Blog de paulafarsoun_25873

Uma salva de palmas

sexta-feira, 07 de abril de 2023

A VOZ DA SERRA completa neste 7 de abril, 78 anos de existência. E neste espaço faço uma singela homenagem ao nobre aniversariante. De fato, é um marco a ser celebrado, não apenas pelos membros da família Ventura que fundou e dirige o jornal ao longo de quase oito décadas, mas também por todos nós, leitores, munícipes, milhares de cidadãos que buscam diariamente beber desta fonte de informações.

A VOZ DA SERRA completa neste 7 de abril, 78 anos de existência. E neste espaço faço uma singela homenagem ao nobre aniversariante. De fato, é um marco a ser celebrado, não apenas pelos membros da família Ventura que fundou e dirige o jornal ao longo de quase oito décadas, mas também por todos nós, leitores, munícipes, milhares de cidadãos que buscam diariamente beber desta fonte de informações.

Um salve caprichado a este aniversariante especial, que vem contribuindo ininterruptamente há tantas décadas com a nossa cidade e, conservando a sua credibilidade e missão. Não é fácil ser um meio de comunicação bem estruturado hoje em dia, suponho. Aliás, acho que nunca deve ter sido. Mas nos dias de hoje, os desafios que continuam sendo muitos, possuem uma nova roupagem. Dificílima.

 Para além de todas as publicações, reportagens, notícias, atualidades, textos, há toda uma engrenagem de bastidores que não podemos imaginar. Requer dedicação integral e constante, administração, gestão, relações interpessoais, aprimoramentos, investimentos, busca pelas notícias, checagem de fontes, pauta de matérias, diagramação, edição, imagens, impressão, publicação, distribuição etc.  Realmente, ao ler o nosso jornal matinal, ao clicar em uma matéria do site, não podemos mensurar a quantidade de trabalho e investimentos envolvidos.

Ser o protagonista das notícias de Nova Friburgo ao longo de tantos anos é realmente ser titular de grande e inquestionável importância, responsabilidade e função social. AVS circula por todos os cantos da cidade. Norte, sul, leste, oeste. Em todo lugar, lá está ele em sua versão impressa , que eu, particularmente, adoro e leio diariamente. Mas seu alcance transcende as limitações geográficas e seu tamanho se expande por várias cidades da Região Serrana e chega em todo lugar do mundo por meio de sua versão digital. É a mais pura verdade. Eu mesma sou leitora do jornal onde quer que eu esteja. Sem barreiras. 

Acesso porque gosto de ficar bem informada, porque gosto de saber das notícias da minha cidade, porque ler o jornal, para mim, é hábito que eu faço questão de nutrir há muitos anos. E ouso dizer, que o aniversariante de hoje é o personagem mais famoso de nossa cidade. E democrático também, no sentido de que todos podem acessar o seu conteúdo a qualquer momento.

Como colunista semanal, experimento a enorme satisfação que é fazer parte da família AVS. Sei da sua imponência. E conheço bem os inúmeros desafios enfrentados para manter seu brilhante papel como principal jornal da região, como fonte das principais informações. Sinto-me verdadeiramente honrada e orgulho-me sempre que vejo meus textos compondo as páginas de um canal de comunicação no qual confio, além de muito apreciar.

Em uma realidade fluida e volátil, ser consistente é uma tarefa árdua. Tarefa essa com louvor desempenhada por toda a equipe que mantém de pé as bases sólidas de um tradicional veículo do garbo de A VOZ DA SERRA. Mas nada disso seria possível se não houvesse uma direção pautada em lisura, ética, comprometimento e muito amor. E é por isso que estendo aqui os meus agradecimentos e congratulações à Adriana Ventura, que vem cuidando com zelo, lisura, competência e trabalho duro do legado construído e sustentado por seu pai, Laercio Ventura, e seu avô, Américo Ventura, o fundador. Uma grande responsabilidade como essa assumida por uma mulher forte, mãe e amiga, além de outros muitos predicados e funções, é, para mim, mais um motivo para admirá-la e parabenizá-la.

