Blog de paulafarsoun_25873

Pedra bruta

quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Lapidar pedra bruta é uma arte. Tanto a bruta quando a lapidada possuem sua beleza e são únicas, especiais. Assim como nós. Contudo, as pedras de verdade para conquistarem a forma desejada, sofrem muitas vezes a interferência do homem, sem a qual, permaneceriam como são simplesmente ou se contentariam com as mudanças contínuas provocadas pelo tempo e os elementos da natureza. Não poderia dizer qual a mais bela, posto que cada uma tem sua beleza, seu sentido e a partir do momento que vira fonte de energia para alguém, ganha, de alguma maneira, uma missão nova.

Lapidar pedra bruta é uma arte. Tanto a bruta quando a lapidada possuem sua beleza e são únicas, especiais. Assim como nós. Contudo, as pedras de verdade para conquistarem a forma desejada, sofrem muitas vezes a interferência do homem, sem a qual, permaneceriam como são simplesmente ou se contentariam com as mudanças contínuas provocadas pelo tempo e os elementos da natureza. Não poderia dizer qual a mais bela, posto que cada uma tem sua beleza, seu sentido e a partir do momento que vira fonte de energia para alguém, ganha, de alguma maneira, uma missão nova.

Conosco, as mudanças acontecem também. Nascemos feito pedra bruta e temos uma existência para lapidarmos seu brilho ou o deteriorarmos. O lapidar requer o estopim do livre arbítrio. A vontade. O querer. E isso tem uma força muito grande. De dentro para fora. Processo individual. Ninguém é obrigado a querer mudar sua versão original - mas será que de fato temos essa escolha? A lapidação seria uma forma de evolução? Involução?

Essas provocações, por mais inúteis que possam parecer, podem cumprir sua missão, seja no campo filosófico, social, mental ou qualquer outro. A mim, remonta à resiliência. Quanto mais atenta eu fico, mais admiro os seres resilientes. Essa capacidade de adaptação, superação, contentamento conquistam uma profunda admiração.

A habilidade que uma pessoa tem de adaptar-se às mudanças, conseguir retornar ao estado natural, contentar-se com a necessidade de evolução me impressionam. Creio que a resiliência seria a força de sustentação dessa transformação lapidar do ser humano. Somada a tantos outros fatores, é claro. Mas de uma forma ou de outra, ando percebendo que as pessoas que dominam essa capacidade agregam invariavelmente tantas outras habilidades que deveriam florescer coletivamente.

Ganhei um cristal. Disseram-me: “é a pedra do amor e da paz, que possibilita a cura interior, a purificação do corpo e do lar.” Que super presente. Que intenção maravilhosa. Quem dera a cada lembrança que damos e recebemos impregnássemos com uma energia dessas. Eu acredito, de verdade. E por isso presenteio com flores. Flores de luz!

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Falar ou calar

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Em uma frase reputada a Albert Einstein, ele disse:  "Penso noventa e nove vezes e nada descubro; deixo de pensar, mergulho em profundo silêncio - e eis que a verdade se revela."

Em uma frase reputada a Albert Einstein, ele disse:  "Penso noventa e nove vezes e nada descubro; deixo de pensar, mergulho em profundo silêncio - e eis que a verdade se revela."

Em tempos em que vangloria-se tanto a necessidade e coragem em se dizer tudo o que pensa, aqueles que preferem o silêncio muitas vezes passam por involuídos. Isso mesmo. Se antes poupar a si mesmo ou ao próximo de discussões, deixar de falar tudo o que supostamente não seria bem recebido pelo interlocutor, recluir-se em silêncio eram práticas desejadas, hoje, há quem diga que nem tanto. Pelo contrário. Basta um bate-papo em uma roda de amigos e cedo ou tarde alguém acaba explicitando que a hora da verdade soou, que não faz bem para a saúde guardar sentimentos e opiniões e que o processo de libertação para por essa franqueza no trato social.

E a legião das pessoas que não desejam adoecer por guardar além das palavras engolidas sem ser ditas, as mágoas remoídas é deveras crescente. Esse caminho passa pelo autoconhecimento e algumas vezes descamba para o extremo posto: dizer tudo o que sente, sem traquejo e muitas vezes, sem sensibilidade. E então, em vez de os sapos serem engolidos, passam a ser jogados no colo do outro sem parcimônia.

