Você precisa sair da poupança!

Gabriel Alves

Educação Financeira

Especialista em finanças e sócio de um escritório de investimentos, Gabriel escreve sobre economia, finanças e mercados. Neste espaço, o objetivo é ampliar a divulgação de informações e conhecimentos fundamentais para a nossa formação cidadã.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Já ouviu falar sobre o conceito de rentabilidade real? É fundamental entender esta ideia assim que você começa a pensar – com inteligência financeira – na saúde do seu dinheiro. Basicamente, este conceito inclui as taxas de inflação sobre a rentabilidade nominal (o número percentual correspondente ao potencial de lucratividade) a fim de entender se o poder de compra, após determinado período, está protegido ou ampliado. Vamos analisar o exemplo prático da caderneta de poupança e entender, de vez, este conceito.

A propósito, se você tem dinheiro na caderneta e não sabia disso, não se desespere (mas também não perca mais tempo), pois vou apresentar algumas soluções no final deste texto. Partindo para a exemplificação dos termos presentes neste conceito, confira alguns dados referentes às cadernetas de poupança e a inflação de 2020: rentabilidade nominal: 2,09% ao ano; inflação (IPCA): 4,52% ao ano; rentabilidade real (rentabilidade nominal - inflação): - 2,43% ao ano.

Triste, mas é assim – “pelas beiradas” – que as ferramentas de concentração de renda agem sobre a sociedade; explorando a falta de conhecimento para potencializar as margens de lucro. Portanto, por que não mudar essa história? É o que me motiva a estar aqui todas as sextas-feiras há mais de 60 semanas seguidas: promover o conhecimento financeiro! Não podemos aceitar nosso dinheiro perdendo poder de compra enquanto a captação da caderneta segue batendo recordes. Em 2020, a captação líquida desta classe foi de R$166 bilhões; o recorde anterior era de R$ 71bilhões em 2013. Considerando os dados do ano passado e numa situação hipotética de toda a captação líquida ter sido alocada no dia 1º de janeiro, a população brasileira perdeu – em poder de compra – mais de R$ 4 bilhões. Um desrespeito social, já que a caderneta de poupança é o produto de investimento mais popular do país.

O descaso é ainda maior se considerarmos destrinchar o índice IPCA de inflação e analisar produto a produto, qual é a inflação real sentida pela maioria dos brasileiros. Contudo, nem tudo está acabado e existem muitas (sim, muitas) possibilidades de investimento mais rentáveis que a caderneta de poupança e – acredite – a mesma (sim, a mesma) segurança para o seu dinheiro. Antes de entrarmos nas bases de cálculo da rentabilidade destes investimentos, é importante entender o que os protege. No caso da caderneta de poupança e outros diversos títulos de renda fixa (como, por exemplo, os CDB, LCI e LCA, LC), a entidade responsável por assegurar seus investimentos é o Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Portanto, já que a segurança é a mesma, por que continuar na poupança?

Agora, continuando com exemplos práticos, vamos analisar a fórmula de cálculo da poupança. Rentabilidade = 70% da Selic + TR (taxa referencial, que há anos é igual a zero). Portanto, refaço a pergunta com alguns acréscimos, por que receber 70% da Selic se você pode investir diretamente em títulos público e ser remunerado em 100% da Selic?

Continuando o show de horrores (considere Selic e CDI como taxas numericamente idênticas), por que ser remunerado em 70% do CDI se você pode ter acesso aos principais CDBs do Brasil e ser remunerado em 200% do CDI e ter exatamente a mesma garantia sobre o seu dinheiro? A única resposta que consigo enxergar é a manipulação do acesso à educação financeira. Você que está comigo, tem a responsabilidade de informar, sempre, o maior número de pessoas ao seu redor. As ferramentas de concentração de renda estão sempre presentes no nosso cotidiano e precisamos lutar contra elas. Pense nisso com muito carinho.

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