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Renda fixa e inflação

sexta-feira, 30 de abril de 2021

A ideia para a semana era outra, meu planejamento contava com um texto sobre as novas medidas relacionadas ao teto de gastos e a Lei Orçamentária. A intenção era te mostrar como algumas medidas econômicas podem influenciar suas finanças pessoais e a relação com seus investimentos. Contudo, decidi deixar o tema para a próxima semana. Hoje, vamos falar um pouco sobre renda fixa e inflação. A propósito, há tempos não abordo a renda fixa por aqui e esta foi uma boa oportunidade.

A ideia para a semana era outra, meu planejamento contava com um texto sobre as novas medidas relacionadas ao teto de gastos e a Lei Orçamentária. A intenção era te mostrar como algumas medidas econômicas podem influenciar suas finanças pessoais e a relação com seus investimentos. Contudo, decidi deixar o tema para a próxima semana. Hoje, vamos falar um pouco sobre renda fixa e inflação. A propósito, há tempos não abordo a renda fixa por aqui e esta foi uma boa oportunidade.

Estamos vivendo num contexto cujo juros estão abaixo do índice de inflação e esta é uma grande preocupação para quem já possui mais conhecimento financeiro e percebe a corrosão do patrimônio mal alocado. Hoje, a previsão do Banco Central para o IPCA de 2021 está em 5,01% e as expectativas do mercado podem superar este valor. Enquanto isso – vale sempre observar – a caderneta de poupança está com rentabilidade anual de 1,92% e essa diferença é a desvalorização do seu dinheiro.

Mas como superar o IPCA? Existem algumas possibilidades e as mais seguras estão na renda fixa com a garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) – que assegura o capital do investidor em até R$ 1 milhão por CPF. Portanto, é hora de “dar nome aos bois” e vou listar algumas das possibilidades: CDB, LCI, LCA, LC e LH.

Definidos os títulos, é hora de analisar a liquidez dos investimentos; o prazo de vencimento. Como o risco de crédito é anulado pelo FGC, podemos considerar a liquidez como o único risco dos investimentos em renda fixa e este é um ponto a ser analisado com cautela, pois o capital alocado só pode ser resgatado com a devida rentabilidade após a data de vencimento do título. Isso pode custar caro para investidores despreparados sem planejamento, mas é uma ótima opção para quem sabe o que está fazendo.

Para consultar os prazos de liquidez, basta olhar o prazo (antes de arregalar os olhos para qualquer oferta de rentabilidade) nos dados informativos do respectivo título e estudá-lo para ver se encaixa nos seus objetivos e planejamento financeiros.

Por fim – e muito longe de ser menos importante –, é hora de garimpar boas rentabilidades. A classe em questão pode ofertar três tipos de rentabilidade: pré-fixado, pós-fixado e híbridos. Vou detalhá-lo

  • Pré-fixados: a remuneração é definida no momento da contratação através de uma taxa anual nominal (por exemplo: 8,55% a.a.).
  • Pós-fixados: a remuneração é definida no momento da contratação através de uma taxa indexada (por exemplo: 148% do CDI)
  • Híbridos: a remuneração é definida no momento da contratação através de uma taxa indexada mais uma taxa anual nominal (por exemplo: IPCA + 4,20% a.a.).

Agora é hora de adequar o planejamento às circunstâncias. Estamos vivendo momentos de alta de juros e inflação, portanto, os títulos pós-fixados e – principalmente – híbridos atrelados ao IPCA podem receber maiores pesos na sua carteira de investimento. O que não anula o papel importantíssimo da alocação em títulos pré-fixados, você só precisa balancear os investimentos na medida certa.

Vê como pode ser simples? Basta manter seus estudos em dia e me acompanhar toda sexta-feira nesta coluna para aprender a lidar melhor com seus investimentos. Espero estar ajudando.

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Medo e fuga da febre amarela

quinta-feira, 29 de abril de 2021

Na virada do ano de 1849 para 1850, o Rio de Janeiro foi assolado por uma devastadora epidemia de febre amarela. As estimativas indicam que 15 mil cariocas morreram desta doença. Com variável intensidade, a febre amarela provocaria mortes no Brasil praticamente a cada verão pelos 60 anos seguintes. Os médicos recomendavam no verão, durante a canícula, as cidades serranas como lugares mais seguros. A família imperial, assessores e políticos elegeram Petrópolis como refúgio. Nova Friburgo era igualmente o destino dos cariocas que fugiam do flagelo da epidemia.

Na virada do ano de 1849 para 1850, o Rio de Janeiro foi assolado por uma devastadora epidemia de febre amarela. As estimativas indicam que 15 mil cariocas morreram desta doença. Com variável intensidade, a febre amarela provocaria mortes no Brasil praticamente a cada verão pelos 60 anos seguintes. Os médicos recomendavam no verão, durante a canícula, as cidades serranas como lugares mais seguros. A família imperial, assessores e políticos elegeram Petrópolis como refúgio. Nova Friburgo era igualmente o destino dos cariocas que fugiam do flagelo da epidemia.

Não se sabia a origem desta doença. Os cientistas se dividiam entre duas teorias. Um grupo acreditava que se tratava de uma doença contagiosa e transmitida diretamente de uma pessoa infectada para uma saudável. Por outro lado, haviam os defensores da teoria dos miasmas, ou seja, o que fazia as pessoas adoecerem eram a insalubridade e o ar “venenoso” por causa dos vapores emanados pelos pântanos, águas estagnadas, lixo e emanação de objetos pútridos.

