Blog de paulafarsoun_25873

Sem comparações

quinta-feira, 27 de julho de 2023

A grama do vizinho é realmente mais verde que a nossa? Por que tanta gente acha que os sonhos realizados pelo outro são mais fáceis de serem alcançados? Que enquanto todos viajam para lugares paradisíacos, enquanto trabalhamos? Que na casa dos outros não tem bagunça, que o casal lindo que vemos pelas fotos das redes sociais não tem contas a pagar? De onde tiramos a ideia de que o melhor está lá e não aqui?

A grama do vizinho é realmente mais verde que a nossa? Por que tanta gente acha que os sonhos realizados pelo outro são mais fáceis de serem alcançados? Que enquanto todos viajam para lugares paradisíacos, enquanto trabalhamos? Que na casa dos outros não tem bagunça, que o casal lindo que vemos pelas fotos das redes sociais não tem contas a pagar? De onde tiramos a ideia de que o melhor está lá e não aqui?

Percebo uma zona cinzenta em que um contingente incontável de seres habitam. O dia de hoje está aquém do que deveria estar, e ao mesmo tempo, quando a coisa piora, se percebe que aquele dia estava na verdade muito bom. Uma comparação constante e massiva com o colega do lado. Uma observação para o que acontece do lado de fora que cega as pessoas para o lado de dentro de seus lares e seus corações. Dá medo. Eu não quero sentir isso e desejo fortemente que não sintam isso em relação a mim.

Muita gente já não se contenta mais em ter saúde e paz. Faltam as fotos maravilhosas de viagens, o príncipe encantado, o melhor emprego, a casa mais frondosa. A vitrine das redes sociais, a meu ver, tem sido um portal para essa ilusão de que a vida do outro é mais feliz que a nossa. Prosperar é lindo. Amar e ser amado é uma dádiva. A realização profissional é uma alegria. Viajar é uma maravilha. O esquisito é o grau de comparação muitas vezes doentio que mingua algumas pessoas. 

A partir do momento em que uma pessoa agradece por tudo o que é, pelo que faz e pelo que possui, a coisa muda de figura. Na verdade, a grama do outro passa a não ter tanta importância. Quando somos gratos pelas oportunidades que temos, pela vida que nos é dada, pela proteção diária, pelas pessoas que nos cercam, conseguimos olhar para o outro com admiração e alegria por suas conquistas. Não com inveja. Não com cobiça.

Se é para olharmos para o outro lado do muro, que seja então para observarmos o tanto de esforço aquele "vizinho" emprega em prol de suas conquistas. E então, nos esforçarmos também. Empenho precede o resultado. Grandes conquistas decorrem de emprego de energia, preparação, renúncias, investimento de tempo etc etc etc. Salvo se a grama do vizinho for sintética, ela requer plantio e cuidados. E ainda que seja sintética, requer possibilidade de compra, que demanda trabalho, dinheiro, prioridade e por aí vai. Não é de graça. Não é à toa. Não somos um amontoado de seres aleatórios em que coisas boas acontecem arbitrariamente para os outros e as ruins, para mim.   

Somos resultado do que fazemos para mudar, para melhorar, para aprimorar. São mesmo dias de luta e dias de glórias. É a vida. Se o vizinho tem um relacionamento saudável e feliz, o que ele fez por merecer? Felicidade no amor não é para qualquer um. Tem que merecer, deve se dedicar, jogar energia boa para o universo, respeitar as pessoas, ser sincero, acolher o lado bom das pessoas. Não dá para ser um caçador de defeitos, andar com uma lupa para o negativo e encontrar pessoas maravilhosas com quem conviver. Somos todos imperfeitos. Todos. A grama alheia também pode ser. Não se pode julgar pela aparência.

Em tempos de terreno ermo, barreado, cheio de lama, a gente desanima. Mas aí é que temos que buscar aquela força que todos temos e poucos sabemos. A força de dentro. A mola da possibilidade de superação e realização. Falar é fácil, exercer essa ideia é mais difícil. Eu sei. Mas não subestimo nossa capacidade de decidir e perseguir o objetivo. O que eu quero? Ser grata em qualquer circunstância. Amar meu próprio jardim, mesmo quando as ervas daninhas insistirem em castigá-lo. E desejar que o jardim do outro tão garboso quanto eu quero que seja o meu.

