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Será que você é mesmo diferente de quem você julga?

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Algumas pessoas são duras, ríspidas, autoritárias. Parecem um cacto, expondo os espinhos, os quais, na verdade, servem como defesa, nesta planta e nestas pessoas. Devemos julgá-las? Quem não tem este temperamento, é melhor que elas? O nome “cacto” surgiu há cerca de 300 anos antes de Cristo com o grego Teofrastus. Em seu trabalho Historia Plantarum, ele associa o nome cacto à plantas com fortes espinhos. Todos os cactos florescem, e certas espécies só dão flores após os 80 anos de idade. Depois da primeira floração, todo ano, na mesma época, as flores reaparecem.

Algumas pessoas são duras, ríspidas, autoritárias. Parecem um cacto, expondo os espinhos, os quais, na verdade, servem como defesa, nesta planta e nestas pessoas. Devemos julgá-las? Quem não tem este temperamento, é melhor que elas? O nome “cacto” surgiu há cerca de 300 anos antes de Cristo com o grego Teofrastus. Em seu trabalho Historia Plantarum, ele associa o nome cacto à plantas com fortes espinhos. Todos os cactos florescem, e certas espécies só dão flores após os 80 anos de idade. Depois da primeira floração, todo ano, na mesma época, as flores reaparecem.

Algumas espécies dão frutos comestíveis como o cacto mexicano Opuntia Ficus-indica, que produz o figo-da-índia. Apesar de 92% de sua estrutura ser água, a presença do cacto indica sempre solo pobre e seco. Um dia Jesus disse: “Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados.” Mateus 7:1 e 2. Muitos acham ter superior discernimento e assim criticam os motivos das pessoas. Com nossa mente finita e limitada não podemos ler a mente das pessoas. Nossa tendência é julgar pelas aparências e, então, podemos cometer graves erros. Somos imperfeitos, por isso não estamos qualificados para o julgamento de outros.

Os que tendem a criticar e tentam corrigir os outros, frequentemente possuem faltas que podem ser inconscientes para eles mesmos, faltas estas que podem ser piores do que aquelas que eles condenam nas pessoas. Será melhor evitarmos colocar o foco das conversas sobre faltas dos outros pois isto cria uma disposição infeliz.

Já que não podemos ler a mente das pessoas, é melhor não atribuir a elas motivos errados. Nem todos tiveram boa educação. Alguns vieram de lares quebrantados por abusos variados, gerando crianças duras, defensivas, autoritárias, como cactos cheio de espinhos, brotando palavras ríspidas facilmente. Quando crianças talvez copiaram este modelo de algum adulto que exercia forte influência sobre elas. E/ou aprenderam a ter “espinhos” para se defenderem dos abusos reais e do medo deles. Daí, os espinhos passaram a ser parte de seu ser.

Se o amor habita em nosso coração, os sentimentos e palavras serão amáveis para com as pessoas que (ainda) não sabem ser amáveis e dóceis, talvez porque ainda não percebem seus espinhos, não sabem abaixar a guarda e dialogar com serenidade. Talvez nosso amor para com elas seja o único caminho e remédio para que elas possam dar flor, ou seja, serem dóceis.

Comparar nós mesmos com qualquer pessoa não é sabedoria. Se você exige dos outros uma perfeição que você mesmo não possui, não é injusto? Não cria tensão no relacionamento? Muitas vezes julgamos as pessoas por erros que também cometemos ou por comportamentos que também possuímos, só que ainda não percebemos ou disfarçamos.

Nosso caráter é revelado pela maneira como tratamos os outros. Aquele que não sabe que não sabe, pensa que sabe. São os cegados pela malignidade os mais propensos a criticar e condenar. E podem possuir uma rebeldia maldosa em seu caráter. Lembre-se: a sentença que você passar para outros, estará sendo passada sobre você mesmo. Lembre-se também de que aqueles com quem você lida tem sensibilidades tão afiadas quanto as suas. Uma palavra amável, uma mão ajudadora, um braço sobre os ombros com compaixão, podem salvar estes “cactos” da ruína.

Demonstre misericórdia, bondade, simplicidade, paciência, perdão, e amor para com estas pessoas rudes. Algumas não conseguirão florescer nem mesmo depois de 80 anos porque não se interessam por isto, deixando sempre e somente os espinhos à vista e machucando a todos constantemente. Então, temos que nos proteger delas.

Outras aprenderão a abandonar seus espinhos e usar defesas mais adequadas ao se sentirem ameaçadas. Florescerão! Elas precisam de consciência (percepção) e escolha de comportamento melhor, como todos nós. Reflita seriamente sobre este pensamento: “Primeiro de tudo, olhe-se a si mesmo. Depois … olhe-se de novo.”

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Os espíritos influenciam os nossos pensamentos e atos?

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Para admitir a influência dos espíritos é necessário aceitar a ideia de que há espíritos e que estes sobrevivem à morte do corpo físico. A dúvida relativa à existência dos espíritos tem como causa principal a ignorância acerca da sua verdadeira natureza. […] Seja qual for a ideia que se faça dos espíritos, a crença neles necessariamente se baseia na existência de um princípio inteligente fora da matéria.

Para admitir a influência dos espíritos é necessário aceitar a ideia de que há espíritos e que estes sobrevivem à morte do corpo físico. A dúvida relativa à existência dos espíritos tem como causa principal a ignorância acerca da sua verdadeira natureza. […] Seja qual for a ideia que se faça dos espíritos, a crença neles necessariamente se baseia na existência de um princípio inteligente fora da matéria.