Esse assunto surge em muitas conversas. Poucas vezes alguém aponta para o caminho do meio como algo a ser considerado. E então surge a indagação: o equilíbrio é o meio mesmo? Fato é que o ponto de equilíbrio varia de pessoa para pessoa. E só especialistas podem aprofundar o assunto. 

Eu mesma, que costumo buscar a interação eficiente e ter resposta para tudo, por esses dias andei sem palavras. De verdade. Sem vontade de dizê-las, talvez. Sem motivação. Buscando uma luz que ao final só conduzia para o silêncio e uma vontade toda minha de revisitar a introspecção. Aliás, a busca pelas práticas de silêncio e o voltar-se para si conquista cada vez mais adeptos. Mas seria possível vivê-la em público, cercada de pessoas, de demandas sociais?

E então, como de costume, a reflexão vem. E mais uma vez, a conclusão a que não chegamos (por complexa que é) e o percurso que aponta para um sentido: não devemos julgar as pessoas. Ninguém. Cada um trava suas batalhas diárias, algumas delas inglórias. Uns vão sentir necessidade de compartilhá-las com maior número de pessoas. Outros irão se retrair. Muitos se voltarão para a natureza e sua comunhão com ela serão seu reencontro com o estado de equilíbrio. Não podemos julgar nenhuma delas.

Uma boa técnica, que na verdade é empirismo, passa justamente por lapidar um conceito básico que deveria se fazer presente em mais momentos de nossas existências: o respeito. A si próprio. Aos outros. A toda a coletividade. Dizer tudo o que pensa ferindo pessoas desnecessariamente, não me parece o melhor roteiro de vida. Da mesma forma, ser destinatário de um contingente de remorso por não conseguir expressar o que se sente, também não. A verdade é que cada um sabe de si. Mas acho que o trato com a comunicação interna, social e com o mundo, poderia ser mais bem refinado...

Palavras que somem podem se perder em um lugar desconhecido por todos. Aquilo que deveria ser dito e não foi. Aquilo que felizmente não foi dito, mas foi pensado. Há tantas formas de se comunicar. Ricas formas. E dependendo do contexto, um olhar diz mais, muito mais do que um belo texto faria.

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Três vezes gratidão

quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Três vezes gratidão, simbolizando uma sequência sem fim da palavra e do sentimento. Se há algo que realmente nos conecta com toda força do bem que transcende é a capacidade de sermos gratos. Por óbvio, se tudo vai muito bem, obrigada, é mais fácil emanar tal sentimento. Contudo, penso que o maior exercício é sentimo-nos agradecidos diante das adversidades, de modo que quando conseguimos nos conectar com sentimento nos momentos difíceis, nas aflições e incertezas, estamos verdadeiramente manifestando a nobreza que dele advém.

Três vezes gratidão, simbolizando uma sequência sem fim da palavra e do sentimento. Se há algo que realmente nos conecta com toda força do bem que transcende é a capacidade de sermos gratos. Por óbvio, se tudo vai muito bem, obrigada, é mais fácil emanar tal sentimento. Contudo, penso que o maior exercício é sentimo-nos agradecidos diante das adversidades, de modo que quando conseguimos nos conectar com sentimento nos momentos difíceis, nas aflições e incertezas, estamos verdadeiramente manifestando a nobreza que dele advém.

Do que valeria uma existência sem aprendizado, sem oportunidade de evolução, superação, espírito de cooperação? Por vezes nos conectamos com algumas das mais sublimes roupagens de compaixão, perdão, fraternidade, solidariedade, amor puro e amplo, justamente nos momentos de dor. E então, surge a dádiva dessas horas, pois se analisarmos bem, absolutamente tudo tem um lado bom. Cabe a cada um de nós trabalharmos de alguma maneira com o otimismo, a perseverança, a resiliência, a empatia, o amor de todas as formas e principalmente a gratidão.

