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Odorico Paraguaçu ressuscitou

quarta-feira, 14 de abril de 2021

Foi na terra do Cão Sentado que aconteceu um dos episódios mais insólitos desde o aparecimento da pandemia, lá se vai mais de um ano. Nessa cidade serrana do Estado do Rio de Janeiro, a elevação dos casos de contaminação pela Covid-19 e, consequentemente, o de mortes aumentaram muito e o sistema hospitalar chegou à beira do colapso. Numa determinada semana de abril, a média de ocupação de leitos de UTI exclusivos para pacientes infectados pela Covid-19 atingiu 98% e das enfermarias, cerca de 80%.

Foi na terra do Cão Sentado que aconteceu um dos episódios mais insólitos desde o aparecimento da pandemia, lá se vai mais de um ano. Nessa cidade serrana do Estado do Rio de Janeiro, a elevação dos casos de contaminação pela Covid-19 e, consequentemente, o de mortes aumentaram muito e o sistema hospitalar chegou à beira do colapso. Numa determinada semana de abril, a média de ocupação de leitos de UTI exclusivos para pacientes infectados pela Covid-19 atingiu 98% e das enfermarias, cerca de 80%. Isso veio a reboque de um aumento da taxa de contaminação de todo o estado, inclusive da Região Serrana.

É claro que existe uma dúvida permanente no ar e que deveria ser esclarecida pelas autoridades. A internação de pacientes graves, seja daqui ou de fora, é uma questão de necessidade, mas é preciso que saibamos qual o percentual de leitos ocupados por pacientes de outras localidades. Se existem 50 leitos de UTI Covid e todos estão ocupados com friburguenses, a taxa de contaminação está muito alta, no entanto, se um percentual importante é de pessoas de outro município, essa taxa será menor. Lógico que a positividade aumentada de testes diagnósticos é o maior diferencial, mas leitos vagos podem significar uma virulência menor da doença.

Algo deveria ser feito para fazer frente a esse grave problema de saúde pública. Por outro lado, as consequências de um blacaute são catastróficas, pois a economia de uma cidade, de um estado, de um país depende da produção, ou seja, do trabalho da sua população. Impostos têm de ser pagos, aluguéis idem, comida tem de ser comprada, salários são necessários, o desemprego ronda a todos os assalariados. Aliás, várias medidas extremas já foram adotadas e a eficácia duvidosa; o fechamento de várias indústrias e lojas leva a uma quebradeira importante. Pelo andar da carruagem, morre-se de Covid ou de fome.

Mas, a solução encontrada pelo prefeito de Nova Friburgo, Johnny Maycon, foi surreal, no mínimo esdrúxula. Ao optar pela abertura de indústrias, comércio, supermercados, padarias e etc. de acordo com o número final do CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica), pares em dias pares e ímpares em dias impares ele conseguiu instalar o caos na cidade. Pelo menos teve um mérito, o de deslocar muita gente de um bairro para outro. Por exemplo, no último sábado, 10, a padaria do bairro Cascatinha e as duas do Cônego estavam fechadas, e quem precisou comprar pão teve de ir até Olaria ou ao Centro. O mesmo ocorreu com os mercados, que de quatro, só um permaneceu aberto, com grande afluxo de consumidores e provocando congestionamento nos de Olaria.

Para completar seu surrealismo, se a bandeira roxa permanecer inalterada de uma semana para outra, inverte-se o cronograma: o que é par vira ímpar, o que é ímpar vira par. Elementar, pois assim ninguém será prejudicado, já que os dias pares são maiores que os ímpares. Vale observar que a população não tem como saber o número final do CNPJ das lojas que pretende comprar algo. Corre-se, portanto, o risco de bater com a cara na porta num dia, e ter de voltar no outro. E cá para nós, nossa cidade foi a única no mundo a fechar supermercados e padarias. O mundo se curvou a Nova Friburgo.

Se o objetivo era diminuir a quantidade de pessoas nas ruas, o mais inteligente seria utilizar o rodízio do CPF de cada cidadão. A fiscalização ficaria por conta dos estabelecimentos e a prefeitura teria a oportunidade de faturar dobrado, pois se alguém fosse pego com CPF errado, seriam multados estabelecimento e a pessoa. Essa medida teria, também, o mérito de diminuir a lotação do transporte coletivo, desde que o número de veículos permanecesse o mesmo.

Esse controle já vem sendo usado há algum tempo na vizinha Teresópolis, e na última sexta feira, 9, a taxa de ocupação de UTIs por lá era de 65% e de enfermaria um pouco mais de 50%. Ainda de acordo com o portal da prefeitura, a taxa de isolamento da cidade estava em 40,1%. É claro que o sistema tem seus problemas por depender da compreensão da população, nem sempre disposta a sacrifícios, até que a Covid lhe suprima um ente querido.

Felizmente, na época, o defunto do prefeito Odorico, de Sucupira, inaugurou o cemitério da cidade fictícia. Num momento de crise, as ações têm de ser muito bem pensadas, amadorismo ao invés de profissionalismo pode ser catastrófico. Daí a necessidade de todos que disputam cargos eletivos, terem a obrigação de frequentar um curso de Gestão Pública e serem aprovados com nota mínima de 80%.