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Projeto Sorria

quinta-feira, 20 de julho de 2023

Rir. Sorrir. Gargalhar. Eis práticas deliciosas de viver. Rir é bom demais. Esboça alegria, faz bem para alma, libera o diafragma, alivia tensões. Sorrir, faz muito bem. A expressão da felicidade, simpatia, bem-estar, muitas vezes transborda o sorriso, vai além do que se pode supor. Gargalhar passa por aquele riso extravasado, que transborda, contagia. 

Rir. Sorrir. Gargalhar. Eis práticas deliciosas de viver. Rir é bom demais. Esboça alegria, faz bem para alma, libera o diafragma, alivia tensões. Sorrir, faz muito bem. A expressão da felicidade, simpatia, bem-estar, muitas vezes transborda o sorriso, vai além do que se pode supor. Gargalhar passa por aquele riso extravasado, que transborda, contagia. 

A verdade é que tudo isso faz muito bem, tanto para quem sorri, ri, gargalha, quanto para o eventual interlocutor dessas mensagens corporais que transcendem os movimentos do rosto. Até isso é uma escolha. Sorrir ou não sorrir para a vida. Acolher ou não o outro com uma mensagem de boas-vindas. Tem a ver com simpatia, empatia, otimismo, alegria.

Andando por aí, vou observando os semblantes que por mim passam. A maioria das pessoas carrega olhares sofridos, expressões carregadas. Sobrecarregadas. Vivemos tempos difíceis sob muitos aspectos, não podemos negar. E as faces taciturnas, creio, são o oposto de tudo aquilo que o sorriso sincero expõe. Desânimo, cansaço, antipatia, tristeza.

Por outro lado, o sorriso aberto não significa felicidade. Não necessariamente. Em tempos em que o que se demonstra em redes sociais toma dimensões inimagináveis, não raras vezes o ser mais triste apresenta o sorriso mais bonito. A gargalhada gostosa do vídeo, ensaiada. O riso sem brilho nos olhos. Será que dessa forma, sem verdade, sem consonância entre o que realmente se sente e o que aparenta, sorrir faz tão bem assim? Tanto se utiliza a poderosa ferramenta do sorriso para vender a imagem da felicidade que no dia a dia está longe de ser perseguida. Gente que sorri para as câmeras, que mostra sua faceta mais aprimorada da simpatia em fotos, mas que é incapaz de sorrir para as pessoas com quem topa na rua, para o porteiro do prédio, para o colega de trabalho. Gente que oferece sua melhor versão às postagens nas redes sociais, mas que é incapaz de sorrir em casa, que oferece ao convívio familiar sua expressão de descontentamento. Sem senti-lo.

São divagações – para não dizer devaneios. Mas fazem algum sentido. Vejo tantas pessoas essencialmente sem brilho que fazem questão de ensaiar o Sol para convencer terceiros sobre uma felicidade que por vezes passa longe. E qual a intenção de tudo isso? O riso é livre. Sorrir transforma, muda a energia, eleva a frequência, transforma o dia de alguém. E livre e ilimitado. Por que não sorrir de dentro para fora? Isso mesmo: de dentro para fora. Rir de a barriga doer. De dentro para fora. Gargalhar sem medo de ser feliz. Sem pose para fotos. Sem necessários registros. Sem foco na aparência. De dentro para fora. Sorrir para mudar o dia, para mudar a si mesmo, para contagiar o outro, para transformar a vibração do mundo.

É isso. Enxergar o lado bom que tudo tem e sorrir para a vida. É deveras transformador. De dentro para fora.

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Cinquenta perguntas

quinta-feira, 13 de julho de 2023

Oi, tudo bem? Como você está? E sua mãe, o pessoal da sua casa, todos bem? O que você tem feito? Quase não te vejo, por que sumiu por tanto tempo? Nem me liga mais, hein! Tá trabalhando muito? Como vão os estudos? E as provas? Pretende fazer concurso? A cunhada da filha da minha vizinha estudou e passou em três meses. Sempre foi muito inteligente, sabe... E o namorado, vai casar? Ah, está solteira? Isso aí, vai curtir a vida. Saindo muito?  Tem feito o quê? Tá pensando em filhos? Vai ter mais um? Tá morando aonde? Sozinha? Voltou para a casa dos pais.