Como escreveu Mário Quintana, “a vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa”. E não é que é isso mesmo? Grande parte do que fazemos, somos, semeamos, depende do nosso empenho, do comprometimento com o qual realizamos as tarefas, da importância que atribuímos aos estudos de caso, do tempo que empregamos para executar essas lições. Somos zelosos? Estamos preocupados em aprender? Temos nos empenhado em ensinar aos outros? Estamos acertando mais do que errando? É bom pensarmos sobre isso.

De fato, por essa ótica, dá mesmo vontade de deixar rastros de amor por todos os lugares. Vamos ser gratos pelo hoje. Amar e agradecer sempre, todo santo dia, sob toda e qualquer circunstância. Façamos felizes aos próximos e caminhemos de encontro à nossa felicidade. Não há que se ter o mar de rosas para que efetivamente agradeçamos pelo ar que corre pelos nossos pulmões. Sejamos gratos em qualquer circunstância sob a perspectiva de que toda hora é hora para o amor.

A escritora Ana Jácomo escreveu algo de que particularmente gosto muito e por isso peço licença para compartilhar com os senhores leitores: “ Economizar amor é avareza. Coisa de quem funciona na frequência da escassez. De quem tem medo de gastar sentimento e lhe faltar depois. É terrível viver contando moedinha de afeto. Há amor suficiente. Há amor para todo mundo. Há amor para quem se conectar com ele. Não perdemos quando damos: ganhamos junto.” E vale a paráfrase: há gratidão também para todo mundo. Sentimento mágico que transforma tudo, melhora a vibração de tudo, acalenta a alma, promove alegria e nos conecta com o que há de mais belo. Quanto mais, melhor. Gratidão, gratidão, gratidão.

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Investimento Pessoal

quinta-feira, 05 de janeiro de 2023

Ele resolveu investir em si mesmo. Pensou sobre como começar. Resolveu, então, traçar o ponto de partida a começar por suas reflexões. Quis pensar na estratégia. Tentou entender-se. Inevitável. Autoconhecer-se antes de tudo. Como se diz, para quem sequer sabe aonde chegar, qualquer lugar pode ser o destino. Ele queria caminhos. Mergulhou, então, no universo quase desconhecido de saber mais sobre o que deveria saber. Atentou-se em buscar o que queria fazer. Esbarrou no desconhecimento sobre quem ele era. Enganou-se por subestimar a profundidade de seus anseios

Ele resolveu investir em si mesmo. Pensou sobre como começar. Resolveu, então, traçar o ponto de partida a começar por suas reflexões. Quis pensar na estratégia. Tentou entender-se. Inevitável. Autoconhecer-se antes de tudo. Como se diz, para quem sequer sabe aonde chegar, qualquer lugar pode ser o destino. Ele queria caminhos. Mergulhou, então, no universo quase desconhecido de saber mais sobre o que deveria saber. Atentou-se em buscar o que queria fazer. Esbarrou no desconhecimento sobre quem ele era. Enganou-se por subestimar a profundidade de seus anseios

Certo estava de prosseguir. Por instante sentiu-se em um beco sem saída, percurso sem volta. Mas decidiu se conhecer melhor, afinal, seria ele próprio o destinatário de todo o investimento projetado, não poderia apostar todas as fichas no desconhecido. Não queria ser a “zebra” da própria vida. Estava disposto a afundar, se preciso fosse. Resistiria de toda forma. Estava esperançoso por descobrir as asas imaginárias que o possibilitassem voar. Já amava o voo (tanto quanto a metáfora).

Nesse processo, como investidor, percebeu que seus lucros seriam maiores se cuidasse muito bem do seu principal patrimônio, a que apelidou de templo. Referia-se à sua própria saúde. Ao seu corpo físico, mental, espiritual. Concluiu que a mola mestra da máquina, sua mente, estava mal da engrenagem. Enferrujada, em mal estado de funcionamento. Seria ela o início do processo. Começou a aplicar em seus cuidados. O retorno foi rápido. Estava certo de seu propósito e prosseguiu. O equilíbrio pretendido passava pela reforma interior e exterior. Mãos à obra. Logo percebeu que deveria concentrar em si os esforços da reforma, pois só ele se empenharia no nível desejado e conhecia bem o projeto.