Na verdade, os espíritos exercem grande influência nos acontecimentos da vida. Essa influência pode ser oculta (sutil) ou claramente percebida. Pode ser boa ou má, fugaz ou duradoura. Não é nada miraculoso ou sobrenatural. Imaginamos erroneamente que a ação dos espíritos só se deva manifestar por fenômenos extraordinários. Gostaríamos que nos viessem ajudar por meio de milagres e sempre os representamos armados de uma varinha mágica. Mas não é assim, razão por que nos parece oculta a sua intervenção e muito natural o que se faz com o concurso deles.

Assim, por exemplo, eles provocarão o encontro de duas pessoas, que julgarão encontrar-se por acaso; inspirarão a alguém a ideia de passar por tal lugar; chamarão sua atenção para determinado ponto, se isso levar ao resultado que desejam, de tal modo que o homem, acreditando seguir apenas o próprio impulso, conserva sempre o seu livre-arbítrio.

 A influência dos espíritos é ocorrência comum, garantida pelos princípios da sintonia mental, pois “(…) é no mundo mental que se processa a gênese de todos os trabalhos da comunhão de espírito a espírito”, ensina Emmanuel. Contudo, antes de ser estabelecida a sintonia entre duas mentes, ocorre os processos de afinidade intelectual ou moral, ou ambas, pois “o homem permanece envolto em largo oceano de pensamentos, nutrindo-se de substância mental, em grande proporção. Toda criatura absorve, sem perceber, a influência alheia nos recursos imponderáveis que lhe equilibram a existência. E, mais, acrescenta o benfeitor:

 "A mente, em qualquer plano, emite e recebe, dá e recolhe, renovando-se constantemente para o alto destino que lhe compete atingir. Estamos assimilando correntes mentais, de maneira permanente. De modo imperceptível, ingerimos pensamentos, a cada instante, projetando, em torno de nossa individualidade, as forças que acalentamos em nós mesmos. […] Somos afetados pelas vibrações de paisagens, pessoas e coisas que cercam. Se nos confiamos às impressões alheias de enfermidade e amargura, apressadamente se nos altera o “tônus mental”, inclinando-nos à franca receptividade de moléstias indefiníveis. Se nos devotamos ao convívio com pessoas operosas e dinâmicas, encontramos valioso sustentáculo aos nossos propósitos de trabalho e realização. (…).

Referências: “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec e “O Livro dos Médiuns”, de Francisco Cândido Xavier.

CENTRO ESPÍRITA CAMINHEIROS DO BEM – 63 ANOS

Fundado em 13/10/1957

Iluminando mentes – Consolando corações

Rua Presidente Backer, 14 – Olaria - Nova Friburgo – RJ

E-mail: caminheirosdobem@frionline.com.br

Programa Atualidade Espírita, do 8º CEU, na TV Zoom, canal 10 – sábados, 9h.

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A VOZ DA SERRA garante a apoteose da informação!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Quando a televisão começou a se popularizar, alguns diziam: “Agora o rádio vai perder a vez!”. Realmente foi uma previsão naufragada pelas ondas médias e curtas do aparelhinho falante. Festejando o Dia Mundial do Rádio, último 13 de fevereiro, o Caderno Z do fim de semana passado, entre outros destaques, deu voz para uma história singular – os 75 anos da nossa Rádio Nova Friburgo, agora operando em frequência modulada. Ainda pequena, eu já sabia sintonizar a, então, Rádio Sociedade de Friburgo, a “Rádio Cipó Sempre Amiga” como era costume ser chamada antigamente.

Quando a televisão começou a se popularizar, alguns diziam: “Agora o rádio vai perder a vez!”. Realmente foi uma previsão naufragada pelas ondas médias e curtas do aparelhinho falante. Festejando o Dia Mundial do Rádio, último 13 de fevereiro, o Caderno Z do fim de semana passado, entre outros destaques, deu voz para uma história singular – os 75 anos da nossa Rádio Nova Friburgo, agora operando em frequência modulada. Ainda pequena, eu já sabia sintonizar a, então, Rádio Sociedade de Friburgo, a “Rádio Cipó Sempre Amiga” como era costume ser chamada antigamente. Eu me sinto feliz, pois tenho a honra de ser produtora e apresentadora do programa mais antigo que “ainda está no ar” naquela emissora, ou seja, o programa da União Brasileira de Trovadores, criado a partir dos Jogos Florais, no início da década de 1960.

Atuar no rádio é uma sensação sem igual, porque “tocar” o coração do ouvinte é a magia do radialismo. E o ouvinte é fiel, amigo, e se torna um fã incondicional!    Essa fidelidade acompanha Ernani Huguenin e Pedro Osmar. Ernani, por exemplo, com o seu bordão “não perca pela hora” não perde a hora e sempre sente saudades de sua “Nadinha”, a saudosa esposa Nádia Huguenin. Saudades que são nossas também. Pedro, que vivenciou todos os estágios do radialismo, destaca: “Para quem é apaixonado por rádio, como eu, foi um avanço pitoresco. Hoje podemos dizer que temos em Nova Friburgo uma das dez rádios mais modernas do Brasil”.

São muitos nomes a destacar, em especial, a nova geração dos locutores, como Vinicius Gastin, Gabriela Bini, Guto Soares e Fernando Moreira, agora no esporte. E o “Professor Pardal”, Carlos Reis, há mais de 50 anos colocando “a rádio no ar”. Que pessoa singular! Outro querido, operador de áudio, Rogério Dias, “meu editor na pandemia”, pessoa de bondade intensa. Salve a “Emissora das Montanhas” que ganhou o mundo!

