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Ocupação de leitos de Covid não cai, mas quantos desses pacientes são moradores da cidade?
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
Há pelo menos um mês que a taxa de ocupação dos hospitais de Nova Friburgo, seja de enfermarias, seja de UTIs específicas para os pacientes acometidos pela gripe chinesa (Covid-19) não ficam abaixo dos 75%. Talvez, uma das explicações para tal fato possa ser a chegada das baixas temperaturas trazidas pelo outono. É sabido que o SARS-CoV-2 se adapta melhor ás temperaturas frias; isso não significa que não haja contaminação no verão, mas as taxas costumam diminuir nessa estação.
No entanto, uma coisa que chama a atenção nos boletins distribuídos pela prefeitura, é a não informação de quantos pacientes internados nos setores de Covid são de outros municípios. Não que se defenda o fechamento dos hospitais de Friburgo para pacientes de fora; isso não só seria uma desumanidade, como uma afronta a Carta Magna do país, que assegura textualmente o direito do cidadão de ir e vir por todo o território nacional.
Porém, essa informação seria importante, pois num determinado dia, a taxa de ocupação dos leitos de UTI, do Hospital Raul Sertã era de 100%, mas somente 12 pacientes residiam em Nova Friburgo. Dos oito remanescentes, cinco eram de Teresópolis e três de municípios vizinhos. Isso se aplica também ao número de mortos, pois proporcionalmente, nossa cidade chegou a mais de 600 óbitos até agora; mas, nessa cifra trágica, quantos são de Friburgo e quantos são os de fora?
O significado disso, infelizmente, é o descaso de prefeitos com a saúde de seus conterrâneos, muitos deles seus eleitores. Pasmem! Teresópolis do alto de seus mais de 185 mil habitantes, não possui um hospital municipal; lá existem leitos disponíveis pelo SUS nos hospitais particulares e quando esses se esgotam o jeito é exportar pacientes para municípios vizinhos.
O grave disso tudo é que a pandemia já perdura por um ano e quatro meses, no Brasil, e os prefeitos de determinados municípios nada fizeram para preparar suas cidades. O enfrentamento a uma moléstia dessa dimensão, não se traduziu pela construção de hospitais e o consequente aumento de leitos. Se fizermos uma comparação com a pandemia de 1918 e 1919, a da gripe espanhola (não vi ainda nenhum comuna reclamar dessa denominação, como reclamam daqueles que chamam a atual de gripe chinesa), a atual mata muito mais gente, em termos relativos, levando-se em consideração os recursos da medicina daquela época e os de 2020 e 2021.
Aliás, cabe aqui uma explicação do porquê da denominação de gripe espanhola. Na realidade os primeiros casos começaram nos Estados Unidos, no entanto, como o país acabara de entrar na guerra de 14, a divulgação da gripe ficou proibida ou restrita. Como a Espanha era um país neutro, sua imprensa não se fartou de divulgar a gravidade da situação, citando números de contaminados, mortos, países mais acometidos etc. Daí, se pensar que os primeiros casos foram originários do país de Cervantes. Na realidade, foi nos acampamentos de treinamento do exército americano que se registraram os primeiros casos e de onde ela se alastrou para todo o país. Findo o treinamento, muitos soldados já contaminados, mas sem sintomas, disseminaram a doença nos navios transportando a tropa e vieram se somar aos milhares de casos do continente europeu. Como na atualidade, a Índia foi um dos países que teve mais óbitos. O total, no mundo inteiro chegou a 50 milhões de pessoas.
Se repararmos bem os números de Friburgo, eles nos colocariam no mínimo na bandeira vermelha, referencial que foi abandonado pela prefeitura. Mas, o que notamos é uma cidade que pouco a pouco está voltando à normalidade, apesar do alto índice de contaminação. Para nossa felicidade, o nosso número de vacinados aumenta a cada dia e, talvez, sejamos entre os municípios do interior do estado do Rio de Janeiro, um dos que mais vacinou até agora.
O que se verifica em todo o mundo é a diminuição dos casos, à medida que se atinge pelo menos a metade da população vacinada. Que esse dia para o Brasil e para Friburgo, chegue logo.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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