é da Ilana

terça-feira, 02 de fevereiro de 2021

Amanhã, o dia é da Ilana

Amanhã, 3, a quarta-feira será de satisfações de familiares e dos muitos amigos para a querida jovem da foto, Ilana Santos Guilland pela passagem do seu aniversário. No mês que vem, mais precisamente no dia 8, teremos mais parabéns para a Ilama, pois neste dia ocorrerá sua formatura no curso de graduação em Design, pela PUC.

 A coluna celebra a idade nova da Ilana se unindo no coro de parabéns com os pais da aniversariante, o jornalista Girlan Guilland e Rose e o irmão Ilan.

Jubileu de Diamante

Amanhã, o dia é da Ilana

Amanhã, 3, a quarta-feira será de satisfações de familiares e dos muitos amigos para a querida jovem da foto, Ilana Santos Guilland pela passagem do seu aniversário. No mês que vem, mais precisamente no dia 8, teremos mais parabéns para a Ilama, pois neste dia ocorrerá sua formatura no curso de graduação em Design, pela PUC.

 A coluna celebra a idade nova da Ilana se unindo no coro de parabéns com os pais da aniversariante, o jornalista Girlan Guilland e Rose e o irmão Ilan.

Jubileu de Diamante

Hoje, 2, é um dia importantíssimo para uma admirada agremiação carnavalesca de Nova Friburgo: o Grêmio Recreativo Alunos do Samba, de Conselheiro Paulino, completa 75 anos de esplêndida existência. Parabéns aos dirigentes, componentes, simpatizantes e torcedores da Alunão, a azul e branco da folia friburguense.

Parabéns, Luiz Carlos!

 Ainda em tempo de satisfação, apesar do pequeno atraso, nossas congratulações ao querido jovem e prezado leitor assíduo desta nossa coluna, Luiz Carlos Costa Júnior (foto).

Para satisfação e carinho todo especial de seus pais Linete e Luiz Carlos, irmãs Viviane e Cristiane, assim como sobrinha Sara, demais familiares e muitos amigos, o simpático Luiz Carlos aniversariou no último dia 29 de janeiro.

James aniversariou

Outro aniversariante que passou o último dia 29 recebendo cumprimentos por sua mudança de idade, foi o simpático coronel PM reformado, James de Barros, marido da delegada Danielle Bessa.

 A ele, que vem atuando em destacada função junto ao novo presidente da Câmara de Nova Friburgo vereador Wellington Moreira, nossos parabéns com votos de mais e mais felicidades.

Vivas para a Luana

Na próxima quinta-feira, 4, a Luana Gonçalves do Nascimento (foto) vai trocar de idade. Ela é técnica em enfermagem, cursa psicologia e adora tamborim, participando assim e sempre que possível, dos desfiles das escolas de samba de Nova Friburgo e também do Rio de Janeiro.

 À querida Luana nossas congratulações, com cumprimentos também extensivos a mãe Maristela e avó Neuza,

Mês de quatro

Embora fevereiro seja o menor mês de todos, este no entanto estará completo com relação a quantidade de quatro dias da semana.

Teremos este mês quatro segundas, quatro terças, quarto quartas, quatro quintas, quatro sextas-feiras, quatro sábados e quatro domingos.

Perdão pela troca!

Nossas desculpas aos amigos e leitores Marcelo de Souza Cintra, empresário e Jazão de Oliveira Ribeiro, cirurgião dentista.
Isso, por que em razão de um involuntário equivoco na montagem gráfica desta coluna na edição passada, a foto do primeiro saiu junto a nota de aniversário do segundo.

  • Foto da galeria

    Amanhã, o dia da Ilana = JOVEM ILANA S. GUILLAND

  • Foto da galeria

    Parabéns, Luiz Carlos! = RAPAZ LUIZ CARLOS COSTA JUNIOR

  • Foto da galeria

    Vivas para Luana = MOÇA LUANA GONÇALVES NASCIMENTO

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A perfeição cristã existe

terça-feira, 02 de fevereiro de 2021

Uma das mentiras contadas atualmente para nos fazer esquecer que a santidade é possível em seu estado perfeito na vida dos cristãos é essa: "esse é meu jeito, você precisa aceitar". Já refletiu sobre essa fala? Na boca de quem diz, demonstra soberba, desinteresse pela mudança, desprezo do amor e certeza de que não há o que melhorar. Aos ouvidos, soa como se fôssemos obrigados a aceitar qualquer tipo de mudanças para o melhor de nós mesmos.