Em março, a Rádio Sucesso FM completa 40 anos. No depoimento de sua diretora Hilda Teixeira Soares, sentimos o quanto o amor pode romper os desafios. Hilda ressalta que cumpriu sua missão com “sucesso”. A ela, ao seu filho Igor e a toda equipe, desde já, um feliz Jubileu de Esmeralda e parabéns pela história de sucesso!

É hora de deixar o “Z” e adentrarmos no cotidiano da pandemia. A Prefeitura de Nova Friburgo, anunciou na última sexta-feira, 12, que subiu para 9.799 o número total de casos confirmados de Covid-19, com aumento de 46 novos casos em um dia e um total de 289 mortes. No mesmo boletim, informou que há outros 30 pacientes com suspeita da doença, e destes, 19 estão em casa aguardando o resultado dos exames; seis estão internados e cinco óbitos continuam em investigação. E, mesmo assim, continuamos em bandeira amarela, sinalizando “pouco risco de contágio”. Eu não entendo essa métrica.

A injúria sofrida pela vereadora Maiara Felício demonstra como ainda há pessoas carecendo de uma reforma geral em seus procedimentos. Infelizmente, essa parcela mínima de indivíduos inconsequentes ainda consegue espaço para manifestar sua ignorância e desserviço à sociedade. Que a punição para atos dessa natureza seja um antídoto eficaz contra o veneno da estupidez das mentes franzinas.

O vice-prefeito Serginho, em entrevista concedida por e-mail ao jornal, destacou que para uma boa gestão é preciso “ter as pessoas certas em cada lugar”. Com disposição para o trabalho, Serginho demonstra que não medirá esforços para que a cidade melhore em todos os setores, “sem mágica ou varinha de condão”, é claro.

Mas... e o Carnaval sem carnaval? A bordo de uma pandemia que naufragou os sonhos e as esperanças,  o mês de fevereiro, este ano, perdeu o deslumbre da apoteose carnavalesca. A causa, mais do que compreensível, nem por isso deixou de ser um baque no calendário friburguense. O jornal trouxe figuras representativas do reinando de Momo e todas manifestando pesar pela suspensão dos festejos. Contudo, há um consenso de que não poderia ser diferente. Assim, nos resta vestir a fantasia de que tempos melhores virão, usando os adereços: máscara, álcool em gel, água e sabão, para o desfile do “Bloco do Eu Sozinho”, sem aglomerações. O silêncio de hoje há de ser os festejos do amanhã!

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Quaresma: nossa faxina anual e a Campanha da Fraternidade

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

A Quaresma é tempo de graça, revisão de vida e conversão que a Igreja anualmente nos oferece. Anselm Grün define a Quaresma como uma “faxina anual do corpo e da alma”. Trata-se, segundo ele, “de purificação, de uma limpeza geral da nossa casa, pensando em tudo o que podemos doar ou jogar fora”. Na faxina, além de se desfazer de tudo aquilo que nos atrapalha, temos a oportunidade de encontrar e reencontrar fatos e lembranças importantes que fizeram parte de nossa vida e ficaram esquecidas no tempo.

A Quaresma é tempo de graça, revisão de vida e conversão que a Igreja anualmente nos oferece. Anselm Grün define a Quaresma como uma “faxina anual do corpo e da alma”. Trata-se, segundo ele, “de purificação, de uma limpeza geral da nossa casa, pensando em tudo o que podemos doar ou jogar fora”. Na faxina, além de se desfazer de tudo aquilo que nos atrapalha, temos a oportunidade de encontrar e reencontrar fatos e lembranças importantes que fizeram parte de nossa vida e ficaram esquecidas no tempo.

A Quaresma é um retiro que nos introduz nessa corajosa aventura de entrarmos em contato com nós mesmos, avaliando como está a nossa relação com Deus, com o próximo, com as coisas e bens. É um itinerário que permite reconhecer e acolher com sinceridade os próprios limites e pedir a Deus a força para superá-los de modo gradativo e constante. O convite para a faxina geral é uma ocasião para reorganizar a nossa casa, transformando-a num ambiente saudável, acolhedor, de contentamento e realização pessoal. Trata-se de renascer para uma vida nova, mais leve e simplificada.

Ambiente “limpo” é ambiente saudável. Saúde interior, espiritual e moral é também saúde física! Penso que esta casa seja a nossa vida interior, que define o nosso modo de ser e agir, e precisa de revisão anual, mensal, semanal e diária. Esta é a proposta de Cristo: entrar com ele no deserto, enfrentar as tentações e renascer para uma vida nova.

No Brasil, há décadas, o percurso quaresmal da Igreja Católica é acompanhado por um tema que favorece a reflexão e a conversão, proposto pela Campanha da Fraternidade. Como o próprio nome diz, trata-se de algo que favoreça a fraternidade entre os seres humanos, tendo consciência de que tudo o que fazemos por amor a Cristo e com amor, favorece e promove a vida do semelhante. Resgatar o conceito de fraternidade é um imperativo, sobretudo numa realidade marcada pela “tentação” da divisão, intolerância, desrespeito, individualismo e indiferença. Fraternidade significa viver como irmãos e irmãs, buscando a unidade na diversidade.

Hoje, mais do que antes, diante de tantas tensões e agressões, precisamos resgatar o conceito de fraternidade. Afinal, “somos todos irmãos” (Papa Francisco). Por essa razão, a Quaresma nos propõe três práticas: esmola, oração e jejum. Esmola ou caridade, diz respeito à relação com o próximo: família, colegas de trabalho, amigos, inimigos, os que pensam de modo diferente de nós, os pobres, vulneráveis e necessitados.