Nesta coluna, vou tratar particularmente de uma epidemia que ocorreu bem próxima a Nova Friburgo e que realmente assustou a população. Foi a ocorrida no município de Cantagalo e que eclodiu em abril no ano de 1891. O mais patético foi que todos os vereadores da Intendência Municipal, como era denominada a Câmara Municipal na República, abandonaram o município. De acordo com o Jornal do Commercio, de 7 de abril de 1891, o povo abandonado pela Intendência reuniu-se e nomeou uma comissão de socorros públicos para acudir aos enfermos, enterrar os mortos, cuidar da desinfecção e de outros meios higiênicos.

O delegado era a única autoridade existente no município e auxiliava a comissão. Apenas três médicos acudiam a população e cuidavam da subscrição arrecadando dinheiro para auxiliar os indigentes. Abriu-se, então, um lazareto para os epidêmicos. A desolação era extrema. A população socorria-se mutuamente. O jornal A República, de Campos, publicou em 9 de abril de 1891 que a população aterrada abandonava o lugar. Possivelmente se referia às famílias abastadas que deixaram o município.

A Gazeta de Notícias de 28 de abril do mesmo ano confirma que os habitantes se retiravam para diversos pontos do Estado, abandonando as suas casas e haveres. Todos os estabelecimentos públicos, muitas casas de negócio, açougues e padarias fecharam as portas. Para socorrer os enfermos pobres foi criada uma comissão distribuindo carne, galinhas, ovos e medicamentos. O Conde de Nova Friburgo doou um conto de réis e a família Monnerat 800 réis. Os cadáveres sem as habituais exéquias eram transportados em carroças e sepultados em valas comuns por voluntários, policiais e detentos. Naquela época havia os negacionistas.

O governador do Estado do Rio declarou que à exceção do Rio de Janeiro, a febre amarela não se manifestava em nenhum município do estado. Segundo ele, tratava-se de casos de febre remitente biliosa ou perniciosa e a população aterrada a considerava como febre amarela. A origem deste flagelo em Cantagalo pode ser a conexão frequente pela linha férrea entre este município e Niterói no transporte do café.

Conforme notícia do jornal Democracia, de 8 de abril de 1891, a cidade de Niterói vivia em estado habitual de imundície de suas praias e ruas, o serviço de remoção de materiais fecais era precário e carecia de execução nos mais rudimentares preceitos de higiene pública. Com a epidemia tão próxima, construiu-se em Nova Friburgo um lazareto e sua conclusão ocorreu em 1893. Mas o município nunca teve um surto de febre amarela. O lazareto teria utilidade quando ocorrer a epidemia da gripe espanhola.

O jornal O Friburguense, na coluna “Alerta ainda!”, de 19 de abril de 1891, cobrava das autoridades que fosse criado um cordão sanitário impedindo que a população cantagalense imigrasse para Nova Friburgo como vinham fazendo. Se por um lado o jornal fazia a vigilância sobre os cantagalenses paradoxalmente nos editoriais recebia de forma calorosa os cariocas que igualmente fugiam da febre amarela no Rio Janeiro. A explicação está nos benefícios que estes últimos proporcionavam à rede hoteleira, no aluguel de residências, serviços e principalmente no comércio.

Cumpre destacar que permaneciam  seis meses em Friburgo entre novembro e maio, enquanto não cessasse a canícula, o intenso calor no Rio de Janeiro. Quem primeiro aventou a hipótese da febre amarela ser transmitia por um mosquito foram os médicos cubanos, cuja tese foi confirmada anos depois. A febre amarela foi extinta no Rio de Janeiro por Oswaldo Cruz e Carneiro de Mendonça em 1903. Seis anos depois o Rio de Janeiro ficou livre das epidemias intermitentes de febre amarela. A descoberta da vacina, em 1937, colocou esta doença sob controle.

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    Os vereadores abandonaram Cantagalo

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    Cariocas em Friburgo fugindo da febre amarela

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    O flagelo da epidemia

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Faça algo hoje para aliviar a dor de alguém

quinta-feira, 29 de abril de 2021

Nesta existência não dá para não ter dor. Geralmente o bem estar vem depois da dor e não sem ela. Parece que para todos nós, seres humanos, o prazer vem depois da dor, depois do sofrimento. Mas a dor volta. O que sentimos de bom passa. Mas o que sentimos de ruim, também passa. Mas volta.

Nesta existência não dá para não ter dor. Geralmente o bem estar vem depois da dor e não sem ela. Parece que para todos nós, seres humanos, o prazer vem depois da dor, depois do sofrimento. Mas a dor volta. O que sentimos de bom passa. Mas o que sentimos de ruim, também passa. Mas volta.

Já atendi gente famosa, artistas de TV, músicos, compositores. Eles aparentam para o público só ter felicidade, fama, sucesso, dinheiro, mas a verdade, por detrás dos bastidores, é que eles têm dores difíceis, boa parte com casamentos destruídos, divorciados, um filho para cada canto, alguns são dependentes de drogas. Dor.

Philip Yancey em seu livro “Onde está Deus quando chegar a dor”, na página 52, escreveu: “Se eu gastar a vida procurando a felicidade em drogas, conforto e luxo, terei enganado a mim mesmo. ... A felicidade virá a mim inesperadamente, como subproduto, como surpresa adicional, depois de eu ter investido a vida em alguma coisa de valor. E, provavelmente, esse investimento terá incluído a dor. Sem ela, é difícil imaginar o prazer.”

Investir sua vida em algo de valor. Mas é incrível como que uma boa parte da humanidade mergulhou no materialismo na ilusão de buscar a felicidade com mais uma casa, mais uma filial da empresa, mais um milhão na conta bancária. E para conseguir o crescimento econômico, se apela para tudo, propinas, sociedades secretas, manipulação da notícia, conflito de interesses entre empresários e políticos. Como me disse o esposo de uma cliente que eu atendia se referindo ao mundo corrupto na área dele, ele que era um empresário bem sucedido na área imobiliária de uma grande cidade do Estado de São Paulo: “É tudo uma nojeira!”