Oi, tudo bem? Como você está? E sua mãe, o pessoal da sua casa, todos bem? O que você tem feito? Quase não te vejo, por que sumiu por tanto tempo? Nem me liga mais, hein! Tá trabalhando muito? Como vão os estudos? E as provas? Pretende fazer concurso? A cunhada da filha da minha vizinha estudou e passou em três meses. Sempre foi muito inteligente, sabe... E o namorado, vai casar? Ah, está solteira? Isso aí, vai curtir a vida. Saindo muito?  Tem feito o quê? Tá pensando em filhos? Vai ter mais um? Tá morando aonde? Sozinha? Voltou para a casa dos pais. Hum, não é mole não, mas pelo menos não tem que se preocupar com aluguel. Tudo tem um lado bom. Tem visto o pessoal da faculdade? Nem me chamam mais. Mas me conta, o que você está fazendo para parecer mais jovem? Gostei desse tom de loiro em você, rejuvenesceu, parece uma menina. E lá se vão minutos de existência só ouvindo o questionário daquela antiga conhecida que não se importa com você mas tem toda a curiosidade sobre a sua vida e despeja todas as próprias frustações na primeira oportunidade que tem de fazê-lo e o faz assim, em forma de perguntas impregnadas de cobranças.

Quem nunca passou por isso? Numa situação dessas a vontade que dá, lá no fundo, é de cortar o papo e tocar a vida, mas por educação e dificuldade de impor limites, muitas vezes o que fazemos é responder ao questionário na sequência insana proposta pelo questionador. Sentimo-nos, então, réus de nós mesmos, porque acabamos por abrir demais nossas vidas a quem não faz parte dela. Sem vontade. E então, por que o fazemos? Já pararam para pensar.

Ninguém precisa prestar contas da própria vida aos conhecidos que encontram na esquina, em algum evento ou até mesmo nos encontros de Natal. Não é necessário. E eu nem acho que seja saudável também. Além de ser incômodo e chato. Sei lá, deixa as coisas fluírem. Falem sobre o que tiverem vontade. Abram suas vidas e corações às pessoas da sua confiança. Ao seu rol seleto – ou nem tanto - de pessoas escolhidas para saberem de você. Es-co-lhi-das por você. Esse é o ponto.

 O checklist social às vezes faz mal, porque te impõe a lembrança despreparada sobre suas frustrações, rupturas, preocupações, desejos. Gera preocupações. Te obriga a pensar rápido sobre o que você fez e tem feito, como vive, com quem se relaciona. Te joga em uma clássica “sinuca de bico” entre ter que responder e falar sobre o que não quer com quem não tem intimidade ou exercer suas habilidades para disfarçar, mudar de assunto, sair pela tangente. Interrogatório inesperado feito por conhecidos que não participam da sua vida, não te amam, não te conhecem direito, não compartilham a vida com você e não detém sua confiança, acredite: não é legal.  É chato.  Inconveniente. Constrange as pessoas. Ainda que com a melhor das intenções, meu conselho seria: não forcem a barra, apenas não forcem.

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Mas tudo bem

quinta-feira, 06 de julho de 2023

Sentimento difícil de lidar é a tal da ingratidão dos outros. Eita coisa ruim. Tá bom que talvez seja um grande erro esperar demais (ou o mínimo) das pessoas, sobretudo daquelas a quem dispensamos as melhores intenções, por quem fazemos algo importante, a quem nos dedicamos. Perceber que ainda que nossas ações não tenham sido em vão, não tiveram para os seus destinatários o mesmo valor que para nós, é um descompasso desconfortável. Dói.

Sentimento difícil de lidar é a tal da ingratidão dos outros. Eita coisa ruim. Tá bom que talvez seja um grande erro esperar demais (ou o mínimo) das pessoas, sobretudo daquelas a quem dispensamos as melhores intenções, por quem fazemos algo importante, a quem nos dedicamos. Perceber que ainda que nossas ações não tenham sido em vão, não tiveram para os seus destinatários o mesmo valor que para nós, é um descompasso desconfortável. Dói.

Mas tudo bem. Agir sem esperar nada em troca pode ser a chave para não experimentar esse desgosto vez ou outra. E por falar em ingratidão, podemos focar no antagonista desse sentimento que é gratidão. A gratidão é um sentimento que nos liga à força divina, ao supremo, ao universo, àquilo que transcende à visão humana e, para aqueles que creem nessa força resguardo a titulação respectiva. Penso que exalar esse sentimento nos resguarda de um monte de maus acontecimentos. Como se o imponderável carecesse desse voto de confiança. Como se o presságio das boas novas estivesse umbilicalmente ligado ao ato de sermos gratos a tudo e a todos, em qualquer circunstância.