Já a oração acentua a importância de se ter uma constante e saudável relação com Deus, Senhor de nossa vida e de nossa história. O jejum procura melhorar a relação consigo mesmo, por meio de uma vida pautada pelo equilíbrio e temperança, sem excessos. Trata-se de um tripé que, quando bem vivenciado, oferece as condições para que sejamos melhores e cheguemos à festa da Páscoa com um coração renovado, mais humano e fraterno. É o que chamamos de conversão, mudança no modo de pensar, agir e ser.

Neste ano, a Campanha da Fraternidade será ecumênica, com o tema “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”, e o lema “Cristo é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade”. O objetivo geral é “um convite às comunidades de fé e pessoas de boa vontade a pensarem, avaliarem e identificarem caminhos para superar as polarizações e violências através do diálogo amoroso, testemunhando a unidade na diversidade”.

Desejo a todos e todas um profícuo tempo de faxina quaresmal e desejo sincero de conversão, com respeito e vivência concreta do tema da Campanha da Fraternidade Ecumênica: “Cristo é a nossa Paz”. Para que a Quaresma seja um tempo de graça (kairótico) é necessário que seja também um tempo kenótico (esvaziamento) de tudo o que prejudica o diálogo e a unidade. Com minha benção e gratidão, unidos no amor de Cristo,

Dom Luiz Antonio Lopes Ricci é bispo diocesano de Nova Friburgo. 

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A música carnavalesca esbanja literatura

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Não é porque estamos em tempos de pandemia que o carnaval vai se encolher pelas frestas da cidade como um refugiado, que procura pequenos espaços para eclodir em vida. Ah, o carnaval é solene! Triunfa nas ruas como uma festa popular que inunda cidades do planeta há séculos. No Brasil, chegou nos tempos coloniais e se enraizou. Entretanto, neste ano de 2021, como forma de preservar a saúde, o carnaval vai vibrar no brasileiro de outras formas, já que seu coração bate no ritmo do bumbo. Mesmo os que não brincam nos blocos, mas cantarolam, movimentando os pés ou as mãos ao som do samba. 

Não é porque estamos em tempos de pandemia que o carnaval vai se encolher pelas frestas da cidade como um refugiado, que procura pequenos espaços para eclodir em vida. Ah, o carnaval é solene! Triunfa nas ruas como uma festa popular que inunda cidades do planeta há séculos. No Brasil, chegou nos tempos coloniais e se enraizou. Entretanto, neste ano de 2021, como forma de preservar a saúde, o carnaval vai vibrar no brasileiro de outras formas, já que seu coração bate no ritmo do bumbo. Mesmo os que não brincam nos blocos, mas cantarolam, movimentando os pés ou as mãos ao som do samba. 

O espírito carnavalesco vai além da liberdade, do prazer e do gingado. Pousa como um colibri na inspiração dos autores das letras de carnaval, que buscam no quotidiano do povo e na história motivos para criarem poemas que vão se eternizar nas melodias. O samba é um símbolo relevante do carnaval, que surgiu na cidade do Rio de Janeiro, no Estácio. O primeiro samba gravado no Brasil foi Pelo Telefone, em 1917, cuja letra foi criada por Mauro de Almeida. Até hoje é cantado nos cortejos e blocos carnavalescos.

O chefe da polícia

Pelo telefone

Mandou me avisar

Que com alegria

Não se questione

Para brincar

Os desfiles de escolas de samba são puxados pelo samba-enredo, de modo que todos os integrantes seguem cantando, dançando e interpretando um tema, dando estilo e alegria ao desfile. São poesias que contam histórias, fazem reverência às personalidades que construíram ou ainda constroem a vida de um lugar. Que mostram fatos culturais que influenciam modos de ser e de fazer de um povo. Enfim, é uma construção literária que envolve pesquisa, ritmo musical e, acima de tudo, o amor ao carnaval.

O Clube Vivências, organizado por Márcia Lobosco, está brindando este carnaval com a leitura de sambas-enredos, lidos e interpretados pelas participantes. Além de ser um momento delicioso, ao lê-los e escutá-los diariamente percebemos a beleza dos seus versos, a mensagem que engrandece a vida, as pessoas e o lugar. Ela nos faz a cada interpretação beber a expressão carnavalesca numa das mais alegres fontes literárias.

 

Samba-enredo da Mangueira 1986

Caymmi Mostra ao Mundo o que a Bahia e a Mangueira Têm

 

Tem xim-xim e acarajé

Tamborim e samba no pé

 

Mangueira vê nos céus dos orixás

O horizonte rosa no verde do mar

A alvorada veste a fantasia

Pra exalar Caymmi e a velha Bahia ô ô ô

Quanto esplendor

Nas igrejas soam hinos de louvor

E pelos terreiros de magia

O ecoar anuncia o novo dia

Nessa terra fascinante

A capoeira foi morar

 

O mundo se encanta

O mundo se encanta

Com as cantigas que fazem sonhar

Com as cantigas que fazem sonhar

 

Lua cheia

Leva a jangada pro mar

Oh! sereia

Como é belo teu cantar

Das estrelas

A mais linda está no gantois

Mangueira berço do samba

Caymmi a inspiração

Que mora no meu coração

Bahia terra sagrada

Iemanjá, Iansã

Mangueira super campeã

 

Para finalizar, deixo a deliciosa poesia da marchinha de carnaval, Máscara Negra, de Zé Keti.