Feliz com o resultado, templo em equilíbrio, resolveu transmutar seu olhar sobre o mundo e sobre o outro. Fomentou práticas altruístas e quanto mais útil ao bem do próximo se tornava, mais se deparava com uma sensação até então inédita, que começou a desconfiar que fosse a tal felicidade. Ao olhar-se no espelho, o semblante ranzinza cedia espaço para um sorriso leve que despertava até uma vontade estranha de continuar sorrindo.

Decidiu incrementar suas habilidades. Investir em conhecimento, aprimorar suas habilidades mais técnicas, ler bons livros, priorizar contatos com pessoas a quem admirava. Foi certeiro. O retorno veio à galope. E quanto mais cuidava do seu templo e desenvolvia suas habilidades, mais satisfeito estava por ter feito um bom negócio. Mudou até seu conceito de riqueza. Sentiu-se detentor de um superpoder, voltou a acreditar em si, enxergou seu potencial e percebeu-se habitante de um belo templo, cujas energias sentiam-se de longe. Renasceu. Foi o melhor investimento de sua vida.

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Reconstrução

quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

O novo ano já bate à porta. Dentro de algumas horas, brindaremos por 2023. A gente sente esperança. A gente planeja. A gente deseja. Não tem jeito. A transição do ano traz isso de bom. Dá vontade de construir uma vida melhor, de praticar novos hábitos, de viver coisas boas, de realizar sonhos. A gente anseia por dias melhores. Isso acontece.

O novo ano já bate à porta. Dentro de algumas horas, brindaremos por 2023. A gente sente esperança. A gente planeja. A gente deseja. Não tem jeito. A transição do ano traz isso de bom. Dá vontade de construir uma vida melhor, de praticar novos hábitos, de viver coisas boas, de realizar sonhos. A gente anseia por dias melhores. Isso acontece.

Para a construção de uma obra nova, devemos preparar o terreno, cuidar da limpeza do local, criar o ambiente ideal, promover as adaptações que se fizerem necessárias. Na verdade, essas medidas são mesmo fundamentais. Mas a metáfora dessa ideia é a que me leva a pensar. Não sobre obras, mas sobre pessoas. E ciclos.

Passamos muito tempo de nossas vidas construindo ideias sobre os outros. E o tanto que nos enganamos é algo grandioso. Creio que não somos tão bem-sucedidos nessas obras. Inevitavelmente, nos equivocamos. Erramos o cálculo. Confundimos a perspectiva. Mudamos o projeto.

Seres humanos não são esse tipo de projeto que elaboramos com técnica. Somos, na verdade, uma obra sempre inacabada e complexa. Imperfeita por natureza. Em evolução (ou involução). O projeto é de vida e não há nada mais pessoal do que isso. O outro, por mais perito no assunto que seja, não pode precisar com exatidão o que acontece no interior da obra, nem apresentar soluções lapidares.

Esse terreno – que somos nós – não está descoberto a ponto de desvendarmos seus desníveis pelo olhar. Tem até areia movediça por baixo do mato verde. Tem de tudo, como se diz.

Investimos preciosos minutos de vida construindo uma imagem do outro. Supondo coisas. Julgando e prejulgando pelo pouco que conhecemos a seu respeito. Por isso o culto reverenciado pela imagem. Nem sempre a real. Quase sempre a projetada. A que pode ser vista. Isso é uma grande tolice, pois ao construirmos pessoas fictícias em nosso imaginário, empenharemos o dobro de energia para desconstruí-las, pois comumente erramos as análises. Os outros não são o que pensamos deles. Os outros são o que são.

Seria interessante se aceitássemos que o jogo começa com as peças dos quebra-cabeças desmontadas, para então, com o tempo pudéssemos aprofundar e conhecer a imagem real que será formada. Daria menos trabalho e as surpresas talvez fossem mais prazerosas. Ou mais reais.

Mania estranha essa de querermos jogar um jogo ganho. Imagens preestabelecidas. Vencedores determinados. E no final das contas, a frustração da decepção. O girassol que eu estava montando no meu quebra-cabeça não passa de uma forma geométrica e sem sentido. Uma bola amarela. E vice e versa. Quantos girassóis deixamos de descobrir no meio do jogo justamente por superficialmente só enxergarmos a bola amarela. Sem essência. Forma e não flor.