Um aniversariante importante como o de hoje mereceria, para além de nossos agradecimentos, de presentes que lhes fossem proporcionais às funções desempenhadas. Merece apoio. Merece fomento. Merece o prestígio local, o olhar social e o reconhecimento pela função desempenhada. E merece muito, muito mais.

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Desafio novo

quinta-feira, 30 de março de 2023

Tá. Viver por si só já é o grande desafio com o qual nos deparamos no primeiro dia de vida. Dessa verdade não podemos fugir. Somos desafiados diariamente. Mas a vida impõe projetos novos. Coisas diferentes. Aprendizados necessários. E muitas vezes não sabemos o que fazer e nem por onde começar.

Tá. Viver por si só já é o grande desafio com o qual nos deparamos no primeiro dia de vida. Dessa verdade não podemos fugir. Somos desafiados diariamente. Mas a vida impõe projetos novos. Coisas diferentes. Aprendizados necessários. E muitas vezes não sabemos o que fazer e nem por onde começar.

O “dia 1” de um desafio novo tende a ser regado de emoções muito específicas, mas que de vez em quando não estamos tão disponíveis assim para vivenciá-las. Aliás, não é todo dia que temos ânimo para a própria rotina, quiçá para encarar desafios. Tem um quê de mistério com o que virá. Isso pode ser empolgante. Mas como a gente não tem garantia alguma de que as coisas darão certo, fatalmente consideramos este lado, que eu vou chamar de “ e se...” . E se as expectativas criadas não forem alcançadas? E se eu não conseguir me preparar direito? E se aquilo que eu espero não se concretizar? E se não for bem aceito? E se me gerar sofrimento? E se eu não for capaz? E se ...

É. A condicionante dói mesmo. Mas alguém já aprendeu a fórmula para viver e crescer sem dor alguma? Talvez seja a hora de ressignificar essas sensações de dúvidas, impotência, medo, insegurança... desafios fazem parte da vida e nós temos de lidar com eles. A forma com que os encaramos é que pode fazer toda a diferença.

Conversando com uma pessoa que trabalha comigo ela compartilhou sua angústia em relação ao primeiro dia de trabalho, ao primeiro contato com um cliente, à primeira reunião conjunta. Estava empolgada, animada pela oportunidade, porém com medo. Medo do novo. Medo de não conseguir dar conta. Medo de não corresponder às suas próprias expectativas (e as dos outros). Medo de não gostar de como seriam seus novos dias. Medo de não ser feliz com o novo emprego. Estava insegura também. E eu não poderia imaginar que ela carregava tanta angústia naquele contexto, porque previa dias ótimos, conhecia todas as suas qualidades e competência profissional e a recebi com imensa alegria.

Mas essa é a vida. Não sabemos tanto das outras pessoas. Não temos como adivinhar o que se passa e nem como prever o futuro. Sabemos de nós. E às vezes, nem nos conhecemos direito. E coisas aparentemente simples passam por nossas vidas como grandes barreiras complexas. Mas passam. É assim. E quem venham novos desafios, pois eles fazem parte e são privilégio de quem tem a vida a desfrutar. Então, vamos em frente.

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Sem negociação

quinta-feira, 23 de março de 2023

Todo dia é preciso reiterarmos as premissas básicas do ser honesto. De ser honesto. E reconhecer aquele que consegue sê-lo, apesar dessa conspiração estranha que parece atrair para o lado oposto. É necessário e atemporal falar sobre honestidade. Os dicionários dão conta que a honestidade é substantivo feminino (começamos bem). É “qualidade daquele que é honesto”. Ser uma qualidade, é ótimo. Predicados positivos são de bom grado. Está ligada ao decoro, honradez e probidade. O próprio conceito poderia bastar. Já seria o bastante. Só que não é. Nunca será.