Ser resiliente e grato é perceber que os pés doem, mas que podemos andar. Que a coluna não está lá “grande coisa”, mas que sustenta com maestria esse corpo que nos reveste. Que o dia de hoje pode não ser perfeito, mas que é o presente concebido e não pode ser desperdiçado. Que os sonhos não foram realizados da forma como queríamos, mas que temos força para batalhar. E por aí vai.

Sentir gratidão nesse nível é uma questão também de treinamento. Gratidão gera gratidão. A corrente ganha força e a energia do contentamento, da aceitação, da felicidade se expandem. Coisa chata é essa atmosfera de reclamações por todos os cantos, o dia inteiro. Se chove, está ruim. Se faz calor, piora. Se tem emprego, reclama. Se o perde, piora. Coisas assim. Como mensurar a dimensão da força que pode alcançar essa energia massiva de milhares de pessoas reclamando de tudo o tempo todo?

Que bom seria se o mesmo empenho em lamuriar fosse empregado em agradecer em qualquer conjuntura. Não quero caminhar com esforço ao longo de uma vida inteira e lá na frente perceber que o passado foi o melhor presente que me fora dado, aquele clássico  sentimento de que “ era feliz e não sabia”. Não quero perder minha vida para a ingratidão. Ser grato é questão de escolha. Uma ótima escolha. A começar por agora.

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Melhor aposta

quinta-feira, 29 de junho de 2023

Quer uma aposta boa, desse tipo que não tem risco de errar? Nem parece aposta. Porque dá certo, sempre. Resolva investir em si mesmo. Pense sobre como iniciar. Trace o ponto de partida a começar por suas reflexões. Pense na estratégia. Tente entender-se. Inevitável. Autoconhecer-se antes de tudo. Queira caminhos. Mergulhe no universo de saber mais sobre o que deveria saber. Atente-se em buscar o que quer fazer. Esbarre no desconhecimento sobre quem você é. E supere. Aprenda, sem subestimar a profundidade de seus anseios. Siga em frente.

Quer uma aposta boa, desse tipo que não tem risco de errar? Nem parece aposta. Porque dá certo, sempre. Resolva investir em si mesmo. Pense sobre como iniciar. Trace o ponto de partida a começar por suas reflexões. Pense na estratégia. Tente entender-se. Inevitável. Autoconhecer-se antes de tudo. Queira caminhos. Mergulhe no universo de saber mais sobre o que deveria saber. Atente-se em buscar o que quer fazer. Esbarre no desconhecimento sobre quem você é. E supere. Aprenda, sem subestimar a profundidade de seus anseios. Siga em frente.

E então, prossiga. Por vezes, a sensação de estar em um beco sem saída vem, percurso sem volta. Mas ao se conhecer melhor e se tornar o próprio destinatário de todo o investimento projetado, apostar as fichas em si deixa de ser um sacrifício. Não queira ser a “zebra” da própria vida. Resistir de toda forma passa a ser uma boa opção.

Nesse processo, como investidor, percebe-se asas para voar; aprende-se sobre o voo. Entende que seus lucros seriam maiores se cuidasse muito bem do seu principal patrimônio, a sua própria saúde. E então, ao concluir que a mola mestra da máquina, sua mente, pode estar mal da engrenagem, enferrujada, em estado ruim de funcionamento, usa este conhecimento como a mola propulsora do processo. Começa a aplicar em seus cuidados. O retorno é rápido. Estando certo de seu propósito, prossegue. O equilíbrio pretendido passa pela reforma interior e exterior. Mãos à obra.

Feliz com o resultado, templo em equilíbrio, resolve transmutar seu olhar sobre o mundo e sobre o outro. Fomenta práticas altruístas e quanto mais útil ao bem do próximo se torna, mais se depara com uma sensação até então inédita. E desconfia tratar-se da tal felicidade. Ao olhar-se no espelho, o semblante ranzinza cede espaço para um sorriso leve que desperta até uma vontade estranha de continuar sorrindo.

