Blogs

Efeito dominó

sexta-feira, 20 de março de 2020

Para pensar:
“Deixemos, porém, o pessimismo para dias melhores.
É hora de fazer autocrítica na prática e organizar a esperança.”
(Frei Beto)

Para refletir:
“É preciso ser solidário com quem a gente não conhece e talvez jamais conhecerá.” (Dersu Uzala)

Efeito dominó

A História nos mostra que crises de grande desenvoltura, como a que vem sendo protagonizada pelo novo coronavírus, nunca ficam restritas à área na qual se originam.

Para pensar:
“Deixemos, porém, o pessimismo para dias melhores.
É hora de fazer autocrítica na prática e organizar a esperança.”
(Frei Beto)

Para refletir:
“É preciso ser solidário com quem a gente não conhece e talvez jamais conhecerá.” (Dersu Uzala)

Efeito dominó

A História nos mostra que crises de grande desenvoltura, como a que vem sendo protagonizada pelo novo coronavírus, nunca ficam restritas à área na qual se originam.

É evidente, a essa altura, que o que começou na Saúde terá impactos profundos e possivelmente duradouros sobre a economia global, e essa combinação inevitavelmente também vai repercutir no cenário político internacional.

A despeito das fragmentações de natureza didática, tudo está interligado.

Esperança

Ainda a esse respeito, por mais cedo que seja para se fazer qualquer previsão, a primeira impressão é a de que a crise poderá gerar reações distintas entre radicais e moderados.

Enquanto o segundo grupo deve continuar aprofundando a polarização através da atribuição de culpa sempre ao lado oposto, o primeiro - que há um bom tempo perdeu a iniciativa dos debates e se viu tragado pela necessidade quase impositiva de escolher um dos lados num espectro cada vez mais maniqueísta - parece decidido a aproveitar o momento para reviver a solidariedade, a consciência coletiva, o apoio mútuo.

É, enfim, uma esperança.

Divisão e união

As manifestações nas noites de quarta-feira, 18, e ontem, 19, parecem respaldar essa interpretação.

Enquanto no dia 18 tivemos pelo Brasil dois panelaços antagônicos e concorrentes no intervalo de 30 minutos, no dia 19 a mobilização foi em torno de um aplauso coletivo aos profissionais da Saúde que uniu simpatizantes de variadas correntes políticas.

Já fazia tempo que uma zona de interseção não era aproveitada para um ato conjunto e colaborativo como este, não?

Vai que...

Quem sabe numa dessas a gente acaba se lembrando de como era bom discordar amistosamente, de forma respeitosa, com base em argumentos e abertos a mudanças de opinião…

Autismo

Enquanto se espera que o plenário aprecie as contas de 2018 de nossa prefeitura, a Câmara tem tomado algumas iniciativas que merecem registro.

Na sessão da última terça-feira, 17, por exemplo, o plenário aprovou em votação única e por unanimidade projeto apresentado pelo vereador Isaque Demani que torna obrigatório que todas as placas de atendimento preferencial prioritário em Nova Friburgo passem a  incluir o símbolo mundial do transtorno do espectro autista, no prazo de 120 dias.

Nome

O plenário também concordou por unanimidade que legislação receberá o nome de Lei Luiz Miguel Demani, filho autista do vereador Isaque.

A lei segue agora para apreciação do prefeito Renato Bravo, podendo também ser regulamentada pelo Executivo municipal.

Concessionárias (1)

Atendendo a solicitação de todos os companheiros de plenário, o vereador Zezinho do Caminhão, presidente da Comissão de Acompanhamento e Fiscalização dos Serviços Públicos e Concedidos e Apoio aos Usuários, encaminhou ofícios tanto à Águas de Nova Friburgo quanto à Energisa, solicitando que as duas concessionárias tenham compreensão e tolerância para com os consumidores usuários que, em decorrência dos efeitos econômicos da crise provocada pelo coronavírus, eventualmente não se encontrem em condições de efetuar seus pagamentos nas datas previstas.

Concessionárias (2)

Em essência, os ofícios pedem que sejam adotados prazos maiores para pagamento das contas em atraso, e também que não sejam efetuados cortes no fornecimento de água e energia elétrica durante este período de emergência.

Transporte coletivo

Já em relação ao transporte coletivo, a notícia importante vem do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), que em sessão plenária realizada nesta quarta-feira, 18, liberou o edital de concorrência para a execução de transporte coletivo de passageiros por ônibus de Nova Friburgo.

Organizada em dois lotes de atuação pelo prazo de dez anos, a licitação tem valor global estimado de R$ 5.621.252,52.

Esta foi a quarta submissão do tema à Corte de Contas.

Antes tarde

O voto do conselheiro substituto Marcelo Verdini Maia foi aprovado por unanimidade, e destacou que a Prefeitura de Nova Friburgo adotou as 20 medidas determinadas na última sessão plenária.

"O jurisdicionado cumpriu integralmente os itens da comunicação anterior, uma vez que apresentou os documentos e esclarecimentos solicitados, assim como procedeu aos ajustes determinados no edital", relatou.

Alerta

O voto também destaca que o jurisdicionado deverá "permanecer vigilante para que o procedimento licitatório transcorra de forma lícita, proba e transparente".

O documento, inclusive, orienta a Prefeitura de Nova Friburgo a republicar o aviso da licitação e alerta que outras questões com relação à legalidade, à economicidade e à legitimidade poderão ser objeto de futuras ações fiscalizatórias a serem feitas pelo TCE-RJ.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Vem frio por aí

sexta-feira, 20 de março de 2020

Outono e inverno serão mais frios do que do último ano. Estarão na toada do verão que acaba hoje, 20. Verão que se vai sem parecer que sequer tenha chegado. Foi um verão mais ameno que o normal, o mais ameno desde 2013. Segundo os climatologistas, a razão do verão ter sido ameno está no fenômeno La Niña que favorece a entrada de ar mais frio.

Mais frio do que o ano passado

Outono e inverno serão mais frios do que do último ano. Estarão na toada do verão que acaba hoje, 20. Verão que se vai sem parecer que sequer tenha chegado. Foi um verão mais ameno que o normal, o mais ameno desde 2013. Segundo os climatologistas, a razão do verão ter sido ameno está no fenômeno La Niña que favorece a entrada de ar mais frio.