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A VOZ DA SERRA é puro amor por Nova Friburgo!

terça-feira, 13 de abril de 2021

O Caderno Z não deixaria o centenário da escritora Maria Clara Machado  passar em branco e se transformou num verdadeiro palco, reacendendo em nós o que é de fato fazer teatro. Maria Clara, com sua clara visão dramaturga, não pensou somente em seu desenvolvimento artístico, nem apenas na sua criação teatral. Ela presenteou o Brasil com uma escola de teatro, o Tablado que, desde 1951, no Rio de Janeiro, vem atuando na formação de atores e na prática teatral.

O Caderno Z não deixaria o centenário da escritora Maria Clara Machado  passar em branco e se transformou num verdadeiro palco, reacendendo em nós o que é de fato fazer teatro. Maria Clara, com sua clara visão dramaturga, não pensou somente em seu desenvolvimento artístico, nem apenas na sua criação teatral. Ela presenteou o Brasil com uma escola de teatro, o Tablado que, desde 1951, no Rio de Janeiro, vem atuando na formação de atores e na prática teatral. Sua célebre frase “a gente também educa quando faz teatro” é um farol que abriu luz no caminho da dramaturgia, em especial, infantil, dedicando-se também ao público adulto, mas sempre dando suporte ao teatro amador.

Chico Figueiredo nos brindou com uma sequência de lembranças de sua vivencia dentro das artes cênicas, quando se sentiu atraído pela peça “A bruxinha que era boa”, de Maria Clara, encenada no teatro do Colégio Mercês. Não poderia ficar fora de sua narrativa, o inesquecível Jaburu, criador do Gama – Grupo Arte Movimento e Ação. Lincoln Vargas, ator friburguense, fez relatos emocionantes, inclusive, sobre o dia do falecimento de Maria Clara. Contou-nos que no quarto dela estavam alguns amigos, quando, de repente, tudo se escureceu por conta de um fusível que se queimara. Resolvido o problema, quando a luz voltou, ela havia falecido e alguém disse: “No espetáculo final da vida da Maria Clara Machado, foi ela que apagou a luz”. Bela metáfora!

Wanderson Nogueira, em “Palavreando”, nos passa um elixir de esperanças nesses tempos conturbados da pandemia e destaco: “A esperança, portanto, é o que nos tira da cama todos os dias para trabalhar e é a mesma esperança que nos faz estudar, cumprir tarefas, nos empenhar e cuidar de nós mesmos...”. Que lindo e fortificante!

Só mesmo com o elixir da esperança poderemos atravessar esse momento crítico e eu costumo dizer que todo nós estamos afetados, física ou emocionalmente, de alguma forma. A saúde, a educação, a economia, o turismo, a indústria, o comércio, tudo, enfim que envolva o ser humano, atravessa uma crise caótica. O Friburguense, nosso Frizão, com dificuldades financeiras, “não descarta pedir licença à Federação de Futebol do Rio”. Mesmo assim, o clube espera contar com o apoio da cidade para disputar a Série A2. Boa sorte!

“Quem tem fome tem pressa” – com a antológica frase do inesquecível sociólogo Betinho, Christiane Coelho abordou o tema do grande número de famílias em condições de “miserabilidade” no país. “Para os mais pobres, o dinheiro está valendo menos”, certamente, porque não há dinheiro que possa garantir nem o básico. Qual é a família que pode se manter com um auxílio emergencial com valores entre R$ 150 e R$ 375?  A solidariedade tem sido uma ferramenta fundamental e em nossa cidade há grupos desenvolvendo trabalho social de relevância. No site do jornal, confiram como ajudar.

A bandeira roxa segue em evidência e o nosso município continua no estágio de alto risco de contaminação. Além da insegurança da população com o aumento do número de contaminados e de mortes, há muitas controvérsias com as novas medidas de restrições, inclusive, a mais recente, que começou a vigorar na última sexta-feira, sobre o “rodízio de CNPJ”, regulador da abertura pelo final da inscrição, par ou ímpar, de cada estabelecimento. A medida está causando uma série de contrariedades e há quem diga até que não é dentro dos estabelecimentos que está o problema e, sim, nas ruas lotadas.

Um prédio que levou dez anos em sua construção, completa 135 anos da construção de uma significativa história em Nova Friburgo. Salve o Colégio Anchieta fundado em 12 de abril de 1886! A imponência de sua fachada na foto de Henrique Pinheiro é o retrato da alma educadora de quem, mais do que centenário, faz de sua existência um pilar da educação, das artes, da cultura, em meio ao seu legado religioso. Como bem disse o seu diretor, padre Toninho Monnerat, “é uma celebração pela vida das pessoas”, as que circularam pelo colégio e as que circulam ainda... E mais, por todos que ainda virão desfrutar de seu ensino pioneiro em Nova Friburgo. Parabéns, Colégio Anchieta!

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Aniversariou domingo

terça-feira, 13 de abril de 2021

Aniversariou domingo

 No último domingo, 11, quem passou o dia recebendo cumprimentos de feliz aniversário, junto de familiares e de forma virtual dos muitos amigos, foi o simpático Luiz Fernando Oliveira (foto), um dos mais destacados e representativos nomes da administração do Cadima Shopping. Ao querido amigo Luiz Fernando, abraços da coluna com renovados votos de felicidades, sucessos e tudo de bom como ele bem merece.