Uma das mentiras contadas atualmente para nos fazer esquecer que a santidade é possível em seu estado perfeito na vida dos cristãos é essa: "esse é meu jeito, você precisa aceitar". Já refletiu sobre essa fala? Na boca de quem diz, demonstra soberba, desinteresse pela mudança, desprezo do amor e certeza de que não há o que melhorar. Aos ouvidos, soa como se fôssemos obrigados a aceitar qualquer tipo de mudanças para o melhor de nós mesmos.

Ao contrário, a vida dos santos sempre demonstrou que no início da conversão deve haver um desejo irrefreável de transformação de si mesmo, o qual é o despertar de uma nova forma de ver a meta da vida: ela foi feita para a união íntima com aquele que nos amou primeiro. E essa união é capaz de mudar tudo, pois é amor, entrega e reciprocidade. Aquele que limita sua vida ao seu “jeito de ser” não permite que o outro se introduza em sua história. É o fechamento para tudo que humaniza, pois um coração humano não foi criado para estar sozinho, ele precisa da presença do outro.

Mais uma mentira que impede de vermos a vida como um crescimento no amor e, por isso, uma mudança constante do jeito de ser, é permitir que os erros passados e a dificuldade de desapego dos mesmos se tornem um peso de culpa tão grande que impeça o olhar para a misericórdia divina, a qual é a verdade sobre nós mesmos mais que nossos tropeços.

Desfeitas as mentiras, é preciso ter uma boa disposição para a mudança. O primeiríssimo passo é a confissão dos pecados, meio ordinário para o estado de graça, de amizade com o Senhor, que garante valor para os esforços não serem em vão. O início da vida espiritual é a humilde confissão de nossas faltas graves, a luta para não voltarmos a elas e à firme resolução de desapego das coisas mundanas.

Já fez isso? Se não fez, lembre-se da brevidade da vida, da morte eterna no inferno, que são, pelo menos, meios imperfeitos para entrar no caminho da perfeição. Caso haja muito amor a Deus em você, esses passos podem ser adiantados. Geralmente, não havendo tal amor, alimente o desejo de agradar a Deus o quanto puder, que isso ajudará no desapego de tudo que possa atrapalhar.

No mais, é preciso muita força de vontade e lembrar que, hoje em dia, nem mesmo a ideia de um sofrimento eterno no inferno está causando medo nas pessoas. Quando sentem a necessidade de mudança, é porque tudo está dando errado na vida ou porque descobriram seus pecados mais escondidos, o que sugere falta de fé em Deus, que tudo vê. E já sabemos que sem fé é impossível agradar a Deus. A pessoa de fé, diante de uma decisão, se coloca, antes de tudo, perante a onisciência de Deus, pois teme o Senhor e deseja agrada-lo antes que aos homens.

Aliás, a virtude da fé não pode faltar no início da busca de perfeição, pois justamente ela nos faz enxergar a união com Deus como a verdadeira e única meta da vida. E quem começa uma jornada precisa saber para onde está indo. A fé não é escuridão, mas visão, ainda que imperfeita, do sentido da existência. Para saber se você a tem, pergunte-se: minhas mudanças têm origem em que experiência na vida? Se tudo o que te faz crer em Deus parte de situações mais ou menos desastrosas, é preciso amadurecer a fé por uma experiência íntima com o amor de Deus em Jesus Cristo.

Antes de terminar a reflexão, é preciso esclarecer que perfeição aqui não se trata de impecabilidade, ser politicamente correto, nunca se exaltar (isso é apatia) ou entrar numa forma que despreza a personalidade. Não! Ser perfeito cristão é buscar amar a Deus de todo o coração e não calcular a entrega da vida aos apelos do amor. Claro que é preciso romper com o pecado, todos sabemos (ou deveríamos saber). Mas, diante das diversas misérias humanas, o que prevalece é o amor que vai transformando.

