Tempo de amar

Tereza Malcher

Tereza Cristina Malcher Campitelli

Momentos Literários

Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis, presidente da Academia Friburguense de Letras e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

segunda-feira, 14 de junho de 2021

Nosso calendário cuida das datas simbólicas durante o ano, e, no mês de
junho, comemoramos o Dia dos Namorados, dia em que os apaixonados saem
de mãos dadas sob as estrelas e o luar.
A literatura comemora o amor entre amantes durante o ano inteiro, ao
oferecer ao mundo romances como O Grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald,
Amor nos Tempos do Cólera, de Gabriel Garcia Marques, Diário de uma
Paixão, de Nicholas Sparks, e de milhares de outras belas e intensas histórias.
As poesias inundam o amor com doçura, como Cisnes, de Julio Salusse,
Casamento, de Adélia Prado, Soneto da felicidade, de Vinícius de Moraes. Não
podemos nos esquecer da poesia presente nas músicas, como Amor I Love
You, de Marisa Monte, Chega de Saudade, de Vinícius de Moraes e Tom
Jobim, Você é linda, de Caetano Veloso.
Os textos, sejam em prosa ou poesia, guardam os mais fortes
sentimentos amorosos, mostrando como da alegria à sofrência o amor se faz
presente de modo especial na vida de cada um. Lendo e experimentando o
amar através da literatura, podemos perceber como é possível intensificar os
afetos saudáveis, minimizar as dificuldades no relacionamento ou superar as
dores inevitáveis.
Junho pode ser um tempo doce para quem tem seu amado ao lado, um
tempo saudoso para quem o perdeu. E esperançoso para quem sonha
amorosamente com alguém. De todo modo, os sentimentos decorrentes do
amor fazem parte da vida. Triste é quem não os sentiu. Infeliz é quem os nega
ter. Sublime é quem os permite experimentar.
Para abraçar os amantes, deixo aqui dois sonetos.

Soneto de Fidelidade

Vinícius de Moraes

De tudo, ao meu amor serei sereno
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em louvo hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ao seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama.

Eu possa me dizer (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

 

Cisnes

Julio Salusse

A vida, manso lago azul algumas
Vezes, algumas vezes mar fremente,
Tem sido para nós constantemente
Um lago azul sem ondas, sem espumas.

Sobre ele, quando, desfazendo as brumas
Matinais, rompe um sol vermelho e quente,
Nós dois vagamos indolentemente,
Como dois cisnes de alvacentas plumas.

Um dia um cisne morrerá, por certo:
Quando chegar esse momento incerto,

No lago, onde talvez a água se tisne.

Que o cisne vivo, cheio de saudade,
Nunca mais cante, nem sozinho nade,
Nem nade nunca ao lado de outro cisne!

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Tereza Cristina Malcher Campitelli

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Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis, presidente da Academia Friburguense de Letras e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

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