Doe cobertores e agasalhos

Aniversariou domingo

 No último domingo, 11, quem passou o dia recebendo cumprimentos de feliz aniversário, junto de familiares e de forma virtual dos muitos amigos, foi o simpático Luiz Fernando Oliveira (foto), um dos mais destacados e representativos nomes da administração do Cadima Shopping. Ao querido amigo Luiz Fernando, abraços da coluna com renovados votos de felicidades, sucessos e tudo de bom como ele bem merece.

Doe cobertores e agasalhos

Em tempo de solidariedade, que este ano deve estar em alta mais do que nunca, já que os carentes estão ainda mais necessitados, principalmente os sofridos moradores de rua. Por isso, um grupo composto por membros de imensos corações generosos, está empreendendo uma bela campanha com vistas a arrecadações de cobertores e agasalhos.
Desta forma, quem puder, pode entregar seus donativos na Casa do Peregrino (Rua Luiza Engert, 10, no centro de Nova Friburgo) especialmente às terças feiras das 7h30 às 8h ou então se preferir que as doações sejam retiradas em seus próprios endereços, é só se comunicar através do cel/zap (22) 9 9837 1700.

Brilhando em Milão

O conhecido médico e friburguense bastante admirado Renato Henrique Gomes da Silva e seus familiares estão curtindo ultimamente uma satisfação a mais e toda especial.
É que sua linda neta Isadora Zebendo (foto), está fazendo um tremendo sucesso em Milão na Itália, com badalados trabalhos de moda.

Mão e contramão

Depois de sucessivos aumentos dos combustíveis, que culminaram com uma discreta redução nos preços para os consumidores, ficou claro aquilo o que todos nos já sabemos.
Na mão de ida, quando o acréscimo vem, cada posto eleva até onde quer ou podem chegar, porém no sentido contrário, ou seja de volta par ao cliente, quando são obrigados a abaixar, chega-se ao limite do limite e aí observa-se que praticamente quase todos os postos estão cobrando aquele valor de centavinho ou menos em relação aos R$ 6 pelo litro da gasolina.

Vivas no NFCC

Nesta quinta-feira, 15, quem estará completando seu 66° aniversário, é querido e admirado presidente do Nova Friburgo Country Clube, Celso de Oliveira Santos (foto). Por esta razão, apresentamos antecipadamente com todo carinho e admiração, nossas felicitações ao grande Celso, carinhosamente chamado por muitos de Celsinho.

Parabéns, Leandro!

Desde já, congratulações ao querido Leandro, filho do casal amigo Adinéia e Roosevelt Carvalho Cordeiro, que no próximo domingo, 19, estará aniversariando. Parabéns com votos de saúde, paz, alegrias e tudo de bom na vida para o gente boa, Leandro!

Bodas de Carvalho

Parabéns ao simpático casal Neide e Gilvan Verbicário Feijó que na última sexta-feira, 9, chegou a bela marca de 38 felizes anos de união matrimonial.

 

 

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Ressurreição: o nosso Deus é um Deus vivo!

terça-feira, 13 de abril de 2021

Entre as sombras da dúvida, do nada, do silêncio do peito, do esvaziamento do cosmo, surge a vida! O glorioso Sol rasga as trevas, numa manhã solene de ressurreição! O túmulo vazio. Os guardas atônitos. Os apóstolos vibrantes de certeza! "Nosso Cristo está vivo”! Os materialistas repetem desde sempre a mesma mentira: " Roubaram o corpo"; " Jesus Cristo foi apenas um homem contra o sistema e está morto", Míopes em suas mancas afirmações e adoradores da surda-muda matéria, teimam em não sair de suas cavernas frias para a luz aquecedora do amor de Cristo.

Entre as sombras da dúvida, do nada, do silêncio do peito, do esvaziamento do cosmo, surge a vida! O glorioso Sol rasga as trevas, numa manhã solene de ressurreição! O túmulo vazio. Os guardas atônitos. Os apóstolos vibrantes de certeza! "Nosso Cristo está vivo”! Os materialistas repetem desde sempre a mesma mentira: " Roubaram o corpo"; " Jesus Cristo foi apenas um homem contra o sistema e está morto", Míopes em suas mancas afirmações e adoradores da surda-muda matéria, teimam em não sair de suas cavernas frias para a luz aquecedora do amor de Cristo.

Os nossos domingos já não podem ser os mesmos! Existe um brilho diferente no ar, na calma da natureza apoteótica a bradar aleluia! Como naquele dia luminoso, aos olhos perplexos dos discípulos, o Senhor se elevava aos céus e prometia o seu espírito e a sua nova vinda para recolher.

Mas se este Jesus está vivo, por que aparece ainda pregado na cruz? Pode alguém perguntar. A cruz é o símbolo do gesto máximo do amor de Cristo por nós. É a recordação de quanto custou ao Deus feito homem a nossa libertação: sua vida, seu sangue, seu martírio. Se alguém dá a vida por nós, não podemos esquecer tal ato. O sacrifício da cruz é o grande sinal do amor cristão, o amor que não só vibra com a festa da vida, mas se solidariza e se doa nos sofrimentos e cruzes do irmão.

Para nós, católicos e demais cristãos, Jesus está vivo, sim, presente entre nós, Ressurreto, fulguroso e poderoso, mas sabemos o quanto sofreu por nós e, por isso, a sua cruz é para todos um instrumento símbolo de salvação.