Também conheci um ambientalista que me disse que recebia ameaças de morte porque defendia o meio ambiente de regiões onde os megaempresários do ramo de construções queriam destruir para levantar seus empreendimentos imobiliários.

Quanto sofrimento o povo experimenta e que poderia ser eliminado pela liderança política, se fossem pessoas realmente comprometidas com o alívio da dor humana! Yancey comenta: “O sofrimento é uma mensagem geral de advertência a toda a humanidade de que algo está errado com o planeta e de que precisamos de uma intervenção externa radical.” (p.76). A saída não está dentro, está fora da humanidade.

Nem sempre o mal é punido nessa vida, e por isso os corruptos seguem em suas vidas devassas impunes. Só para citar um exemplo: um líder político corrupto se torna membro de uma comissão de ética! Isso é o mesmo que colocar o lobo para tomar conta do galinheiro. Quem pode mudar isso?

A dor continua. A pandemia pode arrefecer, mas virão novos problemas sociais de sofrimento piores. Não se pode acabar com o sofrimento na impunidade, na exaltação de pessoas de caráter no mínimo duvidoso, e a mídia não cansa de fazer isso. Certa vez li que uma boa maneira de você exaltar a si mesmo é exaltar outra pessoa ou instituição que, no fundo, talvez não mereça elogios. A mídia vive exaltando pessoas famosas dúbias, que têm uma vida privada cheia de complicações ligadas a comportamento disfuncional e, pior, violando a lei, dos homens e de Deus. Mas o povo aplaude. Parece que esquece a corrupção de um líder. Depois o reelegem. Como entender isso? Tantos anos de ditadura e agora com tantos anos de democracia com eleições, ainda não aprendemos? Onde está o problema que causa tanta dor na população?

O problema está no caráter das pessoas. Nossa maior luta é contra nós mesmos, conta nosso eu egoísta, orgulhoso, desonesto, que sempre quer levar vantagens para benefícios pessoais. O problema está no coração, e Jesus disse que é dele que procedem tudo o que contamina a vida, as relações sociais, gerando dor e sofrimento.

Você pode fazer sua parte fugindo da corrupção em sua vida pessoal e praticando algo, dia a dia, que produzirá alívio da dor de alguém, não só de sua família, mas de qualquer ser humano. Dê de si mesmo para ajudar outro indivíduo. Isto produzirá bem estar na pessoa que recebe sua ajuda, e em você mesmo. Você pode fazer algo, simples que seja, hoje mesmo para diminuir a dor de alguém. Faça isso, mesmo com alguma dificuldade, e verá que o alívio de seu próprio sofrimento virá em seguida.

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Sete mil famílias com fome

quarta-feira, 28 de abril de 2021

Sete mil famílias com fome
Mais de sete mil famílias friburguenses estão vivendo com menos de R$ 100 por mês. Mais de 18 mil famílias vivem com aproximadamente R$ 500. Os dados obtidos por um grupo de empresários locais causam preocupação pela constatação simples: milhares de friburguenses estão passando fome.

Sete mil famílias com fome
Mais de sete mil famílias friburguenses estão vivendo com menos de R$ 100 por mês. Mais de 18 mil famílias vivem com aproximadamente R$ 500. Os dados obtidos por um grupo de empresários locais causam preocupação pela constatação simples: milhares de friburguenses estão passando fome.

Inflação maior para mais pobres
Mesmo com o novo auxílio emergencial, a fome bate à porta e deve atingir ainda mais famílias. Na semana passada houve demissões em massa em diversas empresas locais. Os problemas causados pela pandemia se somam à inflação que é sentida pelos mais pobres como constatado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Mais que o dobro
Em 2020, a taxa de inflação dos mais pobres apontou alta de 6,22%, ante avanço de 2,74% na taxa dos mais ricos. Com cinco mil cestas básicas prometidas pela prefeitura e que não chegam na pressa de quem tem fome, há preocupação com as outras duas mil.

Campanha de arrecadação
Vale lembrar que até agora, Nova Friburgo não recebeu uma cesta básica do Governo Federal. Apesar de várias campanhas de solidariedade, a velocidade da fome e da dificuldade de todos tem exigido mais do que empatia e criatividade. Uma grande campanha deve ser criada nos próximos dias para coordenar essa ajuda.

Caixa Solidária
Mais uma campanha de arrecadação de alimentos começou nesta semana. É a “Caixa Mais Solidária” permite que as agências da Caixa atuem como pontos de coleta de alimentos não perecíveis para posterior distribuição. Vale ressaltar que os alimentos arrecadados não serão distribuídos nas agências do banco, que atuarão apenas como pontos de coleta.

Agasalho
Se não bastasse, o frio também está se intensificando e campanhas tradicionais de doação de agasalhos devem surgir. Quem pode ajudar já deve ir separando aquela blusa ou cobertor que está esquecido no armário. A previsão do tempo já indica para toda essa semana temperaturas mais baixas e chuva.          

Latas recicladas
O Brasil fechou 2020 como o 3º país em reciclagem de latas de alumínio. De acordo com levantamento da Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio (Abralatas), o país obteve um índice de reciclagem de 97,4%. Acredita-se que Nova Friburgo deve ter acompanhado esse índice.

Aumento mesmo com pandemia
De 402,2 mil toneladas de latas vendidas, foram recicladas 391,5 mil, ou, aproximadamente 31 bilhões de unidades. Em 2019, o número de latas vendidas e recicladas foi menor. Na ocasião, foram 375,7 mil toneladas vendidas e 366,8 mil toneladas recicladas. A avaliação é de que a estrutura de reciclagem de latas no Brasil é sólida.