Mais frio do que o ano passado

As previsões indicam que o mesmo fenômeno La Niña provocará um outono e inverno com mais dias de frio bastante rigoroso. O frio chegará antes. Há previsão de ondas fortes de frio já em abril e com temperaturas mais baixas do que nos anos anteriores.

Prevenção redobrada

Mais um fator preocupante para a pandemia do Covid-19. Com as temperaturas mais baixas, aumenta a incidência de doenças respiratórias, o que deve elevar ainda mais os riscos de contaminação. Sem criar pânico, o fato é que a pandemia no Brasil apenas começou.

Turistas friburguenses presos no Peru

Há friburguenses presos no Peru por conta do cercamento sanitário feito pelo país vizinho e que agora o Brasil também adotou com oito fronteiras. São turistas que foram pegos pela decisão de fechar o comércio, hotéis e implantar o recolhimento social como mostrou A VOZ DA SERRA esta semana. Após muitos apelos e negociações, foi liberada a volta para casa escalonada em dois aviões.

Desespero

Os dois primeiros voos partem nesta sexta-feira, 20. Mas entre os friburguenses, há mais de 1.700 brasileiros na mesma situação. A maioria dividida entre a capital Lima e Cuzco. Sem onde dormir e com a tentativa de voltar ao Brasil impedida. Até o fechamento desta edição, não tive a confirmação de que pelo menos uma família friburguense estaria nesses dois primeiros voos. Certo é que quem está em Cuzco continua sem previsão de voltar.

Incertezas

A ansiedade natural é de que venham apenas esses dois primeiros aviões e que a gravidade da situação aqui e lá impeça que o trabalho de resgate continue. Tudo muito incerto e com mudanças muito rápidas. O temor maior é que nesse fim de semana, como previsto, o número de casos deu um salto no Brasil, principalmente no Rio e em São Paulo. Justamente os locais de aterrissagem desses aviões.

Capital fantasma

Eu que estive na capital nesta semana, posso dar meu testemunho de que a situação tende a se tornar gravíssima. Na capital, tem sido levado muito à sério o que está acontecendo. Ruas e empresas vazias. As medidas adotadas mudaram o cenário carioca mais do que por aqui.

Não há outra saída

Como dizem que o que acontece na capital chega depois no interior, o cenário de cidade fantasma deve se confirmar por aqui nos próximos dias. O fato é que nenhum lugar do mundo tem estrutura para atender uma demanda gigante de pessoas buscando atendimento.

Uns cuidando dos outros

Assim, ainda que as previsões de muitos casos e mortes não se confirmem, é melhor não pagar para ver. Respeitar o isolamento social é a única arma que se tem, por enquanto contra o vírus. Quanto menos se espalhar, melhor será. Há um nível de consciência de muitos. Mas os poucos que não tem, agravam a situação.

Prioridade

O esforço comunitário tem que ser maior do que as asneiras políticas. Tem que ser também mais apressado que a morosidade de algumas autoridades públicas. Estamos todos no mesmo barco e se deve acima de tudo assegurar a saúde dos mais vulneráveis à fatalidade que a doença pode provocar. Ainda que a preocupação com a economia seja legítima, agora é hora de preservar vidas. O capital tem que ficar em segundo plano.

Urgência de mudança

Nesse tempo de reflexões profundas, que possamos aprender mais do que com o que aprendemos em 2011. Que a solidariedade nos mova e que aqueles que praticam a mesquinharia possam rever seus atos. Posteriormente, cabe uma correção de rumo de nossas cidades. Cuidar do planeta é cuidar de nós e está cada vez mais urgente essa mudança de hábito, sob pena desse momento se repetir cada vez com mais frequência.             

Palavreando

“O nosso corpo é uma máquina que o tempo faz se desgastar até quebrar. Uma história de cansaço árduo, possivelmente pesará, tornando o final ainda mais complicado do que já é. Mas o tempo ou o desgaste do corpo não tiram de nós as nossas maiores heranças: aquilo que ensinamos e nos desdobramos para cumprir”.

 

 

Foto da galeria
Excelente iniciativa de artistas friburguenses. Prepare a cerveja e os petiscos para curtir em casa e matar saudades da noite friburguense
Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Déjà vu

sexta-feira, 20 de março de 2020

Quem imaginaria que estaríamos vivendo esses dias... Creio que nem o maior dos profetas imaginaria um planeta em quarentena para combater seres microscópicos que se multiplicam no invisível. Nem os principais roteiristas de Hollywood ousaram tanto em suas imaginações. Hoje, falaríamos sobre várias coisas, mas infelizmente não consigo projetar nada diferente que não seja a crise pela qual estamos passando em razão da endemia provocada pelo novo coronavírus, o Covid-19.

Quem imaginaria que estaríamos vivendo esses dias... Creio que nem o maior dos profetas imaginaria um planeta em quarentena para combater seres microscópicos que se multiplicam no invisível. Nem os principais roteiristas de Hollywood ousaram tanto em suas imaginações. Hoje, falaríamos sobre várias coisas, mas infelizmente não consigo projetar nada diferente que não seja a crise pela qual estamos passando em razão da endemia provocada pelo novo coronavírus, o Covid-19.

Parece que de repente ficamos sem assunto, ou cheios do mesmo. Noite dessas, inclusive, sonhei com isso. Sinal claro de que precisaria dar um jeito de me desconectar ainda que durante o sono, dessa loucura da vida real que estamos todos, o mundo inteiro, experienciando juntos. Sinto-me em uma guerra. Uma sensação estranha de quem nunca passou por isso, mas que sente como se estivesse revivendo momentos. Déjà vu. Essa sensação.

Parecemos perdidos, mas ao mesmo tempo sabemos que precisamos de um “kit sobrevivência”, tememos pelas perdas, sentimo-nos impotentes, quando não aprisionados dentro de uma situação. Pensamos no quanto de alimento temos, se a água será abundante, se os médicos e profissionais da saúde estão bem, se terá emprego para todos, como os entes queridos estão se virando. Se temos empatia, sofremos por aqueles que não tem nada e também por aqueles que nunca “quiseram nada com a hora do Brasil”, mas que agora sofrem.