Decide incrementar suas habilidades. Investir em conhecimento, aprimorar suas habilidades mais técnicas, ler bons livros, priorizar contatos com pessoas a quem admira. Aposta certeira. O retorno vem à galope. E quanto mais cuida do seu templo e desenvolve suas habilidades, mais satisfeito está por ter feito um bom negócio. Muda-se até seu conceito de riqueza. Sente-se detentor de um super poder. Volta a acreditar em si, enxerga seu potencial e percebe-se habitante de um belo templo, cujas energias tão boas são ao longe percebidas. Renasce. Eis o melhor investimento de sua vida. 

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Sábias palavras

quinta-feira, 22 de junho de 2023

A literatura, sem dúvida alguma é além de expressão artística e cultural, uma ferramenta de instrução educacional de valor inquestionável, um dos caminhos de evolução social cujos impactos podem ser profundos e transformadores.

Fomentar as atividades literárias, o incentivo à leitura e à escrita, o contato com esse vasto universo cultural são um empenho necessário cujas consequências comumente são positivas.

A literatura, sem dúvida alguma é além de expressão artística e cultural, uma ferramenta de instrução educacional de valor inquestionável, um dos caminhos de evolução social cujos impactos podem ser profundos e transformadores.

Fomentar as atividades literárias, o incentivo à leitura e à escrita, o contato com esse vasto universo cultural são um empenho necessário cujas consequências comumente são positivas.

Quem dera o mundo fosse povoado pelos amantes da escrita, por apreciadores da língua pátria, por leitores vorazes e por escolhas políticas que sempre priorizassem o acesso ao conhecimento, o compartilhamento de ideias, a aproximação a um espaço mais lúdico e criativo, a vivências mais poéticas e a liberdade de expressar sentimentos e ideias. 

Quem dera as bibliotecas atraíssem tanto interesse como outros ambientes sociais. Quem dera as livrarias fossem destino certo dos nossos investimentos. Quem dera os festivais literários fossem tão demandados quanto outros tipos de festivais. Quem dera a educação e a cultura - que sim, caminham lado a lado - fossem prestigiados em todas as classes sociais, em todas as idades. Quem dera o hábito de escrever fosse valorizado desde a alfabetização. Quem dera a prática da leitura fosse presente em todos os lares. Quem dera....

Certamente viveríamos em uma sociedade mais justa, com uma educação mais sólida, com pessoas mais conscientes e provavelmente mais felizes. Por crer em tudo isso e felizmente vivificar o amor pela literatura, aplaudo de pé as iniciativas de incentivo a essa valorosa arte. É o tipo de coisa que incorpora o velho dizer popular: "Quanto mais, melhor"!

Atribui-se ao grande Jorge Amado as seguintes palavras: "A solução dos problemas humanos terá que contar com a literatura, a música, a pintura, enfim, com as artes. O homem necessita de pão e de liberdade. As artes existirão enquanto o homem existir sobre a face da terra. A literatura será sempre uma arma do homem em sua caminhada pela terra, em sua busca de felicidade."  Sábias palavras...

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Maria, Maria

quinta-feira, 15 de junho de 2023

Quanta inspiração teve Milton Nascimento ao compor a letra da música Maria, Maria. “Mas é preciso ter manha/ é preciso ter graça/ é preciso ter sonho sempre/ quem traz na pele essa marca/ possui a estranha mania/ de ter fé na vida.” Quanta verdade ela expressa. A mim, toca profundamente. Maria sou eu, é ela, são todas as mulheres. A vida requer manha, gana, graça, força sem tamanho. Requer coragem para sonhar, persistência para buscar, sabedoria para equilibrar.

Quanta inspiração teve Milton Nascimento ao compor a letra da música Maria, Maria. “Mas é preciso ter manha/ é preciso ter graça/ é preciso ter sonho sempre/ quem traz na pele essa marca/ possui a estranha mania/ de ter fé na vida.” Quanta verdade ela expressa. A mim, toca profundamente. Maria sou eu, é ela, são todas as mulheres. A vida requer manha, gana, graça, força sem tamanho. Requer coragem para sonhar, persistência para buscar, sabedoria para equilibrar.

Quantas mulheres vivem buscando conciliar as frentes. Um malabarismo constante. Sem fim. Muitos pratos a serem equilibrados ao mesmo tempo. E poucas mãos. A tarefa não é fácil. Ser mulher não é missão simples. Essa constatação não é e nem nunca será expressão de vitimismo. É realidade, nua e crua. Só quem é sabe.