Meio ambiente agradece
O desempenho do setor em 2020 foi satisfatório, mesmo em um cenário de pandemia, com a interrupção de atividades de coleta seletiva em diversos municípios e a suspensão do trabalho de cooperativas e catadores. O fortalecimento da cadeia de reciclagem gera benefícios econômicos e ambientais.

Coleta seletiva
Em tempos: Nova Friburgo que já alcançou bons índices de coleta seletiva, praticamente abandonou essa política desde 2016. De cobertura quase total até 2015 para próximo de zero do ano seguinte em diante. Pelo menos é o que mostram os dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento no capítulo para resíduos sólidos. Aliás, as informações referentes a 2020 terão sua coleta de dados finalizado no dia 31 de maio.

Reinfecção de Covid-19
Estudo recente feito com 25 mil profissionais de saúde trouxe resultados animadores em relação à reinfecção. O estudo concluiu que os que pegaram a doença pela primeira vez tiveram uma incidência de 57,3 contaminados em 100 mil pessoas, contra 7,6 dos que já tinham testado positivo, também sobre um total de 100 mil. Em média, foram pouco mais de 200 dias entre o primeiro e segundo contágio.

Otimismo, mas...
Outro ponto importante foi a proporção de casos assintomáticos em cada grupo. Enquanto nos que tiveram pela primeira vez 80,3% apresentaram sintomas, nos participantes que tiveram reinfecção, esse número caiu para 50,3%. A idade média dos participantes era em torno de 46 anos e a pesquisa avaliou o período de junho a janeiro.

Palavreando
“Descubro vivendo e sabendo que toda biografia é feita de altos e baixos, ainda que alguns tenham talento em não exteriorizar aquilo que sentem. Nem todo sorriso é um sorriso. Há sempre um furacão dentro de cada um, assim como um vento leve que acalma as tempestades”.

 

Foto da galeria
Quem aí já usou um desse? Em tempos de grandes discussões sobre o futuro do transporte público, o vale-transporte em papel foi extinto, sendo substituído pelos cartões. Esse aí, preservado, é do perfil do Instagram Nova Friburgo Antiga. De 1997, quando a passagem custava R$ 0,70. Naquela época, para se ter uma ideia, o salário-mínimo era R$ 120. A título de mera curiosidade, uma passagem custava, portanto, 0,58% do salário-mínimo. Atualmente, a relação preço da passagem (R$ 4,20) para o salário-mínimo (R$1.100) é de 0,38%.
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O voto impresso é uma necessidade, num país de más intenções

quarta-feira, 28 de abril de 2021

Ganha força o projeto de, já nas próximas eleições, termos o voto impresso no momento da confirmação, na urna eletrônica. É preciso entender que a impressão de um papel não irá para a mão do eleitor, mas após aparecer na tela os candidatos escolhidos por ele, surgirá, também, o que será impresso. Após essa confirmação, esse impresso será depositado numa urna acoplada à eletrônica. Assim, caso um candidato levante qualquer suspeita quanto à contagem dos votos, eles poderão ser recontados, o que não acontece atualmente, pois se o chip da urna for adulterado, não será descoberto.

Ganha força o projeto de, já nas próximas eleições, termos o voto impresso no momento da confirmação, na urna eletrônica. É preciso entender que a impressão de um papel não irá para a mão do eleitor, mas após aparecer na tela os candidatos escolhidos por ele, surgirá, também, o que será impresso. Após essa confirmação, esse impresso será depositado numa urna acoplada à eletrônica. Assim, caso um candidato levante qualquer suspeita quanto à contagem dos votos, eles poderão ser recontados, o que não acontece atualmente, pois se o chip da urna for adulterado, não será descoberto. O que vale é a totalização.

Esse assunto começou a ser ventilado desde que as urnas eletrônicas fizeram sua aparição entre nós, pois se hackers são capazes de se infiltrarem até no Pentágono, nos Estados Unidos, porque as urnas brasileiras estariam a salvo? Sem falar que os presidentes do STE (Supremo Tribunal Eleitoral) são oriundos do STF (Supremo Tribunal Federal) e, o atual não tem a confiança que deveria ter, da população brasileira. Para refrescar a memória de muitos, quando Dias Toffoli presidiu o STE, na eleição durante o seu mandato, mandou fechar as portas do local de apuração das urnas e o mesmo só foi reaberto para comunicar o resultado final das eleições. Aonde estava a transparência necessária para um acontecimento de tamanha envergadura?

Creio que a impressão dos votos é imprescindível nas próximas eleições, pois Jair Bolsonaro é candidato à reeleição e a oposição e a esquerda usarão de todos os meios, mesmo os ilícitos para tentar barrar um novo mandato do atual presidente. Haja vista, as manobras da segunda turma e do plenário daquela que já foi a mais alta corte do país, tornando Luís Inácio da Silva inocente e em condições de disputar as próximas eleições presidenciais. Com várias canetadas conseguiram denegrir e acabar com a maior operação de combate à corrupção, que foi a operação Lava-Jato. O mal, na política sempre triunfa, haja vista que o mesmo ocorreu com a operação Mãos Limpas, na Itália.

Seja na república velha seja na que se seguiu, manipulação ou tentativa de manipulação de votos sempre houve na política brasileira. Em 1982, nas primeiras eleições diretas aos governos dos estados, desde a intervenção militar de 1964, tivemos o famoso caso Proconsult em que Leonel de Moura Brizola quase perdeu as eleições por causa de um esquema fraudulento concebido por aquela empresa. O esquema da fraude deveria funcionar na etapa de totalização final dos votos, quando, em função de um cognominado ‘diferencial delta’, os programas instalados nos computadores da empresa Proconsult, contratada pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio para o serviço, subtrairiam uma determinada porcentagem de votos dados a Brizola transformando-os em votos nulos, ou promoveriam a transferência de sufrágios em branco para a conta do então candidato governista, Moreira Franco.