Nestes ventos de ressurreição, devemos nos perguntar sobre nossos passos, sobre nossos rumos, sobre nossos corações... A luz que se acendeu há quase dois mil anos não se apagou... Ela se multiplica nos círios, no peito, nos sacrários do mundo inteiro, na chama da fé dos povos, na esperança ígnea que não se prostra nem mesmo com as bombas e perseguições, nem com as explosões de neon do ateísmo, do capitalismo selvagem. Ela se expande no brilho simples da verdade que quebra os sofisticados e ocos sofismas, meticulosamente talhados nas indústrias da exploração humana.

Este Deus vive entre nós. Vive em nós. Sua ação pasma a história, abrindo o mar com mão firme, curando toda enfermidade, transformando água em vinho, transubstanciando o próprio vinho em seu sangue, o pão em sua carne: eucaristia-ressurreição! Os véus do templo se rasgam de cima a baixo. Seu sudário permanece de século em século, questionando a análise dos químicos, médicos, cientistas em geral, ou de qualquer cético que queira apalpar a configuração do Senhor. Ei-lo! Eis o homem! Como apresentou Pilatos. Todo chagado e marcado por chicotes ferinos. Eis o Cristo de olho vazado pelos espinhos da coroa e sobre esta vista a imagem de uma moeda romana, conforme o costume.

Vejam o que queriam ver. Um Deus-homem impresso em negativo em um linho antiquíssimo, com pólen do século primeiro, pela explosão luminosa de sua ressurreição! Reconheçam que não há pintura em negativo com sangue AB judeu de quase dois mil anos que permaneça nítida após tantas intempéries. Figura que não é pintada e que após fotografia de um pesquisador, curiosamente aparece em positivo e apresenta tridimensionalmente o Senhor sofredor, sem nenhuma distorção em computador (o que normalmente aconteceria), o que só hoje, no século 21, os cientistas conseguiram colocar impresso em 3D.

A precisão dos traços e marcas da Paixão... funduras das chagas, inchações, todo o desenho anatômico das lesões, constatado por renomados cirurgiões, digitais de quem o transportou nas plantas dos seus pés... O que mais falta? O que mais? Frente às exigências empíricas dos que no fundo acham incômodo CRER, Jesus Ressuscitado diz ao Tomé de cada século: "Vem e vê. Põe o teu dedo em minhas chagas e no meu lado! Sou eu! Estive morto, mas venci a morte! Abre teu coração agora e abandona tua soberba! Tu creste porque viste. Felizes aqueles que creem, mesmo sem ver".

Caros irmãos, o nosso Deus é um Deus vivo! E você é convidado a viver e a beber desta fonte e a nunca mais ter sede! Feliz Páscoa!

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é chanceler da Diocese de Nova Friburgo. Esta coluna é publicada às terças-feiras. 

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Doces relíquias da vida

terça-feira, 13 de abril de 2021

Hoje vou escrever sobre as avós e sobre a importância que elas possuem na vida dos netos, principalmente dos que se tornam artistas e, mais especialmente ainda, dos que se tornam escritores. Esta ideia me foi tocada por uma amiga, poeta e escritora, Catherine Beltrão. Depois de viajar pela vida, trabalhar como engenheira, ter os cabelos embranquecidos, resolveu criar canteiros diferentes em seu destino, como forma de enfeitar-se com outras flores, como também eternizar a vida e a obra de sua avó, a artista plástica francesa Edith Blin (1891-1983).

Hoje vou escrever sobre as avós e sobre a importância que elas possuem na vida dos netos, principalmente dos que se tornam artistas e, mais especialmente ainda, dos que se tornam escritores. Esta ideia me foi tocada por uma amiga, poeta e escritora, Catherine Beltrão. Depois de viajar pela vida, trabalhar como engenheira, ter os cabelos embranquecidos, resolveu criar canteiros diferentes em seu destino, como forma de enfeitar-se com outras flores, como também eternizar a vida e a obra de sua avó, a artista plástica francesa Edith Blin (1891-1983). Catherine, sem timidez, se transpôs dos números para as letras e vestiu-se de furta-cor.

A relação com as avós preenche os espaços vazios da criança, decorrente de uma relação de afeto que oferece referenciais à construção da identidade de uma pessoa. Quando esta mulher, com a experiência de anos vividos, desliza seu olhar a um neto, deixa seus melhores sentimentos colorirem os momentos em que interagem.

Eu tive avós que tanto me preencheram e tanto me trouxeram segurança e felicidade. Como a avó de Catherine, foram mulheres à frente de seu tempo. Eram profissionais e independentes, tinham suas determinações de vida bem definidas e tiveram um amor imenso por mim. Como Catherine se orgulha de sua Edith! Tanto quanto eu, minha amiga foi privilegiada por ter ganho do destino uma pessoa com riqueza de ideias e de criatividade. Agora, ela, Catherine, também avó, criou o Instituto Edith Blin, que vai acolher artistas de diferentes áreas, como as da literatura, oferecendo opções variadas de atividades a serem desenvolvidas, como contação de histórias, oficinas para leitura e escrita, debate sobre obra de autores. Acredito que Catherine sinta a vida através das cores que sua avó deixou nas telas em que fez da neta sua principal modelo.

