O amor em todos os tempos e lugares

Tereza Cristina Malcher Campitelli

Momentos Literários

Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

terça-feira, 11 de março de 2025

Acabei de ler uma pérola, “Noites Brancas”, publicado em 1848, uma obra clássica, do escritor russo Fiódor Dostoiévski (1821-1881), considerado um dos maiores escritores de todos os tempos. Esse livro foi um dos primeiros que ele escreveu, um jovem adulto com 27 anos, que trouxe para o seu fazer literário a pureza do amor. Uma história triste e delicada, em que consegue detalhar com maestria o sentimento de um homem solitário e sonhador por uma jovem à espera de um apaixonado. Um roteiro que acontece em todos os tempos e lugares.

O que tocou meu coração foi como Dostoiévski mostrou a forma como o protagonista sentiu o amor despertar ao encontrar a moça pela primeira vez, o aprofundamento das conversas, dos sonhos que ele cultivava à noite quando criava relações românticas. Do esforço dele para fazê-la feliz, superar a timidez de ambos, acreditar nas próprias palavras e desenhar esperanças por um futuro. Aos poucos um foi se apresentando ao outro sem esconder fatos tristes. Na sequência de encontros, foram se conhecendo. Ele, cada vez mais envolvido amorosamente; ela, cada vez mais em dúvida a respeito do antigo amor e do rapaz que estava conhecendo ao perceber, pouco a pouco, a sinceridade do seu afeto. De sentir sua presença, face a ausência do outro.

O apaixonar-se tem intensidade e beleza; não tem época nem lugar. Acontece! Tive a impressão, ao ler “Noites Brancas”, que os versos da música “Carinhoso”, escritos por Braguinha, revelam o encantamento do protagonista por Nástienka. Ao encontrá-la, ele via tudo brilhar de uma forma diferente, sentia crescer dentro de si uma força especial. Ao lado dela, ele se tornava mais humano do que nunca.

“Noites Brancas” também me remeteu ao amor de Dom Quixote por Dulcineia, uma paixão que lhe dava coragem para enfrentar seus sonhos impossíveis, vencer o inimigo invencível, lutar quando seria tão fácil ceder. E, certamente, os versos de Vinícius também nos mostram que quem ama é atento e zeloso ao seu amor, desejante de vivê-lo em todos os instantes e espalhar seu canto em louvor ao ser amado.

Shakespeare, por sua vez, revela o amor em suas peças ao ressaltar que quando duas almas são sinceras amantes, nada as impedem de experimentar o amor. Mas quando os obstáculos surgem e o sentimento enfraquece, será que o amor...

O amor vira mundo, corre com o tempo, reveste o poeta e canta o esplendor de amar. Assim, vou terminar a coluna com a poética letra da música de Roberto Carlos: “Como é grande o meu amor por você”

 

Eu tenho tanto para te falar

Mas com palavras não sei dizer

Como é grande o meu amor por você

 

Não há nada pra comparar

Para poder lhe explicar

Como é grande o meu amor por você

 

Nem mesmo o céu e as estrelas

Nem mesmo o mar e o infinito

Nada é maior do que o meu amor

Nem mais bonito

 

Me desespero a procurar

Alguma forma de lhe falar

Como é grande o meu amor por você

 

Nunca se esqueça nenhum segundo

Que eu tenho o amor maior do mundo

Como é grande o meu amor por você

 

(...)

 

Nessa música, Dostoiévski e Roberto Carlos estão de mãos dadas!

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Tereza Cristina Malcher Campitelli

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Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

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