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TV Zoom – 20 anos

sexta-feira, 15 de maio de 2020

A TV Zoom celebra neste dia 16 de maio, data escolhida a dedo por seus fundadores, duas décadas de atividades. Foi no aniversário de Nova Friburgo daquele ano, 2000, através da antiga CATV, hoje RCA Company, que entrou no ar o canal local por assinatura que se intitulou desde então ser “100% Nova Friburgo”. Inicialmente operando no canal 14, e, atualmente no canal 10.

O início

A TV Zoom celebra neste dia 16 de maio, data escolhida a dedo por seus fundadores, duas décadas de atividades. Foi no aniversário de Nova Friburgo daquele ano, 2000, através da antiga CATV, hoje RCA Company, que entrou no ar o canal local por assinatura que se intitulou desde então ser “100% Nova Friburgo”. Inicialmente operando no canal 14, e, atualmente no canal 10.

O início

Da sala de casa do casal Salvador Canto e Luciana Ferraz iniciava-se a era das TVs locais e o momento mais produtivo de conteúdo friburguense. Era Nova Friburgo na tela da TV. Logo depois, a emissora passou para pequenos estúdios de uma sala comercial na Rua Ernesto Basílio. No mesmo prédio, se mudou para um espaço ainda maior, até chegar aos estúdios atuais, no bairro Olaria, um dos maiores do Estado do Rio.

Resistência

De lá para cá, apesar de parecer pouco tempo, muita coisa mudou. Com o bom momento da economia brasileira, muitos friburguenes passaram a assinar TV a cabo. Muita gente passou a assinar até mesmo para acompanhar os acontecimentos locais, o que elevou a concorrência. Surgiram assim vários outros canais. Alguns acabaram, mudaram de donos e até de nomes.

100% Nova Friburgo

A TV Zoom permanece firme no mesmo conceito: conteúdo 100% friburguense. Aliás, esse diferencial sempre foi premissa de seus diretores. As novas tecnologias fizeram com que a TV a cabo perdesse clientes. A TV Zoom apostou então no streeming e toda sua programação pode ser vista a qualquer hora, em qualquer lugar, pela internet ou pelo aplicativo desenvolvido pela emissora.

O mais antigo

Dos programas mais antigos ainda em exibição, o “Esportes TV Zoom” é o mais longevo: completa 20 anos em novembro, ou seja, iniciou alguns meses depois da estreia do canal. Destaque também para as atrações “Toda Manhã”, “Pensando Nova Friburgo” e o “Zoom TV Jornal”, entre todos o que está há mais tempo no ar. Também com longo caminho na emissora está o programa “Cidade Real”. José Modesto Arouca, Zury Maurer e este colunista estão entre os apresentadores há mais tempo na casa.

Transmissões ao vivo

Muitas produções, conteúdos, memórias e campanhas. “Nova Friburgo – um só coração” e “Lágrimas da Tempestade” foram clipes que marcam as lembranças dos friburguenses. Coberturas ao vivo do carnaval e reality shows também ressaltam a ousadia do canal. Junto com A VOZ DA SERRA, a TV Zoom esteve presente nas três últimas eleições municipais com debates entre os candidatos a prefeito.

Museu da cidade

O banco de imagens da emissora é hoje um verdadeiro acervo da biografia local e, certamente, será primordial para um futuro museu da cidade que venha a existir. Parabéns a todos os profissionais que lá ainda estão e os que por lá passaram pelos 20 anos da emissora, dos quais me incluo com muito afeto e gratidão.  

Nova Friburgo – 202 anos

Uma cidade, assim como uma pessoa, pode e deve usar o seu aniversário para profundas reflexões dos caminhos que percorreu para chegar até aqui e o que quer do futuro. A auto avaliação é natural no dia do aniversariante. Por óbvio, mas fácil para um indivíduo do que para o conjunto de indivíduos tão diversos que forma a coletividade.

Cidades do futuro

Os conceitos de cidade têm se transformado ao longo do tempo. Mais ainda desafiador será definir esse conceito no mundo pós-pandêmico que se avizinha. A tese mais promissora parece ser mesmo o enfoque na cidade criativa e sustentável, que faz uso da tecnologia em seu processo de planejamento com a participação dos cidadãos.

Smart Cities

Essa tese é bastante aplicada desde o início dessa década, especialmente em cidades europeias, mas com exemplos aqui também no Brasil. O mundo pós-Covid torna esse conceito mais urgente. A cidade inteligente aplicada em Nova Friburgo, se comparada com outros lugares, é mais embrionária do que efetiva. Mas não deixou de ser um passo.

Desafios

Cidades inteligentes como dito acima é muito mais do que monitoramento por câmeras. Assim, não se pode dizer que Nova Friburgo é uma cidade com esse modelo implantado. Uma pena, porque até confunde a população no seu mais vasto conceito e impede o convencimento para sonhos mais verdadeiros. A caminhada é longa e passa diretamente por mudanças culturais radicais a começar pela gestão.

Década perdida?

Nova Friburgo celebra mais um aniversário. Olhando para os indicadores, uma década perdida, iniciada por uma tragédia climática que ceifou centenas de vidas. Nos dados mais otimistas, o município volta apenas aos patamares de antes de 2011. Nenhum obteve melhora.

Reflexão

Portanto, este aniversário é um convite a se repensar e tentar responder: que cidade nós queremos ser? Como poderemos ser essa cidade? Quais são nossos pontos fortes e fracos? Como podemos potencializar os pontos positivos? Sem responder a essas perguntas, qualquer caminho servirá e esse qualquer caminho não tem se mostrado muito frutífero.

Potenciais

Nesse aniversário, como nos outros, muitos declararão amor a Nova Friburgo da boca para fora. É a velha experiência do confronto: o que se diz e o que se pratica. O fato é que, pandemia à parte, o sentimento das ruas é de uma cidade cheia de potenciais, mas mal cuidada, quase que abandonada e cansada de debates, mas à procura de heróis.

Reinvenção

Assim, precisamos urgentemente de uma cultura de pertencimento, uma chamada a recuperar ou estipular uma identidade coletiva de uma cidade que adentre o futuro e vá com coragem e planejamento. O desafio de se reinventar já nos foi imposto em 2011. Talvez, o mundo de forma cruel, é verdade, esteja nos dando uma outra chance de reinvenção.              