Minha avó, Carmem Temporal, era professora de canto e tradutora de livros de bolso. Passei parte da minha infância escutando o seu dedilhar numa máquina de escrever de ferro. Aquele barulho me enterneceu, ficou no meu inconsciente e, hoje, escrevo dedilhando as teclas do computador com prazer, revivendo o passado. Meu pensamento é romântico.

As histórias entre netos e avós sempre serão ternas e saudosas. Admiro Catherine por esse empenho artístico e literário, carregado de nobreza e gratidão. Por querer perpetuar os esforços de sua avó que clamou por liberdade, igualdade e fraternidade. Que engrandeceu o ser mulher.

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Quando acaba a esperança?

sábado, 10 de abril de 2021

A esperança só é perdida quando se morre. Para todo o mais, sempre sobrará a esperança. Mesmo nos tempos mais cruéis, a esperança, menor ou maior, estará ali, debruçada à nossa frente, entre nossos dedos, dentro do peito para nos fazer seguir. E é exatamente nos tempos mais difíceis que a esperança parece nos escapar ou não existir. Mas existe e persiste nesse aqui e agora. 

A esperança só é perdida quando se morre. Para todo o mais, sempre sobrará a esperança. Mesmo nos tempos mais cruéis, a esperança, menor ou maior, estará ali, debruçada à nossa frente, entre nossos dedos, dentro do peito para nos fazer seguir. E é exatamente nos tempos mais difíceis que a esperança parece nos escapar ou não existir. Mas existe e persiste nesse aqui e agora. 

Quanto mais reclusa ou invisível é que está mais forte. Porque não é fácil ser forte diante da adversidade próxima de ser vitoriosa. Mas a esperança não padece e opera justamente na invisibilidade, manifestando-se na simplicidade de um sorriso ou na criatividade da intimidade. É a tal voz que sopra no nosso ouvido: “não desista, siga firme”. 

Ao olhar para os lados, nada vemos, mas sabemos o que escutamos em nosso íntimo. É a tal força que nos arranca da inércia de quem cansou e nos faz aguentar um pouco mais. No entanto, que se sublinhe: a esperança não é masoquista, tanto quanto não é vaidosa. É repleta de fé, mas não se jubila, nem alimenta ao crente ou ungido de si mesmo. Esse alimento é outro e não pode ser confundido com esperança. Esperança é sublime, é iluminada, tanto quanto misteriosa no seu agir.          

Se a utopia é o que nos faz caminhar – como bem disse Galeano – é a esperança que nos faz levantar e ir. A esperança, portanto, é o que nos tira da cama todos os dias para trabalhar e é a mesma esperança que nos faz estudar, cumprir tarefas, se empenhar e cuidar de nós mesmos. 

Afinal, que garantia há de que estaremos vivos amanhã? 

Se não há garantia alguma, caminhamos pela utopia de perdurar, mas na esperança de concluir. Assim, por mais que tenhamos dificuldade em achá-la perdida no meio de todo o caos, entre tantos ais, de um modo ou de outro, sentimos que a esperança está ali, ansiosa, em um cantinho qualquer do nosso ser. Pois somos seres de esperança e nos movemos por quem somos. Se assim não for, não há razão para existir. 

A esperança só morre, quando a gente morre, seja como indivíduo ou mesmo como sociedade, de tal forma que transformações não significam morte, mas evolução. E a esperança está nesse processo evolutivo, mesmo que passe despercebida.

Nesses tempos de pouca ou quase nenhuma empatia, por vezes é passível acreditar que a esperança foi aniquilada e que nós,, como coletividade, fomos derrotados. Pode até ser que enquanto conjunto social tenhamos fracassado. Mas a esperança – reforço – jamais acaba. É em um pingo de ética aqui, em um bocado de virtudes ali que a esperança resiste e nos faz resistir e até sonhar.

Enquanto houver vida, haverá esperança. E, não é tolice se apegar à essa vontade de viver - não para apenas sobreviver - mas viver em plenitude e abundância em um mundo sustentável e mais igual, em um mundo melhor da gente com a gente mesmo.      

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Definitivamente marcado o vestibular da Faculdade de Odontologia

sábado, 10 de abril de 2021

Pesquisado por Thiago Lima
Edição de 10 e 11 de abril de 1971

 

Manchetes: 

Pesquisado por Thiago Lima
Edição de 10 e 11 de abril de 1971

 

Manchetes: 