Todo dia é preciso reiterarmos as premissas básicas do ser honesto. De ser honesto. E reconhecer aquele que consegue sê-lo, apesar dessa conspiração estranha que parece atrair para o lado oposto. É necessário e atemporal falar sobre honestidade. Os dicionários dão conta que a honestidade é substantivo feminino (começamos bem). É “qualidade daquele que é honesto”. Ser uma qualidade, é ótimo. Predicados positivos são de bom grado. Está ligada ao decoro, honradez e probidade. O próprio conceito poderia bastar. Já seria o bastante. Só que não é. Nunca será.

Desde as pequenas práticas às grandiosas, o indivíduo honesto sente-se incomodado se deixar escapar, ainda que por pouco, o lado bom da força. Inadmite deixar evadir a blindagem da honra que o cerca e por vezes, o toma por completo. Ele vive e convive com a necessidade de empregar grande esforço para manter-se na posição esguia e admirável da honradez. E da sensatez. Orgulha-se de ser correto. Direciona energia para agir como deve ser, sem pisotear nas premissas básicas da boa convivência nem tampouco fingir que esqueceu que ser honesto é qualidade que demanda vigilância constante.

Não se pode pestanejar. Não dá para esmorecer. Fingir que o troco a mais veio certo no caixa do supermercado? Sem chance. “Colar” em uma prova para galgar a meta e atingir notas mais elevadas? Também não dá.  Extraviar pertences alheios? Enganar pessoas? Falsificar documentos? Inventar mentiras sobre terceiros procurando beneficiar-se disso? Apropriar-se de dinheiro alheio? Nem pensar. Não dá para negociar com o que é errado.

O valor da confiança é inestimável e a vida parece se encarregar de demonstrar isso sempre que possível. O chamado às vezes é demorado. Como não sentir incômodo ao presenciar tantas pessoas aparentemente “se dando bem” fazendo coisas socialmente tidas por erradas pelo critério da hombridade?  Esse é o exercício. Não sucumbir. Ser resistência. Dormir em paz, com a consciência leve como uma pluma. Andar de cabeça erguida. Contribuir com bons exemplos. Esperar a retribuição da lei do retorno, das forças do Universo, que hão de ser justas. Que são justas. Acreditemos.

Sempre é hora de optarmos por trilharmos bons caminhos. Passo a passo. A vida é esse emaranhado de escolhas contínuas. Que enxerguemos no que é certo um caminho a seguir. Uma boa opção. A única. Ainda que saibamos que até o conceito de certo e errado é relativo. De fato, tudo é tão relativo e questionável que poderíamos andar cambaleando sem saber qual rumo seguir. Essa coisa de escolher um lado é tão pueril e superficial. Mas ... para quem pressupõe a existência dessa enorme corda invisível que separa o moral do imoral, o ético do antiético, o probo do improbo, o que semeia a paz do que fomenta o conflito, o que preconiza boas práticas do que as repudia, o honesto do desonesto, penso que seja mais eficiente escolher para qual lado destinar e empregar a força que te move. A hora é agora. E sempre.

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Obrigada, leitores

quinta-feira, 16 de março de 2023

Hoje eu me dirijo aos leitores assíduos da coluna Com a Palavra, especialmente por meio do jornal impresso. Não que eu não me dirija sempre, porque o faço todas as semanas. Mas hoje é diferente. Eu quero dizer a vocês que a cada vez que recebo um retorno, carinho, comentário, referência aos textos, sinto-me muito feliz e agradecida. E acontece com frequência, para a minha sorte.

Hoje eu me dirijo aos leitores assíduos da coluna Com a Palavra, especialmente por meio do jornal impresso. Não que eu não me dirija sempre, porque o faço todas as semanas. Mas hoje é diferente. Eu quero dizer a vocês que a cada vez que recebo um retorno, carinho, comentário, referência aos textos, sinto-me muito feliz e agradecida. E acontece com frequência, para a minha sorte.

