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Olhemos para o lado

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Olhemos para o lado. Quantos de nós sentem-se como uma ostra intocada, uma borboleta no casulo? Quantos sentem-se num beco sem saída? Quantos sentem-se como peixes fora d’água? Já parou para pensar o que esses sentimentos podem representar?  Consegue supor a angústia sentida por cada uma das representações a que me referi? Pode sentir essa dor? Se não em você, por empatia, perceber no outro.

Olhemos para o lado. Quantos de nós sentem-se como uma ostra intocada, uma borboleta no casulo? Quantos sentem-se num beco sem saída? Quantos sentem-se como peixes fora d’água? Já parou para pensar o que esses sentimentos podem representar?  Consegue supor a angústia sentida por cada uma das representações a que me referi? Pode sentir essa dor? Se não em você, por empatia, perceber no outro.

Precisamos perceber as pessoas que estão ao nosso redor e compreender quando precisam de ajuda, o quanto podem estar sofrendo. Não podemos deixar que a correria do dia a dia nos impeça de enxergar a dor do outro. Aliás, muito mais do que perceber a dor, senti-la por empatia, precisamos nos movimentar para prestar uma ajuda efetiva, de que maneira for.

Falo por aqui muito de amor. É verdade, eu acho que esse sentimento é o início, o meio e o fim das coisas, das relações. Mas por vezes o amor expressado da forma clássica como conhecemos, não basta. O carinho pode ser muito, mas também pode ser que apenas ele não aponte o caminho da saída do beco, não devolva o peixe à água e nem liberte a borboleta.

As campanhas em decorrência do movimento Setembro Amarelo e a prevenção do suicídio, que são enfatizadas por esses dias me chamaram atenção por um aspecto especial, que vai além das iniciativas de chamar a atenção da população para esse tema, promover o diálogo, instruir com informações que podem salvar pessoas. O reconhecimento da necessidade de se conversar sobre o tema é latente. Tenho visto profissionais enfatizando sobre a importância do acolhimento e da busca por ajuda profissional. As redes sociais hoje dividem publicações sobre o assunto com as eleições que se aproximam, além dessa secura impressionante no ar e dos tristes eventos de fogo espalhados por todo o país, além de outros tantos temas.

Mas a questão é: quantos de nós efetivamente têm posturas ativas para ajudar pessoas próximas que estão vivendo tempos sombrios, cujas almas clamam por apoio? Quem de nós consegue enxergar as mensagens subliminares que chegam e passam despercebidas como se não fossem sinais? E quando percebemos mas nos sentimos impotentes em ajudar, pedimos ajuda? Oferecemos ajuda? Quantas oportunidades perdemos para ajudar alguém por falta de tempo, de compaixão, de informação ou mesmo de coragem? Há de ser valente para adentrar o mundo daqueles que sofrem e estão sós. Que possamos ser a luz no fim do túnel. Façamos a coisa certa.

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Boas escolhas

sexta-feira, 06 de setembro de 2024

         Muitos de nós têm dificuldades em assimilar a efemeridade da vida, a velocidade com que o tempo passa. Quando muito jovens, achávamos que seríamos, inclusive, eternos. A juventude tem esse frescor, nos ilude ao imaginarmos uma vida muito longa pela frente e sequer vislumbramos que o fim pode chegar. Vai chegar, aliás, um dia. Parece coisa que acontece com os outros, tão distante que não pode nos alcançar.

         Muitos de nós têm dificuldades em assimilar a efemeridade da vida, a velocidade com que o tempo passa. Quando muito jovens, achávamos que seríamos, inclusive, eternos. A juventude tem esse frescor, nos ilude ao imaginarmos uma vida muito longa pela frente e sequer vislumbramos que o fim pode chegar. Vai chegar, aliás, um dia. Parece coisa que acontece com os outros, tão distante que não pode nos alcançar.