  • Vestibular da Faculdade de Odontologia de Nova Friburgo - Foram definitivamente marcadas para os dias 24 e 25 de abril de 1971 as provas do tão esperado vestibular. Foi dado o primeiro passo para “Friburgo, Cidade Universitária”. 
  • Mais um 7 de abril - Aniversário de 26 anos de A VOZ DA SERRA - O dia 7 de abril é sempre de alegrias neste jornal, pela certeza do dever cumprido. O fato de vencermos mais uma etapa de vida, muito significa para nós e, sem qualquer convencimento aduzimos: também para o jornalismo fluminense e pátrio. A comunidade friburguense é a grande razão da nossa existência. Não seria agora que iríamos desfilar realizações, campanhas etc., para convencer alguém que merecemos algo de especial ou que queremos elogios pelo que fizemos. Temos convicção própria. Não pretendemos mudar uma linha sequer na trilha que seguimos. Não temos porque voltar um milímetro que seja. Se situações semelhantes às que enfrentamos surgissem, as nossas atitudes e as nossas palavras — mesmos as ásperas ou contundentes — seriam renovadas no mesmo diapasão. O jornalista é o que é e o seu jornal deve expressar aquilo que é seu, ainda que o que seja seu não agrade e para o resto do mundo não esteja certo. O que o jornalista e o jornal que ele representa não devem ser nunca, é acomodado, interesseiro, desonesto e além de outras coisas, covarde. Isso, Daí, o nosso grande orgulho.” 
  • No caminho das grandes conquistas - O presidente do MDB de Friburgo, o industrial Álvaro de Almeida está preparando um esquema da mais alta envergadura partidária, pois muito mais perto do que parece distancia-se a campanha eleitoral em direção ao pleito de 1972. Figuras de larga experiência política e desinteresse pessoal, do emedebismo, estudam uma forma de dinamizar vários órgãos auxiliares que serão criados oficialmente na Convenção Municipal de Agosto, como por exemplo, os diretórios distritais, nas quais núcleos populacionais de importância eleitoral ficam marginalizados, quando poderiam em agrupamentos inteligentes formarem forças no sentido de reivindicações junto às autoridades administrativas. 
  • Ciclo de Estudos sobre desenvolvimento e segurança nacional - A prefeitura e a Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra organiza em Friburgo um ciclo de estudos sobre desenvolvimento e segurança nacional. 

Pílulas:

  • O nosso companheiro, jornalista Nelson Kemp, tomou posse nas funções de assessor de imprensa e diretor do Departamento de Divulgação da Prefeitura de Friburgo. Sem entrar no mérito da luta em que duas alas da Arena tanto se empenhavam para que seu candidato vencesse, damos parabéns ao chefe do Executivo Municipal, já que Kemp é homem de imprensa autêntico e em condições de bem desempenhar o complexo encargo que lhe está atribuído. 
  • O ex-deputado Álvaro de Almeida que com honra, altivez e dignidade preside o MDB friburguense, foi alvo de carinhosas manifestações da parte de vários líderes partidários que não só confiam na sua ação na dirigência do partido, como ainda o prestigiam de forma toda especial, dada a conduta irrepreensível e impessoal com que cuida dos problemas da agremiação, não confundido, em absoluto, problemas de pessoas ou grupos, com os do real interesse da coletividade emedebista.  
  • Cargos eletivos nunca foram e não são empregos. Daí por que o eleitorado não apoia, indefinidamente, os constantes, os habituais pretendentes às posições de mando por via de eleição. A coisa fica assim, parecendo oligarquia. Herança por via de votos. 

Sociais:

  • A VOZ DA SERRA registra os aniversários de: César Guinle, Reny Dessanti e Maria Angela Abicalil (11); Afrânio Veiga do Valle, Jayme Segal, Yolanda Meceni de Souza e Manoel Carneiro de Menezes (12); Laura Milheiros de Freitas e Luiza Maria Motta (13); Rogério Coêlho Netto, Irma Marreto e Laercio Rangel Ventura (14); Luzia Bazzetti de Oliveira (15); Dylma Ventura, Roberto Abicalil, Waldyr Ramalhete de Lemos e Hilda Thurler de Lima (16); Elvira Azevedo Gandur e José Brasil Emerick (17); Eliana Maria Luterback Pereira, Márcio Cláudio Luterback Pereira e Rosane Vieitas (18). 

 

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Salários do Estado

sexta-feira, 09 de abril de 2021

Salários do Estado
Sob o pretexto da grave crise financeira que enfrentou entre 2016 e 2017, o Governo do Estado do Rio decidiu mudar o calendário de pagamentos dos servidores públicos ativos e inativos. Se antes, era no último dia útil do mês, após sucessivos atrasos oficializou o pagamento sempre no 10º dia útil. A crise diminuiu, ainda que o Estado tenha prorrogado sua estadia no Regime de Recuperação Fiscal e sob o mesmo pretexto mantém os pagamentos no 10º dia útil.

Salários do Estado
Sob o pretexto da grave crise financeira que enfrentou entre 2016 e 2017, o Governo do Estado do Rio decidiu mudar o calendário de pagamentos dos servidores públicos ativos e inativos. Se antes, era no último dia útil do mês, após sucessivos atrasos oficializou o pagamento sempre no 10º dia útil. A crise diminuiu, ainda que o Estado tenha prorrogado sua estadia no Regime de Recuperação Fiscal e sob o mesmo pretexto mantém os pagamentos no 10º dia útil.

Pagamento depois dos boletos
Isso quer dizer, que os servidores do Estado sempre recebem depois do dia 10, data em que tradicionalmente vencem a maioria dos boletos. Na melhor das hipóteses, os funcionários recebem no dia 12, pois nesse intervalo haverá no mínimo um sábado e um domingo. Com a pausa da semana passada que antecipou feriados por conta da pandemia, neste mês de abril, o salário, oficialmente só seria pago no dia 16.

Feriadões atrapalham
No entanto, para não alastrar ainda mais o calendário, o Estado definiu por pagar os salários de março no próximo dia 14, dois dias antes do previsto. Os vencimentos serão quitados ao longo do dia, mesmo após o fim do expediente bancário. O Rio conta com 465.100 servidores ativos, inativos e pensionistas. O valor líquido da folha de março é de R$ 1,82 bilhão.

