Blog de paulafarsoun_25873

O dia em que resolvi escrever um livro

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Faz tempo. Nem lembro quando resolvi que escreveria um livro. Mas a decisão foi tomada e estava tão certa quanto 2 + 2 = 4. Era para ser. Nasci com essa marca: a menina que um dia escreveria um livro. Enquanto isso, foram milhares e porque não dizer, milhões de palavras escritas. Perdi as contas do emaranhado que tentei decompor escrevendo; das cores muito além das sete do arco-íris que confabulei em palavras; das vezes em que meu grande interlocutor era eu mesma e o papel, o meu melhor amigo.

Faz tempo. Nem lembro quando resolvi que escreveria um livro. Mas a decisão foi tomada e estava tão certa quanto 2 + 2 = 4. Era para ser. Nasci com essa marca: a menina que um dia escreveria um livro. Enquanto isso, foram milhares e porque não dizer, milhões de palavras escritas. Perdi as contas do emaranhado que tentei decompor escrevendo; das cores muito além das sete do arco-íris que confabulei em palavras; das vezes em que meu grande interlocutor era eu mesma e o papel, o meu melhor amigo.

As palavras já me consolaram, comemoraram, andaram comigo por aí e sentaram ao meu lado no parque ou no banquinho à beira-mar. Ouso dizer que fui salva por elas algumas vezes na vida. E as salvei também.

Sempre zelei por elas – as palavras. Não gosto que seja feito mal uso delas. Creio do seu poder, na sua missão e na dimensão de seus efeitos. Por isso, faz tempo que resolvi escrever um livro. Seria uma devoção, um autorretrato, um diário sem sentido ou mesmo uma gratidão por ter sido salva pelas palavras. Salva da ignorância absoluta – embora saiba que quanto mais eu leia, mais reconheço o quão significante posso ser diante de tudo. De toda a complexidade e profundidade da própria existência. Salva do vazio de não saber sonhar ou não poder. Salva do desconhecimento dos caminhos a seguir. Salva de não saber usar a palavra certa na hora certa. Até o silêncio aprendi por meio das palavras.

Mas, e o livro? Pois é. Não um, no singular. Mas vários. Estão por aí ainda desfeitos embora prontos. Sem capas, sem edições. Mas vivos. Guardados em arquivos e gavetas e cadernos e até mesmo espalhados por aqui, no jornal.

Entendi que a vida é também como um livro, repleta de complexidade, nuances, variações, altos e baixos, história e estórias, memórias, alma e coração, requer uma certa técnica, um jogo de cintura e até criatividade. Querendo ou não, a gente nasce um livro em branco, com milhares de linhas e páginas a serem preenchidas. E mesmo sem saber, construímos nossa história, única, que nenhum escritor seria capaz de supor.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Jogo ganho

quinta-feira, 09 de fevereiro de 2023

Para quem acredita que a sinceridade de um elogio pode ser transformadora, eis uma realidade empírica: quando a intenção que encobre um ato ou palavra é sinceramente positiva, ela é ainda mais renovadora. O elogio pode ser significativamente mais profundo do que a simplicidade da forma, quando impregnado desse sentimento.

Para quem acredita que a sinceridade de um elogio pode ser transformadora, eis uma realidade empírica: quando a intenção que encobre um ato ou palavra é sinceramente positiva, ela é ainda mais renovadora. O elogio pode ser significativamente mais profundo do que a simplicidade da forma, quando impregnado desse sentimento.

Quando somos genuínos nos elogios que tecemos a alguém, aquele sentimento pode ter o poder de tocar a fundo o seu receptor e ser o estímulo do qual ele estava precisando naquele momento. Aquela gota d’água que parece encher o copo quando estávamos olhando para a parte vazia (aquela velha parábola de focar na metade cheia do copo, sabe?).

Aquele bem querer manifestado por meio do sorriso certo na hora certa. Aquela vontade de gerar alegria. Aquele afago no ego meio cabisbaixo. Aquele olhar de aprovação em meio a tantos olhares de julgamentos. Aquele carinho na alma que habita um corpo por vezes tão cansado fisicamente. Aquele estímulo que inspira um texto. Aquilo que pode mudar a frequência do dia de alguém, quiçá de sua vida. É disso que estou falando. Coisas grandiosas nascem a partir de um pequeno protótipo.