         Mas a vida é isso aí, Vida. Ela sendo ela. Cheia de riscos. Poderosa, intensa, surpreendente. E ela tem essa força para mudar tudo da noite para o dia, relativizar convicções, romper com devaneios, desnudar a realidade, impor desafios, apresentar obstáculos algumas vezes intransponíveis. E aí é que começa a complicar. Há surpresas na vida que são implacáveis, arrebatadoras, nos tira o chão, nos coloca no cantinho do castigo olhando para as paredes de forma severa, sem hora para acabar. Não vai adiantar reclamar com os pais, os diretores não vão poder fazer nada.

         E o tempo que parece voar, realmente passa rápido demais. Creio que um dia todos chegaremos a essa conclusão. E não dá para parar o relógio, colocar pilha fraca, sumir com o marcador. Ele não vai parar de passar e esse minuto em que penso essas palavras, também jamais voltará. Já dizia meu saudoso avô João: “O relógio só anda para a frente.” E é isso mesmo. Temos que aproveitar.

         Chega uma hora, em que precisamos entender que existir significa também tomar as rédeas dessa existência, assumir de alguma maneira as responsabilidades, consentir, abraçar as possibilidades, desfrutar dos segundos, valorizar todos os instantes. Precisamos também estar cientes de que acatar a postura ativa diante da vida, significa também não esperar a “papinha na boca”, a mão na testa, alguém como escudo e as respostas prontas para tudo. É aprender sobre amor próprio. A entender-se no mundo, reconhecer seu valor e polir seus defeitos.

         Independente de convicções religiosas, das aspirações que temos sobre o lado de lá, na crença que podemos nutrir sobre a vida depois do “fim”, fato é que essa roupagem assumida por essa vida é única e preciosa e não deve ser desperdiçada. Creio realmente que não estamos aqui a passeio. Temos missões urgentes a cumprir. Precisamos ser úteis ao bem da humanidade. Carecemos de sabedoria para escolhermos as pessoas com quem desejamos caminhar. Um dia, de uma maneira ou de outra, receberemos todos a conta da vida. Que tenhamos feito boas escolhas.

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Flores

sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Sejamos flores. Sejamos luz. Aprendamos a ver beleza, ser beleza. Não essa estereotipada, remexida, aparente. Beleza de alma, de sentimentos, de postura diante da vida, das pessoas, do mundo. Quando não soubermos para onde irmos e o que levarmos, lembremos delas. Na dúvida, ofereçamos flores. Levemos flores. Em uma pétala, pode haver o mundo inteiro. O mundo de alguém.

Sejamos flores. Sejamos luz. Aprendamos a ver beleza, ser beleza. Não essa estereotipada, remexida, aparente. Beleza de alma, de sentimentos, de postura diante da vida, das pessoas, do mundo. Quando não soubermos para onde irmos e o que levarmos, lembremos delas. Na dúvida, ofereçamos flores. Levemos flores. Em uma pétala, pode haver o mundo inteiro. O mundo de alguém.

Existindo por aí, interagindo com as pessoas, olhando as multidões, percebendo o cotidiano, não podemos alcançar com nossos olhos o que está por trás dos olhos daquelas pessoas. O mundo delas. Seus problemas, seus sonhos, seus amores, suas dificuldades. É uma imensidão inalcançável.

Mas se tem algo que venho aprendendo, é que de uma maneira geral, as histórias por trás das faces não costumam ser fáceis. Tantas vezes vi belos sorrisos e com alguma conversa e um pouco de sensibilidade percebi o tamanho da dor que as pessoas escondiam por trás daquele generoso e gentil esforço em sorrir. Quantas vezes eu disfarcei momentos difíceis utilizando o subterfúgio mais prático do qual podemos lançar mão quando não desejamos despertar a preocupação do outro – o sorriso?