Desejos

Olhar além das montanhas e perceber que não estamos isolados numa ilha. Importar experiências de outros lugares e adaptá-las à realidade local. Inovar formas, incentivar e valorizar talentos e não os deixar ir embora. Indagar apostas fáceis e de ocasião e acreditar na pesquisa e na inteligência. São desejos de aniversário factíveis, mais do que conselhos de um sonhador.     

Palavreando

“Nova Friburgo é o céu que vem depois de outro céu”.

 

 

 

Foto da galeria
Escolhi essa foto tirada por mim mesmo para essa edição que antecede o aniversário de Nova Friburgo. Estamos no alto, lugar ótimo para observar o mundo que se estende abaixo de nós. Que estar no topo da serra nos inspire a alçar o topo de fato
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Sejamos

sexta-feira, 15 de maio de 2020

Sejamos gentis com todas as dores. Com todas as perdas. Com todas as dificuldades. Com todos os amores. Sejamos educados para lidarmos com os outros, com os problemas deles, com suas dificuldades. Sejamos complacentes com a tragédia e o luto. Sejamos fortes para enfrentarmos barreiras. Para tratarmos de doenças. As físicas, as psíquicas, as da alma. Sejamos honestos com nossas limitações, com as coisas dos outros, com nossas responsabilidades e com o que podemos fazer. Sejamos justos em nossas ações, generosos em nossas palavras e benevolentes em nossos pensamentos.

Sejamos gentis com todas as dores. Com todas as perdas. Com todas as dificuldades. Com todos os amores. Sejamos educados para lidarmos com os outros, com os problemas deles, com suas dificuldades. Sejamos complacentes com a tragédia e o luto. Sejamos fortes para enfrentarmos barreiras. Para tratarmos de doenças. As físicas, as psíquicas, as da alma. Sejamos honestos com nossas limitações, com as coisas dos outros, com nossas responsabilidades e com o que podemos fazer. Sejamos justos em nossas ações, generosos em nossas palavras e benevolentes em nossos pensamentos.

Estou com muito medo. Além da angústia pelas perdas, o receio da doença, a apreensão pelo desconhecido, a iminente miséria, tenho medo de as pessoas perderem a humanidade, justamente a humanidade, que as fazem humanas.

Tenho a sorte de lidar com pessoas generosas, esforçadas em compreender, otimistas o suficiente para seguirem o percurso e enfrentarem a batalha, esperançosas para enxergarem luz no fim do túnel e compartilharem um pouco esse olhar. Acho que fiz boas escolhas na vida. As pessoas, esses tesouros que são o que mais importam. Escolhi essa gente de bem para caminhar comigo. Gente generosa, que estende mãos, que se coloca no lugar do outro. É o que me mantém sã. Que sustenta a sanidade e a fé nos homens.

Sinto pena verdadeira de quem não compartilha da mesma sorte que eu, que não escolheu suas pessoas com base em critérios e valores bem estabelecidos e afins com sua proposta de vida. Vejo muitas pessoas sambando na tragédia alheia, debochando das mortes, rindo de caixões, fazendo piada do pavor, ignorando os mais pobres, fingindo que nada está acontecendo e que esse problema não é humano. Sinto dó de quem já perdeu completamente a humanidade. De quem se desconectou de sentimentos de amor, de bondade, de empatia. De quem se endureceu a ponto de parecer uma pedra de verdade. Sem alma.

Ando muito triste com nosso cenário caótico. Tenho dificuldade de lidar com estatísticas de dor e sofrimento, por mais protegida que eu esteja. Ou que aparentemente esteja. Lidar com o invisível perigoso é um grande laboratório de vida que mudará nossas perspectivas e tudo o que conhecemos sobre existir até hoje. Não estou só. Sou parte integrante de um todo que está doído. Sou os enfermeiros que arriscam suas vidas e são atacados. Infelizmente, sou parte dessa sociedade com tanta ignorância e maldade. Compadeço-me com o sofrimento alheio e com o meu próprio sofrimento.

Enxergo bem a sociedade em que vivemos, absolutamente desigual. Sinto o vazio de não me sentir bem representada, desamparada, quando não achacada por quem deveria nos defender. Estamos cada vez mais sós nessa batalha e ao mesmo tempo, mais unidos do que nunca. Nós, a humanidade, com “h” maiúsculo, o planeta inteiro. O mínimo que devemos ser é humanos. Sejamos!

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Como investir em ações sem tempo para acompanhá-las?

sexta-feira, 15 de maio de 2020

Se você ainda não é um investidor, já deve ter se deparado com a necessidade de começar a atribuir tarefas ao seu capital. Costumo dizer aos meus clientes que “investir é multiplicar”; mas isto não se restringe ao mercado financeiro – apesar de ser um ótimo meio. O ato de investir contempla uma gama quase infinita de possibilidades e pode ser cada vez mais potencializada de acordo com as especialidades do investidor. Fazendo do empreendedorismo a melhor ferramenta de multiplicação de capital: com pouco dinheiro, boas ideias e muito estudo, pode-se constituir um patrimônio.

Se você ainda não é um investidor, já deve ter se deparado com a necessidade de começar a atribuir tarefas ao seu capital. Costumo dizer aos meus clientes que “investir é multiplicar”; mas isto não se restringe ao mercado financeiro – apesar de ser um ótimo meio. O ato de investir contempla uma gama quase infinita de possibilidades e pode ser cada vez mais potencializada de acordo com as especialidades do investidor. Fazendo do empreendedorismo a melhor ferramenta de multiplicação de capital: com pouco dinheiro, boas ideias e muito estudo, pode-se constituir um patrimônio.

Contudo, a melhor forma de fazer seu patrimônio crescer ao longo do tempo é sempre poupar parte de suas receitas. É com esse hábito que será capaz de criar um bom montante de capital e alocá-lo em potenciais fontes de rentabilidade. Primeiro, pela necessidade de combater a inflação; segundo, para ter a oportunidade de gerar renda passiva em algum momento da vida – possivelmente a aposentadoria.

Apesar de parecer complexo – e é – compor e monitorar sua carteira de ações, este investimento é imprescindível para quem deseja um futuro financeiramente confortável. Eu entendo que, por mais que você tenha noção desta importância, talvez não tenha tempo ou o interesse de aprender sobre o assunto. O mercado financeiro também sabe disso, e por esse motivo ele oferece duas opções que podem (ou não) ser complementares: a primeira é recorrer ao auxílio profissional de um consultor financeiro ou assessor de investimentos; a segunda, tema deste texto, é recorrer aos fundos de investimento em ações.