Terapia gratuita
O Serviço de Psicologia Aplicada (SPA) do curso de psicologia da Estácio de Nova Friburgo está com plantões de atendimento psicológico. Por conta da pandemia, em formato virtual. Lembrando que a maioria dos psicólogos estão atendendo também em ambiente virtual, por conta do agravamento da pandemia.

Serviço universitário
Os acolhimentos são conduzidos por estagiários dos últimos períodos do curso de Psicologia. Cada pessoa pode comparecer a um número variável de sessões, até quatro sem agendamento. Se for necessário seguir numa terapia, serão encaminhados internamente no serviço da universidade. Os encontros são gratuitos através do aplicativo Google Meets. Os interessados podem entrar no link entre 8h e 21h, sempre com uma hora de duração, de segunda à sexta.

Nova segundona
Foi definido em arbitral realizado na tarde desta quinta, 8, a tabela e formato de disputa da nova segundona do Rio, próximo desafio do Friburguense na temporada, após cair na seletiva para a fase principal da elite do futebol carioca. Até o fechamento dessa coluna, ainda não tínhamos a tabela. A fórmula pré-definida, é a mesma da Primeira Divisão: grupo único, todos contra todos e os quatro primeiros avançando à semifinal. Apenas o campeão sobe, depois de muitos anos, sem a necessidade de seletiva.

Duas vagas indefinidas
Participam da competição Cabofriense, Sampaio Corrêa, América, Americano e Friburguense, que participaram da Seletiva em 2021, juntamente com Duque de Caxias, Maricá, Gonçalense, Angra dos Reis e Artsul. Dois integrantes ficaram em aberto. Goytacaz ou Audax, por conta de disputa judicial e o rebaixado da elite que hoje e tende a ser o Macaé.

Interior x capital
Será, portanto, uma festa do interior já que a competição, caso o Bangu não caia, terá apenas um representante da capital, o América. Quanto ao tapetão, ainda não há data para o julgamento que pode levar o time de Campos à perda de seis pontos e consequente vaga na nova segunda divisão. O clube é acusado da escalação irregular de Pepeu, hoje emprestado ao Americano, cujo contrato teria se encerrado dois dias antes do jogo em que ele foi titular diante do Serra Macaense, partida essa, realizada em Nova Friburgo.

Tapetão
Último classificado à Série A2, em caso de condenação, o Goytacaz perde a vaga para o Audax, que terminou a competição como nono colocado, apenas um ponto do alvianil campista. A tabela terá de deixar essa possibilidade em aberto. A competição deve ter início na primeira semana de junho.

Futuro incerto
Com graves dificuldades financeiras, o Friburguense se planeja para colocar o time em campo sem saber bem que time poderá montar e quando poderá iniciar a pré-temporada. Com uma segundona cada vez mais difícil, com adversários com mais dinheiro, a criatividade será fator preponderante para driblar a falta de apoio.     

Palavreando
“Há um turbilhão de pensamentos soltos no céu de minha cabeça. Perfilam palavras em frases sem artigos. Mas a desconexão delas não impede que eu entenda que espera e procura perdem sentido quando afirmo a vida para firmar pacto de felicidade comigo mesmo”.

Foto da galeria
O Colégio Anchieta chega aos 135 anos de fundação no próximo dia 12. Para celebrar tão significativa data, mesmo em tempos de pandemia, será celebrada um missa online, às 19h. Não será permitida a presença de ninguém, além dos envolvidos na transmissão do evento pelo canal do colégio no YouTube. Parabéns ao Colégio Anchieta e a todos que fazem parte dessa trajetória, afinal, todo friburguense tem uma história ligada a instituição que é muito mais do que um cartão-postal de Nova Friburgo.
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Melhor possível

sexta-feira, 09 de abril de 2021

Lya Luft escreveu: “E que o mínimo que a gente faça seja, a cada momento, o melhor que se conseguir fazer.” Sim. Que o melhor seja feito dentro das possibilidades existentes. E que novos horizontes ampliem as possibilidades para que mais bem feito ainda possa ser feito adiante.

Lya Luft escreveu: “E que o mínimo que a gente faça seja, a cada momento, o melhor que se conseguir fazer.” Sim. Que o melhor seja feito dentro das possibilidades existentes. E que novos horizontes ampliem as possibilidades para que mais bem feito ainda possa ser feito adiante.

Os perfeccionistas de plantão sabem que não dar conta de fazer o que se quer, da forma como se deseja, dói. E as vezes não é pouco. Uma sensação de impotência pode brotar de forma mais simples do que um pé de feijão que nasce do caroço deixado no copo com algodão úmido. (Aliás, aqui vale uma digressão...saudosos tempos em que fazíamos experiências como essa e víamos o milagre acontecer sob nossos olhos.)

São muitos os relatos de pessoas que se sentem constantemente exaustas e sobrecarregadas e muitas vezes a razão disso reside justamente no acúmulo de tarefas que pretendem desempenhar de forma impecável. É seguro afirmar que pessoas com esse perfil podem aliar a satisfação pelo desempenho escorreito de suas funções na vida com uma bagagem pesada de cansaço.