Felizmente a vida sempre me deu muito mais razões para sorrir do que para chorar. E pela abundância de oportunidades que recebi e recebo diariamente, tento optar por oferecer a melhor versão desse recurso maravilhoso que Deus nos deu no meio do rosto. E assim escolho disfarçar um dia difícil, o cansaço extremo, uma notícia inesperada. Não por não ser transparente, mas por acreditar que o esforço gera luz. Inclusive esse estímulo em tentar sorrir para a vida em qualquer circunstância.

É como um ciclo, o primeiro sorriso atrai o próximo, que puxa o seguinte, que recompensa com a retribuição de alguém, que muda a vibração de tudo e que quando percebemos, já nos tomamos pela energia do sorriso, de quem é grato pela vida e deseja apresentar para o mundo a melhor versão de seu estado de espírito.

E as flores? Então .... convido o leitor para uma experiência nada científica, porém que dá muito certo na prática. Já fiz o teste e é hors concours. É assim: quando alguém estiver triste, enfrentando uma doença, encarando uma fase de luto, passando por muitos problemas, vivenciando preocupações, sentindo-se carente, precisando de afeto e carinho (ou seja, quase todas as pessoas que conhecemos), ofereça uma flor para ela.

Pode ser uma única flor. Não precisa ser o jardim inteiro: mas empreguem nela o sentimento do jardim inteiro, do jardim de amor, perdão, compaixão, beleza, união, superação, fraternidade e principalmente, de gratidão. Coloque ali o desejo de que a vida seja tão bela quanto aquela flor. A alquimia é perfeita. A flor, obra-prima da arte divina, e o seu sentimento, sua intenção de levar felicidade a alguém.

O resultado dessa magia é uma flor de luz que pode transformar a vida de alguém, a começar pela sua, assim como muitas vezes transforma a minha. Por isso digo e repito, na dúvida, ofereça uma flor com o melhor dos sentimentos. Ela harmoniza lares, aquieta mentes, embeleza vidas, enriquece relações, alegra as pessoas. Tem um poder grandioso.

A importância desse gesto pode ter um valor inestimável na vida de alguém, e render belos sorrisos. De dentro para fora. Da alma. Assim, garanto, uma flor de luz pode mudar o mundo de alguém. Nem que seja por alguns instantes...

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Acordemos, pois

sexta-feira, 23 de agosto de 2024

        Se o plano for entregar os pontos, jogar a toalha, passar a vez, mudar de fase sem vencer o obstáculo anterior, talvez uma pausa, uma conversa boa com alguém de sincero bem querer, uma oração, um conselho experiente ou uma reflexão sincera e profunda podem provocar a mudança de ideia.

        Se o plano for entregar os pontos, jogar a toalha, passar a vez, mudar de fase sem vencer o obstáculo anterior, talvez uma pausa, uma conversa boa com alguém de sincero bem querer, uma oração, um conselho experiente ou uma reflexão sincera e profunda podem provocar a mudança de ideia.

        Para muitos, desistir é um caminho. Para tantos outros, desistir não é opção. E o que difere esses dois grupos de pessoas? Não há como precisar, embora não faltem ilações que busquem traçar perfis de pessoas que tendem a ser perseverantes e outras que preferem mudar para o plano “B” tão logo o plano “A” lhes pareça inacessível.

        Como toda história de vida é rica, se estivermos atentos, conseguiremos galgar patamares de sabedoria com vivências que tecnicamente não nos são próprias. E foi bom rememorar que desistir, por vezes, é algo fora de cogitação. Quem fez as vezes no dia de hoje foi alguém que me lembrou que quando o tamanho de um sonho é sem tamanho, persegui-lo é o único caminho. E então, ainda é possível desistir de desistir. Feliz percepção mental. Soou cristalina feito uma iluminação.

        A areia movediça da desistência de sonhos é poderosa. Começa te tomando pelos pés e em pouco tempo, pode te tomar até o pescoço. Há esforço para salvar-se? Dificilmente uma terceira pessoa chegará nessa hora com uma solução eficiente para te tirar da lama. A vida não é esse filme de desfechos surpreendentes. Realizações necessariamente demandam emprego de energia, fadiga, luta e esforço.