Tudo é sofrimento quando estamos em guerra. Mas nessa, o inimigo declarado não fala, não ameaça com bombas, não persegue com armadilhas, não cria estratégias racionais e os soldados somos todos nós. Agora, o adversário é invisível, microscópico e do tamanho do mundo inteiro, afeta jovens, idosos, ricos, pobres, qualquer etnia, qualquer nacionalidade, qualquer conta bancária. Basta ser pessoa. Ser humano é o requisito principal para poder ser vítima. Não tem objetivo final e quando um perde, todos perdem. E quando um ganha, um sobrevive, um cura, os demais sete bilhões e setecentos milhões de pessoas comemoram.

O que estamos vivendo é tão surreal e complexo que sinceramente, faltam-me até palavras para descrever. Do pouco que sabemos, estamos certos de que aqueles que podem, devem se isolar, que devemos respeitar uns aos outros, sermos mais altruístas e responsáveis e utilizarmos das fórmulas conhecidas e recomendadas pelas autoridades competentes para minimizarmos os efeitos causados pelo inimigo potente da vez.

Enquanto isso, emano toda a energia boa que meu coração é capaz de produzir por toda a humanidade, pelos profissionais da saúde, pelas autoridades que tomam decisões, por todos nós. Não sejamos omissos, cegos, irresponsáveis. O isolamento social é necessário. Sei que não estamos acostumados. Somos um povo caloroso, que ama abraços, que fala com rosto colado, que encosta um no outro, que se beija e se ama intensamente. Queremos continuar vivos. É hora de nos voltarmos para o mundo e para dentro ao mesmo tempo. Vamos trabalhar pela cura, pelo pensamento do bem, pela paz de espírito, a força interior, porque precisaremos de força para ajudarmos uns aos outros. Está só começando. Essa “guerra” demanda esforço, disciplina, coragem, amor, renúncias. Sejamos responsáveis. Vamos passar dessa.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

A luta continua – e ninguém sabe quando vai acabar

sexta-feira, 20 de março de 2020

Não vai ter jeito, precisamos falar de crise. Precisamos falar sobre os impactos do novo coronavírus e a guerra de preços do petróleo em ano de eleições estadunidenses. O mundo está passando por um momento delicado, nunca vivido desde a 2ª Guerra Mundial. O clima já estava tenso com a economia global em grande ciclo de expansão global e agora sente os primeiros sintomas de uma possível recessão.

Não vai ter jeito, precisamos falar de crise. Precisamos falar sobre os impactos do novo coronavírus e a guerra de preços do petróleo em ano de eleições estadunidenses. O mundo está passando por um momento delicado, nunca vivido desde a 2ª Guerra Mundial. O clima já estava tenso com a economia global em grande ciclo de expansão global e agora sente os primeiros sintomas de uma possível recessão.

Mas como tudo isso vai interferir diretamente nas suas finanças pessoais? O objetivo de hoje é conseguir te informar sobre como a crise tem influência direta na sua vida financeira e como um bom planejamento poderia minimizar os impactos.

Planejamento de orçamento - Você tinha sua reserva de emergência bem consolidada? Esse era o momento de ter recursos para suprir seus custos básicos e minimizar os impactos sobre sua qualidade de vida. Basicamente, essa reserva é composta pelo custo de vida – seu ou de sua família – e o tempo que você pretende arcar com este custo independente da geração de novas receitas. O tempo vai variar de acordo com as incertezas de seu emprego ou negócio, mas a recomendação fica entre três a seis meses.

Logo, se você e sua família arcam com um custo de vida mensal médio de R$ 3 mil (este valor precisa ser muito bem estudado e conhecido pela família), o fundo de emergências precisa estar entre R$ 9 mil a R$ 18 mil. Eu sei que pode parecer difícil montar uma reserva de emergência, mas pense comigo: se em situações de emergência é possível recorrer ao crédito – como empréstimos pessoais, por exemplo – e pagar suas parcelas adicionadas de juros, por que você não consegue economizar esse mesmo valor antes de precisar pagar mais caro pela falta de planejamento?

Se você é micro ou pequeno empresário, precisa considerar essa mesma reserva para a criação de caixa do seu negócio. Afinal, em tempos como o que estamos passando agora, negócios mal planejados correm grandes riscos de falência. Use a mesma lógica da reserva familiar para compor o caixa de seu empreendimento, mas procure adaptá-la para as singularidades da sua área. Vale ressaltar, também, que após tanto tempo juntos nessa coluna, as finanças de sua empresa já deveriam estar desvinculadas da sua vida pessoal.

Planejamento de investimentos - Você investe em renda variável? Se precisar resgatar seu capital é bem provável que perderá dinheiro. O planejamento de uma carteira de investimentos bem estudada é essencial para manter a saúde dos seus investimentos.Alocações com alta liquidez e rentabilidade constante acima da inflação real: reserva de emergência: já conversamos sobre sua necessidade; caixa: capital disponível para aproveitar boas oportunidades de investimento. O atual momento na Bolsa de Valores, por exemplo, traz boas oportunidades para montar novas posições.

Alocações com liquidez e rentabilidade constante acima da inflação real: investimento, de fato: aqui é para esquecer o capital alocado e o risco de volatilidade compensará a rentabilidade. Nesse ponto, entram as ações da Bolsa de Valores. O investimento mal planejado pode fazer com que você precise resgatar o capital em tempos de baixa no mercado, o que fará com que haja perda de dinheiro.

Na última quarta-feira, 18, o Copom aprovou mais uma redução na taxa Selic (que agora passa a ser de 3,75% ao ano) como medida de incentivo econômico 

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Lições do passado

quinta-feira, 19 de março de 2020

Para pensar:
“Quanto mais cedo nos distanciarmos, mais cedo nos abraçaremos.”(Autor desconhecido)

Para refletir:
“Só o cuidado coletivo pode salvar vidas. Desigualdade mata.” (Rafael Duarte D’Oliveira)

Lições do passado (1)

Como já dissemos ontem, sob vários aspectos estamos de volta a 2011 aqui em Nova Friburgo.

Para pensar:
“Quanto mais cedo nos distanciarmos, mais cedo nos abraçaremos.”(Autor desconhecido)

Para refletir:
“Só o cuidado coletivo pode salvar vidas. Desigualdade mata.” (Rafael Duarte D’Oliveira)

Lições do passado (1)

Como já dissemos ontem, sob vários aspectos estamos de volta a 2011 aqui em Nova Friburgo.