Tanto riso, oh quanta alegria

Mais de mil palhaços no salão

Arlequim está chorando pelo amor da

Colombina

No meio da multidão

 

Foi bom te ver outra vez

Tá fazendo um ano

Foi no carnaval que passou

Eu sou aquele pierrô

Que te abraçou

Que te beijou, meu amor

Na mesma máscara negra

Que te esconde o teu rosto

Eu quero matar a saudade

Vou beijar-te agora

Não me leve a mal

Hoje é carnaval

 

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Carnaval 71 deve atrair mais de 40 mil turistas a Friburgo

sábado, 13 de fevereiro de 2021

Edição de 13 e 14 de fevereiro de 1971
Pesquisado por Fernando Moreira

Manchetes:

Edição de 13 e 14 de fevereiro de 1971
Pesquisado por Fernando Moreira

Manchetes:

  • Prefeitura, clubes, escolas de samba e blocos - Todos unidos formam uma possante vanguarda para o grande êxito do carnaval friburguense. Tudo indica que o reinado de Momo carreará mais de 40 mil turistas, batendo todos os recordes de público nos animados festejos carnavalescos.
  • Xadrez, Sociedade e Country, as grandes peças do carnaval; escolas de samba e blocos, os grandes sacrificados - O Clube de Xadrez, a Sociedade Esportiva Friburguense e o Nova Friburgo Country Clube representam, de fato, as grandes peças do  carnaval interno. A contribuição desses clubes é notável, já que no resto, geralmente não há muito o que destacar, embora os clubes modestos cumpram uma missão importante junto às classes menos favorecidas. Outro motivo de fundamental importância para o prestígio dos animados carnavais são as escolas de samba, os ranchos e os blocos, mantidos por foliões sustentados à duras penas por modestas contribuições e quase sempre por migalhas da administração municipal insensível ao sacrifício e idealismo de uns dedicados grupos. 
  • Carnaval no Country Clube - Entusiasmo total de todos os diretores do Nova Friburgo Country Clube no sentido de promover o maior carnaval friburguense de todos os tempos com o tema “Primavera de Cores”. Espera-se 20 mil pessoas nos quatro dias de momo. O presidente do Country, Walter Soares da Cunha está otimista com o êxito do evento, já que mesas e camarotes esgotaram-se rapidamente.
  • Jubileu de Ouro - A Sociedade Esportiva Friburguense, através de seu presidente Dalton Carestiato, convida as autoridades militares, civis e eclesiásticas, assim como aos associados, imprensa e integrantes de qualquer categoria da mesma organização, para a inauguração das novas instalações: vestiários, banhos turco e sauna em sua sede à Avenida Galdino do Valle.  

Pílulas

  • O prefeito de Friburgo, Feliciano Costa, que tomou posse do cargo em leito de hospital, ainda não está perfeitamente curado e em condições de comparecer à prefeitura. A informação que temos é a de que o querido homem público passa bem e está em fase de recuperação.
  • Ainda não foi designado o novo chefe da Assessoria de Imprensa e Divulgação da Prefeitura de Friburgo. Causa espécie que, em tão importante setor, a designação do seu titular seja posta em plano secundário. Aliás, o “grande azar” será da própria administração que tão pouco valor está dando ao grande elo de comunicação envolvido na hipótese. 
  • E a água não jorrou ainda nas torneiras! O que há? O que está acontecendo no serviço de abastecimento do precioso líquido? Nesta complicada história quem continua a “pagar o pato” é o usuário. Alguns usuários, porque outros bem privilegiados continuam sorrindo vendo o líquido jorrar.
  • A felizarda concessionária da ainda inacabada Estação Rodoviária, teve posse de um “aceite” de obras, quando a ajuda faltava muita coisa para ser feita, detalhe que não é lá para brincadeira. Damos inteira razão ao atual governo do município, tornando o pião na unha, determinando que os ônibus voltassem a sua antiga parada é que a firma de referência cumprisse o contrato assinado. Não pode e não deve haver a menor contemplação.

Sociais

  • A VOZ DA SERRA registra os aniversários de: Lair Ventura Lugon e Gilse Ventura Coutinho (12); José Bassani, Hélia Dias Alves, Maiby Leal e Denise da Costa (14); Juvenal Marques (15); Humberto Chaves e Fernando Augusto Ferreira (16); Adyr Vahia de Abreu e Plínio Sérgio Alonso (17); Sidney de Souza, (18); Clóvis de Jesus (19).

 

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Diz o céu

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

“ – Moça, que céu é esse?” Ouço, paro e, por dois segundos, penso se ela falou comigo. Ao perceber que sim, fico sem resposta. O que tem o céu? Noto que havia me esquecido de olhar para lá. Não poderia descrevê-lo naquele momento. Não saberia fazê-lo. Que descuido o meu. Logo eu que venho tentando centrar no momento presente. Concentrar. Degustar cada oportunidade de apreciar a natureza. Isso, a natureza. O céu e tudo o que tem nele. Eu deveria tê-lo admirado.

“ – Moça, que céu é esse?” Ouço, paro e, por dois segundos, penso se ela falou comigo. Ao perceber que sim, fico sem resposta. O que tem o céu? Noto que havia me esquecido de olhar para lá. Não poderia descrevê-lo naquele momento. Não saberia fazê-lo. Que descuido o meu. Logo eu que venho tentando centrar no momento presente. Concentrar. Degustar cada oportunidade de apreciar a natureza. Isso, a natureza. O céu e tudo o que tem nele. Eu deveria tê-lo admirado.

Logo eu, não saberia quais as cores do céu! Daquele céu. Parei, olhei. O que tinha de diferente lá em cima? Até agora não sei. O céu estava cinza. Com cara de chuva. Se chovesse, eu seria pega desprevenida. Novamente: que descuido o meu. O dia clareou e a noite estava prestes a chegar e eu sequer percebi, nesse interregno de tempo do dia inteiro, se o sol havia aparecido para desejar um lindo dia antes de ser encoberto pelas nuvens pesadas.