Enfim, na oração, que nunca pode faltar na forma discursiva e apelante na vida dos iniciantes (via de regra, a maioria de nós está no início), peça a Jesus com insistência e esperança, o dom da verdadeira fé através de uma experiência de profundo perdão e amor. Quando tal experiência acontecer, o céu se abrirá, a graça chegará e os passos certos serão dados, pois a meta não será mais obscura. Coragem!

Padre Celso Henrique Diniz é vigário paroquial da Catedral São João Batista. Esta coluna é publicada às terças-feiras.

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O voo do livro infantil

segunda-feira, 01 de fevereiro de 2021

Faz tempo que não escrevo sobre a literatura infantil. Lendo alguns textos
e entrevistas de Ricardo Azevedo, mestre em Letras e doutor em Teoria
Literária, escritor e ilustrador, autor de aproximadamente cem livros de
literatura infantil, como Nossa rua tem um problema (1993), Dezenove poemas
desengonçados (1998) e Se eu fosse aquilo (2014), editados pela Ática, fui
carregada por ideias iluminadas sobre o escrever para crianças.
Tenho a impressão de quem escreve para crianças tem vontade de

Faz tempo que não escrevo sobre a literatura infantil. Lendo alguns textos
e entrevistas de Ricardo Azevedo, mestre em Letras e doutor em Teoria
Literária, escritor e ilustrador, autor de aproximadamente cem livros de
literatura infantil, como Nossa rua tem um problema (1993), Dezenove poemas
desengonçados (1998) e Se eu fosse aquilo (2014), editados pela Ática, fui
carregada por ideias iluminadas sobre o escrever para crianças.
Tenho a impressão de quem escreve para crianças tem vontade de
despertar a própria capacidade de imaginar. Também de dar as mãos ao
pequeno leitor e convidá-lo a passear pelo imaginário através de enredos
criativos, sensíveis e divertidos. É uma viagem em que o escritor e o leitor
interpretam os sentidos da vida, cada um ao seu modo e ao seu ponto de vista,
a partir de esforços para compreender as coisas deste mundo permeado por
diferenças, por situações, muitas vezes, ambíguas e incompatíveis com o ser
criança. Inclusive destrutivas. Os passos nos caminhos em que a fantasia
colore a realidade devem ser livres. Leves e desprendidos de preconceitos.
Porém respeitosos, responsáveis e equilibrados pelos valores humanos. Que
belo passeio pode-se dar no mundo maravilhoso de Alice no País das
Maravilhas, tão bem imaginado por Lewis Carol. O que se pode encontrar nas
As Aventuras de Pinóquio, guiada pelas ideias de Carlo Collodi? O que será
possível descobrir no O Sítio do Pica-Pau Amarelo, de Monteiro Lobato? Ah,
são tantas deliciosas viagens ao universo da imaginação!
O sentido da vida, as circunstâncias e as coisas deste mundo são
reveladas através dos livros, de modo que a realidade em que o leitor está
imerso é mostrada de modo lúdico. A literatura não é conclusiva, nem fonte de
lições. É vida e mais vida, a maior mestre de todos os tempos.
A individualidade da criança é preponderante aos olhos do escritor, que
jamais escreve para si. Um grande sedutor? Talvez tenha de sê-lo, bem como
hábil para transformar sua história num portal à reflexão de questões
relevantes, para inserir a criança no universo inquietante do pensamento

construtivo e fazê-la viajar pelos meandros do imaginário infantil. A literatura
infantil não pode ser depreciada ao âmbito das historinhas e dos livrinhos.
O livro infantil tem de voar mundo afora, carregando em suas páginas
ideias uivantes e coloridas. Fazedoras de homens valorosos.

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Adiado o primeiro vestibular da Faculdade de Odontologia, a Fonf

sábado, 30 de janeiro de 2021

Edição de 30 e 31 de janeiro de 1971
Pesquisado por Fernando Moreira

Manchetes:

Edição de 30 e 31 de janeiro de 1971
Pesquisado por Fernando Moreira

Manchetes:

  • Faculdade de Odontologia - Em nota oficial, a Fundação Educacional e Cultural de Nova Friburgo comunica o adiamento do exame vestibular de ingresso ao primeiro ano do curso de odontologia. O motivo é que devido a aprovação de funcionamento pelo Conselho Estadual de Educação do Estado do Rio de Janeiro e o consequente envio do processo às autoridades superiores para a competente homologação, o corpo docente da faculdde passou a trabalhar na organização do vestibular, com a abertura de inscrições que ultrapassou a casa dos 70 candidatos. Sabendo-se, de início, que pequenas formalidades junto às autoridades superiores seriam, prontamente, atendidas, foi autorizada a publicação do edital de convocação. Verificou-se que o documento autorizativo do Governo Federal não chegou em tempo hábil, por isso, através do prefeito Amâncio Mário de Azevedo, junto ao dr. Paulo Dutra de Castro, diretor do Ensino Médio e assessor do ministro da Educação, solicitou-se a edição de um decreto presidencial, o que está em vias de concretização. Portanto, o diretor da Faculdade de Odontologia, Miguel Bittencourt, afirmou não haver motivos para desconfiança, já que a faculdade é uma realidade em Nova Friburgo, 
  • Friburgo ganha novo sistema de abastecimento de água - A prefeitura confirmou a inauguração do novo sistema, classificado como a “obra do século” pela sua grandiosidade e utilidade. A inauguração deu-se na Estação Rodoviária, à Rua Alberto Braune, ao lado da prefeitura.
  • Atenção aos telefones e ônibus - É necessário que os responsáveis pelos serviços públicos - água, luz, transportes coletivos etc, mantenham vigília para que os veranistas e turistas que procuram Friburgo, daqui regressem candidatos a voltar todos os anos. Basta o sofrimento pelos enervantes problemas dos telefones e ônibus intermunicipais.
  • Governo estadual de Geremias Fontes inaugura novas obras - Solenidades especiais assinalarão, neste 1° de fevereiro, mais um aniversário do Governo estadual de Geremias de Mattos Fontes. Várias obras públicas serão inauguradas. 
  • Preparando o Carnaval 71 - Os três maiores clubes recreativos na nossa cidade – Country, Xadrez e Sociedade Friburguense – estão programando um sem número de atrações para o carnaval, que será o mais animado de todos os tempos, em termos de ornamentação, iluminação e orquestras para os bailes.

Pílulas:

Neste 31 de janeiro de 1971 com programação festiva deveria tomar posse o prefeito eleito, Feliciano Costa, o que não aconteceu por motivo de doença. A partir de então, grandes novidades estarão acontecendo nas searas da administração e da política de Friburgo. O novo titular da prefeitura é um timoneiro experimentado das causas públicas, homem politicamente independente de temperamento vibrante, ações decididas e que detesta que alguém queira teleguiá-lo. Sabemos que ficará por mais uns 15 dias fora do governo.

A extinção do plano de saúde representa algo de impressionante em matéria de decidir errado, de se vilipendiar sobre uma classe — a dos lavradores. A paralisação da assistência médico-hospitalar-odontológica aos indefesos homens que cuidam do amanho da terra, que totalmente desprotegidos estão clamando por providências de quem de direito acauteladoras de um mínimo de garantias para a saúde dos seus familiares, não parece coisa da época que atravessamos.

As obras que o delegado Amil Rechaid vem realizando na delegacia policial, na Vila Amélia, ultrapassam a tudo quanto de mais otimista possa ser pensado. Estão sendo erguidos alojamento para 60 presos, salas para refeições, recreio, gabinetes, secretaria, muros, enfim, uma soma de realizações. Tudo, exclusivamente à custa do próprio delegado, sem que qualquer verba de poderes públicos tenha sido recebida. O que lá está sendo feito é a humanização de uma prisão, até agora, imprópria, infecta, de envergonhar a todos, inclusive aos magistrados que tenham de mandar presos para aquilo que vem sendo apelidado de cadeia. Bravíssimo, Dr. Amil Rechaid!

Sociais:

  • A VOZ DA SERRA registra os aniversários de: Maria de Lourdes Cordeiro (30); Chamberlain Noé, Luiz Pinel Neto e Jair Folly (31); Roberto Rangel Ventura, Almir Ventura, Leonor Laginestra Quintaes, Hélio Freitas Madureira e Celina Spinelli Carvalho (1º de fevereiro); Celcyo Folly (2); Rosaly Azevedo (3); Jader Lugon, José Ventura, Cesar de Souza e Nair Figueiredo Bizzotto (4); Vitória Spinelli e Adriana Ferreira (5); Helio Tavares e Bernardo Nunes Pinto (6); Ivone Braune Yaggi (7). 