        E então, eu pergunto: qual o tamanho do seu sonho? Esse aí, a que essas singelas e poucas palavras te remeteram? Quanto ele vale em sua vida? Qual o potencial transformador em sua existência? Em qual frequência ele te move? Desistir, talvez seja menos difícil do que perseverar em meio a tantas intercorrências impostas pela vida. Pois então, indago mais uma vez, já te ocorreu que ao invés de desistir de um grande sonho, é possível desistir de desistir? Realizações talvez se façam com a ousadia de um pouco mais de esforço e o bastante de resistência. Como registrou Mário Quintana, “sonhar é acordar-se para dentro”. Acordemos, pois.

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Sobre a espiga de arroz e a vida

sexta-feira, 16 de agosto de 2024

"Quem foi rei nunca perde a majestade ", diz o provérbio. Pensemos, pois, na ideia que se extrai não da frase, mas do sentimento de pertencimento a essa posição superior versus o treinamento de humildade muitas vezes imposto pela vida o qual parece encomendado para aprimorar aqueles que detém dessa soberba ou vaidade.

"Quem foi rei nunca perde a majestade ", diz o provérbio. Pensemos, pois, na ideia que se extrai não da frase, mas do sentimento de pertencimento a essa posição superior versus o treinamento de humildade muitas vezes imposto pela vida o qual parece encomendado para aprimorar aqueles que detém dessa soberba ou vaidade.

Muitos dizem que quanto mais alto se voa, maior costuma ser o tombo. Animador ou desanimador? Acho que depende do solo que se semeia enquanto a subida é preparada. Não temos que temer. Quem tem a terra protegida, pode ser que eventual queda nem machuque. Quem planeja um voo responsável minimiza a chance de queda. Quem encontra proteção Superior, provavelmente sequer vislumbrará o risco. Quem plantou gratidão das pessoas nessa caminhada, certamente encontrará cuidados e acolhimento. Ou seja, tem mais a ver com a maneira de voar do que com a altura atingida.

É muito estranho imaginar uma existência sem prospecção de melhora em alguns aspectos da vida, sem sonhos que fomentem os movimentos, sem base para apoiar os pés para subir mais degraus da escada. É tão bonito observar o voo dos pássaros, tão bonito perceber o voo de gente. Ainda mais essa gente que aprendeu a voar, sem esquecer do quão firme e instável é o solo onde nasceu, sem esquecer do ninho de onde veio.

Tom Jobim propriamente disse que “o Brasil não é para principiantes”. O mundo todo talvez não seja. É preciso aprender, resistir, empregar esforço e sobreviver. Constantemente. Preferencialmente e prioritariamente, de forma digna. Quantos entre nós vivem sentindo-se rei da vida do outro? Quantos entre nós esquecem diariamente de exercer a humildade? E a humanidade? Quantos tentam voar sem asas, com asas quebradas, com asas roubadas, com asas falsas? Que voam sem terem para onde irem ou para onde voltarem? Sem rumo na vida? Quantos sequer sabem que podem voar e não enxergam para além da folha seca do ninho?

Somos toda essa gente múltipla, diversa, complexa por natureza. Seríamos melhores se nos apoiássemos a voar, se nos ensinássemos, nos apoiássemos, se subíssemos os degraus da escada e de cima, puxássemos os próximos para um patamar melhor, um nível mais alto da escala de valores. A desigualdade social é estrondosa. Há muitos que se pensam majestades e olham para os demais como súditos. E vice e versa. Gente que não voa e não deixa os demais voarem. Essa gente que não quero ser nem ter perto de mim.

E pra fechar essa prosa da mesma forma que começamos, rememoro o provérbio: "Quanto mais carregada de grãos, mais se curva a espiga de arroz". É sobre humildade. E muito mais.