Mulheres batalham há séculos em busca de uma igualdade que deveria existir desde sempre. Mulheres acumulam funções dificílimas de serem conciliadas. Mulheres buscam forças em fonte que parece ser inesgotável. Mulheres não têm tempo para adoecer, e se adoecerem, a vida segue do mesmo jeito. Mulheres abrem mão do seu para se doarem a um filho. Mulheres sofrem comparações diárias. São submetidas a competições insanas. São cobradas injustificadamente. E trabalham duro. Todo santo dia, do acordar ao dormir. E se possível fosse, mulher trabalharia dormindo. No lar, no altar, no bar, em qualquer lugar.

Mulheres travam batalhas inglórias para estarem em pé de igualdade no mercado de trabalho. São testadas de forma diferente. Precisam provar que seus reais atributos não são vistos a olhos nus. Aliás, não são deixadas em paz pelas propagandas de consumo. São instadas o tempo todo para serem belas, como se o cartão de visitas fosse sempre a aparência. Aparência magra, claro. “ Pois mulher que não é magra é mulher que não se cuida”.

Quanta demanda esquisita. Não vejo nexo em nada disso. Mas alienada que não sou, conheço bem a história. Sei de onde vem. Sei para onde querem nos levar. É preciso resistir. As conquistas das mulheres devem seguir linha reta e para cima. Avante. Sem retroceder .

Tem que ter fé na vida mesmo. Milton Nascimento está certo. É uma mistura de dor e alegria. Eu, que ando alegre, por vezes sinto dor. A dor da preocupação de quem não deseja andar para trás. O peso de quem almeja o respeito de todas as ordens. De quem conquistou às custas de muito esforço de muitas de nós e que não aceita abrir mão. A responsabilidade de quem enxerga com límpida clareza que tanta gente insiste em tapar nossos olhos. De quem resiste e continua andando. Para frente e para cima. Enfrentando com bravura e dignidade todo e qualquer objetivo pelo meio do caminho. Porque mulheres são fortes. Sim. É de nascença. Não há como negar.

Quantas Marias sendo caladas, violentadas, assassinadas. Quantas Marias sendo demasiadamente cobradas. Desmerecidas. Insultadas. Jogadas umas contra as outras. Quanta gente trabalhando firme, dia e noite, para enfraquecer as Marias. Para que se olhem com desdém. Para que se desmereçam. Para que se enfraqueçam. Que esqueçam seu real valor. E seu enorme poder. Para quem voltem à submissão de onde bravamente saíram. Para que se esqueçam quantas de nós deram as vidas pelo propósito de liberdade, independência, igualdade e dignidade.

Não podem cegar as Marias. Não todas. Não ao mesmo tempo. Porque mulher tem uma força de dentro capaz de superar a avalanche de preconceito. Porque a mulher é dona de si, escolhe seu caminho, conhece seus direitos. Mulher não é boba não. Mulher é força, gana, garra, graça e sonho. Sempre.

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Não quando é não

sábado, 10 de junho de 2023

Começo a coluna desta semana com uma citação atribuída ao escritor colombiano vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, Gabriel García Márquez: “O mais importante que aprendi a fazer depois dos 40 anos foi a dizer não quando é não.” Baita aprendizado. Dizer um “não” dói em muita gente Há quem sofra a ponto de não conseguir fazê-lo. Há quem diga “sim” para tudo e todos, se gastando por inteiro e fazendo pouco das migalhas de tempo e energia que sobram para si.

Começo a coluna desta semana com uma citação atribuída ao escritor colombiano vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, Gabriel García Márquez: “O mais importante que aprendi a fazer depois dos 40 anos foi a dizer não quando é não.” Baita aprendizado. Dizer um “não” dói em muita gente Há quem sofra a ponto de não conseguir fazê-lo. Há quem diga “sim” para tudo e todos, se gastando por inteiro e fazendo pouco das migalhas de tempo e energia que sobram para si.

Quem não impõe limites, não conhece as próprias vontades e não aprende a priorizar e selecionar, provavelmente está sempre envolto pela sensação de não ter tempo. E aí o ciclo se vai. E se esvai. Falta energia. Parecem as próprias escolhas. Para cada tarefa nova assumida, um sonoro “não” é ouvido intimamente. Quem sofre de não saber dizer “não”, sabe o peso gerado pelo acúmulo de afazeres assumidos.