Talvez a chuva naquela hora fosse uma boa providência para lavar a alma. Mas nem isso eu podia. A pressa é demais. Rotina que segue. Dor de cabeça dando as caras. Como aos olhos dos atentos, nenhum sinal do propósito perseguido passa despercebido, pude aproveitar a noite extasiada com a presença da frondosa lua cheia. Foi ontem. Foi lindo. Salvou o meu dia.

Amanheceu. Que belo dia. Recomeçou o ciclo. A vida acontece agora. Nova oportunidade. Dessa vez o “bom dia” foi dado pela janela, para frente e para cima. Sem telas. Sem mensagens. Sem cores artificiais. Eram seis da manhã. O céu já dava os sinais. Dia lindo. A vibração é outra. Energia em alta. A xícara de café sobre a bancada da varanda e os olhos focados em tudo o que era verde. Assim começou. Em meio a todas as múltiplas e muitas tarefas, pude perceber o presente que veio do céu. E assim o acompanhei até que o final de tarde nos contemplasse com o céu rosa. Literalmente. Pareceu um presente. Foi um presente. Foi hoje. E está sendo. A lua lá fora espelha a perfeição desse universo infinito e misterioso que não deve deixar de ser notado e contemplado todos os dias.

Tenho a sensação de que se aquela senhora cruzasse pelo meu caminho na rua nesse instante e me fizesse a mesma pergunta, eu saberia descrever o céu azul da manhã, as nuvens que passearam por lá ao meio dia, o entardecer avermelhado e deslumbrante e o exato formato com que a lua brilha nesse instante. Para quem anda atento, todo sinal é uma oportunidade de melhora. Provavelmente, se tivesse a oportunidade, agradeceria pela pergunta cotidiana. Sem querer, mudou meu dia.

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Vamos falar de bitcoin?

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Os anos passam, as tecnologias mudam e até o dinheiro se transforma. Este, por sua vez, é apenas um meio de troca; uma ferramenta para possibilitar negociações em diferentes mercados. Contudo, chegou o momento de falarmos sobre dinheiro virtual e agora entra em cena o tão comentado bitcoin: uma moeda (assim como o dólar e o real) virtual de emissão independente, com valor determinado livremente pelos participantes deste mercado e tem como objetivo o desenvolvimento dos meios de troca que, agora, são exclusivamente virtuais.

Os anos passam, as tecnologias mudam e até o dinheiro se transforma. Este, por sua vez, é apenas um meio de troca; uma ferramenta para possibilitar negociações em diferentes mercados. Contudo, chegou o momento de falarmos sobre dinheiro virtual e agora entra em cena o tão comentado bitcoin: uma moeda (assim como o dólar e o real) virtual de emissão independente, com valor determinado livremente pelos participantes deste mercado e tem como objetivo o desenvolvimento dos meios de troca que, agora, são exclusivamente virtuais.

Pode parecer altamente complexo (e de fato é), mas ao longo deste texto vou elucidar alguns pontos importantes para te explicar o que é o bitcoin. Contudo, vale ressaltar, meu objetivo hoje é ir além da definição e zelar pela sua segurança ao diversificar parte dos seus investimentos em criptomoedas (sim, existem outras moedas virtuais, além do bitcoin).

 Apesar de ter surgido como uma nova tecnologia de troca, a alta demanda por bitcoins nos últimos anos fez com que suas cotações disparassem; abrindo espaço para uma nova modalidade de investimentos com altos riscos e grandes rentabilidades (como eu faço, sempre, questão de lembrar: as rentabilidades costumam ser condizentes com os riscos do investimento, e isso vale para toda e qualquer classe de ativos).

Portanto, como o que era para ser uma nova tecnologia de troca tornou-se alternativa de investimento, é importante manter-se atento como investidor e a primeira análise a ser feita é acerca da regulamentação da classe do ativo. De acordo com estudos publicados na Revista da Procuradoria-Geral do Banco Central “a falta de regulamentação é vista como ponto frágil e gera desconfiança, pois os riscos são altos e não podem ser reclamados a nenhum Banco Central ou órgão regulador” e, por isso, a escolha de uma exchange (basicamente, a corretora que vai “custodiar” seus investimentos) confiável é o primeiro grande passo para começar seus investimentos.

Ademais, para explicar ainda mais a categoria dos bitcoins, os mesmos autores do referido artigo complementam: “O desenvolvimento do bitcoin e do sistema subjacente Blockchain é reflexo de um sistema financeiro altamente predatório. Porém, adverte-se que teoricamente a moeda digital no seu atual estágio não possui as funções tradicionais de moeda, daí a dificuldade em encontrar um modelo regulatório adequado. A princípio, pode ser considerada como meio de troca, porém discutem-se as relações de unidade de conta e de reserva de valor, como sendo os dois últimos estágios das moedas convencionais.”

Contudo, outra forma bastante segura (do ponto de vista regulatório) para investir em bitcoins ou outras criptomoedas é através de fundos de investimentos regulados pelo Banco Central e fiscalizados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) através das corretoras de valores (como, por exemplo, o Modalmais; corretora a qual meu escritório de assessoria é credenciado). Esta é uma possibilidade cujo objetivo é reduzir os riscos do investimento.

O meu foco na questão regulatória – como fiz questão de enfatizar no início deste texto – tem a ver com a sua segurança financeira, pois são estas “brechas jurídicas” que possibilitam a criação de investimentos fraudulentos. Em sua maioria, enquadrados como pirâmides financeiras, são considerados – judicialmente – como crime contra a economia popular e os impactos negativos causados à sociedade deixam seu rastro de sofrimento em cada família que perde muito (quiçá tudo) ao cair em golpes disfarçados de investimentos em bitcoins.