Eu sempre amei o jornal impresso. Inclusive, recomendo. Sempre gostei de papel. E de informação. E de gente. Continuo gostando embora cada vez mais a tecnologia faça parte de minha vida e minha rotina, viabilize meu trabalho e facilite muito as coisas. Gosto dos dois mundos. Mas abraço é abraço. Mensagem no whatsapp é mensagem no whatsapp. As duas modalidades cumprem sua função e eu adoro. Mas uma coisa é uma coisa e a outra coisa é outra coisa.

E qual a conexão desta constatação aos leitores do jornal impresso? Bem, sinto que há. O carinho é mais factível. Mais próximo, mesmo que não de forma direta. Escrevo sabendo que meu tio-avô Licínio vai ler o jornal no café da manhã (beijos, tio). Meu avô não perdia um. Sei que a minha cliente lê no seu consultório ao chegar. E que alguns clientes dela também o leem. Que meu colega de trabalho, professor, comenta comigo todas as semanas sobre a coluna. Alunos filhos de assinantes do jornal leem assiduamente. Meus vizinhos mandam avisar que estão gostando. Os amigos do meu pai falam com ele. Alguns comentam com ele na rua e mandam elogios, e eu os recebo, sempre que o fazem , com imensa satisfação. Tem até um rapaz que me disse que é “fã” (isso mesmo, para minha surpresa) , que recorta alguns dos textos e envia para uma amiga que está enfrentando uma depressão, porque disse que transmitem uma coisa boa. Pessoas da minha igreja identificam algumas reflexões e me falam. E por aí vai.

Eu só agradeço. Mesmo. Tem tanta coisa acontecendo no mundo, tantos problemas e crises, tanto assunto interessante dentro do próprio Direito, que é minha área de atuação, mas eu escolho, aqui, escrever sobre cotidiano. Dia a dia. Sentimento. E eu sei que pode parecer um caminho mais fácil, mas não é não. Precisamos falar dessas coisas. São a nossa vida. As nossas mazelas e esperanças. E a existência mesmo. E reduzi-la em recortes de poucos parágrafos e ainda seguir semanalmente tocando, de alguma forma,  os corações de alguns, cinco anos e meio depois,  é a concretização de um sonho que vem dando certo. Tocar pessoas por meio das palavras. Só é possível porque tem sinceridade verdadeira. Só é possível porque tem sentimento. Só é possível porque A VOZ DA SERRA me dá a oportunidade Só é possível porque tem vocês. Todos vocês.

Muito obrigada!

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Situação difícil

quinta-feira, 09 de março de 2023

Volta e meia vem a vida e nos apresenta uma situação difícil de ser resolvida. Não estou falando nem das tragédias, das doenças e dessas situações tristes às quais estamos todos sujeitos pelo mero fato de existirmos. Refiro-me, aqui, às situações embaraçosas, de soluções esquisitas, que geram em nós dissabores e angústias. Falo desses episódios que a “a vida apresenta”, que parecem armadilhas, que a gente não provoca, mas que se submete a elas. Sabem do que estou falando?

Volta e meia vem a vida e nos apresenta uma situação difícil de ser resolvida. Não estou falando nem das tragédias, das doenças e dessas situações tristes às quais estamos todos sujeitos pelo mero fato de existirmos. Refiro-me, aqui, às situações embaraçosas, de soluções esquisitas, que geram em nós dissabores e angústias. Falo desses episódios que a “a vida apresenta”, que parecem armadilhas, que a gente não provoca, mas que se submete a elas. Sabem do que estou falando?

Pois é. Existir tem mesmo destas coisas. Ao acordarmos e enfrentarmos o dia, estamos todos sujeitos a situações desagradáveis, seja no trabalho, nos deslocamentos, com pessoas conhecidas ou estranhas, até mesmo convívio próximo, em qualquer circunstância ou lugar. Acontece.