 

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Por menos imperativo e mais por favor

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Há quem tenha uma espécie de intolerância ao uso excessivo de verbos no modo imperativo. Eu sou uma dessas pessoas. “Faça. Pegue. Diga. Vá. Venha.” Dependendo do contexto em que essas palavras são ditas, não soam bem aos ouvidos.

O imperativo quando utilizado por aquele que fala ou escreve, comumente expressa a intenção de que seu interlocutor realize uma ação, em tom de ordem. O incômodo acontece quando o modo verbal é empregado em uma frase desacompanhado das palavras básicas da gentileza.

Há quem tenha uma espécie de intolerância ao uso excessivo de verbos no modo imperativo. Eu sou uma dessas pessoas. “Faça. Pegue. Diga. Vá. Venha.” Dependendo do contexto em que essas palavras são ditas, não soam bem aos ouvidos.

O imperativo quando utilizado por aquele que fala ou escreve, comumente expressa a intenção de que seu interlocutor realize uma ação, em tom de ordem. O incômodo acontece quando o modo verbal é empregado em uma frase desacompanhado das palavras básicas da gentileza.

Certamente, qualquer mandamento acompanhado por expressões cordiais surtirá efeito positivo se comparado a uma ordem seca. Uma ordem pode até (e provavelmente irá) resultar na execução da ação, mas certamente não provocará o melhor sentimento da pessoa. Tudo o que é dito e solicitado com simpatia tende a importar um resultado melhor, pois a ação pretendida possivelmente será desempenhada com mais boa vontade e alegria.

Basta comparar: “Fulano, faça isso!” e “Fulano, gostaria de que você fizesse isso, por favor.” Creio que a maioria das pessoas se sentiriam muito mais motivadas a fazer se lhes fosse solicitado com gentileza, como na segunda frase.

Desconfio que o tom excessivamente imperativo cause desconforto em todo e qualquer ouvinte ou leitor. Ao contrário, comunicação baseada na simpatia estimula um convívio mais cordial entre as pessoas. O quesito bem-estar deve estar agregado aos diálogos e às relações, sejam elas quais forem.

Não estou a questionar o uso da norma culta da língua, nem tampouco o emprego dos vocábulos e o uso escorreito da gramática. Acredito apenas que o sentido, o sentimento, a entoação e a intenção do comunicador impregnam as palavras, de modo que expressões grosseiras maculam as relações, gerando muitas vezes um mal-estar desnecessário.

Aposto no efeito da cortesia no trato com as pessoas, seja em qual ambiente for, no ambiente corporativo, nas relações de trabalho, no núcleo familiar, na comunicação entre amigos ou entre estranhos.

Por gentileza... Sejamos mais cordiais e sensíveis com o uso das palavras. Treinemos a prática de utilizar expressões de cordialidade, de educação. Apoiemos uma forma de falar sem constranger, sem impor indelicadamente, sem estressar a outra pessoa. Não se trata de certo e errado. É questão de seletividade e coerência. Dizer da forma como gostaria de ouvir, escrever da forma como gostaria de ler. Mais sutil. Mais respeitosa. Mais empática.

Concordo com Shakespeare quando disse: “Seja como for o que penses, creio que é melhor dizê-lo com boas palavras”.

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Democratização da informação financeira

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Compreender alguns conceitos e determinadas siglas do mercado financeiro é fundamental para garantir a democratização da informação financeira e a inserção social neste contexto. Portanto, pontuei 12 termos fundamentais para o leitor conhecer e ficar atento.

Amortização - redução gradual de uma dívida baseada em pagamentos periódicos. Além das taxas de juros, um financiamento calcula um determinado valor a ser pago para reduzir a quantia total da operação.

Compreender alguns conceitos e determinadas siglas do mercado financeiro é fundamental para garantir a democratização da informação financeira e a inserção social neste contexto. Portanto, pontuei 12 termos fundamentais para o leitor conhecer e ficar atento.

Amortização - redução gradual de uma dívida baseada em pagamentos periódicos. Além das taxas de juros, um financiamento calcula um determinado valor a ser pago para reduzir a quantia total da operação.