Desconstruir é preciso. E se tivermos ânimo, reconstruir. Não sei se me fiz entender. Mas também não é preciso. Referenciando mais uma vez Clarice Lispector: “Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento”. Não me preocupo, pois.

Que 2023 traga, além de reflexões, ações. É tempo de reconstrução.

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Espírito de natal

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Quem nunca assistiu a filmes com temas natalinos cujo objeto central da trama é a busca pelo resgate do “espírito de natal”? A verdade é que esta época do ano, principalmente na infância de muitas pessoas, provoca algo de lúdico e especial, que ao longo dos anos se perpetua em alguns e se atenua em outros.

Quem nunca assistiu a filmes com temas natalinos cujo objeto central da trama é a busca pelo resgate do “espírito de natal”? A verdade é que esta época do ano, principalmente na infância de muitas pessoas, provoca algo de lúdico e especial, que ao longo dos anos se perpetua em alguns e se atenua em outros.

Para além do que o natal representa em essência, como celebração da data de nascimento de Jesus, há o simbolismo de encontros, reencontros, vontade de família e união. De uma maneira ou de outra, isso acontece. É mais difícil viver os festejos natalinos quando enfrentamos perdas, doenças, separações, justamente porque esta época, culturalmente, nos remete aos abraços, aos laços, à esperança.

Nos últimos anos, em razão da pandemia, formos forçados a ressignificar os festejos. Aglomerar não era possível. Beijos, não recomendados. Foi perigoso abraçar, brindar, reunir. E este ano de 2022, tomado por desafios, se aproxima do fim. Vivemos as dificuldades pessoais e as coletivas de todas as ordens. Acabamos de passar pelo pleito eleitoral que de alguma maneira uniu grupos e desuniu pessoas também. Veio Copa do Mundo, celebramos juntos em momentos chaves. E agora, estamos em vias de viver este momento especial que é o Natal.

Aproveitar os eventos de final de ano para renovar os sentimentos de fraternidade universal pode ser considerado um dos grandes trunfos desse mês. Compartilhar abraços, risadas, lembranças, piadas. Compartilhar dores, amores, propósitos de vida. Compartilhar fé. Compartilhar a vida e acima de tudo, amor.

Não posso deixar de ressaltar que este ano, nós friburguenses e todos que em Nova Friburgo estiveram e estão, contam com uma ajuda pra lá de especial para que o espírito de natal faça morada em nós. A cidade está linda. As luzes de natal brilham pelas ruas. Vários eventos públicos culturais estão levando milhares de friburguenses às ruas. A decoração está bela. Circulando pelas ruas da cidade, pelo centro, as praças, a Prefeitura, a Avenida, a Alberto Braune, o Espaço Arp, o Country Clube, fiquei encantada com tudo o que vi, vivi e presenciei.  Para além do brilho, senti as luzes a iluminarem a nós mesmos e ao próximo.

É mesmo tempo de luz.  O espírito natalino tem a magia de nos aproximar do que verdadeiramente importa como essência. Desejamos a todos um feliz e próspero dezembro, lembrando que a difusão do amor e do espírito fraterno são atemporais.

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Palavreado

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Hoje fiquei refletindo sobre a linguagem, os idiomas diferentes e sua possível interferência no modo de sentir das pessoas. Sabemos que a palavra saudade nos é própria. Coisa nossa. Mas também parece certo que o sentimento correspondente à saudade é universal. Quase não consigo assimilar um ser humano que não se conecte com esse sentimento. Volta e meia de alguma maneira, me conecto com pessoas cuja linguagem, por ser tão diferente e não familiar, aparenta ser mais fria, menos emocional.

Hoje fiquei refletindo sobre a linguagem, os idiomas diferentes e sua possível interferência no modo de sentir das pessoas. Sabemos que a palavra saudade nos é própria. Coisa nossa. Mas também parece certo que o sentimento correspondente à saudade é universal. Quase não consigo assimilar um ser humano que não se conecte com esse sentimento. Volta e meia de alguma maneira, me conecto com pessoas cuja linguagem, por ser tão diferente e não familiar, aparenta ser mais fria, menos emocional. Por aqui, convivemos com pessoas que muitas vezes não têm noção sobre as regras de linguagem idiomática, mas que dominam a linguagem corporal e se fazem entender muito bem. Sentindo.