Para facilitar o entendimento dos produtos em sua corretora de investimentos, é importante saber decifrar as siglas dos fundos. Ao buscar por fundos de ações a pessoa vai se deparar com as seguintes siglas dos fundos: Fundo de Investimento em Cotas (FIC) seguido de Fundo de Investimento em Ações (FIA). Isso significa que ao participar de um fundo desta modalidade, pode se adquirir determinado número de cotas de acordo com seu capital e toda a rentabilidade será proporcional. A vantagem do investimento em fundos, é a “terceirização” da atividade de gestão: será a gestora do seu fundo, a empresa responsável pelas operações, composição e manutenção de ativos.

Para efetuar o serviço, a gestora recebe uma taxa de administração e pode ou não cobrar, também, uma taxa de performance caso a rentabilidade ultrapasse o benchmark predefinido. Portanto, fique atento ao escolher um fundo de investimentos. O primeiro passo é buscar o alinhamento de interesses entre os seus princípios e os interesses da gestora: a participação em fundos pode tornar-se um projeto para a vida, então faça esta escolha com carinho e cautela. O segundo passo é analisar as taxas cobradas e compará-las à rentabilidade entregue pelo fundo: compare, pois um fundo com taxa baixa não é sinal de rentabilidade líquida; um fundo com taxa mais alta pode lhe entregar uma rentabilidade mais considerável, então faça as contas. Por fim, sinta-se à vontade para escolher mais de um fundo, as gestões são peculiares e podem ser complementares para uma boa estratégia de investimentos.

A você que me acompanha, lembre-se deste texto; pois na coluna da próxima sexta-feira, 22, abordarei a correlação negativa. Princípio utilizado pelas gestoras de fundos e que pode ser usado por você para planejar, por conta própria, a sua carteira de ações. Até lá!

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Ponto crítico

quinta-feira, 14 de maio de 2020

Para pensar:
"É nos momentos de decisão que o seu destino é traçado.”
Anthony Robbins

Para refletir:
“Quando surgirem os obstáculos, mude a sua direção para alcançar a sua meta, mas não a decisão de chegar lá.”
Autor desconhecido

Ponto crítico

Basta olhar com atenção aos detalhes à nossa volta para notar que estamos nos aproximando, também aqui em Nova Friburgo, de um ponto crítico dentro dos esforços de enfrentamento ao novo coronavírus.

Para pensar:
"É nos momentos de decisão que o seu destino é traçado.”
Anthony Robbins

Para refletir:
“Quando surgirem os obstáculos, mude a sua direção para alcançar a sua meta, mas não a decisão de chegar lá.”
Autor desconhecido

Ponto crítico

Basta olhar com atenção aos detalhes à nossa volta para notar que estamos nos aproximando, também aqui em Nova Friburgo, de um ponto crítico dentro dos esforços de enfrentamento ao novo coronavírus.

Zona de segurança

Por um lado, a evolução da doença atingiu um patamar no qual é imperioso que a taxa de propagação de cada contagiado seja reduzida, sob pena de saturação das redes pública e privada, com impactos mais negativos sobre a capacidade de atendimento a não apenas esta, mas qualquer outra doença ou condição que demande cuidados intensivos.

Cruzar essa fronteira significa adentrar terreno inseguro e hostil, sem distinção de grupo de risco.

Por aí

Diante da estimativa oficial de subnotificação, é razoável imaginar que aproximadamente mil friburguenses já tenham tido contato com o vírus, o que significa dizer que quem passa em frente às enormes filas de bancos ou vai ao mercado tem chances consideráveis de topar com um transmissor da Covid-19 antes de voltar para casa.

É, enfim, um momento perigoso, no qual qualquer comportamento pode gerar efeitos amplificados.

Limite

Por outro lado, são igualmente claros os sinais de que muitas reservas econômicas estratégicas - quer seja para empresas, quer seja para famílias - estão se esgotando entre os setores mais afetados pelo isolamento social.

E, da mesma forma como a realidade da saúde se altera a partir do ponto de saturação das redes de atendimento, a realidade econômica perde sustentação a partir do momento em que empregos são perdidos e compromissos deixam de ser honrados.

Enquanto há reservas, o dinheiro circula e os efeitos são brandos. Quando estas terminam, a realidade se altera rápida e drasticamente.

Exemplo

A escolas particulares parecem representar um bom exemplo desse tipo de situação.

Muitos esforços vêm sendo levados adiante no sentido de oferecer a melhor experiência de ensino a distância, e é razoável acreditar que teremos aprimoramentos grandes e rápidos nessa frente nos próximos meses.

Todavia, ninguém pode assegurar quando as aulas presenciais vão retornar, e muitos profissionais autônomos enfrentam, neste exato momento, um profundo dilema em relação ao que fazer quanto ao futuro escolar de seus filhos.

Coletivo

Naturalmente, há que florescer a consciência de que todos aqueles que não estão sendo diretamente afetados pela quarentena concentram agora uma responsabilidade histórica para com a sociedade.

Se existem meios para continuar honrando as despesas habituais, é importante que elas sejam honradas. Se existem meios de continuar pagando os profissionais que lhe prestavam serviço, então isso deve ser tratado como prioridade.

A melhor rota de superação da crise reside em todos pensarem de maneira coletiva.

Colapso

Naturalmente, quem não suporta mais a asfixia econômica tende a buscar argumentos contrários ao isolamento e, em tempos de pós-verdade, há até mesmo quem fabrique informações convenientes onde estas não brotam naturalmente.

Em meio a tudo isso, há ainda quem desrespeite deliberadamente as recomendações de segurança, fazendo sua parte para que a sociedade fique com o pior dos dois mundos: os danos econômicos sem a plenitude dos benefícios da quarentena.

Buzinaço

De forma previsível, vozes favoráveis à flexibilização da quarentena começam a se organizar, inclusive através de grupos de WhatsApp.

Um buzinaço, por exemplo, vem sendo proposto para esta sexta-feira, 15, a partir das 14h, provavelmente com deslocamento até a prefeitura.

E aí?