E como devemos agir? Não há um roteiro, uma resposta pronta e nem um gabarito de livro. São momentos em que nossa capacidade de reação – e ação, são testadas. Eis a dificuldade da coisa. Pensar no que fazer e fazer. Decidir muitas vezes de cabeça quente. E correr o risco do erro. E efetivamente errar. E poder fazer da situação difícil o estopim para outra situação embaraçosa. Efeito bola de neve.

Já passaram por isso? Aqui, um consolo: todos nós passamos por isso. Essas situações, muitas vezes, são inevitáveis. E todas elas, de alguma maneira, geram a oportunidade de aprendizado. É o ciclo. Vivenciar. Aprender. Ressignificar. Estar melhor preparado para a próxima. Aliás, não fosse esse ciclo, seria ainda mais doloroso.

Eu mesma, diante dessa conjuntura, depois de me afligir, tento ressignificar. Penso o quão imperfeitos todos nós somos e o quão difícil, se não impossível, é vivermos completamente blindados desses quadros embaçados que turvam nossa caminhada.

Talvez, o que seja possível ser feito, além de aprender e ressignificar – e de respirar aliviada quando a solução se apresenta – é minimizar que situações desagradáveis voltem a se repetir no mesmo formato. Assim: “- já passei por isso, aprendi, descobri um caminho para evitar que aconteça de novo e, se acontecer, já entendi como posso agir”. E aí aquilo passa a ter um tamanho menor dentro da gente. E talvez, se torne menor de verdade.

Uma coisa que venho aprendendo ao longo dos anos, sobre como agir diante de uma situação difícil é, respirar – isso mesmo, respirar – antes de tomar decisões, se for possível. Pensar antes de agir, mas não a ponto de ficar divagando e não reagir à dificuldade. Tento buscar uma clareza mental suficiente a me permitir usar de alguma sabedoria na tomada de decisão. E então, busco alguma coragem e enfrento o que não pode ser protelado.

Mesmo assim dói. A gente termina o dia mais triste. Com alguma sensação de culpa. Um desconforto, vai. É como acontece. Resta dormir, descansar, e esperar no amanhã um novo dia.

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Desapego

quinta-feira, 02 de março de 2023

Desapegar-se. Verbo simples. Prática difícil. Nada simples, porém muitas vezes, necessária. É preciso ter o pulso firme e coração leve para não nos prendermos demasiadamente a tudo e todos que têm valor para nós.

Ouvi dizer que o apego ofusca a luz, como se embaçasse a clareza que pudesse existir. Senti também. É verdade, o apego atrapalha, amarra, atravanca, pesa. Sentimento estranho e mal aplicado, por assim dizer.

Desapegar-se. Verbo simples. Prática difícil. Nada simples, porém muitas vezes, necessária. É preciso ter o pulso firme e coração leve para não nos prendermos demasiadamente a tudo e todos que têm valor para nós.

Ouvi dizer que o apego ofusca a luz, como se embaçasse a clareza que pudesse existir. Senti também. É verdade, o apego atrapalha, amarra, atravanca, pesa. Sentimento estranho e mal aplicado, por assim dizer.

Apego é diferente de amor. Diferente de querer. Diferente de zelo. Apego é apego e ponto. Nós sabemos do que se trata e convivemos bastante com esse sentimento.

Há quem lute por uma vida mais livre de apegos, seja aos sentimentos, às pessoas, às coisas, à posição social, ao emprego, à matéria. Levante a mão quem se identifica com esse ato de verdadeira coragem que é buscar um caminho com mais desapego e leveza.

Sei o quão dolorida e difícil é uma existência pautada no apego arraigado à alma. Dóem os ombros só de pensar. Dói a nuca também. E a têmpora direita. Sei o quanto a leveza de desapegar-se aos poucos dos excessos que encobrem o dia a dia é libertadora. E faz bem à saúde, diga-se de passagem.