A falsificação na contagem foi descoberta graças ao trabalho da imprensa, sobretudo a partir do esquema de apuração paralela ao do TRE-RJ montado pela Rádio Jornal do Brasil – cuja cobertura daquelas eleições concorreu e levou larga vantagem sobre o aparato armado pelo conglomerado de mídia hegemônico no estado, as Organizações Globo. A Rádio JB pôde revelar em primeira mão a fraude que se armava, dada as discrepâncias entre os números que anunciava e os constantes nos boletins oficiais do TRE. A apuração foi interrompida e o esquema, descoberto, então desmontado às pressas.

O resultado final mostrou o que as ruas já haviam indicado durante a campanha: Leonel Brizola foi eleito com 1.709.180 votos (ou 34,2% dos votos válidos), Moreira Franco ficou com 1.530.706 (30,6%), Miro Teixeira com 1.073.446 (21,5%), Sandra Cavalcanti obteve 536.383 (10,7%) e Lysâneas Maciel contou 152.614 votos (3,1%). Como se pode notar, a diferença de Brizola para Moreira Franco foi de 3,6% dos votos, um percentual facilmente manipulável, se o esquema não tivesse sido descoberto.

Portanto, nas próximas eleições todo cuidado será precioso para que não paire nenhuma dúvida sobre a veracidade do resultado final, daí a necessidade do voto impresso. Essa seria uma maneira eficaz de dirimir dúvidas caso elas venham a existir. Como diz o ditado popular espanhol “Yo no creo em brujas, pero que las hay, las hay” (eu não creio em bruxas, mas que existem, existem).

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A VOZ DA SERRA é o guia das nossas reflexões!

terça-feira, 27 de abril de 2021

Festejar o Dia da Terra, celebrado em 22 de abril, é abrir espaço para reflexões. O Caderno Z nos auxiliou a descobrir os meios para melhor ajudarmos na preservação do planeta azul. A data, criada em 1970, nos Estados Unidos, tem reunido milhões de pessoas no mundo inteiro. São mentes que se dedicam a idealizar as estratégias  em prol do aprimoramento humano, na relação com o meio ambiente.

Festejar o Dia da Terra, celebrado em 22 de abril, é abrir espaço para reflexões. O Caderno Z nos auxiliou a descobrir os meios para melhor ajudarmos na preservação do planeta azul. A data, criada em 1970, nos Estados Unidos, tem reunido milhões de pessoas no mundo inteiro. São mentes que se dedicam a idealizar as estratégias  em prol do aprimoramento humano, na relação com o meio ambiente. Somos um todo – ambiente e humanidade e o tema para este ano é “Restaure Nossa Terra”, com ênfase nos impactos e reparos dos danos causados pelo mau procedimento humano e consequentes danos ao planeta. 

Em Nova Friburgo, a produção agrícola familiar tem se destacado e reforça o setor, contribuindo para as práticas conservacionistas do solo. Produtores de morango e de couve-flor são familiares que aprenderam a lidar com o solo, no manejo de sua produção e preservação da cultura. Adelson Raposo, produtor de couve-flor, destacou: “A gente toma os devidos cuidados, cuida do solo, cuida da terra, pois é dali que sai o nosso alimento...”. Fernanda Schenck, da Amorango, explica: “Nós tivemos que nos reinventar de várias formas” para transpor a fase ruim. Há exemplos de projetos, como a maior horta comunitária da América Latina, em Manguinhos, na Zona Norte do Rio.

Em São Paulo, destaca-se o AgroFavela de hortas comunitárias, projeto lindo que inclui até horta vertical. Na Feirinha do Cônego, aos sábados, os friburguenses podem desfrutar de um agradável passeio para aquisição de bons produtos “com garantia de cultivo natural”.

Em “Carta ao Planeta Terra”, Wanderson Nogueira desabafou: “(...) Peço desculpas. Por não cuidar de você como deveria. Por marginalizar a vida de todos os seres que aqui vivem, especialmente meus irmãos. Peço perdão pelas atitudes deles também. Temos a mesma morada e as mesmas responsabilidades para com você e com a gente mesmo. Temos sido autores da desigualdade. Criamos a tal sustentabilidade, mas ainda estamos longe de efetivá-la. Gostaria de poder te proteger de nós mesmos...”.

O Caderno Z deixou o seu recado em nome do Dia da Terra e, como na canção de Beto Guedes, “a lição sabemos de cor, só nos resta aprender...”. Cuidar tem sido o verbo mais utilizado nos tempos atuais. Em todos os sentidos, o verbo entra conjugando ações que vão desde o nosso emocional às mais variadas demandas. O Pavilhão das Artes, no Cônego, entra em obras para uma reforma estrutural. A linda foto de Henrique Pinheiro mostra a grandeza do imóvel inserido em local de vista privilegiada. Boas falas!

Jhennifer Alves, nossa nadadora friburguense, ficou fora dos 100 metros peito por um segundo, não atingindo o índice olímpico, durante uma prova realizada na última semana, no Rio de Janeiro. Super competente, Jhennifer tem vários títulos e prêmio de melhor atleta universitária feminina em 2019. Em breve, ela realiza o sonho de Tóquio! A vida é uma luta diária e, pior, quando nadamos em águas rasas e turvas, como é o caso das pessoas que vencem a “batalha” da Covid-19, mas ficam, por muito tempo, lutando com as sequelas da doença, como nos mostrou a matéria de Christiane Coelho. Que situação!