Pessoas revelando suas índoles diante da exposição ao medo, pessoas acreditando em notícias falsas em meio a um mar de perspectivas sombrias, comunicadores jogando gasolina na fogueira pensando apenas em acumular cliques, e também muita gente disposta a ajudar, a agir da melhor forma, a preservar a economia, convidando ao esclarecimento e à responsabilidade.

Lições do passado (2)

De fato, não restam dúvidas de que, no que diz respeito a lidar com a anormalidade, estamos mais preparados que outras partes do país, e talvez seja válido olhar para este nosso passado a fim de recuperar algumas lições que aprendemos a alto custo.

Ninguém deve se esquecer, por exemplo, que algumas mentes irrecuperáveis viram na desgraça climática uma oportunidade de enriquecimento ilícito, com consequências bem conhecidas.

Atenção necessária

Num momento em que o noticiário e as atenções estão focados no risco à saúde, e diversos procedimentos são realizados de maneira emergencial, toda atenção por parte das forças fiscalizadoras se faz necessária.

Tanto mais quando se considera que os municípios estão em último ano de mandato, e que a realidade local jamais fez por merecer a confiança que, num contexto como o atual, tanta falta nos faz.

De olho

Uma situação muito importante, por exemplo, diz respeito à licitação para a fundamental digitalização de nossa rede pública municipal de Saúde, prevista para acontecer no próximo dia 31.

Não restam dúvidas de que se já tivéssemos esse sistema em funcionamento não apenas o faturamento dos serviços realizados seria muito mais eficiente, mas também a administração dos recursos disponíveis neste tempo de crise.

Pauta crucial

A coluna entende que esse processo licitatório precisa ser acompanhado com muita proximidade, não apenas por ser tão estratégico, mas também porque algumas sinalizações têm sido um tanto alarmantes.

Pode ter sido apenas impressão, mas o colunista sente que a população precisa tomar pelas mãos esta pauta, e cobrar que seja cumprida da melhor maneira possível.

Ganhando força

No Congresso Nacional também começa a ganhar força o projeto conjunto para que os recursos reservados ao fundo eleitoral sejam direcionados para a Saúde.

Considerando o histórico da utilização destes valores em pleitos anteriores a medida parece bastante apropriada, desde, é claro, que a fiscalização sobre o fluxo de recursos paralelos para financiamento de campanhas seja rastreado com máxima atenção, e que o uso de notícias falsas seja combatido e responsabilizado.

Preocupante

Quanto à pandemia em si, a coluna continua recebendo muitos relatos a respeito da numerosa presença de idosos em nossas ruas, praças e em mercados, e também manifestações de pessoas preocupadas com o grande número de pessoas nos ônibus que seguem circulando em Nova Friburgo.

Duas questões que precisam ser discutidas e aliviadas de alguma forma.

Aliás, se este espaço puder ser útil para divulgar qualquer ideia que possa nos ajudar a atravessar esse período com mais segurança e humanidade, estamos à disposição.

Longe demais

Talvez fosse inevitável, diante do tipo de confiança que se acumulou a partir de seguidas demonstrações de apoio popular em meio a atitudes para lá de polêmicas, mas o fato é que a postura do presidente Jair Bolsonaro diante do coronavírus - em especial na marcha do dia 15 - vem causando efeito bastante negativo sobre a ala mais moderada de sua base de apoio, tanto nas ruas quanto no Congresso.

E o próprio Palácio do Planalto já se deu conta disso, como foi possível notar nas entrelinhas da coletiva de imprensa realizada na tarde desta quarta-feira, 18.

Por aqui

O deputado federal Luiz Lima (PSL/RJ), o mais votado em Nova Friburgo no pleito de 2018, com um posicionamento bastante alinhado ao de Bolsonaro, enviou terça-feira, 17, um áudio a parlamentares que integram a base do governo na Câmara pedindo que ele seja “acalmado”, “fale menos”, e que “refaça o discurso sobre o coronavírus”.

O parlamentar também pediu que os deputados federais mais próximos ao presidente que “parem de colocar gasolina na fogueira”.

Aspas

“É preciso urgentemente que o Bolsonaro seja melhor orientado, acalmado. Seria muito importante ele vir a público e refazer o discurso dele em relação ao coronavírus. Eu estou recebendo milhares de áudios do sistema de saúde. A progressão [da contaminação] está sendo enorme. (...) Muita calma, tem que ter muita frieza e tem que falar menos. As pessoas gostam de ser cuidadas. É melhor você pecar pelo excesso do cuidado do que pela falta de cuidado”, declarou Luiz Lima.

Bom senso

As notícias a respeito de adiamentos e alterações de cronograma ou da natureza de eventos públicos agendados anteriormente têm se multiplicado num ritmo impossível de ser acompanhado por aqui.

A coluna, no entanto, não pode deixar de registrar o adiamento para 2021 do censo demográfico que deveria ocorrer neste ano.

A notícia tem grande envergadura, inclusive em razão do grande número de vagas temporárias que estavam sendo oferecidas pelo IBGE para a realização deste trabalho.

Uma medida drástica, mas infelizmente necessária.

Sorteio

A coluna agradece aos leitores que manifestaram interesse em participar do sorteio do livro “Memórias Eleitorais: Nova Friburgo 1982 - 2016”, do professor João Raimundo de Araújo.

Infelizmente o colunista dispunha de apenas um exemplar, e a sorte quis que ele fosse doado à leitora Selma Gonçalves de Souza.

A partir desta quinta-feira, 19, ele estará disponível para retirada na sede de A VOZ DA SERRA.

Desafio

Neste mês especialmente dedicado às mulheres, a coluna publica esta magnífica foto do amigo Henrique Pinheiro não apenas para que os leitores digam onde ela foi feita, mas também para que a serenidade desta mulher magnífica possa tranquilizar nossos espíritos nestes tempos de provação.

Um abraço fraterno (e virtual, evidentemente) a todos os amigos deste espaço.

Foto da galeria
Desafio (Foto: Henrique Pinheiro)
Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

A epidemia de febre amarela em Nova Friburgo

quinta-feira, 19 de março de 2020

A primeira grande epidemia de febre amarela no Brasil ocorreu no ano de 1685, trazida pelos navios negreiros que transportavam escravos africanos. Terrível e mortífero flagelo teve início em Recife-PE onde aportou um tumbeiro trazendo o mosquito Aedes Aegypti, vetor que somente seria conhecido muitos séculos depois como transmissor da doença.