Se presumirmos o tanto de esforço que alguém precisa desempenhar para fazer algo bem feito, quais são as barreiras interiores que precisam enfrentar, os obstáculos do dia a dia, a falta de uma série de coisas, as dificuldades pessoais, fica mais compreensível a percepção do alcance e do valor do elogio sincero na vida de uma pessoa. Arriscaria a dizer que pode ser um divisor de águas, a motivação na hora certa, o estímulo em meio ao desânimo, o estopim para uma nova ação bem feita.

É o círculo virtuoso, o ciclo do bem. É aquela história, luz que gera luz, gratidão que gera gratidão, energia boa que gera energia boa e por aí vai. Aquele jogo que só de jogar, se ganha!

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Tudo novo, de novo

quinta-feira, 02 de fevereiro de 2023

Tudo novo. De novo. É chegado o momento do retorno, do início do ciclo novo nas escolas, universidades e cursos. Fevereiro de todo ano tem disso. Várias pessoas mudam os cortes de cabelos. Sorrisos revigorados. Encontros não programados. Alunos desfilam uma ou outra roupa nova. Cadernos recém-saídos das estantes das papelarias ganham espaço. Pastas organizadas nos computadores. Energia renovada. Não é assim?

Tudo novo. De novo. É chegado o momento do retorno, do início do ciclo novo nas escolas, universidades e cursos. Fevereiro de todo ano tem disso. Várias pessoas mudam os cortes de cabelos. Sorrisos revigorados. Encontros não programados. Alunos desfilam uma ou outra roupa nova. Cadernos recém-saídos das estantes das papelarias ganham espaço. Pastas organizadas nos computadores. Energia renovada. Não é assim?

Bom, para alguns eu acho que sim. O retorno esconde uma certa magia e disposição, apesar de um estoque inegável de cansaço, pois não necessariamente as férias significam tempo à disposição e descanso. Mas ainda assim é uma pausa e o reinício é um tanto interessante.

Quais são as novidades? Quem vamos conhecer? Quem vamos reencontrar? Quais as metas a perseguir, os desafios a percorrer? Dá até um frio na barriga. Recomeços são muito interessantes e podem ser presságios de ricas experiências. A vida é repleta de momentos como a volta às aulas. São sequências de ciclos a serem orquestradas muitas vezes com maestria, outras nem tanto.

Esse grande barato dos reencontros com o ambiente que nos acolhe por longas jornadas e com as pessoas que dão vida a ele não pode ser ofuscado pela correria incessante que os tempos de hoje não raras vezes nos impõem. Tenho a sensação de que a vibração com que começamos etapas novas ditam o ritmo e a cadência do período vindouro. O que esperar das misteriosas semanas que estão por vir? Não podemos prever as adversidades, nem as mudanças, muito menos as próximas surpresas. Mas uma coisa não podemos negar: querendo ou não todas elas acontecem. Invariavelmente. De uma maneira ou de outra. Como tiverem de ser.

Então, que estejamos prontos para acolher o que está por vir começando pelo dia de hoje repleto das sementes que pretendemos colher. É leveza que eu quero? Então que eu seja leve. É emoção que espero? Então deixo o sentimento fluir. São sorrisos sinceros? Então que eu sorria - com a alma!  Se a “volta às aulas” da vida contar com nossa parcela de contribuição positiva para equilibrar esse “velho mundo” com o “tudo novo”, estou certa de que essa longa jornada contará com um sabor especial. E por que não com gostinho de felicidade? 

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Pedra bruta

quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Lapidar pedra bruta é uma arte. Tanto a bruta quando a lapidada possuem sua beleza e são únicas, especiais. Assim como nós. Contudo, as pedras de verdade para conquistarem a forma desejada, sofrem muitas vezes a interferência do homem, sem a qual, permaneceriam como são simplesmente ou se contentariam com as mudanças contínuas provocadas pelo tempo e os elementos da natureza. Não poderia dizer qual a mais bela, posto que cada uma tem sua beleza, seu sentido e a partir do momento que vira fonte de energia para alguém, ganha, de alguma maneira, uma missão nova.