Refiro-me àqueles que estão sobrecarregados justamente por não conseguirem respeitar seus limites e assumirem menos do que o mundo exterior demanda deles. Desde as pequenas coisas às grandiosas. Desde futilidades às funções elementares.

Um dia, a vida ensina que a cada “não” sentenciado, podem ser abertas portas para inúmeros “sim”. Sim, a vida é feita de escolhas sob muitos aspectos, e aprender a escolher, a aprender a impor limites, a respeitar sua própria capacidade, inclusive de discernir o que deve e o que não deve, o que pode e o que não pode, o que quer e o que não quer, é mesmo um tremendo e precioso aprendizado.

Para além daquelas coisas que só aprendemos com a preciosa maturidade, com o passar do tempo e as pancadas da vida, tenho por certo que o autoconhecimento ajuda bastante nesse processo. Há “nãos” na vida que não podem ser ditos. Isso é um fato. Porém, há muitos outros que são frutos de escolhas que tomamos sem reflexão alguma. Que dizemos “sim” sem pensarmos.

É preciso refletirmos sobre o que se deve fazer por obrigação de trabalho. O que se deve fazer por amor. O que se deve fazer por missão de civilidade. O que fazer por prazer. Ou por necessidade. Ou pelo querer. Ou por responsabilidade. Ou por compromisso. Ou fazer por fazer. E o que é excesso. Separar o joio do trigo. É bom que o movimento seja cauteloso, porque não duvido que a conclusão a que podemos chegar é deveras angustiante: a de que muito do que fazemos a cada dia pode ser excessivamente oneroso para nossas próprias vidas.

A sobrecarga, o peso, o arrependimento, a culpa pela imperfeição, o acúmulo de tarefas, a falta de tempo são consequências dessa incapacidade de delimitar limites, e aqui me permito a redundância das palavras. Ao aprender, finalmente, a dizer necessários “nãos” para certas coisas, podemos conseguir nos cuidar mais, amar mais nosso ofício, destinar mais tempo à família, fazer as tarefas com mais paz e a viver com maior qualidade de vida. O tal tempo de qualidade, é verdade. O tão desejado...

Por vezes, é dizendo “não” aos excessos de tudo e às demandas infinitas que estamos escolhendo vivenciar o “sim” para nós mesmos.

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Detalhes

quinta-feira, 01 de junho de 2023

“Olha esse céu! Que coisa linda.”  Ouço, paro e, por dois segundos e olho em direção às montanhas Catarinas. Friburguense conhece bem esse ângulo. Noto que havia me esquecido de olhar para lá. Não poderia descrever a vista naquele momento. Não saberia fazê-lo. Que descuido o meu. Logo eu que venho tentando centrar no momento presente. Concentrar. Degustar cada oportunidade de apreciar a natureza. Isso, a natureza. O céu e tudo o que tem nele. Eu deveria tê-lo admirado.

“Olha esse céu! Que coisa linda.”  Ouço, paro e, por dois segundos e olho em direção às montanhas Catarinas. Friburguense conhece bem esse ângulo. Noto que havia me esquecido de olhar para lá. Não poderia descrever a vista naquele momento. Não saberia fazê-lo. Que descuido o meu. Logo eu que venho tentando centrar no momento presente. Concentrar. Degustar cada oportunidade de apreciar a natureza. Isso, a natureza. O céu e tudo o que tem nele. Eu deveria tê-lo admirado.

Logo eu, não saberia quais as cores do céu! Daquele céu. Parei, olhei. O que tinha de diferente lá em cima? Até agora não sei. O céu estava cinza. Com cara de chuva. Se chovesse, eu seria pega desprevenida. Novamente: que descuido o meu. O dia clareou e a noite estava prestes a chegar e eu sequer percebi, nesse interregno de tempo do dia inteiro, se o Sol havia aparecido para desejar um lindo dia antes de ser encoberto pelas nuvens pesadas.

Talvez a chuva naquela hora fosse uma boa providência para lavar a alma. Mas nem isso eu podia. A pressa é demais. Rotina que segue. Dor de cabeça dando as caras. Como aos olhos dos atentos, nenhum sinal do propósito perseguido passa despercebido, pude aproveitar a noite extasiada com a presença da frondosa lua cheia. Foi ontem. Foi lindo. Salvou o meu dia.