A primeira grande epidemia de febre amarela no Brasil ocorreu no ano de 1685, trazida pelos navios negreiros que transportavam escravos africanos. Terrível e mortífero flagelo teve início em Recife-PE onde aportou um tumbeiro trazendo o mosquito Aedes Aegypti, vetor que somente seria conhecido muitos séculos depois como transmissor da doença.

Essa epidemia perdurou por quase 15 anos com pequenos intervalos de calmaria. Do norte propagou-se para o sul do país causando milhares de vítimas principalmente entre os brancos e os indígenas, poupando os africanos. A epidemia de febre amarela no Brasil iria se manifestar novamente em 1849, em Salvador-BA, alastrando-se novamente pelo país.

No Rio de Janeiro essa epidemia ceifou vidas de senadores, ministros, aristocratas e burgueses induzindo essas personalidades de prol a se refugiarem nas partes altas da cidade, como no bairro de Santa Teresa, e nos subúrbios. A partir de então, as epidemias de febre amarela serão intermitentes em quase todas as províncias do Brasil. No Rio de Janeiro adquiriu caráter endêmico-epidêmico e passou a ser evitada por viajantes ficando conhecido como o túmulo do estrangeiro.

A Junta Central de Higiene Pública criada para combater a epidemia aconselhava os habitantes a não se aproximarem dos pântanos que exalavam miasmas e se acreditava ser a causa da doença. A ignorância sobre a sua etiologia ocorreria até que o médico baiano Filogônio Lopes Utinguassu aventasse pela primeira vez no país a tese de que a febre amarela era transmitida por um mosquito, hipótese que seria confirmada pelos médicos de Cuba.

No ano de 1850, em decorrência de uma epidemia de febre amarela ocorrida na Corte, o Imperador D. Pedro II é aconselhado a retirar-se com a família para a Imperial Fazenda do Córrego Seco que ganharia, por decreto, status de vila com o nome de Petrópolis. É bem provável que nessa ocasião tenha sido recomendada a vila de Nova Friburgo reconhecida pela salubridade de seu clima e notadamente porque a família imperial tinha duas propriedades no município, as fazendas Córrego Dantas e São José. Mas Petrópolis venceu pela proximidade com o Rio de Janeiro.

D. Pedro II iniciaria, desde então, o hábito entre a elite do deslocamento para regiões serranas durante a canícula, ou seja, na estação de calor intenso em que a febre amarela matava milhares de pessoas de todas as classes sociais. O município de Nova Friburgo já era procurado por tuberculosos desde a fundação da vila e ressurge no mapa da geografia médica como um local salubre por suas condições climáticas e mesológicas. Já na República, beneficia-se cada vez mais do infortúnio das epidemias na capital federal.

Conforme a imprensa local, Nova Friburgo era a segunda cidade do Estado do Rio de Janeiro mais procurada pelos veranistas cariocas ultrapassada apenas por Petrópolis. Essa migração impulsionou a economia local, notadamente o comércio, a hotelaria e a construção civil na edificação de casas para aluguel. Um detalhe importante é que estes cariocas ficavam aproximadamente seis meses em Nova Friburgo, chegando normalmente em novembro e partindo entre abril e maio.

A fama da salubridade do clima friburguense tornava o município seguro e nunca fora registrado um caso de epidemia dessa doença. Os veranistas que não alugavam casas se hospedavam nos confortáveis hotéis como o Hotel Central, hoje Colégio Nossa Senhora das Dores, hotéis Leuenroth, Engert e Salusse, sendo esses os mais procurados.

Por conta desses veranistas, companhias italianas permaneciam em média dois meses em Nova Friburgo a exemplo da Companhia Lírica Italiana Verdini & Rotoli, representando óperas no Teatro Dona Eugênia como Lucrécia Borgia de Donizzetti, Carmen de Georges Bizet, Aida de Giuseppe Verdi e Fausto de Goethe, para ficar em alguns exemplos. Soirées eram promovidas nos hotéis onde se dançava quadrilha, valsa, polca e mazurcas.

Durante o dia os veranistas faziam passeios campestres pelos arrabaldes da cidade, estando na moda os picnics, comendo-se sandwiches regados a champanhe Veuve Clicquot. Corridas de cavalos eram promovidas pelo Friburgo Jockey Club no prado de Conselheiro Paulino, aos domingos. As epidemias de febre amarela no Rio de Janeiro mudariam o cotidiano de Nova Friburgo durante algumas décadas. 

  • Foto da galeria

    A elite friburguense que participava dos picnics

  • Foto da galeria

    Os jardins do outrora Hotel Central, hoje um colégio

  • Foto da galeria

    Isolamento de uma residência no Rio de Janeiro

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

A ansiedade sobre o vírus corona

quinta-feira, 19 de março de 2020

É perfeitamente normal ter forte ansiedade diante de uma pandemia. Dúdivas, enfrentar o desconhecido, notícias falsas, tudo isso gera ansiedade mesmo. Esta ansiedade pode diminuir até certo ponto se tomarmos algumas atitudes protetivas quanto ao contágio. Precisamos levar a sério a questão do isolamento ou da distância social. Isto ajuda muito a quebrar o ciclo de contaminações. Agora é hora de preservar vidas e não de querer manter a empresa ou seu negócio funcionando se ela coloca em risco seus funcionários e você mesmo.

É perfeitamente normal ter forte ansiedade diante de uma pandemia. Dúdivas, enfrentar o desconhecido, notícias falsas, tudo isso gera ansiedade mesmo. Esta ansiedade pode diminuir até certo ponto se tomarmos algumas atitudes protetivas quanto ao contágio. Precisamos levar a sério a questão do isolamento ou da distância social. Isto ajuda muito a quebrar o ciclo de contaminações. Agora é hora de preservar vidas e não de querer manter a empresa ou seu negócio funcionando se ela coloca em risco seus funcionários e você mesmo.

Fique em casa. Trabalhe de casa. Os países que fizeram o isolamento social mais cedo nesta pandemia, tiveram a curva menor de contaminações e de mortes pelo vírus corona. Se muita gente fica contaminada e muitos entram no quadro grave em necessidade de internação, o sistema de saúde e mesmo os atendimentos nos hospitais particulares, não darão conta da demanda.