Lapidar pedra bruta é uma arte. Tanto a bruta quando a lapidada possuem sua beleza e são únicas, especiais. Assim como nós. Contudo, as pedras de verdade para conquistarem a forma desejada, sofrem muitas vezes a interferência do homem, sem a qual, permaneceriam como são simplesmente ou se contentariam com as mudanças contínuas provocadas pelo tempo e os elementos da natureza. Não poderia dizer qual a mais bela, posto que cada uma tem sua beleza, seu sentido e a partir do momento que vira fonte de energia para alguém, ganha, de alguma maneira, uma missão nova.

Conosco, as mudanças acontecem também. Nascemos feito pedra bruta e temos uma existência para lapidarmos seu brilho ou o deteriorarmos. O lapidar requer o estopim do livre arbítrio. A vontade. O querer. E isso tem uma força muito grande. De dentro para fora. Processo individual. Ninguém é obrigado a querer mudar sua versão original - mas será que de fato temos essa escolha? A lapidação seria uma forma de evolução? Involução?

Essas provocações, por mais inúteis que possam parecer, podem cumprir sua missão, seja no campo filosófico, social, mental ou qualquer outro. A mim, remonta à resiliência. Quanto mais atenta eu fico, mais admiro os seres resilientes. Essa capacidade de adaptação, superação, contentamento conquistam uma profunda admiração.

A habilidade que uma pessoa tem de adaptar-se às mudanças, conseguir retornar ao estado natural, contentar-se com a necessidade de evolução me impressionam. Creio que a resiliência seria a força de sustentação dessa transformação lapidar do ser humano. Somada a tantos outros fatores, é claro. Mas de uma forma ou de outra, ando percebendo que as pessoas que dominam essa capacidade agregam invariavelmente tantas outras habilidades que deveriam florescer coletivamente.

Ganhei um cristal. Disseram-me: “é a pedra do amor e da paz, que possibilita a cura interior, a purificação do corpo e do lar.” Que super presente. Que intenção maravilhosa. Quem dera a cada lembrança que damos e recebemos impregnássemos com uma energia dessas. Eu acredito, de verdade. E por isso presenteio com flores. Flores de luz!

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Falar ou calar

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Em uma frase reputada a Albert Einstein, ele disse:  "Penso noventa e nove vezes e nada descubro; deixo de pensar, mergulho em profundo silêncio - e eis que a verdade se revela."

Em uma frase reputada a Albert Einstein, ele disse:  "Penso noventa e nove vezes e nada descubro; deixo de pensar, mergulho em profundo silêncio - e eis que a verdade se revela."

Em tempos em que vangloria-se tanto a necessidade e coragem em se dizer tudo o que pensa, aqueles que preferem o silêncio muitas vezes passam por involuídos. Isso mesmo. Se antes poupar a si mesmo ou ao próximo de discussões, deixar de falar tudo o que supostamente não seria bem recebido pelo interlocutor, recluir-se em silêncio eram práticas desejadas, hoje, há quem diga que nem tanto. Pelo contrário. Basta um bate-papo em uma roda de amigos e cedo ou tarde alguém acaba explicitando que a hora da verdade soou, que não faz bem para a saúde guardar sentimentos e opiniões e que o processo de libertação para por essa franqueza no trato social.

E a legião das pessoas que não desejam adoecer por guardar além das palavras engolidas sem ser ditas, as mágoas remoídas é deveras crescente. Esse caminho passa pelo autoconhecimento e algumas vezes descamba para o extremo posto: dizer tudo o que sente, sem traquejo e muitas vezes, sem sensibilidade. E então, em vez de os sapos serem engolidos, passam a ser jogados no colo do outro sem parcimônia.

Esse assunto surge em muitas conversas. Poucas vezes alguém aponta para o caminho do meio como algo a ser considerado. E então surge a indagação: o equilíbrio é o meio mesmo? Fato é que o ponto de equilíbrio varia de pessoa para pessoa. E só especialistas podem aprofundar o assunto. 

Eu mesma, que costumo buscar a interação eficiente e ter resposta para tudo, por esses dias andei sem palavras. De verdade. Sem vontade de dizê-las, talvez. Sem motivação. Buscando uma luz que ao final só conduzia para o silêncio e uma vontade toda minha de revisitar a introspecção. Aliás, a busca pelas práticas de silêncio e o voltar-se para si conquista cada vez mais adeptos. Mas seria possível vivê-la em público, cercada de pessoas, de demandas sociais?