Ativo e Passivo - ativos são bens ou serviços que agregam rentabilidade; passivos, por sua vez, são bens ou serviços com carga de desvalorização e despesas com o passar do tempo.

CDB - Certificado de Depósito Bancário são títulos emitidos por instituições financeiras. Na prática, ao adquirir um destes títulos, o investidor está emprestando dinheiro em troca de uma rentabilidade predefinida.

CDI - Certificado de Depósito Interbancário é um dos principais indexadores (taxas de reajustes) dos ativos existentes no mercado financeiro. Taxa de referência para a realização de operações de empréstimos interbancários.

FGC -  Fundo Garantidor de Crédito é uma “entidade privada, sem fins lucrativos, destinada a administrar mecanismos de proteção a titulares de créditos contra instituições financeiras". É o FGC, o garantidor dos investimentos em renda fixa.

Ibovespa - é a carteira teórica da Bolsa de Valores brasileira, a B3. Composta por cerca de 70 das maiores empresas do Brasil, esta carteira representa o índice de referência da bolsa brasileira e serve como base para as análises de investidores.

IGPM - Índice Geral de Preços do Mercado é indicador de inflação e incide sobre a correção de valores contratuais (como, por exemplo, o aluguel).

IPCA - Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, é o índice oficial do Governo Federal para medir inflação e incide sobre a correção salarial.

Liquidez – O período de tempo entre investimento e resgate do capital, podendo haver lucro ou não.

PIB - O Produto Interno Bruto é um indicador de valor para soma de todos os bens e serviços finais produzidos por uma região em determinado período de tempo.O PIB per capta é este valor dividido pelo número de habitantes da região

Selic - O Sistema Especial de Liquidação e Custódia representa o sistema responsável pelo controle de emissão, compra e venda de títulos públicos federais; fazendo desta taxa, a principal ferramenta de controle inflacionário e outras medidas econômicas.      

Tesouro Direto - O Tesouro Direto é um título público emitido pelo Tesouro Nacional – órgão responsável, também, pela gestão da dívida pública. Ao comprar estes títulos, o investidor está emprestando dinheiro para o Governo Federal em troca de recebimento de juros (geralmente indexados ao IPCA e a Selic).

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Em memória de Brigitte Schlupp

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

A família de Brigitte Schlupp veio para o Brasil no início da década de 1920, se instalando inicialmente na Bahia, onde havia muitos imigrantes alemães. Brigitte nasceu na Alemanha, em 23 de janeiro de 1918, e possivelmente a família emigrou em razão da crise econômica na Alemanha provocada pela Primeira Guerra Mundial.

A família de Brigitte Schlupp veio para o Brasil no início da década de 1920, se instalando inicialmente na Bahia, onde havia muitos imigrantes alemães. Brigitte nasceu na Alemanha, em 23 de janeiro de 1918, e possivelmente a família emigrou em razão da crise econômica na Alemanha provocada pela Primeira Guerra Mundial.

Na Bahia se recorda de uma história que a mãe lhe contara. Certa feita sua mãe lhe pediu que fosse à rua comprar pão. Tinha aproximadamente cinco anos de idade. Uma mulher negra lhe pegou pela mão e a conduziu à sua casa, advertindo sua mãe: “Não se pode deixar uma menina branca ir sozinha na rua. Isso não é costume”.

Viveu sua adolescência no Rio de Janeiro, casando-se em Nova Friburgo com o pastor luterano Johannes Edward Schlupp, nascido em 19 de abril de 1911, igualmente na Alemanha. O casal veio para Nova Friburgo em 12 de fevereiro de 1937 e o pastor tinha uma missão árdua e importante na cidade serrana. Havia uma cisão no seio da Sociedade Alemã de Escola e Culto, em razão de um grupo liderado por Maximiliam Falck apoiar o Partido Nacional Socialista da Alemanha, criando inclusive uma base de apoio do regime nazista em Nova Friburgo.

Os dois grupos antagônicos pró e contra Adolf Hitler sequer se cumprimentavam na igreja Luterana. O pastor Schlupp conseguiu superar essa dissensão e pacificar a comunidade alemã. O Conselheiro Julius Arp, proprietário da Fábrica de Rendas Arp, pediu ao pastor que fixasse domicílio em Nova Friburgo para manter a unidade dos alemães e ele aceitou.