Janaína  Botelho conta sobre a Chácara do Seu Martins e eu fico viajando dentro do seu texto, imaginando como devia ser aquela Vila Amélia com laticínios, verduras, legumes, frutas frescas e tantas outras iguarias. Eu, que vivi minha infância na década de 60, naqueles arredores, jamais poderia supor uma vila assim. Que bom saber da história!

“É fácil amar as pessoas fáceis” – com essa máxima, o doutor Cesar Vasconcellos nos colocou frente a frente com as nossas peculiaridades. Cabe-nos, a partir de boa reflexão, responder: “Será possível amar inimigos?” Ou pelo menos, “amar as pessoas difíceis? “ – A resposta é individual, intransferível, pois cada um sabe de sua capacidade de amar. Com Paula Farsoun, outras reflexões em “Não está fácil para ninguém”. Minha amiga, eu também penso exatamente como você e “desconfio das pessoas que estão perfeitamente bem diante deste cenário que estamos vivendo...”. E Paula pergunta: “Que tipo de gente temos sido agora?”. Boa pergunta e excelente resposta para todos nós!

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Monnerat: encontro em missa

terça-feira, 27 de abril de 2021

Monnerat: encontro em missa
A benquista e tradicional família Monnerat, que tem considerável representatividade em Duas Barras e também aqui por Nova Friburgo, realiza seu 73° encontro no próximo domingo, 2 de maio, às 8h.
Em razão da pandemia e por ser muito extensa, este encontro familiar não terá conotação festiva e sim, uma especial celebração religiosa na Igreja Nossa Senhora da Guia, no distrito bibarrense que leva o nome da própria família, Monnerat.

Monnerat: encontro em missa
A benquista e tradicional família Monnerat, que tem considerável representatividade em Duas Barras e também aqui por Nova Friburgo, realiza seu 73° encontro no próximo domingo, 2 de maio, às 8h.
Em razão da pandemia e por ser muito extensa, este encontro familiar não terá conotação festiva e sim, uma especial celebração religiosa na Igreja Nossa Senhora da Guia, no distrito bibarrense que leva o nome da própria família, Monnerat.
Conforme Eduardo Monnerat Solon de Pontes que está à frente deste encontro, a missa deverá contar com participação espiritual de grande parte dos quase nove mil Monnerats espalhados pelo estado e Brasil afora e de forma presencial, apenas as participações de 73 familiares na igreja de Monnerat no próximo domingo.

Vivas para Suely
 A data de hoje, 27, faz com que o dia seja muito especial para admirada e competente funcionária da Subprefeitura de Conselheiro Paulino, Suely Pinheiro (foto).
Isso, porque para satisfação dela, bem como de todos seus familiares, amigos e admiradores, ela está aniversariando, razão pela qual a encaminhamos nossos cumprimentos com votos de mais e mais saúde, felicidades, sucessos e tudo de bom.

Níver com surpresa
No último dia 20, o Nova Friburgo Country Clube completou 64 anos de fundação e pelo que está no ar, uma bela surpresa para o quadro social marcará a celebração desta marca em breve.
Incansavelmente e mesmo neste período de pandemia, a diretoria do NFCC e seu presidente Celsinho não param de trabalhar em prol de melhoramentos para o clube.

#GPHpedeajuda
Diante da acentuada crise social e sobretudo a necessidade de ajudar seus beneficiados, o Grupo de Promoção Humana (GPH) está solicitando apoio de seus amigos no sentido de ofertarem R$ 100, cada para a composição de cestas básicas para inúmeras famílias que estão necessitando.
Quem puder ajudar nesta ação social, basta realizar um depósito para a agência 0335-2 do Banco do Brasil na conta corrente 6021-6. Se, no entanto, preferir doar mantimentos diretamente, o colaborador pode comparecer no GPH no bairro Conego de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h ou das 14h às 17h.

Concorrências acirradas
 A nível comercial a concorrência, especialmente também quanto aos chamados gêneros de primeira necessidade, sempre foi muito intensa, porém nestes tempos de pandemia e adversidades, tudo se acentuou ainda mais.
Na TV, por exemplo, observamos por vezes num mesmo intervalo comercial, anúncios de três, quatro ou até mais supermercados diferentes, sendo que o carro chefe, inclusive observado por todos para tentarem se guiar no mesmo parâmetro de preços praticados das 20 promoções divulgadas por vez, é uma grande rede do Rio que leva o nome do nosso Estado.

Parabéns, empregadas!
Hoje, 27, é o Dia Nacional da Emprega Doméstica, esta figura tão relevante em muitas residências e quem sempre conta com o respeito e valorização que merece.
 A data foi instituída em homenagem Santa Zita nascida na cidade italiana de Lucca em 1212, que foi empregada do lar e que morreu aos 60 anos de idade, neste dia e anos a frente, foi santificada pelo Papa Pio XII.

Foto da galeria
Vivas para Suely SRA. SUELY PINHEIRO
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A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Para não cair na indiferença

terça-feira, 27 de abril de 2021

Há na Esmolaria Apostólica, um departamento da Cúria Romana, uma fotografia icônica: noite de inverno, pessoas bem agasalhadas com casacos de pele, alegres e satisfeitas saindo de bons restaurantes e um desabrigado, faminto e com frio deitado ao chão. O registro fotográfico foi capaz de capturar com maestria o descaso e a indiferença das pessoas que desviavam o olhar do pobre homem jogado na sarjeta.

Há na Esmolaria Apostólica, um departamento da Cúria Romana, uma fotografia icônica: noite de inverno, pessoas bem agasalhadas com casacos de pele, alegres e satisfeitas saindo de bons restaurantes e um desabrigado, faminto e com frio deitado ao chão. O registro fotográfico foi capaz de capturar com maestria o descaso e a indiferença das pessoas que desviavam o olhar do pobre homem jogado na sarjeta.