Percebe como o maior risco não é o bitcoin em si, mas sim o meio para investir no ativo? As criptomoedas têm surgido como máscara para criminosos e você precisa estar atento aos detalhes de cada alocação de capital em seus investimentos. Esse é meu papel aqui: divulgar conhecimento financeiro para que você esteja suficientemente capacitado para tomar boas decisões financeiras.       

Portanto, fique sempre atento.

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Esquizofrenia: a principal psicose

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Psicose é uma alteração mental grave que tira a pessoa da realidade, diferente da neurose que é bem mais branda e não afeta tanto a vida social, familiar e de trabalho do indivíduo. A esquizofrenia é a psicose mais comum dentre as doenças mentais graves. Ela atinge entre 0,3% e 0,7% da população geral, encontrada em todos os povos e em todas as classes sociais e econômicas e raças, e é levemente mais comum nos homens.

Psicose é uma alteração mental grave que tira a pessoa da realidade, diferente da neurose que é bem mais branda e não afeta tanto a vida social, familiar e de trabalho do indivíduo. A esquizofrenia é a psicose mais comum dentre as doenças mentais graves. Ela atinge entre 0,3% e 0,7% da população geral, encontrada em todos os povos e em todas as classes sociais e econômicas e raças, e é levemente mais comum nos homens.

As pessoas sofrendo de esquizofrenia experimentam prejuízo social e ocupacional, porém com o devido tratamento algumas conseguem funcionar bem. Os sintomas surgem geralmente entre o fim da adolescência e antes dos 30 anos de idade. Nos homens é mais comum surgir entre 18 e 25 anos, e nas mulheres há dois picos de início dos sintomas, sendo um entre 25 e um pouco acima dos 30 anos, e outro após os 40 anos.

Existem sintomas positivos e negativos nesta doença. Positivos são os acrescentados à vida mental do esquizofrênico, que não existiam antes da doença se manifestar, como as alucinações (alterações da percepção), os delírios (alterações do conteúdo do pensamento), a fala desorganizada, agitação, catatonia (ficar parado muito tempo numa mesma posição). Os sintomas negativos são os que retiram algo normal da pessoa, como a expressão de sentimentos já que nesta psicose ocorre um bloqueio do sentir as emoções e expressá-las, também ocorrendo a perda da motivação, queda do rendimento escolar e a dificuldade de se manter num trabalho, por exemplo.

A genética tem um papel no surgimento da esquizofrenia, ainda que uma boa parte dos pacientes com esta doença não tenha parentes com esta psicose. Na família de um esquizofrênico há mais risco de surgir alguém com transtorno esquizoafetivo, doença bipolar, depressão e alterações dentro do espectro do autismo.

A genética não explica tudo porque estudos feitos com gêmeos univitelinos, portanto, idênticos, mostraram que um gêmeo desenvolveu esquizofrenia e seu irmão ou irmã idêntica não. Ainda quanto à genética, é possível que exista um gene defeituoso que favoreça esta enfermidade mental.

Uma pesquisa científica de base populacional sugeriu que o estresse grave ocorrendo numa mãe durante o primeiro trimestre da gestação pode alterar o risco de esquizofrenia no filho (Khashan et al., 2008). Estressores graves no ambiente familiar podem ter uma interação com efeitos combinados de múltiplos genes suscetíveis e, portanto, influenciar o neurodesenvolvimento na ligação mãe-bebê ainda na fase intrauterina. (Gabbard, Glen, Psiquiatria Psicodinâmica na Prática Clínica, 2016). E temos que pensar que “a esquizofrenia é uma doença que acontece a uma pessoa com uma constituição psicológica singular.” (Gabbard, op. cit.).

Harry Stack Sullivan, psiquiatra e psicanalista norte-americano, que dedicou sua vida ao tratamento da esquizofrenia, segundo o dr. Glen Gabbard (op.cit) acreditava que a causa da esquizofrenia resultava de dificuldades interpessoais precoces, especialmente na relação pais-criança. Segundo Sullivan (1962), a falha no papel materno produzia uma personalidade com muita ansiedade no bebê, prejudicando a criança ao fazê-la ter suas necessidades afetivas satisfeitas. Uma discípula de Sullivan, Fried Fromm-Reichmann (1950), enfatizou que as pessoas esquizofrênicas não estão felizes com seu estado de retraimento. Elas são, fundamentalmente, pessoas solitárias que não conseguem superar seu medo e desconfiança dos demais por conta de experiências adversas em etapas precoces da vida. (Gabbard, op.cit.).

É comum quem desenvolve a esquizofrenia apresentar sintomas antes da doença se instalar. Dentre eles estão o retraimento social, quando o indivíduo se afasta do convívio com amigos e mesmo parentes, também a perda do interesse no trabalho ou nos estudos, deterioração dos cuidados de higiene pessoal, crises de raiva, entre outros. Nem todos os indivíduos com uma psicose aguda requerem internação hospitalar, mas isto deve ser considerado para aqueles que possuem perigo de lesões em si mesmos e em outros.

O tratamento para a esquizofrenia deve ser orientado por um médico psiquiatra, envolve medicação antipsicótica, também é necessário a psicoterapia que oferece treinamento de habilidade sociais e outras ajudas, sendo importante também haver apoio social. A família será orientada quanto ao que ela pode fazer para ajudar o parente com a doença. Pelo menos 20% dos esquizofrênicos conseguem cura com o tratamento adequado.

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Histórias divertidas de velhos carnavais em Friburgo

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Um dos relatos mais divertidos que já li em minhas pesquisas no jornal O Friburguense foi a matéria “Polícia carnavalesca, soldados rolistas e maxixeiros. Durma-se com um barulho deste!” Trata-se do carnaval de fevereiro de 1901 quando a polícia transformou-se durante os três dias de folia em um verdadeiro pomo de discórdia. Segundo o jornal, a polícia foi uma ameaça constante ao pacato cidadão que “sofreu a macaca” quando procurava divertir-se durante os folguedos carnavalescos.