Atualmente muito tem se falado nas práticas minimalistas, em valorizar um estilo de vida com menos acúmulo, menos barulho, menos objetos e mais espaço para o ar circular. Menos coisas e mais verde, mais contato com a natureza. Tenho percebido como essa tribo está ganhando integrantes. A galera que está valorizando mais o ser do que o ter, mais o tempo do que uma conta bancária recheada às custas de dias e noites de incessante trabalho, andando em corda bamba contra o fluxo do materialismo. Dá gosto de ver. E me parece um processo de desapego também. Desapegar-se do velho mundo e buscar um novo, o seu próprio mundo, mais próximo da verdadeira essência.

Essa reviravolta no meio da vida, esse desapego de tantas coisas e muitas vezes do próprio ego é um processo dos mais bonitos que tenho presenciado. Mas ainda assim, talvez não dê tão certo se não for bem delineado, se não contar com pitadas de sabedoria e um tanto de planejamento. O desapego é bom, traz leveza, mas para muitos, é um treinamento novo, sem precedentes e difícil de lidar. Ainda assim, vale a pena sentir e conhecer melhor o verdadeiro significado do desapego.

Como bem disse a escritora Martha Medeiros: “longa vida aos que conseguem se desapegar do ego e ver a graça da coisa.”

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Não existe almoço grátis

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Há dias em que a força nos foge. Sentimo-nos, como diz o dito, “o saco vazio que não para em pé”, mesmo tendo nos alimentado. É incrível como nos dias de exaustão os pensamentos escondidos aparecem. Lembramo-nos de cuidar da saúde, valorizamos, mais do que nunca, uma boa noite de sono, repensamos a qualidade de nossas atividades e pensamos em como damos conta.

Há dias em que a força nos foge. Sentimo-nos, como diz o dito, “o saco vazio que não para em pé”, mesmo tendo nos alimentado. É incrível como nos dias de exaustão os pensamentos escondidos aparecem. Lembramo-nos de cuidar da saúde, valorizamos, mais do que nunca, uma boa noite de sono, repensamos a qualidade de nossas atividades e pensamos em como damos conta.

A ausência de pausas, os excessos de compromissos, de afazeres, as demandas incessantes nos tomam dias inteiros e às vezes noites. Há quem encontre plena alegria em viver essa intensidade de multitarefas, muitas relações interpessoais, muitas funções na sociedade. E, de fato, é deveras um privilégio. Desafio interessante é conciliar tudo isso com os ciclos de descanso e o verdadeiro cuidado com o repositório de energia. Da melhor energia.

No final das contas, como diz um outro dito popular, “não existe almoço grátis”, o que significa que essa conta uma hora vai chegar. Dia desses estava lendo um depoimento de um notívago e sua produtividade noturna. Além de brincar que a energia da lua era aliada de sua criatividade, desenhou sua rotina da madrugada como sendo altamente revigorante para justificar seu relógio biológico às avessas. Ele é escritor. E o silêncio da madrugada o conecta com seus mais profundos pensamentos.

Dificilmente eu conseguiria. Aliás, quem conseguiria? Realmente é para poucos. Nossa rotina acorda e deita com nossas necessidades básicas de descanso. Não tem muita escapatória. O meu relógio biológico certamente não obedeceria aos comandos todos os dias. Eu, pelo menos, quando não tenho uma noite de sono ideal, luto ao longo do dia para ser a melhor que posso, apesar disso. Apesar de. Não dormir, para mim, é como cobrar a conta durante 24 horas desse “almoço caro”, é sentir a ausência de forças latente. É lembrar que o bocejo coletivo do dia, começará por mim. Provavelmente puxarei a fila e não conseguirei disfarçar. Até a próxima noite de sono chegar.