Sua ansiedade diminuirá bastante ao manter distância social, evitando estar em grupos de pessoas, no trabalho, na rua, no mercado, no shopping, na igreja, em qualquer lugar. Os idosos precisam ser protegidos porque são os de maior risco. Uma criança pode estar com o vírus corona, não ter nenhum problema clínico com isso, mas se for estar com um idoso, poderá contaminá-lo. Portanto, agora é hora de proteger os idosos evitando contato social e fornecendo a eles cuidado, alimento, remédios, com a maior segurança de contágio possível.

Mas é verdade que cada pessoa experimenta a ansiedade de modo diferente. Aqueles que são ansiosos desde sempre, que possuem a “ansiedade traço”, sofrem ansiedade mais intensa numa situação assim. As que possuem “ansiedade estado”, talvez possam ter uma intensidade menor de sofrimento. Também as pessoas que em seu estilo de vida praticam uma fé religiosa podem conseguir mais serenidade num momento de crise como agora vivemos.

Quanto ao fato de estarmos vivendo uma pandemia com o vírus corona, temos que aceitar que não temos controle sobre isso a não ser praticar as precauções que as autoridades de saúde do governo estão anunciando.

Pense que a maioria das pessoas que são contagiadas com este vírus, não morre. Proteja-se com o isolamento social, lavar as mãos por pelo menos 30 segundos com água e sabão líquido de preferência ou usando álcool gel. Cancele receber visitas, faxineiras, passadeiras, babás, jardineiros. Fique em casa. Se alguém de sua família que mora com você está com uma gripe comum, ela precisa usar máscara, e não deve sair de casa.

Procure cuidar de um jardim, de uma horta, praticar atividades físicas em ambiente isolado, dormir mais cedo, ingerir bastante água pura longe das refeições. E vai ajudar a reduzir sua ansiedade se você evitar ficar vendo notícias sobre esta pandemia o dia todo. Tente se afastar das notícias porque agora você já sabe o que precisa fazer para prevenir a infecção. Se ainda tem dúvidas, pergunte a uma fonte confiável. E pronto.

Se você fica sempre querendo ver notícias sobre o vírus corona e percebe que isto o deixa ansioso, então o melhor é reduzir a assistência destas notícias. Quem sabe assista somente o noticiário da noite na TV para se atualizar e pronto.

Porém, o isolamento social que realmente é a atitude sábia a ser tomada agora – ou melhor, ontem – pode ser minimizada por manter contato com amigos e outros parentes usando a tecnologia, como celular, tablet, telefone fixo, inclusive com conversa com imagem em tempo real. Assim a solidão não ficará tão ruim para aqueles que gostam de estar sempre com pessoas ao redor.

Por favor, fique em casa e mantenha sua higiene protetiva. A vida é mais importante do que o resto.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Expostos

quarta-feira, 18 de março de 2020

Para pensar:

“Porque todos nós vivemos debaixo do mesmo sol

Todos nós caminhamos sob a mesma lua

Então por que, por que não podemos viver em união?”

Scorpions

Para refletir:

“O destino é cego, e o raio que fulmina sobre a cabeça do culpado também às vezes debruça sobre o lodo o lírio puro da inocência e da virtude.”

Bernardo Guimarães

Expostos

Há nove anos, a tragédia climática mostrou a todos nós que tempos atípicos trazem à tona o caráter das pessoas.

Para pensar:

“Porque todos nós vivemos debaixo do mesmo sol

Todos nós caminhamos sob a mesma lua

Então por que, por que não podemos viver em união?”

Scorpions

Para refletir:

“O destino é cego, e o raio que fulmina sobre a cabeça do culpado também às vezes debruça sobre o lodo o lírio puro da inocência e da virtude.”

Bernardo Guimarães

Expostos

Há nove anos, a tragédia climática mostrou a todos nós que tempos atípicos trazem à tona o caráter das pessoas.

Enquanto alguns comerciantes praticavam preços abusivos, outros assumiam prejuízos diante do firme compromisso para com a cidade e com seus funcionários.

Enquanto alguns de nossos conhecidos se revelaram covardes e egoístas, outros se mostraram verdadeiros heróis, ou ao menos pessoas engajadas e solidárias.

Transparência

Sob diversos aspectos, estamos novamente vivendo dias de especial transparência.

O confronto com uma ameaça concreta à saúde coletiva, que de forma muito simbólica tem justamente na união de esforços e na consciência coletiva sua mais eficiente forma de prevenção, tem demonstrado que a passionalidade com que nossa sociedade tem se deixado influenciar e envenenar por táticas de propaganda tão antigas quanto o uso da própria linguagem já produziu efeitos maiores e mais profundos do que se poderia imaginar.

Retardo

Existe um delay, um atraso de alguns dias para a obtenção de dados precisos a respeito da evolução da pandemia do coronavírus.

Assim, o quadro que efetivamente temos hoje é aquele que veremos apenas daqui a algum tempo, quando naturalmente já estiver defasado, fazendo lembrar aquele aforismo de que quando olhamos para o céu estamos na verdade vendo como ele era há milhares de anos.

Tendo isso em mente, reações adequadas à pandemia sempre parecerão exageradas - e se tiverem êxito muitos não chegarão a ter a dimensão correta dos riscos que foram evitados.

Insensatez

Trata-se, portanto, de um contexto especialmente fértil para a ignorância, sobretudo num momento em que estamos tão divididos, tão condicionados, tão propensos a teorias conspiratórias e a interpretações rasas, generalizantes, estereotipadas.

As manifestações do dia 15, por exemplo, foram de uma insensatez sem tamanho.

A caminho da aglomeração, um idoso de 72 anos, diabético e hipertenso, disse a este colunista que “o corona a gente cura, a corrupção não”.

Outros disseram que “o sistema” quis impedir a marcha, ignorando por completo a dimensão mundial do problema.

Paralisados

Diante da repercussão negativa do ocorrido - que em última análise torna ainda mais insensato tudo o que ocorreu - logo começaram a circular memes afirmando que 1300 pessoas - incluindo aí os responsabilizados da vez pelo distanciamento entre aquilo que se promete e aquilo que efetivamente se alcança - haviam se reunido para a festa de inauguração da CNN Brasil pouco após terem criticado o presidente da República.

E muita gente passou isso adiante, como se as críticas ao comportamento do presidente pudessem ser reduzidas a mera hipocrisia, sem se dar ao trabalho de apurar que a festa, na verdade, havia acontecido no dia 9 - embora isso não signifique que ela deveria ter sido realizada.