Amanheceu. Que belo dia. Recomeçou o ciclo. A vida acontece agora. Nova oportunidade. Dessa vez o “bom dia” foi dado pela janela, para frente e para cima. Sem telas. Sem mensagens. Sem cores artificiais. Eram seis da manhã. O céu já dava os sinais. Dia lindo. A vibração é outra. Energia em alta. A xícara de café sobre a bancada da varanda e os olhos focados em tudo o que era verde. Assim começou. Em meio a todas as múltiplas e muitas tarefas, pude perceber o presente que veio do céu. E assim o acompanhei até que o final de tarde nos contemplasse com o céu rosa. Literalmente. Pareceu um presente. Foi um presente. Foi hoje. E está sendo. A lua lá fora espelha a perfeição desse universo infinito e misterioso que não deve deixar de ser notado e contemplado todos os dias.

Decidi saber descrever o céu de manhã – toda manhã, perceber as nuvens que passearam por lá ao meio dia, o entardecer avermelhado e deslumbrante e o exato formato com que a lua brilha. Para quem anda atento, todo sinal é uma oportunidade de melhora. A vida acontece nos detalhes.

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Dedo em riste

quinta-feira, 25 de maio de 2023

Todo santo dia nos deparamos com mesas redondas - reais e metafóricas-, cujas cadeiras confortáveis são ocupadas por centenas de milhares de pessoas propensas a julgar os outros. Vemos de tudo. Os assuntos são os mais variados possíveis. Alguns, de extrema relevância social, e outros, com sua importância pessoal. Há aqueles deveras desimportantes, irrelevantes e que tomam um tempo invejável em seus debates. Sua inutilidade pode ser tamanha que passamos a questionar sua real (in) significância.

Todo santo dia nos deparamos com mesas redondas - reais e metafóricas-, cujas cadeiras confortáveis são ocupadas por centenas de milhares de pessoas propensas a julgar os outros. Vemos de tudo. Os assuntos são os mais variados possíveis. Alguns, de extrema relevância social, e outros, com sua importância pessoal. Há aqueles deveras desimportantes, irrelevantes e que tomam um tempo invejável em seus debates. Sua inutilidade pode ser tamanha que passamos a questionar sua real (in) significância. E ao buscar respostas, nos deparamos com outras questões, que passam por sobre como estamos optando em investir nosso tempo e nossa energia.

Cada passo dado em determinados momentos, pode receber uma enxurrada de críticas. Agrega-se ao rumo tomado os dedos apontados e as línguas afiadas. Muitas vezes, não conseguimos vislumbrar trincheiras que limitem o campo de visão dos olhares vorazes das críticas nem sempre construtivas. E então, se a corda estiver bamba e o alvo desequilibrado, o tombo é quase certo.

Ao escolher o lado dessa invisível linha tênue que separa aqueles que agem daqueles que criticam, há que se ter firmeza e clareza mental. Se o desejo é fazer, talvez mirar no futuro próspero, no presente em construção e na consciência tranquila de quem emprega a energia em subir degraus, seja em que aspecto da vida for, pode ser um caminho mais confortável. Evoluir costuma proporcionar uma satisfação única, embora quase nunca fácil.

Se a prioridade for assistir de camarote a esse movimento contínuo do mundo e das pessoas com os dedos em riste para o julgamento, há que se ter também a consciência limpa, de que se as avaliações forem verdadeiras e para o bem, podem ter uma missão elementar nesse processo, mas que críticas maldosas e inconsequentes podem fomentar coisas que realmente não são legais.

Sejamos responsáveis até por essas escolhas. Nossos companheiros de existência não são inimigos desguarnecidos estanques e prontos para receberem ataques e pancadas. Parece banal, mas precisamos lembrar que as pessoas têm sentimentos. Cuidar das nossas palavras. Apurar, com naturalidade, nossas opiniões. E dizer o que merece ser dito de forma respeitosa. Ser sincero não sobrepõe à necessidade de convivermos com respeito. Expor uma opinião não significa que ela deve ser lançada feito uma bomba sobre os ombros do outro. Essa metralhadora giratória da crítica destrutiva pode ser muito nociva. Falta delicadeza, bom senso e empatia. E não é "mimimi". É respeito, que é bom e todo mundo gosta.

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