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O dia em que resolvi escrever um livro

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Faz tempo. Nem lembro quando resolvi que escreveria um livro. Mas a decisão foi tomada e estava tão certa quanto 2 + 2 = 4. Era para ser. Nasci com essa marca: a menina que um dia escreveria um livro. Enquanto isso, foram milhares e porque não dizer, milhões de palavras escritas. Perdi as contas do emaranhado que tentei decompor escrevendo; das cores muito além das sete do arco-íris que confabulei em palavras; das vezes em que meu grande interlocutor era eu mesma e o papel, o meu melhor amigo.

Faz tempo. Nem lembro quando resolvi que escreveria um livro. Mas a decisão foi tomada e estava tão certa quanto 2 + 2 = 4. Era para ser. Nasci com essa marca: a menina que um dia escreveria um livro. Enquanto isso, foram milhares e porque não dizer, milhões de palavras escritas. Perdi as contas do emaranhado que tentei decompor escrevendo; das cores muito além das sete do arco-íris que confabulei em palavras; das vezes em que meu grande interlocutor era eu mesma e o papel, o meu melhor amigo.

As palavras já me consolaram, comemoraram, andaram comigo por aí e sentaram ao meu lado no parque ou no banquinho à beira-mar. Ouso dizer que fui salva por elas algumas vezes na vida. E as salvei também.

Sempre zelei por elas – as palavras. Não gosto que seja feito mal uso delas. Creio do seu poder, na sua missão e na dimensão de seus efeitos. Por isso, faz tempo que resolvi escrever um livro. Seria uma devoção, um autorretrato, um diário sem sentido ou mesmo uma gratidão por ter sido salva pelas palavras. Salva da ignorância absoluta – embora saiba que quanto mais eu leia, mais reconheço o quão significante posso ser diante de tudo. De toda a complexidade e profundidade da própria existência. Salva do vazio de não saber sonhar ou não poder. Salva do desconhecimento dos caminhos a seguir. Salva de não saber usar a palavra certa na hora certa. Até o silêncio aprendi por meio das palavras.

Mas, e o livro? Pois é. Não um, no singular. Mas vários. Estão por aí ainda desfeitos embora prontos. Sem capas, sem edições. Mas vivos. Guardados em arquivos e gavetas e cadernos e até mesmo espalhados por aqui, no jornal.

Entendi que a vida é também como um livro, repleta de complexidade, nuances, variações, altos e baixos, história e estórias, memórias, alma e coração, requer uma certa técnica, um jogo de cintura e até criatividade. Querendo ou não, a gente nasce um livro em branco, com milhares de linhas e páginas a serem preenchidas. E mesmo sem saber, construímos nossa história, única, que nenhum escritor seria capaz de supor.

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Jogo ganho

quinta-feira, 09 de fevereiro de 2023

Para quem acredita que a sinceridade de um elogio pode ser transformadora, eis uma realidade empírica: quando a intenção que encobre um ato ou palavra é sinceramente positiva, ela é ainda mais renovadora. O elogio pode ser significativamente mais profundo do que a simplicidade da forma, quando impregnado desse sentimento.

Para quem acredita que a sinceridade de um elogio pode ser transformadora, eis uma realidade empírica: quando a intenção que encobre um ato ou palavra é sinceramente positiva, ela é ainda mais renovadora. O elogio pode ser significativamente mais profundo do que a simplicidade da forma, quando impregnado desse sentimento.

Quando somos genuínos nos elogios que tecemos a alguém, aquele sentimento pode ter o poder de tocar a fundo o seu receptor e ser o estímulo do qual ele estava precisando naquele momento. Aquela gota d’água que parece encher o copo quando estávamos olhando para a parte vazia (aquela velha parábola de focar na metade cheia do copo, sabe?).