E então, como de costume, a reflexão vem. E mais uma vez, a conclusão a que não chegamos (por complexa que é) e o percurso que aponta para um sentido: não devemos julgar as pessoas. Ninguém. Cada um trava suas batalhas diárias, algumas delas inglórias. Uns vão sentir necessidade de compartilhá-las com maior número de pessoas. Outros irão se retrair. Muitos se voltarão para a natureza e sua comunhão com ela serão seu reencontro com o estado de equilíbrio. Não podemos julgar nenhuma delas.

Uma boa técnica, que na verdade é empirismo, passa justamente por lapidar um conceito básico que deveria se fazer presente em mais momentos de nossas existências: o respeito. A si próprio. Aos outros. A toda a coletividade. Dizer tudo o que pensa ferindo pessoas desnecessariamente, não me parece o melhor roteiro de vida. Da mesma forma, ser destinatário de um contingente de remorso por não conseguir expressar o que se sente, também não. A verdade é que cada um sabe de si. Mas acho que o trato com a comunicação interna, social e com o mundo, poderia ser mais bem refinado...

Palavras que somem podem se perder em um lugar desconhecido por todos. Aquilo que deveria ser dito e não foi. Aquilo que felizmente não foi dito, mas foi pensado. Há tantas formas de se comunicar. Ricas formas. E dependendo do contexto, um olhar diz mais, muito mais do que um belo texto faria.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Três vezes gratidão

quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Três vezes gratidão, simbolizando uma sequência sem fim da palavra e do sentimento. Se há algo que realmente nos conecta com toda força do bem que transcende é a capacidade de sermos gratos. Por óbvio, se tudo vai muito bem, obrigada, é mais fácil emanar tal sentimento. Contudo, penso que o maior exercício é sentimo-nos agradecidos diante das adversidades, de modo que quando conseguimos nos conectar com sentimento nos momentos difíceis, nas aflições e incertezas, estamos verdadeiramente manifestando a nobreza que dele advém.

Três vezes gratidão, simbolizando uma sequência sem fim da palavra e do sentimento. Se há algo que realmente nos conecta com toda força do bem que transcende é a capacidade de sermos gratos. Por óbvio, se tudo vai muito bem, obrigada, é mais fácil emanar tal sentimento. Contudo, penso que o maior exercício é sentimo-nos agradecidos diante das adversidades, de modo que quando conseguimos nos conectar com sentimento nos momentos difíceis, nas aflições e incertezas, estamos verdadeiramente manifestando a nobreza que dele advém.

Do que valeria uma existência sem aprendizado, sem oportunidade de evolução, superação, espírito de cooperação? Por vezes nos conectamos com algumas das mais sublimes roupagens de compaixão, perdão, fraternidade, solidariedade, amor puro e amplo, justamente nos momentos de dor. E então, surge a dádiva dessas horas, pois se analisarmos bem, absolutamente tudo tem um lado bom. Cabe a cada um de nós trabalharmos de alguma maneira com o otimismo, a perseverança, a resiliência, a empatia, o amor de todas as formas e principalmente a gratidão.

Como escreveu Mário Quintana, “a vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa”. E não é que é isso mesmo? Grande parte do que fazemos, somos, semeamos, depende do nosso empenho, do comprometimento com o qual realizamos as tarefas, da importância que atribuímos aos estudos de caso, do tempo que empregamos para executar essas lições. Somos zelosos? Estamos preocupados em aprender? Temos nos empenhado em ensinar aos outros? Estamos acertando mais do que errando? É bom pensarmos sobre isso.

De fato, por essa ótica, dá mesmo vontade de deixar rastros de amor por todos os lugares. Vamos ser gratos pelo hoje. Amar e agradecer sempre, todo santo dia, sob toda e qualquer circunstância. Façamos felizes aos próximos e caminhemos de encontro à nossa felicidade. Não há que se ter o mar de rosas para que efetivamente agradeçamos pelo ar que corre pelos nossos pulmões. Sejamos gratos em qualquer circunstância sob a perspectiva de que toda hora é hora para o amor.