Fantasia útil

Ora, se continuamos decididos a construir muros mesmo quando a vida esfrega em nossas caras o quanto estamos interligados, então por que não trazer essa competição para algo ao menos producente, como por exemplo cada lado se esforçar por demonstrar qual é mais consciente, mais engajado e mais ocupado em proteger o coletivo?

Ao menos essa fantasia teria alguma utilidade...

Maturidade

Fontes na Fiocruz indicam preocupação com possibilidades de duplo contágio, considerando a alta incidência de sarampo, dengue e até mesmo influenza em regiões específicas de nosso território.

A seriedade da situação, no entanto, obviamente não é motivo para histeria, mas sim para maturidade.

Em escala nacional, por exemplo, apelos têm sido feitos para que não cessem as doações de sangue, e a coluna repercute esse pedido junto aos leitores.

Esperança (1)

No fim, o que mais preocupa este colunista no contexto atual é também algo que guarda uma pontinha tímida de esperança.

Porque só sairemos dessa situação sem grandes estragos se trabalharmos juntos, se dialogarmos de alguma forma.

Esperança (2)

É evidente que o Brasil, neste momento, sofre as consequências de um quadro autoimune, e por isso se coloca no grupo de risco da pandemia.

Mas, quem sabe se essa chacoalhada não serve, no fim das contas, para acordar alguns de nós para a vida?

Tomara.

Portas fechadas

O Sinsenf – Sindicato dos Servidores Públicos municipais - enviou ofício ao prefeito Renato Bravo solicitando álcool gel para todas as repartições públicas da administração municipal, incluindo secretarias e hospitais.

“Entendemos que nesse momento o álcool em gel é equipamento de proteção individual indispensável, e como uma instituição militante interessada no bem-estar dos seus servidores e familiares, encerraremos os nossas atendimentos por 15 dias a partir desta quinta-feira 19. É o mais prudente, e cada um tem que fazer a sua parte”, explicou a direção do sindicato.

Boa notícia

A coluna vai tentar, dentro do possível, encerrar seus trabalhos nos próximos dias com alguma boa notícia.

A de hoje é o registro de que os candidatos ao benefício de isenção e cotas e ação afirmativa para o vestibular do Centro de Educação a Distância do Estado do Rio (Cederj) do segundo semestre de 2020 têm até o próximo dia 27 para fazer a sua solicitação. Não serão aceitos pedidos após essa data.

Como proceder

Interessados em obter a gratuidade precisam preencher o requerimento de pré-inscrição no site do Instituto Selecon, organizador do vestibular, e enviar a documentação exigida digitalizada em PDF, seguindo as orientações que constam no edital.

A lista dos documentos está disponível no site do instituto, e a isenção da taxa será concedida mediante avaliação socioeconômica para o candidato que comprovar renda per capita mensal de até R$ 1.567,50.

Opções

O período de pré-inscrição para os interessados em participar do sistema de cotas, cotas de ação afirmativa e reserva de vagas para professores da rede pública é o mesmo, até o próximo dia 27, no mesmo endereço eletrônico.

O resultado da análise das solicitações será publicado na internet no dia 29 de abril.

Os cursos oferecidos são Licenciatura em Biologia, Geografia e Pedagogia (Uerj), Química (Uenf), Licenciatura em Letras e Tecnólogo em Segurança Pública (UFF), e o novo curso de Ciências Contábeis, que também vai ser diplomado pela UFF.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Previsão astrológica

quarta-feira, 18 de março de 2020

2020 é o ano que marca o início de mudanças profundas na sociedade. A previsão de quase todos os astrólogos foi feita há muito tempo e está encontrando razão na pandemia pelo coronavírus. Os estudiosos do assunto baseiam as previsões no raro alinhamento da passagem de Júpiter pelo signo de Capricórnio e o seu encontro com Saturno e Plutão.

Será?

2020 é o ano que marca o início de mudanças profundas na sociedade. A previsão de quase todos os astrólogos foi feita há muito tempo e está encontrando razão na pandemia pelo coronavírus. Os estudiosos do assunto baseiam as previsões no raro alinhamento da passagem de Júpiter pelo signo de Capricórnio e o seu encontro com Saturno e Plutão.

Será?

Esse fenômeno sugere ares revolucionários. Somado a outros acontecimentos astrológicos de extrema importância, gera-se um processo de transformação coletiva. A mensagem é de que todas essas transformações globais devem culminar em uma grande virada comportamental, tecnológica e científica. O ano de 2020 marca, assim, o último de um ciclo de cerca de 200 anos.

Mudanças radicais

Segundo sites especializados no assunto, a conjunção de Plutão e Saturno raramente acontece. Esse fenômeno já desencadeou alguns dos momentos mais significativos da história, como o início da primeira e da segunda guerra mundial, a revolução cultural dos anos 60 e a recessão econômica dos anos 80.

Fim de ciclo

Estudiosos apontam que nesta sexta, 20, o ano de 2020 começa de fato com o início do ano astral e que em dezembro há o fim de um grande ciclo para início de um novo tempo. Apostam no fim da sociedade patriarcal e início de uma sociedade matriarcal, com o empoderamento feminino. Alguns, mais ousados, apontam até na derrocada do capitalismo.

Os piores vírus

Acreditem ou não em astrologia, o fato é que o mundo vive um momento de grande conturbação. O vírus que se espalha afeta a vida (colocando-a em sério risco) e a economia (já conturbada). Se um novo tempo vai surgir – não sabemos. Mas que uma mudança de comportamento deve vingar – disso não temos dúvidas e não é de agora. Os piores vírus continuam sendo os da indiferença e da desigualdade. Será que haverá vacina para eles?

Quando o ano começa?

Em tempos de pandemia, difícil ter outro assunto. Tudo meio paralisado, em compasso de espera e altamente influenciado pela propagação e tentativa de contenção do vírus. Nada deixa de ser afetado e 2020 que teria começado depois do carnaval já não se pode cravar quando de fato começa.

Alta avassaladora

As subnotificações de casos nesse início de pandemia podem não assustar as pessoas. Em conversa com pessoas da área de saúde e fontes ligadas às mais altas autoridades do Estado, um salto deve ocorrer a partir do fim de semana, onde em números ficará clara a gravidade do problema. Por isso, todas as tentativas de manter as pessoas em casa.

