Nestas vésperas de carnaval, a literatura sai dos livros e se transforma em folia, envolvendo o povo numa festa que celebra a multiplicidade das expressões populares. Os desfiles são odes carnavalescas que exibem e cantam as tendências da época, exaltam personagens e mitos, reverenciam e criticam fatos relevantes do presente e do passado. O carnaval é um evento que supera a individualidade e exalta a unidade popular.
Notícias de Nova Friburgo e Região Serrana

Tereza Cristina Malcher Campitelli
Momentos Literários
Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.
Em 2003, fui convidada por Mônica Alvarenga, diretora de teatro, a adaptar, juntamente com ela, a lenda da mitologia indiana, “Cabeças Trocadas”, reescrita pelo autor alemão Thomas Mann. A lenda conta a história do triângulo amoroso entre Sita, a bela das cadeiras, e dois inseparáveis amigos: Shiridaman, descendente dos brâmanes, espiritualizado e versado nos Vedas, estudioso e conhecedor do ser humano; e Nanda, ferreiro e pastor de gado, trabalhador da terra, com belo e vigoroso corpo físico, semblante risonho e não se envolvia com assuntos intelectualizados. Ambos se apaixonam por Sita.
Estava revendo textos que venho arquivando ao longo dos anos, uma coletânea elaborada por estudiosos em várias áreas das Ciências Humanas, resumos de palestras a que assisti e anotações decorrentes de reflexões pessoais. Folheando uma pasta e outra, me deparei com um tema que atrai minha atenção: a qualidade literária.
Mais uma semana terminando, e a mente começa a procurar um novo tema a abordar. Essa é a sina do escritor: imaginar e produzir textos literários. Não lhe é permitido escrever qualquer coisa e de qualquer maneira. É uma rotina que beira ao delírio em que a imaginação tem de viajar sobre uma quantidade indeterminada de ideias, se concisas ou conflitantes, discordantes ou desajustadas. É um movimento em que tudo encontra sentido desde que a produção do texto seja concluída com qualidade.
Passei a semana me sentindo lisonjeada com a crônica de Robério Canto intitulada “Imitando Tereza”, em que ele faz um singelo elogio à minha pessoa e ao meu trabalho de escritora. Nessa coluna ele se refere a um texto que publiquei no ano passado sobre as letras de músicas.
Ao assistir ao filme “Pelotão 6888”, baseado em um fato que aconteceu durante a Segunda Guerra, quando um batalhão de mulheres negras do exército norte-americano assumiu a missão de entregar as cartas dos soldados aos seus familiares que estavam acumuladas nos galpões. Essa quase impossível tarefa levou conforto e esperança aos que as recebiam. Fiquei tocada com o filme, quando pude, mais uma vez, constatar o valor das cartas. O filme me fez voltar ao tempo em que as enviava e recebia.
Seria uma jornada e tanto, mais do que uma aventura. Um resgate? Ou uma forma de compreender melhor o presente, que é a síntese do que vivemos. Nunca conseguimos compreender com plenitude o presente. Há indagações, questões mal resolvidas, sonhos longe de ser realizados, mágoas. Há várias brechas que tentamos preencher no presente. Enfim... Saber lidar com as dores e os hiatos do passado é uma sabedoria.
Eis que amanheci o primeiro dia de 2025 pensando no tema com o qual deveria brindar o novo ano. Não precisou de muito tempo para que Júlio Verne (1828 – 1905), romancista francês, dramaturgo e poeta, tomasse conta das minhas ideias. Perguntei-me com certa surpresa: por que voltar no tempo em mais de cem anos se hoje há tantas questões relevantes? A resposta logo me veio com clareza pelo modo como estou vendo o mundo na era da Inteligência Artificial.
Estamos chegando em 2025, e estou mergulhada em reflexões, o que é comum acontecer nesses tempos. Não gostaria de pensar nas coisas que gostaria de adquirir ou alcançar, já que durante anos fiz relações intermináveis de finalidades pessoais, profissionais e materiais.
A arte abraça o Natal com luzes, enfeites, árvores e presépios. Mas a grande beleza está por trás dos nossos olhos, na disposição em apreciar o encantamento que embala cada instante natalino.
A literatura, em todos seus estilos, abraça o Natal. Poesias, contos, romances, crônicas acenam com palavras a comemoração do nascimento de Jesus. Aqui, nesta coluna, vou brindar a cidade de Nova Friburgo pelo modo como está festejando este tempo religioso com tanta criatividade.