Um dos relatos mais divertidos que já li em minhas pesquisas no jornal O Friburguense foi a matéria “Polícia carnavalesca, soldados rolistas e maxixeiros. Durma-se com um barulho deste!” Trata-se do carnaval de fevereiro de 1901 quando a polícia transformou-se durante os três dias de folia em um verdadeiro pomo de discórdia. Segundo o jornal, a polícia foi uma ameaça constante ao pacato cidadão que “sofreu a macaca” quando procurava divertir-se durante os folguedos carnavalescos.

No primeiro dia de carnaval enquanto populares se divertiam no Beco do Arco (hoje Rua do Arco), soldados que se achavam em ronda naquela rua causaram grande distúrbio, pondo em completa debandada os mansos transeuntes e os inocentes assistentes. Ainda segundo o jornal, os praças transformando sabre em sardinha, a bambolear o corpo com gestos de capoeiragem e atitude agressiva ameaçavam a tudo e a todos, retirando-se os valentes somente quando o beco ficou deserto pela fuga precipitada do povo indefeso.

Além de diversos conflitos com a população durante o carnaval, no terceiro e último dia provocaram novo sarilho na sede da Sociedade Musical Estrela, na Rua General Osório, onde ocorria um baile de carnaval. O subdelegado e os soldados invadiram a sede e avançaram com ganância sobre a mesa de um botequim comendo todos os pastéis, beberam quanto quiseram, recusando-se a efetuar o pagamento do que haviam consumido. A seguir, embriagados, se retiraram para a sala do baile e tomaram a pulso parte nas danças.

Ao som de um tango choroso e mole os policiais dançaram um maxixe quebrado e dengoso, a folgar carnavalescamente. O subdelegado, esquecendo-se da posição de seu cargo, atirou-se num “choro gostoso”, gritando: “Não sou autoridade, não sou nada! Sou um homem como os demais!” Depois de quebrarem uma talha d´água, o subdelegado e os soldados em promíscua confusão e ao som de uma “habanera” deixaram a sede do clube.

Chegando à rua, com a voz esganiçada, falavam aos assustados transeuntes: “vocês nos conhecem? Nós somos os encarregados de velar pela segurança e tranquilidade pública!” Não obstante a violência da cena não deixa de ser jocoso o comportamento da polícia. Existem duas histórias muito divertidas sobre a quarta-feira de cinzas. O primeiro deles era o enterro do carnaval, manifestação popular ocorrida até 1960. O cortejo saía do bairro Ypu e percorria as ruas da cidade, encerrando os festejos do Momo. De roupas escuras o imigrante italiano Giuseppe Nicoliello presidia o evento anualmente. Foi proibida pela Diocese porque nos cortejos saía um indivíduo vestido de padre benzendo o caixão.

Outro evento divertido da quarta-feira de cinzas se refere aos indivíduos que eram presos no carnaval. Era uma prática permanecerem na cadeia durante os dias da folia. Em meados do século 20 a delegacia de polícia de Nova Friburgo parecia não ser muito frequentada já que podia dar-se ao luxo de tirar de circulação no carnaval os criadores de caso e baderneiros. Nesta ocasião a delegacia de polícia funcionava na avenida Comte Bittencourt em um belíssimo palacete que pertencera a Casa de Itália.

Na quarta-feira populares aguardavam ansiosos no entorno da delegacia a soltura dos foliões pois tinham curiosidade de saber quem fora pego na rede. Era uma algazarra só quando saía da delegacia, ainda fantasiado, algum conhecido. Vamos a mais histórias sobre os velhos carnavais.

De acordo com Luiz Zulmar que faz parte da diretoria da Vilage, nos anos de 1960 as escolas de samba saíam às ruas cercadas por uma corda e por isto passaram a ser chamadas de cordões. Isto para que os populares não se misturassem aos componentes das escolas atrapalhando o desfile. Nesta ocasião os componentes variavam entre 100 a 150 pessoas. Nos desfiles as escolas de samba circulavam pelas ruas passando pela praça Getúlio Vargas e Rua Dante Laginestra e seguiam para a Alberto Braune. No meio desta avenida havia um palanque. Os componentes das escolas subiam uma rampa e ficavam no palanque por algum tempo. Era o ponto alto do desfile. Desfilavam durantes dois dias, no domingo e na terça-feira.

Os instrumentos eram de latão fornecido pela fábrica de carbureto, resto de couro cedido pelo curtume das Duas Pedras e com couro de gato confeccionavam o tamborim, algo chocante nos dias de hoje. Já que o artigo é sobre memória recordo-me de Rubem Sérgio Venezia. Para quem não o conhece foi um carnavalesco apaixonado pelo carnaval. Venezia faleceu precocemente quando estava prestes a publicar um livro que reunia os sambas enredo de todas as escolas de samba, desde o ano de 1955, quando surgiu pela primeira vez. É certo que faltavam alguns sambas, mas muito poucos e não comprometeria a importante coletânea de seu hercúleo trabalho de pesquisa.

O livro tinha como título “De Dom João ao dom de sambar: os batuques do Morro Queimado”. Desejo que um dia seja publicada esta obra posto que servirá como importante fonte para os pesquisadores de história cultural e deleite para a população friburguense.

  • Foto da galeria

    Prazer da Mocidade, da Campesina

  • Foto da galeria

    Enterro do carnaval, ano de 1960

  • Foto da galeria

    Alunos do Samba, década de 1950

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