A escritora Ana Jácomo escreveu algo de que particularmente gosto muito e por isso peço licença para compartilhar com os senhores leitores: “ Economizar amor é avareza. Coisa de quem funciona na frequência da escassez. De quem tem medo de gastar sentimento e lhe faltar depois. É terrível viver contando moedinha de afeto. Há amor suficiente. Há amor para todo mundo. Há amor para quem se conectar com ele. Não perdemos quando damos: ganhamos junto.” E vale a paráfrase: há gratidão também para todo mundo. Sentimento mágico que transforma tudo, melhora a vibração de tudo, acalenta a alma, promove alegria e nos conecta com o que há de mais belo. Quanto mais, melhor. Gratidão, gratidão, gratidão.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Investimento Pessoal

quinta-feira, 05 de janeiro de 2023

Ele resolveu investir em si mesmo. Pensou sobre como começar. Resolveu, então, traçar o ponto de partida a começar por suas reflexões. Quis pensar na estratégia. Tentou entender-se. Inevitável. Autoconhecer-se antes de tudo. Como se diz, para quem sequer sabe aonde chegar, qualquer lugar pode ser o destino. Ele queria caminhos. Mergulhou, então, no universo quase desconhecido de saber mais sobre o que deveria saber. Atentou-se em buscar o que queria fazer. Esbarrou no desconhecimento sobre quem ele era. Enganou-se por subestimar a profundidade de seus anseios

Ele resolveu investir em si mesmo. Pensou sobre como começar. Resolveu, então, traçar o ponto de partida a começar por suas reflexões. Quis pensar na estratégia. Tentou entender-se. Inevitável. Autoconhecer-se antes de tudo. Como se diz, para quem sequer sabe aonde chegar, qualquer lugar pode ser o destino. Ele queria caminhos. Mergulhou, então, no universo quase desconhecido de saber mais sobre o que deveria saber. Atentou-se em buscar o que queria fazer. Esbarrou no desconhecimento sobre quem ele era. Enganou-se por subestimar a profundidade de seus anseios

Certo estava de prosseguir. Por instante sentiu-se em um beco sem saída, percurso sem volta. Mas decidiu se conhecer melhor, afinal, seria ele próprio o destinatário de todo o investimento projetado, não poderia apostar todas as fichas no desconhecido. Não queria ser a “zebra” da própria vida. Estava disposto a afundar, se preciso fosse. Resistiria de toda forma. Estava esperançoso por descobrir as asas imaginárias que o possibilitassem voar. Já amava o voo (tanto quanto a metáfora).

Nesse processo, como investidor, percebeu que seus lucros seriam maiores se cuidasse muito bem do seu principal patrimônio, a que apelidou de templo. Referia-se à sua própria saúde. Ao seu corpo físico, mental, espiritual. Concluiu que a mola mestra da máquina, sua mente, estava mal da engrenagem. Enferrujada, em mal estado de funcionamento. Seria ela o início do processo. Começou a aplicar em seus cuidados. O retorno foi rápido. Estava certo de seu propósito e prosseguiu. O equilíbrio pretendido passava pela reforma interior e exterior. Mãos à obra. Logo percebeu que deveria concentrar em si os esforços da reforma, pois só ele se empenharia no nível desejado e conhecia bem o projeto.

Feliz com o resultado, templo em equilíbrio, resolveu transmutar seu olhar sobre o mundo e sobre o outro. Fomentou práticas altruístas e quanto mais útil ao bem do próximo se tornava, mais se deparava com uma sensação até então inédita, que começou a desconfiar que fosse a tal felicidade. Ao olhar-se no espelho, o semblante ranzinza cedia espaço para um sorriso leve que despertava até uma vontade estranha de continuar sorrindo.

Decidiu incrementar suas habilidades. Investir em conhecimento, aprimorar suas habilidades mais técnicas, ler bons livros, priorizar contatos com pessoas a quem admirava. Foi certeiro. O retorno veio à galope. E quanto mais cuidava do seu templo e desenvolvia suas habilidades, mais satisfeito estava por ter feito um bom negócio. Mudou até seu conceito de riqueza. Sentiu-se detentor de um superpoder, voltou a acreditar em si, enxergou seu potencial e percebeu-se habitante de um belo templo, cujas energias sentiam-se de longe. Renasceu. Foi o melhor investimento de sua vida.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Reconstrução

quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

O novo ano já bate à porta. Dentro de algumas horas, brindaremos por 2023. A gente sente esperança. A gente planeja. A gente deseja. Não tem jeito. A transição do ano traz isso de bom. Dá vontade de construir uma vida melhor, de praticar novos hábitos, de viver coisas boas, de realizar sonhos. A gente anseia por dias melhores. Isso acontece.