Razão

Bom, obviamente essas vozes precisam ser ouvidas e levadas em consideração, mas a razão nos diz que políticas públicas precisam ser erguidas com base em informações confiáveis e atualizadas, e através da análise de danos e benefícios.

Apenas a transparência absoluta e o diálogo aberto parecem capazes de evitar que atinjamos o “Paradoxo da Onipotência”, “quando uma força imparável encontra um objeto inamovível”.

Urgente

Mais do que buzinas, precisamos de uma conversa franca e pública, e para ontem.

A Secretaria de Saúde, hospitais particulares, empresários e autônomos precisam estar em contato, preferencialmente com a mediação do poder público e dando transparência a toda a população, em busca de pontos de interseção e soluções capazes de respeitar o quanto cada um pode ou precisa ceder.

Portas abertas

Diante desta necessidade tão evidenciada, a coluna abre as portas a todos estes atores para que façam uso deste espaço a fim de expor suas necessidades e possibilidades, pedindo apenas que o façam de maneira franca, honesta e respeitosa.

À Saúde, perguntamos: existe margem para flexibilização? Se sim, de que forma?

Aos empresários e trabalhadores afetados diretamente, quais as medidas que acreditam concentrar os melhores benefícios econômicos e os menores riscos de contágio?

Único caminho

O colunista acredita piamente que essa crise não será superada no grito, na politização, no “pagar para ver” ou em meio a ofensas de parte a parte, mas no diálogo maduro, na transparência, e no pensamento coletivo.

E queremos fazer a parte que nos cabe nesse esforço.

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Nova Friburgo: terra de índios brabos

quinta-feira, 14 de maio de 2020

O município de Nova Friburgo faz aniversário no próximo sábado, 16. Este ano farei diferente. Ao invés de escrever sobre a história de sua fundação vou apresentar aqui os índios que habitavam a região no qual Nova Friburgo fazia parte. A carta geográfica elaborada em 1767, descrevia as regiões Serrana e Noroeste fluminenses como sertão ocupado por índios brabos.

O município de Nova Friburgo faz aniversário no próximo sábado, 16. Este ano farei diferente. Ao invés de escrever sobre a história de sua fundação vou apresentar aqui os índios que habitavam a região no qual Nova Friburgo fazia parte. A carta geográfica elaborada em 1767, descrevia as regiões Serrana e Noroeste fluminenses como sertão ocupado por índios brabos.

A palavra sertão significa que estavam distante da costa marítima e os índios brabos eram considerados pelo governo como não “civilizados”. Tratava-se das tribos Coroado e Puri. Iniciou-se nesses sertões a exploração do ouro de aluvião. Esgotado esse minério, os beneficiários de terras doados pelo governo, denominados de sesmeiros passaram a derrubar a mata e explorar a madeira contratando para tanto os índios. Cultivavam na clareira roças de milho, feijão, fumo, tubérculos, frutas, criaram animais e instalaram engenhocas de produção de açúcar.

Décadas depois viria a cultura do café. Havia ainda posseiros que recorriam à ocupação clandestina infiltrando-se sorrateiramente nas terras indígenas, fazendo plantações e legitimando a seguir as terras usurpadas. Os sesmeiros e posseiros eram originários da Capitania de Minas Gerais e colonos portugueses provenientes dos Açores e da Ilha da Madeira. Outro grupo que igualmente partiu em busca de terras nesses sertões foram famílias de colonos suíços que abandonaram a Vila de Nova Friburgo buscando terras mais férteis.

Tudo isso contribuiu para a perda cada vez maior das terras legitimamente ocupadas pelos índios das tribos Coroado e Puri. Para dar tranquilidade aos novos povoadores desses sertões foram instalados aldeamentos pelos frades capuchinhos italianos. O primeiro deles no final do século 18, onde hoje é o município de São Fidélis e o outro aldeamento no atual município de Itaocara. Ambos eram habitados pelos coroados e puris. No entanto, essas aldeias já se encontravam bem miscigenadas em meados do século 19.

Diferentemente dos jesuítas que excluíam qualquer homem branco junto aos indígenas, os capuchinhos admitiam a miscigenação nos aldeamentos. No ano de 1820, boa parte do território de Cantagalo é desmembrado para dar origem ao município de Nova Friburgo, criado especialmente para abrigar colonos suíços. O juiz Cansanção de Sinimbu determinou a reserva para o patrimônio da vila de Nova Friburgo um quarto de légua da fazenda do Córrego d’Anta. Segundo ele, como habitavam índios no território dessa propriedade, pelo Aviso de 3 de dezembro de 1819, foram removidos e aldeados em outro lugar a fim de se tornaram “civilizados” e não incomodarem os colonos suíços que eram esperados.

O pesquisador Carlos Jayme Jaccoud confirmou que em Córrego d’Antas foi encontrado um machado de pedra polida na propriedade de sua família. Ao realizar um documentário no terceiro distrito onde se situa a localidade de Córrego d’Antas, para minha grata surpresa encontrei em um acervo particular peças polidas de artefatos indígenas localizadas na própria região.

Na Fundação D. João VI há uma correspondência oficial de 23 de novembro de 1824, fazendo referência de que índios foram empregados para abrir picadas nos terrenos doados aos colonos suíços. Trata-se de um curioso relato envolvendo o colono suíço Joseph Hecht nos informa sobre a presença de índios na região. “Nós, os colonos suíços vimos muitos índios (...) totalmente selvagens que logo empreendiam fuga, inteiramente nus; os meio mansos ficaram parados timidamente à nossa vista e se escondiam atrás das árvores enquanto as mulheres cobertas com uma tanga sentavam-se rapidamente no chão como para esconder a sua vergonha (órgão genital).”

Hecht sugere que os indígenas faziam pequenos furtos nas fazendas e relata que matavam “os negros do fazendeiro” imaginando que tais homens, “negros como carvão”, não fossem humanos. Os escravos fugiam dos índios desesperadamente. Qual é o lugar dos índios na história do Brasil? Normalmente invisíveis enquanto sujeitos históricos. No entanto, nas últimas décadas muitos historiadores têm demonstrado o protagonismo dos indígenas na história do país principalmente na questão envolvendo conflitos de terra e resistência em relação à política assimilacionista dos governos colonial e imperial.