Este é apenas um dentre inúmeros registros da falta de humanidade e de compaixão a que somos capazes. Ser indiferente não quer dizer, necessariamente, ser mal. Podemos ser pessoas muito boas com os que convivem conosco, com os que estão na mesma situação moral e social que nós, mas ainda assim a indiferença é capaz de ferir mortalmente a humanidade.

No próprio Evangelho podemos observar a cultura da indiferença impregnada no agir humano. Os evangelistas ao narrarem a multiplicação dos pães são unânimes em destacar a preocupação dos discípulos com a falta de alimento: “Despede a multidão, para que vá aos povoados e campos vizinhos procurar pousada e alimento” (Lc 9, 12). Neste posicionamento dos discípulos quase que os ouvimos dizer: “Não é problema nosso alimentar essa gente”.

Não quero dizer que os discípulos fossem maus. Eles não se preocupavam com a multidão, mas sim com o seu próprio bem-estar e também de Jesus. Mas a resposta de Jesus – “dai-lhes vós mesmo de comer” (Lc 9,13) – os ensina a prestar mais atenção às necessidades das pessoas, sobretudo das mais pobres.Quantas vezes mudamos nosso olhar de direção para não nos ferirmos com a miséria do outro? Ou quantas vezes somos incapazes de sentir a dor do outro?

Ainda o testemunho bíblico nos alerta para o abismo que criamos entre nós. Jesus, em um de seus discursos, conta a parábola do mau rico e do pobre Lázaro (cf. Lc 16, 19-31). O rico, mergulhado em sua individualidade dava inúmeros banquetes, vestia-se com roupas finas e caras, mas era incapaz de prover o bom sustento para o pobre Lázaro que ficava à sua porta.

Podemos ainda lembrar o Cego Bartimeu (cf. Mc 10, 46-52) que, sentado à beira do caminho, ao ouvir que Jesus se aproximava gritava para que tivesse piedade dele, era repreendido para que se calasse, pois incomodava. Poderíamos narrar aqui tantas outras situações em que, fechados em nossos projetos, realizações e comodismo, fomos indiferentes às necessidades dos demais. Vivemos uma era em que a informação chega a nós com eficaz velocidade, porém, ainda estamos insensíveis.

O Papa Francisco, relembrando sua primeira visita à ilha italiana de Lampedusa cunhou a expressão “globalização da indiferença”. E no contexto da pandemia refletiu: “Talvez nós hoje aqui em Roma estejamos preocupados porque ‘parece que as lojas estão fechadas, tenho que comprar isto, e parece que não posso passear todos os dias, e parece que...’: preocupados com as minhas coisas. E esquecemos as crianças famintas, esquecemos aquela pobre gente que nos confins dos países buscam a liberdade, aqueles migrantes forçados que fogem da fome e da guerra e encontram somente um muro, um muro feito de ferro, um muro de arame farpado, mas um muro que não os deixa passar. Sabemos que isto existe, mas não chega ao coração... Vivemos na indiferença: a indiferença é o drama de estar bem informado, mas não sentir a realidade dos outros.” (Homilia, 12 de março de 2020).

Sigamos o exemplo do coração de Jesus que viu a necessidade da humanidade e se compadeceu, não se fez indiferente.

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Padre Aurecir Martins de Melo Junior é assessor diocesano da Pastoral da Comunicação. Esta coluna é publicada às terças-feiras

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“Minha flor é efêmera” (Saint-Exupéry)

segunda-feira, 26 de abril de 2021

Hoje é um tempo triste. Tantas pessoas estão contaminadas pelo Covid19, outras mais, internadas, além do alto índice de óbitos. Uma certa desesperança paira no ar, que nos faz perguntar: como estaremos amanhã? Sobreviveremos a uma terceira onda?

Este estado de emoção me remeteu a um trecho do livro O Pequeno Príncipe, que, tão logo o li, senti meu peito apertar.

Hoje é um tempo triste. Tantas pessoas estão contaminadas pelo Covid19, outras mais, internadas, além do alto índice de óbitos. Uma certa desesperança paira no ar, que nos faz perguntar: como estaremos amanhã? Sobreviveremos a uma terceira onda?

Este estado de emoção me remeteu a um trecho do livro O Pequeno Príncipe, que, tão logo o li, senti meu peito apertar.

— Mas o que significa “efêmeras”? — repetiu o pequeno príncipe, que, em toda sua vida, jamais desistira de uma pergunta que tenha feito.
— Significa “o que está ameaçado de desaparecer em breve”.
— Minha flor está ameaçada de desaparecer em breve?
— Certamente.
“Minha flor é efêmera, disse para si mesmo o príncipe, “e ela só tem quatro espinhos para se defender do mundo.  E eu a deixei sozinha no meu planeta!”

O livro que tenho em mãos tem a leveza da tradução de Ferreira Goulart, e o trecho a que me refiro retrata a conversa do pequeno príncipe com o geógrafo, quando visita o sexto planeta.

Com suavidade, Saint-Exupéry nos revela que somos efêmeros, sozinhos e temos de sobreviver no mundo com tão poucos recursos. Nem com toda tecnologia conquistada, hoje, no século XXI, não nos tornamos poderosos. Quem pode se defender da ventania, da inveja e de um capcioso vírus? Somos frágeis e temos poucos anos de vida. O que são 90 anos ou mesmo 100 na grandiosidade do tempo? Ninguém tem como negar que somos caracterizados pelos limites. Se olharmos para nossas mãos, percebemos que o tamanho delas é invisível aos olhos do universo. Mesmo fazendo a vida com as duas, que se completam e se ajudam. Mesmo o homem tendo construído túneis, arranha céus e trens com elas, quando vêm a avassaladora força da natureza, o poder maligno do caráter humano, elas se quebram e não conseguem superar o que diante delas se impõe.