O novo ano já bate à porta. Dentro de algumas horas, brindaremos por 2023. A gente sente esperança. A gente planeja. A gente deseja. Não tem jeito. A transição do ano traz isso de bom. Dá vontade de construir uma vida melhor, de praticar novos hábitos, de viver coisas boas, de realizar sonhos. A gente anseia por dias melhores. Isso acontece.

Para a construção de uma obra nova, devemos preparar o terreno, cuidar da limpeza do local, criar o ambiente ideal, promover as adaptações que se fizerem necessárias. Na verdade, essas medidas são mesmo fundamentais. Mas a metáfora dessa ideia é a que me leva a pensar. Não sobre obras, mas sobre pessoas. E ciclos.

Passamos muito tempo de nossas vidas construindo ideias sobre os outros. E o tanto que nos enganamos é algo grandioso. Creio que não somos tão bem-sucedidos nessas obras. Inevitavelmente, nos equivocamos. Erramos o cálculo. Confundimos a perspectiva. Mudamos o projeto.

Seres humanos não são esse tipo de projeto que elaboramos com técnica. Somos, na verdade, uma obra sempre inacabada e complexa. Imperfeita por natureza. Em evolução (ou involução). O projeto é de vida e não há nada mais pessoal do que isso. O outro, por mais perito no assunto que seja, não pode precisar com exatidão o que acontece no interior da obra, nem apresentar soluções lapidares.

Esse terreno – que somos nós – não está descoberto a ponto de desvendarmos seus desníveis pelo olhar. Tem até areia movediça por baixo do mato verde. Tem de tudo, como se diz.

Investimos preciosos minutos de vida construindo uma imagem do outro. Supondo coisas. Julgando e prejulgando pelo pouco que conhecemos a seu respeito. Por isso o culto reverenciado pela imagem. Nem sempre a real. Quase sempre a projetada. A que pode ser vista. Isso é uma grande tolice, pois ao construirmos pessoas fictícias em nosso imaginário, empenharemos o dobro de energia para desconstruí-las, pois comumente erramos as análises. Os outros não são o que pensamos deles. Os outros são o que são.

Seria interessante se aceitássemos que o jogo começa com as peças dos quebra-cabeças desmontadas, para então, com o tempo pudéssemos aprofundar e conhecer a imagem real que será formada. Daria menos trabalho e as surpresas talvez fossem mais prazerosas. Ou mais reais.

Mania estranha essa de querermos jogar um jogo ganho. Imagens preestabelecidas. Vencedores determinados. E no final das contas, a frustração da decepção. O girassol que eu estava montando no meu quebra-cabeça não passa de uma forma geométrica e sem sentido. Uma bola amarela. E vice e versa. Quantos girassóis deixamos de descobrir no meio do jogo justamente por superficialmente só enxergarmos a bola amarela. Sem essência. Forma e não flor.

Desconstruir é preciso. E se tivermos ânimo, reconstruir. Não sei se me fiz entender. Mas também não é preciso. Referenciando mais uma vez Clarice Lispector: “Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento”. Não me preocupo, pois.

Que 2023 traga, além de reflexões, ações. É tempo de reconstrução.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Espírito de natal

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Quem nunca assistiu a filmes com temas natalinos cujo objeto central da trama é a busca pelo resgate do “espírito de natal”? A verdade é que esta época do ano, principalmente na infância de muitas pessoas, provoca algo de lúdico e especial, que ao longo dos anos se perpetua em alguns e se atenua em outros.

Quem nunca assistiu a filmes com temas natalinos cujo objeto central da trama é a busca pelo resgate do “espírito de natal”? A verdade é que esta época do ano, principalmente na infância de muitas pessoas, provoca algo de lúdico e especial, que ao longo dos anos se perpetua em alguns e se atenua em outros.

Para além do que o natal representa em essência, como celebração da data de nascimento de Jesus, há o simbolismo de encontros, reencontros, vontade de família e união. De uma maneira ou de outra, isso acontece. É mais difícil viver os festejos natalinos quando enfrentamos perdas, doenças, separações, justamente porque esta época, culturalmente, nos remete aos abraços, aos laços, à esperança.