Nos dois últimos séculos, os índios vão passando da invisibilidade construída para o protagonismo conquistado em movimentos políticos e intelectuais nos quais eles próprios têm participação. A cada mês até o fim desse ano, me comprometo a escrever um artigo sobre os coroados e os puris para que possamos conhecer as práticas culturais e vida material dos “índios brabos” que habitavam os sertões da região serrana fluminense. 

  • Foto da galeria

    Encontrei em um acervo particular, peças polidas de artefatos indígenas em Nova-Friburgo

  • Foto da galeria

    Litografia dos índios Coroados

  • Foto da galeria

    Litografia dos índios Puri

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A dor do passado pode machucar no presente

quinta-feira, 14 de maio de 2020

Queixa principal (QP) é o que o paciente comenta como motivo da consulta. Em psiquiatria/psicologia ela pode ser “depressão”, “pânico”, “medo excessivo (fobia)”, “pensamentos obsessivos”, “insônia”, “problemas conjugais”, “problemas com filho”, “abuso de drogas”, “delírios, alucinações, ideias de perseguição” etc.

Queixa principal (QP) é o que o paciente comenta como motivo da consulta. Em psiquiatria/psicologia ela pode ser “depressão”, “pânico”, “medo excessivo (fobia)”, “pensamentos obsessivos”, “insônia”, “problemas conjugais”, “problemas com filho”, “abuso de drogas”, “delírios, alucinações, ideias de perseguição” etc.

A queixa principal na consulta psiquiátrica/psicológica nem sempre revela o essencial do problema da pessoa. Mas é o que ela fala como sendo seu sofrimento atual. O profissional vasculhará isto e procurará formular o “diagnóstico psicodinâmico” que é a história profunda do sofrimento manifestada só pela queixa principal na primeira consulta.

A queixa principal pode ser a ponta do iceberg, a gota d’água que faltava para desencadear o sofrimento que motivou a consulta. Uma pessoa pode relatar ao médico que precisa de ajuda, por exemplo, para o estado depressivo iniciado após o término de um relacionamento. A queixa principal, neste caso, é: “Vim aqui porque estou deprimido.” A causa percebida pela pessoa é: “Estou assim desde que ele/ela me deixou.”

Entretanto, a verdade profunda que explica o sofrimento pode ser a perda afetiva ao longo da infância pela criação com uma mãe ríspida, fria, ou com um pai ausente, agressivo, que afetou o mundo emocional da pessoa. O rompimento do relacionamento foi o fator desencadeante do estado depressivo, mas não o único e talvez não o principal fator causador dele.

Muitos tiveram uma infância numa família complicada, crescendo com “má-nutrição” afetiva, que produz diferentes manifestações em pessoas diferentes. Pessoas que saíram de uma infância turbulenta, por exemplo, com um pai (ou mãe) alcoólico em que havia violência, podem ter na vida adulta problemas diferentes embora o sofrimento tenha sido causado pela mesma história, no caso, um pai/mãe alcoólico violento. Numa mesma família um filho poderá ter alcoolismo, outro pânico, outro depressão, outro nada grave.

Também diferentes histórias de sofrimento infantil produzem o mesmo tipo de transtorno emocional. Numa família pode ter ocorrido abuso sexual, em outra espancamento da criança, em outra a mãe era rejeitadora e fria, em outra ainda havia um pai irritadiço, explosivo. Filhos destas diferentes famílias com estruturas doentias comportamentais diferentes podem apresentar na vida adulta o mesmo diagnóstico, todas podendo ter, por exemplo, depressão, embora o sofrimento da infância tenha sido causado por histórias diferentes.

Uma jovem criada por um pai um tanto ausente e por uma mãe fria que não tinha paciência com ela, engravidou na adolescência e sua mãe não a ajudou e a rejeitou. O pai fez o mesmo, e a jovem foi morar com outro parente, que a acolheu. Felizmente ela não sucumbiu murchando como pessoa devido a esta estrutura emocional com negligência afetiva paterna e materna. Por razões temperamentais e razoável capacidade de lidar com a frustração, ela não se deprimiu, não ficou com alguma manifestação psicológica muito sofrida e limitante até chegar na vida adulta, após o casamento.

Durante um tempo a mente dela conseguiu lidar bem com a falta e necessidade de apoio emocional paterno e materno. Mas no casamento passou a ter ciúmes exagerados do marido. Passou a monitorar a vida dele, ficando obsessiva sobre se ele demonstrava paciência, afeto, atenção, se irritando demais ao não se sentir amada, checando sempre o celular dele. Ela se depreciava e inconscientemente buscava autovalorização num amor idealizado para com o marido. Era como se dissesse para si: “Só tenho valor se ele me amar do jeito que eu quero.”

A queixa principal dela na primeira consulta foi: “Sou muito ciumenta!” A história completa deste ciúme doentio era ligada às perdas da nutrição afetiva ao longo da vida, desde a infância, que começaram a manifestar-se no casamento através do desejo idealizado de receber afeto. Nenhum marido/esposa pode fornecer ao cônjuge todo o afeto desejado pela pessoa porque parte deste desejo geralmente tem que ver com o que faltou na infância com os pais, e/ou com necessidades exageradas da criança de receber afeto. A solução não é, portanto, procurar a pessoa ideal. É aceitar as perdas, valorizar o amor que recebe da pessoa com quem vive, resolver pendências conjugais, e lutar contra a obsessão pelo afeto, obsessão que pode gerar ciúme doentio, o qual gera crises, abusos e até violência. Nosso valor como pessoa não depende do amor de outra pessoa por nós.

Então, pense bem e procure analisar se o que você chama de “minha queixa principal” ou “meu problema mental pior” é realmente isto que você pensa que tem que ver só com o presente, ou se não pode haver raízes dele lá no seu passado e que repercute hoje ainda.

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Franqueza

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Para pensar:

"Existe sempre uma grande demanda por novas mediocridades. Em todas as gerações, o gosto menos desenvolvido tem o maior apetite.”

Paul Gauguin

Para refletir:

“A curadoria colaborativa de dados se tornou uma atividade central desta década. Tudo aquilo que fazemos na internet tem influência na memória coletiva. Todos têm este poder, que vem junto com a responsabilidade.”

Pierre Lévy

Franqueza

Para pensar:

"Existe sempre uma grande demanda por novas mediocridades. Em todas as gerações, o gosto menos desenvolvido tem o maior apetite.”