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Credibilidade

sexta-feira, 09 de agosto de 2024

Eis um fato: confiança não tem preço. Pela definição do dicionário, confiança significa crédito, fé, boa fama, segurança e bom conceito que inspiram as pessoas de probidade, talento, discrição. Depositar confiança em alguém é crer na honradez, ter em bom conceito, em alta estima. A credibilidade é definida por atributo, qualidade, característica de quem ou do que é crível e confiável.

Eis um fato: confiança não tem preço. Pela definição do dicionário, confiança significa crédito, fé, boa fama, segurança e bom conceito que inspiram as pessoas de probidade, talento, discrição. Depositar confiança em alguém é crer na honradez, ter em bom conceito, em alta estima. A credibilidade é definida por atributo, qualidade, característica de quem ou do que é crível e confiável.

A credibilidade pessoal não é criada do nada. Ela é fruto do acúmulo de  esforço e mérito protraídos no tempo. Tem a ver com moral, ética, honra, com valores tão abstratos quanto importantes, valores esses que tantas vezes vemos ao relento das relações sociais.

A confiança é um tesouro e ser confiável é realmente uma verdadeira e rara virtude. Não se pode brincar com isso. É coisa séria. Credibilidade não se compra, não se vende, não é transferível.  Confiança é patrimônio personalíssimo, é crédito pessoal, sem valor material estimável.

Por isso, um dos grandes trunfos que alguém pode ter é a construção de uma vida pautada na credibilidade, seja na esfera pessoal, seja no âmbito profissional. Hoje em dia, com a informatização da vida e as redes sociais fazendo parte de nosso cotidiano em grandes proporções, nos deparamos todo o tempo com uma falta de coerência absurda, com pessoas que se esforçam para parecer serem o que não são, que dizem coisas que não praticam, que levantam bandeiras em que não acreditam, que são matéria e muitas vezes esquecem que têm alma.

Ultimamente, com as máscaras tecnológicas que nos escondem por trás dos computadores, tablets e celulares, as impressões que temos sobre os outros (e por vezes sobre nós) não necessariamente condizem com a realidade. Não que haja problema nisso. Contudo, naturalmente vamos aguçando nosso senso crítico sobre o que é real e o que é propaganda enganosa.

Como construir sinceros sentimentos de confiança com seres que são a personificação do marketing de suas vidas? Como aferir a credibilidade de alguém por meio tão-somente de uma bela apresentação pessoal? Tudo isso regado pela falta de tempo de conhecermos direito quem é quem, a coerência da vida e da postura das pessoas. Isso tem acontecido e é perigoso sob algum aspecto. Estranha essa realidade moderna.... mas precisamos saber lidar com os novos paradigmas, sem deixar que valores elementares sejam rebaixados nas novas escalas. Aprender com os mais antigos pode ser uma boa escola sobre construção da credibilidade: o bom nome, a palavra, as dívidas morais quitadas, o “olho no olho”, o comprometimento, a sinceridade, a coerência, a assiduidade, o altruísmo, a cortesia e o trabalho honesto são valiosas pistas que não caem em desuso.

Ainda tem valor ser o que parece ser, agir conforme o que pensa e fala. Acho que esse é um valor eterno e intransponível aos olhos daqueles que conseguem ver por trás dos muros da matéria, da estética, da forma, que tantas pessoas insistem em erguer sobre si mesmas.

Estamos diante da edificação de algumas pontes de isopor, sem base alguma que sustente uma sólida construção. Mais do que nunca é preciso valorizarmos a confiabilidade inspirada por alguém como um dos critérios que coloque essa pessoa no topo da pirâmide de valores.  

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Escolhas

sexta-feira, 02 de agosto de 2024

            Somos instados a fazer escolhas o tempo todo. Se pegarmos como exemplo, um único dia de nossas vidas, já podemos perceber que ao abrir os olhos pela manhã, já necessitamos optar sobre o que fazer logo em sequência. Algumas pesquisas já dão conta de que muitos de nós decidimos logo nos primeiros segundos do despertar, olhar para as telas luminosas dos celulares.