Para muito além do palavreado, a expressão corporal no Brasil diz muito sobre nosso povo. Temos, de maneira geral, uma queda por contato físico. Abraço para nós é algo rotineiro, próximo. As pessoas que às vezes acabam de se conhecer, cumprimentam-se com beijos no rosto – algo deveras íntimo. Nós somos de encostar, de andar de mãos dadas, de tocar no outro enquanto conversamos. Terminamos uma prosa com um “eu te amo”, mandamos beijos pelo telefone, choramos com as estórias dos outros, sorrimos para desconhecidos, partilhamos de emoções de forma única.

Um teste interessante tem a ver com a capacidade que temos de fazer amigos, com a facilidade de interagir em ambientes sociais, com a ausência de barreiras para trocar ideias, fazer perguntas. Obviamente não estou generalizando. Mas se pararmos para pensar, se convivermos com pessoas de culturas muito diferentes, se tivermos a oportunidade de viajar e observar pessoas dos mais diversos lugares, talvez nos aproximemos dessa conclusão.

Amor é sentimento universal, mas creio que as formas de amar, as demonstrações desse amor, sofrem interferência direta com o lugar em que vivemos, a forma como somos criados e educados e até mesmo da linguagem. Assim, imagino que seja a tristeza, a frustração, a melancolia, a alegria, a satisfação e muitos outros sentimentos. Mas há algo que eu acho que realmente seja universal, que não podemos mudar, não podemos interferir, não podemos criar fórmulas para controlar – ninguém pode: o tempo. Sobre ele, já diria Cazuza, não para. Aproveitemos, pois. Isso sabemos fazer.

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Tempo pra nada

quinta-feira, 08 de dezembro de 2022

“De tanto pensar tudo, não consigo pensar em nada”. “Penso tanto que não tenho tempo para pensar”. “Minha mente está cheia, porém está um tanto vazia”. “Tudo sei, mas não sei de nada”. São sensações do momento. Não minhas (não apenas). De muita gente. As coisas estão profundamente rasas. Inteiramente partidas. Constantemente voláteis. Densamente esparsas. Apertadas de tão largas. Entupidas de nada. Estamos vivendo tempos contraditórios. A começar pela mente.

“De tanto pensar tudo, não consigo pensar em nada”. “Penso tanto que não tenho tempo para pensar”. “Minha mente está cheia, porém está um tanto vazia”. “Tudo sei, mas não sei de nada”. São sensações do momento. Não minhas (não apenas). De muita gente. As coisas estão profundamente rasas. Inteiramente partidas. Constantemente voláteis. Densamente esparsas. Apertadas de tão largas. Entupidas de nada. Estamos vivendo tempos contraditórios. A começar pela mente.

Muito pensamento desencontrado, influenciado, maculado, desnorteado, desencadeado, acumulado, precipitado, acelerado. Muita informação na mente. Muita inutilidade disputando espaço e atenção com o que verdadeiramente importa. Um cabo de guerra que está difícil de ser equilibrado pelo lado da essência da vida. Do que é útil. Do que acrescenta. Do que ensina. Do que compartilha coisas boas. Do amor.

A prática da meditação tem sido fortemente aconselhada entre pessoas que se querem bem e recomendada por profissionais das mais diversas áreas. E por leigos que tudo sabem. E por praticantes que sabem muito do assunto. E por quem não pratica mas simpatiza. E por quem não simpatiza nem pratica, mas acha legal. Que acha legal e não consegue praticar. Pelo que vive de aparência e finge que acha legal e que pratica. Pelo que tenta e não consegue. Pelo que gosta e pelo que não gosta. Por quem tem recomendação médica. Ou terapêutica. Ou religiosa. Ou nada disso, ou tudo isso.

Por que? As pessoas estão sem tempo de pensar em nada. De viver o tempo presente. De conseguir alguns instantes da vida, ou do dia, para centrarem-se em si mesmas. Para lembrarem-se que respiram. Entra ar. Sai ar. Quase ninguém nota. Até que chegue a próxima virose, a gripe, a bronquite, a asma, a falta de ar. É verdade, precisamos respirar. E respirar direito. Dar valor ao ar precioso que circula por nossos pulmões. Ar da vida.