Paul Gauguin

Para refletir:

“A curadoria colaborativa de dados se tornou uma atividade central desta década. Tudo aquilo que fazemos na internet tem influência na memória coletiva. Todos têm este poder, que vem junto com a responsabilidade.”

Pierre Lévy

Franqueza

Em nosso encontro de ontem, 12, a coluna questionou quais seriam as causas do alto percentual de contágio entre profissionais de Saúde em nossa cidade, quando comparado à média nacional.

Mais tarde, no entanto, com a edição já fechada, ocorreu que teria sido mais justo registrar, também, o fato de o governo estar divulgando habitualmente essa informação, mesmo que ela não seja positiva.

Evidentemente ações de transparência devem ser encaradas como obrigação, mas ainda assim a coluna faz questão de manifestar sua aprovação à iniciativa.

Origem

E já que a intenção é informar, parece pertinente que se levante também a provável origem entre esses contágios, uma vez que certamente as condições de segurança oferecidas aos profissionais variam de hospital para hospital, por mais que os protocolos sejam os mesmos para todos.

Os casos estão distribuídos de forma igualitária entre as redes pública e privada?

Ou será que algum hospital está oferecendo menos segurança do que deveria?

Pente fino

Naturalmente, muitos profissionais trabalham em mais de uma unidade, tornando mais difícil o rastreamento.

Mas, ainda assim, uma análise aprofundada desse quadro muito provavelmente indicaria informações valiosas para nossas estratégias de combate ao avanço da Covid-19 por aqui.

Afinal, se existe algum elo fraco na corrente, é importante que ele seja identificado e reforçado antes que ela seja exigida ao limite.

Por sinal, a atuação de órgãos como Cremerj e Coren poderia ser muito oportuna para esse levantamento.

Sugestão

Na última segunda-feira, 11, o ex-vereador Cláudio Damião solicitou, através de requerimento direcionado ao presidente do Legislativo, vereador Alexandre Cruz, que a Câmara examine a possibilidade de antecipar sua habitual devolução de recursos à prefeitura, referentes aos quatro primeiros meses de 2020.

Aspas

“Estamos vivendo uma pandemia com grave repercussão na ampliação do desemprego. Há famílias passando necessidade, sem comida na mesa. A prefeitura prometeu entregar cestas básicas, mas até agora não o fez. A fome não espera. Acredito que a Câmara possa ajudar neste momento grave antecipando ao menos a devolução de parte do orçamento para a compra de cestas básicas e gás de cozinha.”

Por que não?

A proposta do ex-vereador não é inviável, e certamente poderia ajudar a aliviar o sofrimento de alguns entre as parcelas menos favorecidas de nossa população, de maneira muito mais efetiva do que alguns factoides que andaram sendo levantados meses atrás.

Cá entre nós, se existe forma melhor de investir recursos do que matando a fome de quem não tem o que comer, este colunista desconhece...

Infelizmente, no entanto, a experiência mostra que as indicações da Câmara não são levadas em consideração pelo Palácio Barão de Nova Friburgo no momento de definir onde os recursos devolvidos serão aplicados.

A propósito...

Ainda que alguém de enorme sabedoria tenha nos ensinado a doar sem fazer alarde, a coluna tem o hábito de divulgar boas iniciativas como forma de estímulo a que sirvam de exemplo e se multipliquem.

Pois bem, o Clube do Vinil de Olaria se mobilizou recentemente para arrecadar cestas básicas e as encaminhar a famílias no próprio bairro.

Linha direta

Durante a fase de arrecadação o presidente do clube, Ronaldo Gomes Klen, popularmente conhecido como “Ronaldo Lalá”, entrou em contato com o vereador Joelson do Pote, que por sua vez ajudou a mobilizar produtores rurais em Conquista.

Muitos legumes e verduras foram doados, e o resultado foi a distribuição de 300 cestas básicas.

Uma iniciativa que, felizmente, deve se repetir nos próximos dias.

Cenas friburguenses

A querida Regina Lo Bianco continua a registrar cenas friburguenses, nesses tempos de pandemia.

A imagem de hoje mostra o trabalho de higienização dos ônibus na Estação Livre.

Fica o registro, como forma de homenagem a esses profissionais que não estão em hospitais, mas estão igualmente expondo a fim de aumentar a segurança de todos nós.

Em tempo…

A foto anterior, que mostrou a Praça Getúlio Vargas vazia, não era propriamente um desafio.

Ainda assim os fiéis colaboradores Gilberto Éboli e Manoel Pinto Faria enviaram mensagem identificando o espaço, e a coluna faz questão de registrar.

Foto da galeria
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Produtores rurais

quarta-feira, 13 de maio de 2020

A agricultura familiar continua esquecida. Pelo menos 70 famílias de produtores rurais de Nova Friburgo continuam em dificuldades, desde que a merenda escolar deixou de ser ofertada por conta do fechamento das escolas. Essas famílias vendiam suas produções para as escolas. O problema é que elas poderiam estar vendendo, mesmo na pandemia. 

Merenda escolar

A agricultura familiar continua esquecida. Pelo menos 70 famílias de produtores rurais de Nova Friburgo continuam em dificuldades, desde que a merenda escolar deixou de ser ofertada por conta do fechamento das escolas. Essas famílias vendiam suas produções para as escolas. O problema é que elas poderiam estar vendendo, mesmo na pandemia. 

Merenda escolar

Uma lei federal em vigor desde o início de abril (13.987/20), garante que o dinheiro do PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) continuará a ser repassado pela União para a compra de merenda escolar, mesmo com aulas suspensas. Como as escolas públicas estão fechadas por causa da pandemia, os alimentos têm que ser distribuídos imediatamente às famílias dos estudantes.

30% de produtos agrícolas

Por mês, Nova Friburgo recebe aproximadamente R$ 240 mil do programa, para atender 17.916 alunos. No mês de março, foram repassados ao município R$ 244.678. O recurso poderia estar sendo usado para a compra de cestas básicas que devem obedecer à lei 11.947/2009 que determina que 30% desse valor tem que ser na compra direta de produtos da agricultura familiar

Rede estadual X rede municipal

Isso representa, só na rede municipal e só com recursos federais, aproximadamente R$ 70 mil. Muitas vezes, o município incrementa o valor. O Governo do Estado também deve obedecer à essa regra. No entanto, desde o mês passado, as famílias dos estudantes da rede estadual deveriam estar recebendo um vale-compras, no valor de R$ 100. Inicialmente, esse benefício é apenas para os alunos das famílias do CadÚnico, do Governo Federal, e beneficiários do Bolsa Família. O Estado informou que estuda formas de que esse auxílio chegue às demais famílias.

