Tereza Cristina Malcher Campitelli

Momentos Literários

Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

17/01/2022

Sim, senhores, as crianças e os jovens gostam de ler!
Fiz, mais uma vez, esta constatação ao desenvolver uma oficina na
Biblioteca do SESC para um grupo de jovens, quando abordei a relação do
autor com o leitor, o processo criativo da escrita e os benefícios que a leitura
oferece.
Foi uma atividade agradável e todos demonstraram interesse. Ao longo
da oficina, observei que alguns participantes do grupo liam mais de um livro por
vez, como também a maioria conhecia os autores citados pelos colegas.

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10/01/2022

A Academia Friburguense de Letras, Casa de Salusse, lugar de literatura,
ideias e convivência, ganha, em 2022, ares renovadores: novos acadêmicos e
diretoria. A diretoria será representada por Maria Janaína Botelho Corrêa,
Presidente; Wander Lourenço, Vice-Presidente; Alfredo José Henrique, Diretor
Cultural; e Irapuã Guimarães, Secretário. O Conselho Fiscal será composto por
mim, Ordilei Alves da Costa e Catherine Beltrão. Os novos acadêmicos são
Juçara Valverde, Alfredo José Henrique e Catherine Beltrão. Ainda tem a

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03/01/2022

 

Guardar

Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso melhor se guarda o voo de um pássaro
Do que um pássaro sem voos.

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27/12/2021

Hoje vou falar da literatura que acontece na vida, das palavras que não
são escritas, mas ditas espontaneamente, dos gestos que não são descritos,
porém expressos com naturalidade. A literatura corre pelos meandros das
relações afetivas entre os seres deste planeta azulado, a safira do sistema
solar.
Nesta época do ano, a afetividade está aflorada e manifesta de formas
diferentes. O olhar e o sorriso ganham um brilho especial, os braços parecem
ficar maiores para acolher o outro e os beijos mais estalados. Os acenos mais

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20/12/2021

Lendo a biografia de Woody Allen eu me deparei com uma afirmação que
é contrária ao que tenho lido e escutado ao longo de anos. “Você pode viver
até os cem anos se abandonar todas as coisas que fazem com que você queira
viver até os cem anos.” Parei, olhei para o teto revirando os olhos em várias
direções, mas sem nada ver, apenas pensando. De repente, minhas ideias se
aproximaram da letra do samba, gravado por Zega Pagodinho, “Deixa a vida
me levar”.
Essas proposições trazem toques de sabedoria porque a vida tem

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06/12/2021

Volta e meia eu me deparo com essa pergunta: você escreve “historinhas”
ou “livrinhos” para crianças? Um arrepio me vai dos pés à cabeça. Os textos
infantis com valor literário são extremamente difíceis e delicados de serem
construídos, e quem escreve para crianças e jovens precisa considerar alguns
fatores relevantes.
É razoável que o escritor infanto-juvenil tenha em mente que as histórias
direcionadas a esse grupo de leitores tenham caráter literário por excelência.
Quero dizer que não podem ser mescladas por intenções pedagógicas, nem

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29/11/2021

Ao acabar de ler “Anna Kariênina”, de Liev Tolstói, no Clube de Leitura
Clássicos da Literatura, várias questões nos sensibilizaram e inquietaram.
Baseada nas reflexões que fizemos a respeito dos personagens,
especialmente de Konstantin Liévin, a busca pelo sentido da vida me instigou
ao longo da narrativa.
O romance “Anna Kariêrina” foi considerado por Dostoievski uma
verdadeira obra de arte. Como Liev Tolstói foi profundo conhecedor da alma
humana e por estar passando por momentos difíceis, como a perda de três dos

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22/11/2021

Quando comecei a escrever, tinha um pouco mais de quarenta anos. Já
não era menina e tinha a nítida impressão de que precisava ser aprendiz das
palavras. Pelo menos neste aspecto, eu tinha amadurecido. Resolvi, então,
fazer oficinas literárias para me capacitar a compor textos. Ao descobrir meu
gostar pela literatura infantil, pensei que o humor me seria útil. Entrei numa
oficina de humor e, até hoje, dela participo. Ainda tenho o que aprender. Mas
ainda não sei contar piada. Na verdade, sou um fracasso, e ninguém, ao

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16/11/2021

Tenho um bloco antigo que vive em cima da minha escrivaninha. Um dia está de num canto; noutro, em cima de uma pilha de papéis. Sempre sob meus olhos porque não é um bloco comum, daqueles que se compra em papelarias. Sua capa é furta-cor e faz com que o olhar se perca entre as cores. Sua capa também é dura e pego-o com gosto porque não vira para baixo com os movimentos como os que têm a capa e a contracapa feitas de papelão.

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08/11/2021

A relação entre pais e filhos atrai olhares da psicanálise, da sociologia, da
filosofia, da genética. Da literatura. Guimarães Rosa compõe um ponto de vista
psicológico dessa relação no conto “A Terceira Margem do Rio”, contido no livro
“Primeiras estórias”. Muito bem trazida pelas mãos de um escritor que vai quase além
da alma. Com personagens tão imperfeitos quanto os viventes, mostra o esforço de
um filho para compreender a decisão do pai, que ruma seu destino para o rio e vai

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