E quem se lembra que tem olhos até que a vista embace de tanto fixar o olhar nas telas dos computadores e dos smartphones? Olhos que são o portal do corpo que habitamos para o mundo externo. Eles mesmos. Os que podem contemplar. Apreciar. Admirar. Ver a natureza. Ver as pessoas. Ver o tempo. Ver o belo. Ver a vida. Esses mesmos, que precisamos cuida com zelo e que deixamos embaçar com o excesso de tudo para o que não paramos de olhar. Sem piscar.

Boca e voz para falar coisas boas. Quem se lembra que tem voz que não seja apenas para protestar e discutir política?  E brigar? E gritar no trânsito? E esbravejar com o filho, com o colega de trabalho, com o marido, com um estranho na rua? E bater boca sem chegar a lugar nenhum? Que não se restrinja a falar da vida alheia, reclamar, reclamar, reclamar.

Tanta gente perecendo sem se dar conta. Padecendo sem perceber. A vida nos foi dada, o momento presente é o maior presente, um corpo humano para nossa alma habitar está aqui e agora, clamando pela devida atenção aos seus verdadeiros propósitos de existir. Estamos empregando nossa energia vital naquilo que é substancial?

Parece estar tudo tão complexo. Tão desconexo. O estado natural das coisas talvez seja mais simples. Basta avaliarmos nossa existência pelo nosso próprio olhar, mas como se fôssemos uma terceira pessoa, que nos ama e é imparcial, avaliando o que temos feito de nossas vidas, do que temos recheado nossos pensamentos, do valor que damos ao ar que respiramos, de como utilizamos as palavras para impactar em alguma coisa útil no mundo, do que estamos fazendo com nosso tempo, de como estamos cuidando, sobretudo, dos nossos sentimentos.

Não fomos criados em uma realidade paralela. Não estamos no Planeta Terra sozinhos. Somos bilhões de seres vivos consumindo, interagindo, construindo, destruindo, plantando, colhendo, pensando, amando, odiando, movimentando energia. Saber viver de forma civilizada, no século 21, me parece uma realidade que já devia estar superada. Já era para termos aprendido a viver (e conviver) com respeito, civilidade, compaixão, cooperação e empatia. Mas não sabemos de nada, apesar de acharmos que sabemos de tudo. Vai ver está tudo na mais perfeita ordem. Ou não.

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Fim de ciclo

quinta-feira, 01 de dezembro de 2022

Ei, o ano não acabou! Ainda há tempo de fazermos tantas coisas valiosas para fechar 2022 com chave de ouro. Estamos em pleno dia 2 de dezembro, uma sexta-feira. De fato, estamos muito próximos do fim do ano. Já se foram quase todos os dias desse ano um tanto abarrotado de informações, acontecimentos e mudanças. Enquanto sociedade, vimos de tudo, tememos muito, sentimos muito. Foram tantas notícias estranhas que a exaustão coletiva foi tomando seu espaço de forma surpreendente.

Ei, o ano não acabou! Ainda há tempo de fazermos tantas coisas valiosas para fechar 2022 com chave de ouro. Estamos em pleno dia 2 de dezembro, uma sexta-feira. De fato, estamos muito próximos do fim do ano. Já se foram quase todos os dias desse ano um tanto abarrotado de informações, acontecimentos e mudanças. Enquanto sociedade, vimos de tudo, tememos muito, sentimos muito. Foram tantas notícias estranhas que a exaustão coletiva foi tomando seu espaço de forma surpreendente. A torcida de muitos para que termine logo é tão grande que merece o questionamento sincero sobre o que vai mudar na noite de ano novo.

Por acaso, hoje temos jogo do Brasil na Copa do Mundo. Sim, em pleno dezembro. Temos vivido nostálgicas alegrias por meio da paixão ao futebol. Estamos no 12º mês do ano. Falta pouco, mas ainda há tempo. Tempo precioso que não volta mais. Nos restam exatos 29 dias para o “Feliz ano novo!”, para o sem fim de promessas, as renovações de sonhos, as prospecções dos projetos novos, a crença na virada milagrosa da meia noite, para tirarmos as superstições das gavetas e as praticarmos sem mesmo nela acreditarmos verdadeiramente.