Próximos do vencimento

Nessa semana, o município determinou que os diretores de escolas separem todos os alimentos com vencimento até setembro. Esses produtos estão sendo recolhidos para a montagem de cestas básicas. Anteriormente, por iniciativa de diretores devidamente autorizados, foram distribuídos alimentos próximos do vencimento diretamente às famílias de alunos das próprias unidades.

Arrecadação de alimentos

A ação solidária de jovens evangélicos de Nova Friburgo segue a saga para arrecadar mil cestas básicas para ajudar o projeto Amor e Fé, de Rio Grande de Cima e famílias necessitadas cadastradas. O Propulsão Project, com apoio do Cojenf (Conselho de Jovens Evangélicos de Nova Friburgo) conseguiu na primeira semana 130 cestas.

Amor e fé

Pelo menos 20% das cestas arrecadadas já foram enviadas ao projeto que cuida de dependentes químicos. As demais irão para famílias necessitadas. A demanda tem sido grande e vem de diversos lugares. Por isso, a ação agora faz uma sensibilização em condomínios de classes mais altas da cidade afim de arrecadar mais cestas.

Política pública

A solidariedade se mostra essencial na vida de muitas famílias. Essas ações e tantas outras, muitas vezes silenciosas, têm amenizado a fome de muitos. Mas, e no mês que vem e no seguinte? A ajuda privada, seja de indivíduos, coletivos ou instituições não podem e não querem isentar o papel do poder púbico. Essa ausência ou de forma mais atenuada – demorada - do poder público não pode persistir por mais tempo.   

A favor do isolamento

Não deve ser muito diferente por aqui os números revelados pela pesquisa CNT/MDA que indicam que 67,3% da população considera que o isolamento deve ser praticado por todos, independentemente de ser ou não do grupo de risco do coronavírus. 29,3% acreditam que o isolamento só deve ser praticado pelas pessoas que fazem parte do grupo de risco, e 2,6% disseram que não deveria existir isolamento social. 0,8% não soube ou não respondeu.

Debate intenso

Levantamentos recentes de nível nacional têm ficado iguais ou muito semelhantes com pesquisas, publicizadas ou não, aqui em Nova Friburgo. Assim, leva a crer que esses números representem também o sentimento local. Com a adoção de bloqueio total em cidades próximas, como Niterói e Teresópolis, nas redes sociais se observa um crescimento em torno da medida aqui em Nova Friburgo.

Palavreando

“As palavras jamais concluirão a definição de tudo em definitivo. Haverá sempre novas descobertas, novas pessoas escapulindo das velhas, rituais e clarões que edificarão novas ordens em cima de antigas estruturas.”

 

 

 

 

  • Foto da galeria

    As máscaras de barreira temáticas tem sido sucesso e uma forma divertida e na moda das pessoas se protegerem e protegerem os outros. Uma de grande sucesso tem sido a com o escudo do Friburguense, rivalizando com os quatro grandes clubes do Rio. Estampas com símbolos de Nova Friburgo também chamam a atenção. A primeira criação da “Do Bem” e a segunda, concebida pela empresa EcoModas

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Formas de enriquecer

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Querer ficar rico entre um sol e outro, é se apressar além da conta

Diz-nos Mateus, nos evangelhos, que “Ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir as chuvas sobre justos e injustos” (creio ser desnecessário explicar a quem se refere o pronome Ele). Daí se conclui que qualquer pessoa pode abrir um negócio aqui neste mundo e assim ir vivendo honesta ou desonestamente, sem que Ele se meta, como se fosse um sócio ou mesmo um acionista, ainda que minoritário.

Querer ficar rico entre um sol e outro, é se apressar além da conta

Diz-nos Mateus, nos evangelhos, que “Ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir as chuvas sobre justos e injustos” (creio ser desnecessário explicar a quem se refere o pronome Ele). Daí se conclui que qualquer pessoa pode abrir um negócio aqui neste mundo e assim ir vivendo honesta ou desonestamente, sem que Ele se meta, como se fosse um sócio ou mesmo um acionista, ainda que minoritário.

Disso é que se valem os maus e os injustos para passar a perna (se me permitem usar essa expressão antiga) nos bons e nos justos. É a conclusão a que se chega ao saber que várias pessoas investiram seu rico dinheirinho numa empresa de energia solar, na esperança de faturar juros superiores a dez por cento. Ao ano?, perguntará  o leitor, espantado com o alto valor dos rendimentos. Nada disso: ao mês!, o que multiplicaria por doze os ganhos dos aplicadores. Só que, na hora de receber, eles foram gentilmente informados de que o dinheiro tinha desaparecido e os juros, esses então!, nunca tinham existido.

Macaco quando vê muita banana... ou: laranja madura na beira da estrada... Em nada disso pensaram os ingênuos investidores. Acreditaram que, se o sol brilha para todos, a todos igualmente deve enriquecer. No caso da energia solar, ele não brilhou para quem botou grana no negócio e depois descobriu que havia embarcado numa canoa furada. Certamente brilhou para quem teve a feliz ideia de criar uma empresa capaz de iluminar casas, bairros e cidades inteiras, simplesmente aproveitando o calor dourado que Ele, diariamente, faz nascer para bons e maus, justos e injustos.

 Quem tudo quer, tudo perde e, em se tratando de aplicar dinheiro, toda prudência é pouca. E prudência, vocês sabem, é como caldo de galinha: nunca fez mal a ninguém. Devagar se vai ao longe, mas querer ficar rico entre um sol e outro, é se apressar além da conta e a consequência inevitável é dar com os burros n´água. No entanto, a toda hora temos notícia de que alguém caiu na conversa fiada (mas paga à vista) de gente que nos oferece vantagens ou nos pede ajuda, que ilude nossa inteligência ou comove nosso coração. Seja por ganância, seja por ingenuidade, muitas vezes nos deixamos enganar. Sim, o sol nasce para todos, mas, excetuando-se as dádivas da natureza com que Ele gratuitamente nos enriquece, tudo mais custa trabalho.  