Aquele bem querer manifestado por meio do sorriso certo na hora certa. Aquela vontade de gerar alegria. Aquele afago no ego meio cabisbaixo. Aquele olhar de aprovação em meio a tantos olhares de julgamentos. Aquele carinho na alma que habita um corpo por vezes tão cansado fisicamente. Aquele estímulo que inspira um texto. Aquilo que pode mudar a frequência do dia de alguém, quiçá de sua vida. É disso que estou falando. Coisas grandiosas nascem a partir de um pequeno protótipo.

Se presumirmos o tanto de esforço que alguém precisa desempenhar para fazer algo bem feito, quais são as barreiras interiores que precisam enfrentar, os obstáculos do dia a dia, a falta de uma série de coisas, as dificuldades pessoais, fica mais compreensível a percepção do alcance e do valor do elogio sincero na vida de uma pessoa. Arriscaria a dizer que pode ser um divisor de águas, a motivação na hora certa, o estímulo em meio ao desânimo, o estopim para uma nova ação bem feita.

É o círculo virtuoso, o ciclo do bem. É aquela história, luz que gera luz, gratidão que gera gratidão, energia boa que gera energia boa e por aí vai. Aquele jogo que só de jogar, se ganha!

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Tudo novo, de novo

quinta-feira, 02 de fevereiro de 2023

Tudo novo. De novo. É chegado o momento do retorno, do início do ciclo novo nas escolas, universidades e cursos. Fevereiro de todo ano tem disso. Várias pessoas mudam os cortes de cabelos. Sorrisos revigorados. Encontros não programados. Alunos desfilam uma ou outra roupa nova. Cadernos recém-saídos das estantes das papelarias ganham espaço. Pastas organizadas nos computadores. Energia renovada. Não é assim?

Tudo novo. De novo. É chegado o momento do retorno, do início do ciclo novo nas escolas, universidades e cursos. Fevereiro de todo ano tem disso. Várias pessoas mudam os cortes de cabelos. Sorrisos revigorados. Encontros não programados. Alunos desfilam uma ou outra roupa nova. Cadernos recém-saídos das estantes das papelarias ganham espaço. Pastas organizadas nos computadores. Energia renovada. Não é assim?

Bom, para alguns eu acho que sim. O retorno esconde uma certa magia e disposição, apesar de um estoque inegável de cansaço, pois não necessariamente as férias significam tempo à disposição e descanso. Mas ainda assim é uma pausa e o reinício é um tanto interessante.

Quais são as novidades? Quem vamos conhecer? Quem vamos reencontrar? Quais as metas a perseguir, os desafios a percorrer? Dá até um frio na barriga. Recomeços são muito interessantes e podem ser presságios de ricas experiências. A vida é repleta de momentos como a volta às aulas. São sequências de ciclos a serem orquestradas muitas vezes com maestria, outras nem tanto.

Esse grande barato dos reencontros com o ambiente que nos acolhe por longas jornadas e com as pessoas que dão vida a ele não pode ser ofuscado pela correria incessante que os tempos de hoje não raras vezes nos impõem. Tenho a sensação de que a vibração com que começamos etapas novas ditam o ritmo e a cadência do período vindouro. O que esperar das misteriosas semanas que estão por vir? Não podemos prever as adversidades, nem as mudanças, muito menos as próximas surpresas. Mas uma coisa não podemos negar: querendo ou não todas elas acontecem. Invariavelmente. De uma maneira ou de outra. Como tiverem de ser.

Então, que estejamos prontos para acolher o que está por vir começando pelo dia de hoje repleto das sementes que pretendemos colher. É leveza que eu quero? Então que eu seja leve. É emoção que espero? Então deixo o sentimento fluir. São sorrisos sinceros? Então que eu sorria - com a alma!  Se a “volta às aulas” da vida contar com nossa parcela de contribuição positiva para equilibrar esse “velho mundo” com o “tudo novo”, estou certa de que essa longa jornada contará com um sabor especial. E por que não com gostinho de felicidade? 

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