Sob esse ponto de vista, estamos realmente muito próximos do fim deste intenso 2022. Contudo, devo dizer: ainda falta muito. Pergunte, caro leitor, se o tempo que nos resta deste ano é deveras curto demais para alguém que esteja enfermo em um quarto de hospital, para aquele que aguarda pelo resultado de uma prova importante, de um exame conclusivo, para o ansioso por uma viagem marcada há tempos, para quem busca um perdão para fazer as pazes com o ente amado, para quem está desempregado à procura de um ofício digno, para quem tem mais contas a pagar do que dias no mês. Creio que a resposta será não. Pois até esse tempo é relativo.

Então, vos aconselho humildemente: antecipe-se às situações difíceis, crie oportunidades de valorizar todos esses segundos vindouros de dezembro. Como sempre, é tempo de amar, de espalhar fraternidade, de expandir a espiritualidade, de fomentar a caridade, de olhar para o lado, estender uma mão, sufocar de amor toda a maldade.

Proponho um dezembro diferente, com menos efeito manada e mais união e verdade, em que nós possamos nos inspirar nos preceitos cristãos tão enfatizados por ocasião das celebrações de natal para sermos o amor pelo próximo e pela humanidade. Estamos bastante carentes desse amor ilimitado que transcende as quatro paredes das casas, as contas bancárias, as sacolas cheias de presentes e as confraternizações com mais bebidas nos copos que amor nos corações. Precisamos é de afeto, olho no olho, coração com coração. Perto ou longe, aonde for. Que seja amor.

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Simples assim

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Não faça aos outros aquilo que não gostaria que fizessem com você. É tão simples assim como parece? Deveria ser. Comumente vivemos situações embaraçosas, desconfortáveis, angustiantes e sentimo-nos tristes e sobrecarregados. Situações essas que não raras vezes poderiam ter sido evitadas se nossos interlocutores da vida pensassem em evitar fazer às pessoas aquilo que abominariam que impusessem a elas. Seria bem mais fácil.

Não faça aos outros aquilo que não gostaria que fizessem com você. É tão simples assim como parece? Deveria ser. Comumente vivemos situações embaraçosas, desconfortáveis, angustiantes e sentimo-nos tristes e sobrecarregados. Situações essas que não raras vezes poderiam ter sido evitadas se nossos interlocutores da vida pensassem em evitar fazer às pessoas aquilo que abominariam que impusessem a elas. Seria bem mais fácil.

Mas, se coabitamos o mesmo planeta, talvez todos já tenhamos entendido ou estejamos próximos de compreender, que essa interação de mentes, de gente, de egos e valores, não é tão simples assim. Não é premissa básica uníssona que evitar impor aos outros coisas que detestaria que nos impusessem pode minimizar o sofrimento e o estresse do próximo. É importante até mesmo considerar que múltiplos que somos, não necessariamente partilhamos de dores semelhantes, de modo que às vezes o agir inconsciente atropela qualquer raciocínio sobre o estado de espírito dos receptores de nossas condutas por eles recepcionadas como negativas.  E por aí vai.

Carecemos de uma percepção mais inteligente. Emocionalmente mais inteligente, que considere também os outros, a sociedade como um todo e mesmo o planeta. Talvez devêssemos perceber que há questões que de maneira geral ferem, causam transtorno, prejudicam e geram sofrimento. Não é tão difícil supor que determinadas ações magoam, desestabilizam, deixam as pessoas em apuros de várias ordens.

Gostaria muito que fosse tão simples quanto parece. Que escolher ser pessoa leve fosse tudo de que precisássemos para efetivamente estarmos envoltos pela leveza todo o tempo. Às vezes, o é. Mas como não vivemos em uma bolha e nossas energias se entrelaçam com as dos outros o tempo todo, passa a ser uma arte e uma habilidade diferenciada sabermos nos defender da negatividade, da injustiça, da grosseria, da sobrecarga que nos impõem e ainda assim, seguirmos gratos e sem disseminar o mesmo nível de pensamentos, sentimentos e condutas por aí.

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