Tereza Cristina Malcher Campitelli

Momentos Literários

Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

06/06/2022

A coluna da semana passada me enterneceu. Aliás todas que escrevo me sensibilizam, mas essa me foi especial porque retornei a um tempo em que guardei belas recordações afetivas. Hoje, acordei envolta pelo modo de sentir a vida de uma personagem, Zuleica, uma mosca cor-de-rosa-choque que criei no livro, “Um Cão Cheio de Ideias”. Ela sobrevoou meus pensamentos. Quando fiz a adaptação do texto para o teatro com a diretora Mônica Alvarenga, ela borboleteava e cantarolava:

                        “Vida, vida bela

       Não se deve estragar ela

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28/05/2022

Quem não gostaria de que alguns momentos vividos se tornassem eternos? Ah, tudo finda. Noutro dia pensei no que iria acontecer com meus anéis quando eu morrer. Os momentos significativos têm simplicidade e acontecem tão naturalmente, muitas vezes são surpreendentes. A última estrofe do soneto de Vinícius de Moraes, “Soneto de Fidelidade”, me acompanha todas as vezes que sinto felicidade. 

“Eu possa me dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.”

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23/05/2022

Um debate no Clube Leitura Vivências me despertou para as festas juninas. O que está acontecendo com elas? Eu me perguntava na medida em que me reportava à infância e delas me recordava através de saudosas lembranças. Conforme ia pesquisando e desvelando o tema, reencontrei um diamante que está deixando de brilhar.

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16/05/2022

Durante a oficina literária, da qual participo semanalmente, há uns vinte anos, Pablo, antigo companheiro de escrita, escreveu um conto de memória sobre lendas urbanas em que aborda o tema de modo bem-humorado. Como nunca havia escrito a respeito nesta coluna literária, resolvi me debruçar sobre o assunto que corre sorrateiramente pela cidade, principalmente em universidades, escolas e instituições. Onde moro, na Fazenda Bela Vista, há tempos, corriam de boca em boca as histórias das Três Freiras e a do João Cocó que virava lobisomem.

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09/05/2022

Estou tocada com Mário de Andrade por vários motivos. O primeiro é que distamos cem anos da Semana de Arte Moderna e sentimos que a arte produzida na época tem atualidade. A seguir, parece que o escritor escreveu, em abril de 1917, para os tempos atuais o livro “Há uma gota de sangue em cada poema”. Em plena Primeira Guerra Mundial, ele extravasa seus sentimentos e critica os horrores vividos pela população e defende a paz. Guerra nada mais é do que uma matança generalizada daqueles que não decidiram fazê-la.

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02/05/2022

Hoje, quando acordei, a obra de Raul Seixas rondou meus pensamentos. Logo depois Macunaíma, de Mário de Andrade. E, lá fui eu adentrado as construções desses gênios, que pretendiam tocar as pessoas da sua época com suas críticas a partir da insatisfação com o estado de coisas que reinava. Haverá meigas mudanças? Ou sempre se apresentarão de modo irreverente? 

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25/04/2022

Volta e meia fazemos uma descoberta, sendo a maioria inesperada. Ah, a surpresa sempre nos pega desprevenidos, não é? Algumas nos fazem bem, outras nem tanto. Não quero ser maniqueísta, limitando o entendimento das coisas como boas e ruins, mas buscando compreender a singularidade delas, as características, os valores e possibilidades que oferecem. Também seus desafios e riscos. Toda palavra um tem peso que não se dilui ao vento. 

Como os dicionaristas sabem disso!

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18/04/2022

Ontem, terça-feira, dia 12 de abril de 2022, tive a alegria de falar a respeito do poema “Cisnes...” na Livraria Macondo, durante o lançamento do livro Cisnes e outros poemas de Júlio Salusse”, patrono da Academia Friburguense de Letras, por ela editado. 

“Cisnes...”, no final do século XIX e início do século XX, traduzido para mais de trinta idiomas, foi um dos poemas mais recitados no mundo. Infelizmente, agora, está esquecido, guardado em estantes, quando deveria ser declamado com frequência pelos quatro cantos do planeta. 

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11/04/2022

Hoje eu me dei o direito de escrever livremente, como uma gaivota que plaina
no ar, sem mistérios nem compromissos, em busca do prazer de voar com plenitude.
Tanto já se falou de palavras neste mundo cheio de cantos e aforas, e eu pouco delas
falei, entretanto muito delas usei. Sou grata às palavras porque por elas sou feita. As
palavras fazem meu texto, e eu os enfeito sinônimos e brinco com os homônimos. São
espaçosas e individualistas! Querem destaque nas frases, exigem estar separadas por

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04/04/2022

Na semana passada, no Clube de Leitura Vivência, mais uma discussão
acalorada tomou conta de quase todo o encontro. Durante a leitura do conto
contido no livro “Sem Fantasia”, de Elisa Pereira, Venas Abiertas, 2020, uma
personagem que era professora foi denominada de “tia” pela protagonista. Eu
me senti tocada pela referência, até porque, durante a minha formação no
curso de Pedagogia, esta discussão se espalhava pelos corredores e salas de
aula da Universidade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro.

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