            Somos instados a fazer escolhas o tempo todo. Se pegarmos como exemplo, um único dia de nossas vidas, já podemos perceber que ao abrir os olhos pela manhã, já necessitamos optar sobre o que fazer logo em sequência. Algumas pesquisas já dão conta de que muitos de nós decidimos logo nos primeiros segundos do despertar, olhar para as telas luminosas dos celulares. Volta e meia me indago se isso faz bem e deparo-me com aquelas perguntas pueris: “Será que estamos preparados fisiologicamente para tantas horas de contato com tantos equipamentos eletrônicos?” De alguma maneira, se nos conectamos o dia inteiro com as telas, escolhemos arriscar.

            Fato é que somos muitas vezes levados a executar coisas em nosso dia a dia e sequer nos damos conta que podemos – e devemos – fazer escolhas conscientes. O ideal é que tenhamos em mente que cada opção nos infere alguma abdicação e que pensemos sobre isso.

            Saindo das escolhas triviais do cotidiano, sobre nos alimentarmos de vegetais impregnados de agrotóxicos ao invés de orgânicos, assistirmos a um filme ou uma série, lermos um livro ou batermos papo, irmos a um local à pé ou de carro, levar ou não o guarda-chuvas, sermos gentis ou rudes, é inegável que algumas escolhas são determinantes na trajetória de nossas existência e por óbvio devem ser precedidas de bases sólidas.

             Falo muito sobre esforço. Não consigo vislumbrar conquistas que não sejam precedidas pelo verdadeiro empenho. É claro que há exceções, talvez muitas mais do que consigo assimilar. Quando traçamos objetivos, se nos mantivermos inertes, dificilmente eles se concretizarão. Precisamos, antes, pensar sobre nossas prioridades e sonhos, com base em nossos princípios e valores de vida e pelo autoconhecimento saber o que pretendemos alcançar. A partir disso, não tem jeito, é necessário que nos esforcemos. E nessa caminhada precisaremos fazer escolhas conscientes.

            Cuidar da saúde física, mental, espiritual, parte de uma opção de vida e igualmente requer esforço, renúncias e constante busca. Quem estuda muito, por exemplo, certamente abre mão de muitas distrações interessantes. Pode não ser fácil, mas a pessoa que escolhe aprimorar seu conhecimento precisa passar muitas e muitas horas ao longo da vida abdicando de inúmeros prazeres da vida. Não tem jeito. Ser feliz também parte de escolhas? E de renúncias?

            Vamos pensar sobre isso. E que exista o equilíbrio, o qual, por si só, pode levar uma vida para aprendermos. De todo caso, até a própria busca pelo equilíbrio é uma escolha. Que seja consciente.

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Hora H

sexta-feira, 26 de julho de 2024

    Há momentos na vida em que temos a sensação que a órbita dos planetas desalinha. Dormimos de um jeito e acordamos em outra realidade, como se fôssemos abduzidos para uma realidade paralela com mais desafios do que podemos supor. Acontece. Nessas horas, é impressionante como faz diferença a rede de apoio que de alguma maneira se forma na “hora H”.

    Há momentos na vida em que temos a sensação que a órbita dos planetas desalinha. Dormimos de um jeito e acordamos em outra realidade, como se fôssemos abduzidos para uma realidade paralela com mais desafios do que podemos supor. Acontece. Nessas horas, é impressionante como faz diferença a rede de apoio que de alguma maneira se forma na “hora H”.

            A vida muitas vezes nos permite a conexão com sentimentos bons de compaixão, solidariedade, gratidão e afeto. Nos conecta também com gente nobre, com pessoas de coração bom, alma generosa e missão de servir ao próximo. Está aí o lado bom que tudo tem.

            Vibrar no amor é uma forma deveras sábia de enfrentar os leões quando “o bicho pega”. Todos passam por isso, em maior ou menor grau. Viver traz consigo essa emoção de não sabermos o que será e como será o próximo segundo, mas cremos que será bom, quando não um segundo comum como todos os outros milhares.