Talvez, como Fernando Pessoa usou esta palavra!, os viventes tenham de reconhecer suas impossibilidades para conseguirem melhor enfrentar a vida. Talvez a expressão “sei que nada sei”, seja de Sócrates ou de Platão, tenha a sabedoria dos mestres. Quem não precisa conhecer e aprender mais? Pena que, às vezes, a sensação de onipotência nos engole e chegamos até a imaginar a possibilidade de sermos imortais. Há quem se esqueça de colocar máscaras quando sai à rua em plena pandemia! Será banal esquecimento ou soberba?  

Morremos. Desaparecemos. Sim. Sim, senhor, como dizia Alice. Podemos findar a qualquer momento. 

Deixo, então, o Soneto 12 de Shakespeare:

Quando conto as horas que passam no relógio,
E a noite medonha vem naufragar o dia:
Quando vejo a violeta esmaecida, E minguar seu viço, pelo tempo embranquecida;
Quando vejo as altas copas de folhagens despidas,
Que protegiam o rebanho do calor com sua sombra,
E a relva do verão atada em feixes
Ser carregada em fardos em viagem;
Então, questiono tua beleza,
Que deve fenecer com o vagar dos anos,
Como a doçura e a beleza se abandonam,
E morrem tão rápido enquanto outras crescem;
Nada detém a força do Tempo,
A não ser os filhos, para perpetuá-lo após tua partida.

 

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Carta ao Planeta Terra

sábado, 24 de abril de 2021

Planeta Terra, venho pedir desculpas sobre como tenho tratado você ao longo dos últimos tempos. Deixe me apresentar, ainda que você me conheça muito bem, afinal já deve estar exausta de experimentar o velho ditado que diz: “quem bate esquece, quem apanha não”. 

Planeta Terra, venho pedir desculpas sobre como tenho tratado você ao longo dos últimos tempos. Deixe me apresentar, ainda que você me conheça muito bem, afinal já deve estar exausta de experimentar o velho ditado que diz: “quem bate esquece, quem apanha não”. 

É! Você me conhece bem, muito bem, mais do que até eu mesmo. Sim, sou o ser humano. O mais predador entre todos aqueles que tem você como lar. Somos muitos, com múltiplas diferenças, culturas e condutas, mas no fim, independentemente de como agimos, respondemos por todos e assim devemos encarar a nossa desumanidade como um conjunto só.

Entre nós, seres humanos, há alguns mais conscientes e que têm tentado, com certo esforço, alertar aos demais. Mas o mal segue sendo maior até mesmo quando você aumenta a temperatura e grita em tempestades, tsunamis, ciclones e furacões. Muitos de nós não querem ouvir e incendeiam suas florestas, criam teorias de que é plana e até de que as mudanças climáticas são conspirações ideológicas. Tantos anos para desaprender a aprender.

Não temos sido bons moradores. E não veja essa carta como uma provocação de mal inquilino que tenta adiar o despejo. Precisamos melhorar essa relação e admito que você tem sido até bondosa e paciente demais. Provoco desigualdades entre os meus (seus filhos, meus irmãos). Firo a sua honra, aniquilo suas proteções de ozônio, atolo seus mares de lixo e povoo a beira de suas veias de água. Poluo suas bacias, construo nas encostas de seus vales, roubo suas pedras que autointitulamos preciosas, estouro suas montanhas e mato suas fontes minerais. Tomo do seu profundo solo a sua substância preta e transformo tal matéria no vilão que te atormenta os oceanos e o ar. 

Ganancioso, troco o tempo que tenho por dinheiro e consumo mais e mais de forma desenfreada para mostrar quem é que manda! O vento que envia sugere que é você. Mas dou de ombros e mato animais e crio animais que nascem apenas para saciar os que podem pagar e quem não pode é porque não teve mérito para comer baby beef no jantar. Reclamam de fome? Que infeste o seu solo de agrotóxicos nocivos para te acelerar e nos dar mais, mais e mais.

Aí, nos fazemos capciosamente de desentendidos, mas você soma minúsculas partículas, tão pequenas que não podem ser vistas, mas que nos destroem por dentro e paralisam a nossa mais querida invenção: o capital. Vírus e bactérias que tentam nos ensinar sobre sustentabilidade, ética, de como somos frágeis e como nosso sistema é fácil de se brecar. Mas alguns de nós são tão espertos que aumentam seus bilhões e expandem ainda mais as desigualdades. O seu convite a cooperação parece não estar sendo aceito.             

Caro Planeta Terra, como gostaria que a maioria de nós seres humanos pudesse convencer essa minoria e aos que são massa de manobra dessa mínima parcela de que é necessária uma justiça social e econômica. Que a imperfeita democracia serve para nos unir e não nos segregar. Que só o fim das explorações, inclusive as explorações a você Terra, podem gerar a tão sonhada paz.

Peço desculpas. Por não cuidar de você como deveria. Por marginalizar a vida de todos os seres que aqui vivem, especialmente meus irmãos. Peço perdão pelas atitudes deles também. Temos a mesma morada e as mesmas responsabilidades para com você e com a gente mesmo. Temos sido autores da desigualdade. Criamos a tal sustentabilidade, mas ainda estamos longe de efetivá-la. Gostaria de poder te proteger de nós mesmos. 

Queria nessa carta te dizer que as coisas vão melhorar, que estamos próximos da tal ética planetária... Mas apenas desabafo para ser e por ser parte do seu lamento.      

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