E o bonito dessa história é perceber que ainda assim, continuam se esforçando para honrar os compromissos assumidos da melhor maneira com que podem fazer. Dando o melhor de si, não param de descobrir caminhos de expansão interna. Vem o prazer da satisfação, do mérito plantado pelo esforço. O movimento é de dentro para fora e não o contrário. Quanta gratidão das pessoas é colhida pela doação do melhor que se pode oferecer e fazer pelo outro? A felicidade que dessa experiência advém é algo que não tem como valorar.

Mas o ponto curioso, a meu ver, é que ser “certinho”, além de rótulo esquisito, virou tratamento pejorativo, quando não adjetivo empregado com intuito de desmerecer alguém. Chegar na hora do compromisso passou a ser estranho. Cumprir prazos. Dedicar-se para alcançar os objetivos estabelecidos. Olhar para o outro. Ajudar as pessoas, então! Virou coisa de gente chata e fora do padrão.

Em um momento de tanta fluidez, tempo corrido, agendas lotadas, demanda social, interação, inchaço nas relações, ser pessoa cumpridora das regras que ainda assim se esforçam para priorizar o comprometimento, não deveria ser elogio?

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Renda básica universal. Já ouviu falar?

sexta-feira, 09 de abril de 2021

Já parou para pensar na potencial promoção da qualidade de vida em uma família que todos têm direito ao recebimento da Renda Básica Universal. Imagine se todo cidadão, apenas por sê-lo e de maneira incondicional, tivesse direito a uma renda mínima para garantir o seu direito à subsistência e – principalmente – dignidade humana. Parece utópico e distante, mas estamos falando de transferência de renda e isto já é realizado no Brasil. Contudo, o momento de crise nos permitiu ensaiar movimentos complexos e capazes de se tornarem, com muito estudo aplicado, realidade intermitente.

Já parou para pensar na potencial promoção da qualidade de vida em uma família que todos têm direito ao recebimento da Renda Básica Universal. Imagine se todo cidadão, apenas por sê-lo e de maneira incondicional, tivesse direito a uma renda mínima para garantir o seu direito à subsistência e – principalmente – dignidade humana. Parece utópico e distante, mas estamos falando de transferência de renda e isto já é realizado no Brasil. Contudo, o momento de crise nos permitiu ensaiar movimentos complexos e capazes de se tornarem, com muito estudo aplicado, realidade intermitente.

Antes de darmos continuidade ao ensaio de um Brasil onde todo cidadão (incondicionalmente) tenha acesso ao recebimento recorrente desta renda básica, vamos refletir sobre os programas já existentes de transferência de renda. Você conhece o BPC? Talvez não por nome, mas o Benefício de Prestação Continuada abrange cerca de 4,6 milhões de pessoas e garante a todo cidadão com deficiência ou maior de 65 – ambos com receita menor de ¼ do salário mínimo – o direito ao recebimento de um salário mínimo mensal. Ademais, ainda há o Bolsa Família cujas condicionantes são mais específicas e permite o recebimento mensal de R$41 a R$205 e contempla cerca de 13,9 milhões de famílias brasileiras.

Até aqui, portanto, ainda não entrei no mérito representativo em relação ao poder de compra oferecido por estes programas; prefiro deixar esta discussão para a conclusão do texto e não interromper (não mais) o andamento do pensamento. Afinal, ainda há muito assunto a ser ponderado.

Quando falamos em programas de transferência de renda, é fundamental entendermos como é feito o mapeamento da população em caráter de vulnerabilidade antes de partirmos para a execução de fato; ponto que demonstrou bastante fragilidade durante a distribuição do auxílio emergencial (também um programa de transferência de renda) durante a pandemia quando se mostrou ineficaz ao calcular o número de pessoas beneficiadas e os números saltaram de 21 para 31% da população ao longo de muita bagunça. Cá entre nós, este mapeamento era para estar na ponta da língua! Hoje em dia, as grandes empresas de tecnologia são capazes de mapear a população brasileira muito melhor que qualquer CadÚnico ou Dataprev (repare na reinvenção do capital quando falamos sobre acesso a dados, entraremos nesta questão mais a frente). Este, por fim, é o primeiro grande passo antes de iniciarmos um projeto piloto de renda básica (por enquanto não universal): definir exatamente os participantes e valores do projeto.

Mas meu “espaço” aqui é curto e chegou a hora de desenharmos a universalização do acesso à renda básica: nasceu, tem direito imediato e incondicional. Esta é uma proposta bastante antiga e seus primeiros experimentos (ainda que por acaso) foram realizados no final século 18 na Inglaterra quando, em meio às guerras napoleônicas, os preços dos grãos dispararam diante de embargos comerciais, a inflação dos alimentos disparava e pessoas morriam de fome. Foi quando ficou declarada para aquela específica região, a renda básica como garantia de vida e dignidade humana. O projeto durou mais de 30 anos e foi cessado por opositores políticos.

Pronto, chegamos num ponto inevitável para falar de transferência de renda: a política. E assim entramos, também, no mérito do valor da renda em questão. Afinal, não é apenas injetar liquidez (grosseiramente, um quase sinônimo para dinheiro). Portanto, como vamos transferir a renda? De onde sai e para onde vai o dinheiro? O que isso influencia na forma como o capital está se reinventando?

Para responder a estas perguntas continuarei este tema na próxima semana. Ainda temos muito o que conversar sobre o futuro das relações humanas diante de modelos econômicos.

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