            Realmente o momento presente é o que temos de mais certo e o futuro a Deus pertence. Comungo dessa teoria. Contudo, se há algo que me fascina realmente é uma outra certeza reconfortante: o amor de quem está junto de nós quando as coisas estão difíceis. Está aí o tesouro. O abraço que diz “estamos juntos para o que der e vier” é um elixir da vida. A compreensão e o apoio daqueles que nos cercam são o alento da alma. O bem querer e as ações de ajuda são a esperança de um mundo melhor para além da crença de dias melhores.

            Na hora H sentimo-nos mais amados, mais acolhidos, mais compreendidos, se tivermos conosco os amores sinceros, as pessoas queridas e a energia escolhida. Descobrimos, mais nessa hora do que em outras, que no mundo há gente que ajuda por ajudar, que dá as mãos por dar, que fica perto por ficar, que abre as portas por abrir, que cuida por cuidar. Por amor, para o amor.

            Quando estamos vulneráveis, muitas vezes há tão pouco para oferecermos, e ainda assim, na hora H, chega mais gente para ficar. E de tanto colhermos esse amor, se couber nessa loucura mais uma reflexão, será a de que essa gente toda de bom coração que se empenha em melhorar as coisas, pode representar justamente uma mensagem subliminar da vida, do universo, do mundo transcendental de que atrair bons corações é uma forma de colher aquilo que plantamos antes. A vida inteira.

 

 

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Gênio da lâmpada

sexta-feira, 19 de julho de 2024

     Em algum momento da vida a gente se depara com aquele sonho de criança de encontrar o gênio da lâmpada mágica com a possibilidade de fazer três pedidos. Lembro-me de ouvir desejos como “todo chocolate do mundo”; “férias o ano inteiro”; “vídeo game novo”; “ não precisar tomar banho”; “morar perto dos amigos”; “que papai noel existisse” e etc.

     Em algum momento da vida a gente se depara com aquele sonho de criança de encontrar o gênio da lâmpada mágica com a possibilidade de fazer três pedidos. Lembro-me de ouvir desejos como “todo chocolate do mundo”; “férias o ano inteiro”; “vídeo game novo”; “ não precisar tomar banho”; “morar perto dos amigos”; “que papai noel existisse” e etc.

            As crianças um dia crescem e os milagres pretendidos por nós, adultos, ganham outra dimensão. Aproveitei a deixa e fiz uma singela “pesquisa de campo” com algumas pessoas que encontravam-se perto da tela do Aladdin naquele momento: “quais seriam seus três pedidos?”. Agreguei uma dificuldade à pergunta: “ – responda sem pensar”. E ouvi, curiosa e atenta, as suas respostas. E foram justamente elas que me levaram à novas reflexões.

            Percebi dentro daquele contexto em que estávamos, que ninguém demandaria do gênio a paz mundial, alimentos orgânicos para todos, preservação do meio ambiente ou liberdade. Que desperdício. Alguém precisaria pugnar por esses milagres, não? Felizmente, o amor entrou no rol de pedidos. Ninguém falou sobre amor pela humanidade ou por amar a todos os seres. As respostas foram assim: “encontrar o amor esse ano”; “ser feliz no amor”; “não sofrer por amor”; “finalmente ter sorte no amor”. Percebi que relacionamento importa e muito, a ponto de valer pelo primeiro dos três quaisquer pedidos no mundo.

            O que também não me surpreendeu foram os pedidos ligados à parte material e financeira; “ganhar na mega sena”; “quitar minhas dívidas”; “comprar meu apartamento”; “ficar rico sem trabalhar”. As respostas foram mais ou menos essas. De fato, é uma preocupação de muitas pessoas.