Na Bíblia encontramos o exemplo de Jacó, que se apaixonou por Rachel, filha de Labão. Para casar-se com a amada, aceitou trabalhar sete anos para o sogro. Ao acordar, após a noite de núpcias, Jacó se viu na cama ao lado de Lia, a quem pretendia ter como cunhada, e não como esposa. Labão, que pelo visto não era dado a sentimentalismos românticos, propôs que o genro trabalhasse mais sete anos para se casar com Rachel. Trato feito, Jacó suou a camisa durante quatorze anos, sem férias, sem carteira assinada, sem 13%, ou seja, de graça, para enfim conseguir amar a mulher amada.

Muita coisa pode ter mudado do Gênesis até hoje, mas se tem uma coisa que continua a mesma é que não existe forma de enriquecer ao mesmo tempo rápida e honestamente. Salvo a loteria ou alguma herança, mas se você for contar com isso, aí mesmo é que provavelmente morrerá mais pobre do que está agora. Pois, como bem disse Einstein, “O único lugar em que o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário”.

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Presidente do Clube Militar repudia a atitude de Celso de Mello, ministro do STF

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Como membro da mais alta corte do país, José Celso de Mello deveria preservar sua imagem e não se sujeitar a tomar a reprimenda que levou no último dia 7. É surpreendente que no ocaso de uma carreira, tenha atitudes não compatíveis com a sua posição, pois a convocação dos ministros generais, lotados no Palácio do Planalto, Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Walter Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), para depor como testemunhas do ex-juiz Sérgio Moro, no imbróglio de sua demissão, é pura demonstração do querer aparecer.

Como membro da mais alta corte do país, José Celso de Mello deveria preservar sua imagem e não se sujeitar a tomar a reprimenda que levou no último dia 7. É surpreendente que no ocaso de uma carreira, tenha atitudes não compatíveis com a sua posição, pois a convocação dos ministros generais, lotados no Palácio do Planalto, Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Walter Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), para depor como testemunhas do ex-juiz Sérgio Moro, no imbróglio de sua demissão, é pura demonstração do querer aparecer. Até uma criança sabe que militares foram treinados para cumprir ordens superiores, daí ser totalmente tola e desnecessária a ameaça feita por ele, de conduzir coercitivamente os generais, caso eles se recusassem a comparecer para depor.

Essa atitude levou o general de Divisão, Eduardo José Barbosa, presidente do Clube Militar a emitir a seguinte nota: “O Clube Militar repudia enfaticamente o despacho exarado pelo ministro Celso de Mello, do STF, no inquérito que apura denúncias do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública contra o presidente da República”.

“Em primeiro lugar, depreende-se que existe ali quase que uma defesa de tese para alunos universitários. São páginas e mais páginas de ilações e comentários completamente desnecessários, utilizados tão somente para demonstrar seu ódio pelo Governo Federal e pelos militares”.

“Quanto ao despacho em si, "parabéns" ao sr. ministro ao discorrer sobre a publicidade que deve ser dada às investigações, particularmente quando envolve autoridades públicas. Quem sabe essa afirmativa sirva, por exemplo, para tornar públicos alguns inquéritos sigilosos que tramitam no próprio Supremo? Ou aquelas investigações envolvendo os próprios ministros e seus parentes, "amigos" e congressistas?”

“No entanto, a maior falta de habilidade, educação, compostura e bom senso, desejáveis em um ministro de uma Alta Corte, é no tocante à forma como trata todas as testemunhas arroladas para depor, considerá-las como se fossem bandidos da pior espécie. Tal tratamento deveria, sim, por justiça, ser dispensado aos réus de um processo, inclusive àqueles que roubaram nosso país e que andam soltos por aí por leniência dessa própria corte! Estes, sim, merecem ser conduzidos ‘debaixo de vara’.”

“Tratar autoridades de outro poder dessa forma leviana só demonstra o nível de ministros do STF que temos em nosso país. Particularmente no tocante aos nossos generais ministros, a capacidade profissional que demonstraram ao longo de suas carreiras dispensa qualquer defesa, pois nenhum chegou ao topo da carreira militar por indicações políticas e/ou ideológicas, mas tão somente pelo mérito, caracterizado, entre outros atributos, pela dedicação à Pátria.”

“A democracia se caracteriza pela independência e harmonia entre os três poderes e o grande fiscal desse sistema é a população. Assim, quando vemos manifestações, cada vez com maior frequência, contestando a atuação de qualquer um dos poderes da República, não se pode dizer que esses movimentos são antidemocráticos. Podemos, sim, afirmar que existem engrenagens do sistema que estão atuando fora do contexto democrático. O referido despacho do ministro, bem como outras interferências indevidas e omissões entre os Poderes, bem demonstram essa afirmação”. (Gen. Div. Eduardo José Barbosa, presidente do Clube Militar, em 7 de maio de 2020)

Esse general foi muito educado, pois eu teria terminado essa nota como o brilhante advogado Saulo Ramos, em um texto do seu livro “Código da Vida” (2ª edição, 17ª reimpressão, Editora Planeta, 2009, página 179) se referiu a ele. Nesse episódio, Saulo Ramos narra o que se passou no STF, quando o ex-presidente Sarney, teve a sua candidatura a senador, pelo Estado do Amapá, contestada na Justiça e julgada numa sessão plenária da mais alta corte do país. José Celso de Mello, na véspera, lhe garantira que votaria de maneira positiva.

Um dia antes, o jornal A Folha de São Paulo publicou que Sarney teria os votos certos dos ministros e os citou nominalmente, inclusive o de Celso. Ao final da votação o resultado tinha sido dez a um, o único voto contrário sendo o dele. Segundo Saulo, logo após o término da sessão ele recebeu um telefonema de Celso de Mello, justificando o seu voto. E dizia que se o dele fosse decisivo, ele teria feito a favor, mas por ser o último, para desmentir a folha, votou contra. O diálogo que se seguiu foi o seguinte:

“- Espere um pouco. Deixe-me ver se compreendi bem. Você votou contra o Sarney porque a Folha de São Paulo noticiou que você votaria a favor?

-Sim

- E se o Sarney já não houvesse ganhado, quando chegou sua vez de votar, você, nesse caso, votaria a favor dele?

- Exatamente. O senhor entendeu?

- Entendi. Entendi que você é um juiz de m...!

Bati o telefone e nunca mais falei com ele.”

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