Nos últimos anos, em razão da pandemia, formos forçados a ressignificar os festejos. Aglomerar não era possível. Beijos, não recomendados. Foi perigoso abraçar, brindar, reunir. E este ano de 2022, tomado por desafios, se aproxima do fim. Vivemos as dificuldades pessoais e as coletivas de todas as ordens. Acabamos de passar pelo pleito eleitoral que de alguma maneira uniu grupos e desuniu pessoas também. Veio Copa do Mundo, celebramos juntos em momentos chaves. E agora, estamos em vias de viver este momento especial que é o Natal.

Aproveitar os eventos de final de ano para renovar os sentimentos de fraternidade universal pode ser considerado um dos grandes trunfos desse mês. Compartilhar abraços, risadas, lembranças, piadas. Compartilhar dores, amores, propósitos de vida. Compartilhar fé. Compartilhar a vida e acima de tudo, amor.

Não posso deixar de ressaltar que este ano, nós friburguenses e todos que em Nova Friburgo estiveram e estão, contam com uma ajuda pra lá de especial para que o espírito de natal faça morada em nós. A cidade está linda. As luzes de natal brilham pelas ruas. Vários eventos públicos culturais estão levando milhares de friburguenses às ruas. A decoração está bela. Circulando pelas ruas da cidade, pelo centro, as praças, a Prefeitura, a Avenida, a Alberto Braune, o Espaço Arp, o Country Clube, fiquei encantada com tudo o que vi, vivi e presenciei.  Para além do brilho, senti as luzes a iluminarem a nós mesmos e ao próximo.

É mesmo tempo de luz.  O espírito natalino tem a magia de nos aproximar do que verdadeiramente importa como essência. Desejamos a todos um feliz e próspero dezembro, lembrando que a difusão do amor e do espírito fraterno são atemporais.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Palavreado

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Hoje fiquei refletindo sobre a linguagem, os idiomas diferentes e sua possível interferência no modo de sentir das pessoas. Sabemos que a palavra saudade nos é própria. Coisa nossa. Mas também parece certo que o sentimento correspondente à saudade é universal. Quase não consigo assimilar um ser humano que não se conecte com esse sentimento. Volta e meia de alguma maneira, me conecto com pessoas cuja linguagem, por ser tão diferente e não familiar, aparenta ser mais fria, menos emocional.

Hoje fiquei refletindo sobre a linguagem, os idiomas diferentes e sua possível interferência no modo de sentir das pessoas. Sabemos que a palavra saudade nos é própria. Coisa nossa. Mas também parece certo que o sentimento correspondente à saudade é universal. Quase não consigo assimilar um ser humano que não se conecte com esse sentimento. Volta e meia de alguma maneira, me conecto com pessoas cuja linguagem, por ser tão diferente e não familiar, aparenta ser mais fria, menos emocional. Por aqui, convivemos com pessoas que muitas vezes não têm noção sobre as regras de linguagem idiomática, mas que dominam a linguagem corporal e se fazem entender muito bem. Sentindo.

Para muito além do palavreado, a expressão corporal no Brasil diz muito sobre nosso povo. Temos, de maneira geral, uma queda por contato físico. Abraço para nós é algo rotineiro, próximo. As pessoas que às vezes acabam de se conhecer, cumprimentam-se com beijos no rosto – algo deveras íntimo. Nós somos de encostar, de andar de mãos dadas, de tocar no outro enquanto conversamos. Terminamos uma prosa com um “eu te amo”, mandamos beijos pelo telefone, choramos com as estórias dos outros, sorrimos para desconhecidos, partilhamos de emoções de forma única.

Um teste interessante tem a ver com a capacidade que temos de fazer amigos, com a facilidade de interagir em ambientes sociais, com a ausência de barreiras para trocar ideias, fazer perguntas. Obviamente não estou generalizando. Mas se pararmos para pensar, se convivermos com pessoas de culturas muito diferentes, se tivermos a oportunidade de viajar e observar pessoas dos mais diversos lugares, talvez nos aproximemos dessa conclusão.

Amor é sentimento universal, mas creio que as formas de amar, as demonstrações desse amor, sofrem interferência direta com o lugar em que vivemos, a forma como somos criados e educados e até mesmo da linguagem. Assim, imagino que seja a tristeza, a frustração, a melancolia, a alegria, a satisfação e muitos outros sentimentos. Mas há algo que eu acho que realmente seja universal, que não podemos mudar, não podemos interferir, não podemos criar fórmulas para controlar – ninguém pode: o tempo. Sobre ele, já diria Cazuza, não para. Aproveitemos, pois. Isso sabemos fazer.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.