Olhar com humor para a vida

Tereza Malcher

Tereza Cristina Malcher Campitelli

Momentos Literários

Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis, presidente da Academia Friburguense de Letras e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Quando comecei a escrever, tinha um pouco mais de quarenta anos. Já
não era menina e tinha a nítida impressão de que precisava ser aprendiz das
palavras. Pelo menos neste aspecto, eu tinha amadurecido. Resolvi, então,
fazer oficinas literárias para me capacitar a compor textos. Ao descobrir meu
gostar pela literatura infantil, pensei que o humor me seria útil. Entrei numa
oficina de humor e, até hoje, dela participo. Ainda tenho o que aprender. Mas
ainda não sei contar piada. Na verdade, sou um fracasso, e ninguém, ao
menos, finge que ri. Mesmo assim valorizo o humor pela leveza que oferece
aos textos, dado que escrever dando graça ao enredo tem sutilezas
interessantes, que, agora, depois de tantos anos de esforços, consigo ter
alguma espontaneidade. Não sou escritora que se debruça sobre uma página
em branco decidida a escrever humor. O engraçado vai surgindo naturalmente,
sorrateiramente, pincelando com graça a narrativa.
Estou lendo a “A Autobiografia de Woody Allen” e tenho me divertido com
seu modo de encarar a vida. Por mais patética que seja a situação relatada, ele
acrescentou um toque de humor às situações em que viveu. Ah!, ele teve,
desde criança, um olhar bem-humorado para a vida. A alegria o tornou
vitorioso. Mas estamos falando de um gênio. A literatura sempre foi a dama de
ouro dos seus interesses, tornando-se autor dos roteiros dos seus filmes.
Assisti a todos.
Outra questão relevante é que ele foi um aluno inadaptado nas escolas
pelas quais passou, e, sua mãe, frequentadora assídua das salas de direção.
Imaginem Woody Allen nos bancos escolares, cheio de limitações e regras de
comportamento? Sua genialidade brincava com as imperfeições das
instituições de ensino. “Eu não roubava notas; fazia apostas”. Sua visão de
mundo, irônica e inteligente, encontrou nas piadas seus primeiros caminhos
como escritor.
A piada se constitui por uma história que possui um final engraçado,
capaz de provocar risos em quem a escuta. São Tomás de Aquino disse que é
preciso brincar durante a vida. Rir torna os dias mais sutis e gostosos de serem

vividos, uma vez que o riso hidrata o cérebro e desaquece as tensões do
quotidiano. Inclusive, o senso de humor educa e pode ser um modo eficiente
de mostrar ao outro a melhor forma de ser e de fazer. Se as salas de aula
fossem enriquecidas pelo humor, haveria mais cientistas, humanistas e artistas
trazendo melhorias para o nosso quotidiano.
Neste final de semana, pretendo mergulhar na “A Autobiografia de Woody
Allen”. Além do que eu possa me beneficiar como escritora, vou aprender com
sua genialidade, seu modo inteligente de experimentar a vida.
Deixo aqui algumas de suas frases como um presente de segunda-feira.
“Noventa por cento do sucesso se baseia simplesmente em insistir”.
“A liberdade é o oxigênio da alma”.
“Você pode viver até os cem anos se abandonar todas as coisas que
fazem você viver até os cem anos”.
“A realidade é dura, mas ainda é o único lugar onde se pode comer um
bom bife”.

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Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis, presidente da Academia Friburguense de Letras e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

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