Moda íntima

O que não se pode passar despercebido é a situação das nossas confecções. Nova Friburgo é capital da moda íntima, com quase 30 mil pessoas dependentes do setor. Geralmente as confecções funcionam em espaços fechados. Como ficam nossas costureiras? E os sacoleiros que viajam para São Paulo, onde já se pensa até em cordão sanitário para impedir a entrada e saída do Estado? Preocupante.   

Livre

O Friburguense que respira aliviado. Salvo na fase anterior e com vaga garantida na seletiva do ano que vem, não teve ainda seu planejamento afetado. Vários de seus jogadores profissionais, inclusive, foram emprestados a outros clubes Brasil a fora. Mas se tivesse ido para o triangular final, estaria em maus lençóis.

América ou Nova Iguaçu

A competição foi paralisada com apenas duas rodadas por fazer. Americano já salvo, ainda tem uma partida pela frente. O América depende de apenas um empate nas duas partidas restantes, uma contra o próprio Americano e outra contra o desesperado Nova Iguaçu que necessita que o América perca para o Americano e ainda terá que vencer, possivelmente por mais de um gol para sair do rebaixamento e colocar o América na segundona.

Incertezas

No entanto, essa pausa que deve ultrapassar duas semanas, mexe com todo o trabalho das equipes e esfria a briga, podendo causar até uma injustiça no andamento da competição. Por isso, para o Friburguense foi uma tremenda vantagem ter escapado antes. Falar de planejamento agora é chover no molhado. Ninguém pode prever se o calendário estipulado para a Copa Rio, por exemplo, será seguido, se é que haverá a competição. Tudo vai depender do controle da pandemia do Covid-19.  

Palavreando

“Você pode! Todos nós podemos! Seguir a canção com esperança e fé! Arregaçar as mangas da alma com disposição e mudar o que tem que ser mudado e crer que tudo pode ser melhor se a gente dá o melhor que tem”.

Foto da galeria
Mais uma belíssima foto de Pedro Bessa. A mim cabe a reflexão: que a intempérie passe, porque sabemos que acima das nuvens mais carregadas está o sol. A sua luz forte, mais cedo ou mais tarde, rompe o cinza. Que na terra, sejamos pontos luminosos para refletir essa luz que há de surgir
Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Em off

quarta-feira, 18 de março de 2020

Vamos nos consolando com a versão nacional do american way of life

Vamos nos consolando com a versão nacional do american way of life

Muitos brasileiros (a maioria, talvez) gostariam mesmo era de ser americanos e falar inglês. As lojas, nas promoções, poderiam colocar nas vitrines “Menos 50%”, ou “50% fora”, mas isso nos pareceria de uma extrema vulgaridade, se comparado com o elegantíssimo “Off”. Veja a diferença de nível entre um bar que ostente o glorioso nome de Night Star, e outro pobremente chamado Estrela da Noite. São dois pés-sujos, mas uma placa em inglês eleva qualquer estabelecimento a outro nível, a “otro patamá”, como agora se diz do time do Flamengo.

Pena que não imitemos os americanos também na mania que os ricos de lá têm de doar dinheiro, sobretudo às instituições científicas e de ensino.  Agora mesmo um deles, que ganha anualmente quatro milhões e quinhentos mil... e você dirá que quatro milhões e quinhentos mil reais é muito dinheiro. Pois não é de reais que estamos falando, e sim de dólares. Esse empresário estava conversando com uma jovem funcionária de sua empresa e ela confessou o sonho de comprar uma casa, mas tinha dificuldade até mesmo para pagar o aluguel mensal de US$ 200, pois ganhava apenas US$ 40.000 por ano. Como eu sei que você é pior de conta do que eu, vou dar uma ajuda: o patrão faturava mais de 20 milhões de reais por ano — só de salários. A empregada recebia, convertido em dinheiro de pobre, a merreca anual de R$ 180.000,00.

O tal milionário teve então uma ideia que bem podia ser imitada pelos ricaços brasileiros. Incomodado com os quilômetros de distância entre seus ganhos e o da moça, decidiu encurtar a desigualdade, cortando um milhão de dólares do próprio salário e em seguida multiplicando o contracheque de seus empregados. Todos passaram a receber pelo menos 70 mil dólares por ano (cerca de 315 mil reais).

Cinco anos após a implantação do novo mínimo, ele garante que sua empresa só prosperou e que até o número de bebês entre seus empregados aumentou. E a razão provável é que, ganhando bem, os casais podiam ir para a cama sem outras preocupações e a consequência, já sabemos: mais filhos. Podendo criar a ninhada sem apertos, viviam mais felizes; vivendo mais felizes, trabalhavam melhor e produziam mais.

Agora você imagine se pegasse entre nós a mania de imitar o tal mister. Imagine se os figurões da República e os demais milionários que pairam soberanos sobre a nossa pobreza geral resolvessem diminuir um pouquinho do que ganham e doar a sobra. Dava para melhorar bem a vida de seu Armelindo, que mora num barraco e num barranco, ambos prestes a desabar. Nem por isso o senador Coriolano atrasaria as prestações do jatinho que comprou (e se humilha pagando o jatinho à prestação para poder trocar o iate atual por outro mais moderno).

Mas, falando sinceramente, acho que nem vale a pena levar a ideia à frente. Uma coisa é imitar os gringos na hora de fazer liquidação nas lojas, outra coisa é tirar dinheiro do bolso para ver o trabalhador brasileiro engordando seus vencimentos, que na verdade nem são vencimentos, são derrotas mensais. 

Mas, enquanto não podemos todos morar em Nova York e fazer compras nas mesmas lojas que Angelina Jolie, vamos nos consolando com a versão nacional do american way of life, que consiste em imitar nossos “irmãos” do norte e tanto quanto possível usar as palavras que eles usam. Certa vez um político brasileiro disse que “tudo que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”. Talvez seja bom para aqueles brasileiros que têm tanto dinheiro que os bancos nacionais não dão conta de guardar e alguns milhões precisam ser mandados para os paraísos fiscais, de preferência sem que ninguém saiba.

Segundo Ariano Suassuna, Cervantes teria dito que o português é a língua mais bonita e sonora do mundo. Bem, pode ser que o tal de Cervantes fosse um analfabeto, desses que vivem dizendo besteiras quixotescas, ou maluco, como aquele patrão quixotesco, que resolveu dar dinheiro aos empregados!

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.