            Diante da realização no amor e o dinheiro no bolso com as contas pagas, fiquei ansiosa pelos próximos últimos pedidos. Bem, devo dizer alguns deles optaram por viagens, uma delas desejou aumentar a família, um quis a tão sonhada felicidade e outros desejaram amenidades.

            A brincadeira passou, mas a reflexão permaneceu, afinal de contas, quem não começa um ciclo de ano novo pensando mais, planejando mais e sonhando mais? Considerando que o milagre dos três pedidos não passa de uma ficção e não acontecerá com ninguém, o que cada um deles está efetivamente fazendo para alcançar os objetivos não tão milagrosos assim? O que fazem e melhoram em si como pessoas para atraírem o amor verdadeiro? O quanto se esforçam e trabalham para realizarem conquistas financeiras? É bom pensarmos nisso e também sobre a razão de sermos egoístas a ponto de gastarmos nossos desejos emanados para o universo com propósitos tão-somente individuais e não coletivos também.

            E você, quais os três desejos que transformariam sua vida seriam feitos ao gênio da lâmpada mágica? Sejam vocês, ou melhor, sejamos nós os nossos próprios realizadores de sonhos.

 

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Nova etapa

sexta-feira, 12 de julho de 2024

Mesmo quando a maré está mansa, não significa que mansa para sempre permanecerá. Basta o sopro do tempo, o rebolar das correntezas, a inspiração da deusa do mar e as ondas vêm. É o movimento natural. Não existe maré calma eterna. Existe vai e vem da natureza, reboliço dos ventos, e logo a onda vem. Nós não escolhemos seu tamanho, não dimensionamos seu perigo, nem prevemos sua velocidade.

Mesmo quando a maré está mansa, não significa que mansa para sempre permanecerá. Basta o sopro do tempo, o rebolar das correntezas, a inspiração da deusa do mar e as ondas vêm. É o movimento natural. Não existe maré calma eterna. Existe vai e vem da natureza, reboliço dos ventos, e logo a onda vem. Nós não escolhemos seu tamanho, não dimensionamos seu perigo, nem prevemos sua velocidade. Elas chegam e nossas escolhas passarão por estarmos dentro ou fora do mar, condicionarmos nosso fôlego, aprendermos a nadar, aguçarmos nossa sensibilidade para identificarmos eventual perigo, domarmos o espírito aventureiro, ou controlarmos o medo.

A onda pode ser uma marola ou chegar com a força de um tsunami, sei lá, quem vai saber? Seja o que for, precisamos estar preparados para as mudanças que podem acontecer no minuto seguinte da vida. E que podem ser ótimas, mesmo se fáceis não forem.

Gosto de comparar a vida com a natureza, pois ao observarmos carinhosamente essa engrenagem divina maravilhosa, nos damos conta de que somos parte de tudo isso e não seus senhores soberanos.

Encarar desafios pode ser um treinamento grandioso de superação. Há um enorme prazer embutido nesse exercício contínuo de superarmos a nós mesmos. Quão sem graça seria a existência se a vida fosse um marasmo contínuo do início ao fim. Bom, acredito que isso sequer seria uma opção já que querendo ou não, o dia a dia é repleto de novos desafios.

Por que não acolher cada um deles como uma nova chance, uma oportunidade premiada, um grande negócio a ser feito? Transformar o medo pelo novo por motivação para seu encontro pode ser transformador. Ao invés de vislumbrarmos a muralha amedrontadora que pode estar por vir, podemos escolher avistar o belo oceano na condição mais linda que o Universo pode ofertar.

Fácil não é. Mas nossa postura diante de um desafio vai gerar uma energia que pode ser positiva ou negativa, a depender de como estamos acolhendo esse movimento da vida. Abdicações, renúncias, esforço... preparação. Preparar-se para a execução da nova etapa. E durante todo o processo é aconselhável o treinamento do sentimento de gratidão, pois certamente se estamos diante de desafios, é sinal de que estamos vivos e em atividade, o que já merece nosso mais profundo agradecimento.

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