Nos seus 19 anos, Brigitte Schlupp se encantou com a cidade e se sentia muito familiarizada devido à presença de muitos alemães no município. Segundo Brigitte, os brasileiros eram muito pacientes. Como os alemães falavam com frequência a língua pátria entre si, os açougueiros e quitandeiros se adaptaram e já falavam alguma coisa em alemão com os seus fregueses.

Os alemães praticavam muitos esportes em Nova Friburgo, lembra. Brigitte fazia natação, jogava tênis, praticava ciclismo e chegou até a escalar o Pico das Agulhas Negras, com seu pai. Na vida cotidiana, a primeira geração de alemães comia apenas pratos de seu torrão natal. Brigitte somente comia arroz, feijão e angu na casa dos vizinhos. Porém, quando criou os seus filhos já os alimentava nos moldes da típica cozinha brasileira.

Em 1949, o pastor Schlupp adquiriu o Colégio Cêfel, que pertencera à Cooperativa Educacional Friburguense Evangélica fundada pelo pastor presbiteriano reverendo Trasilbo Filgueiras e posteriormente administrada por professores metodistas ligados à Associação Cristã de Moços. Este colégio se tornou um dos mais importantes estabelecimentos educacionais, da cidade, reconhecido pela qualidade de seu ensino.             Durante e após a Segunda Guerra Mundial (1939-45), os alemães foram muito hostilizados pela população de Nova Friburgo em razão do posicionamento da Alemanha neste conflito. Muitos foram presos, inclusive o pastor Schlupp, entre os anos de 1942 e 1943 e conduzidos à penitenciária de Niterói, onde ficaram detidos por três meses. Alguns foram enviados para a Ilha Grande.

A Igreja Luterana foi fechada e até mesmo o cemitério dos alemães interditado para visitas. Todo alemão que se deslocasse de um município a outro deveria apresentar um salvo-conduto expedido pelo subdelegado de polícia.

Brigitte, como os seus conterrâneos, não poderia mais falar o idioma pátrio em público. Segundo ela, ocorreu um fato pitoresco nesta ocasião. Uma alemã foi presa em Araruama por um motivo bizarro. Faltou luz em sua residência que ficava próxima à costa do mar e como não havia iluminação ela acendeu um lampião. Foi presa por suspeita de estar transmitindo informações por sinal a um submarino alemão.

Também se recorda do Teatro D. Eugênia e dos passeios nas alamedas da Praça Getúlio Vargas. Segundo ela, de um lado da alameda circulavam os ricos e na outra, os pobres, numa clara divisão de classes sociais. Lembra que antes das seis horas da manhã despertava com o som de toc-toc-toc dos tamancos dos operários dirigindo-se às inúmeras fábricas da cidade:

“As fábricas apitavam e os tamancos iam para a fábrica.” Depois vieram as bicicletas. Os industriais financiaram este veículo para os operários. Quando perguntada sobre a tuberculose, lembra-se que havia muitos tuberculosos e, por isso, não se podia tomar um cafezinho nos bares da cidade. A senhora tinha medo dos tuberculosos?, pergunto.

“Eu não, todo mundo tinha medo. E muitas vezes houve brigas porque o pessoal (marujos tuberculosos) lá do Sanatório (Naval) fugia à noite para fazer farra aqui na cidade. Isso era conhecido...”

Entrevistei Brigitte Schlupp quando ela tinha 92 anos de idade e perguntei-lhe sobre sua memória do trem. Ela me disse que tinha por hábito ir à estação de trem ver os veranistas chegarem, uma mania entre os friburguenses. Você conhece a piada do trem? pergunta.

“O pessoal de fora perguntava por que nasciam tantas crianças em Friburgo. Ah, isso é claro. O trem passa às dez horas (da noite) batendo o sino, pim pim pim, o pessoal acorda, não consegue mais dormir e então...”.  

Brigitte Schlupp faleceu esta semana aos 103 anos de idade. Sua alegria e docilidade deu-lhe longevidade.

  • Foto da galeria

    Brigitte Schlupp homenageada no bicentenário de Nova Friburgo.

  • Foto da galeria

    Brigitte Schlupp homenageada pela Câmara Municipal.

  • Foto da galeria

    O pastor luterano Johannes Edward Schlupp ao centro da foto.

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