Retrospectiva 2020

Gabriel Alves

Educação Financeira

Especialista em finanças e sócio de um escritório de investimentos, Gabriel escreve sobre economia, finanças e mercados. Neste espaço, o objetivo é ampliar a divulgação de informações e conhecimentos fundamentais para a nossa formação cidadã.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Em pouco mais de um ano assinando esta coluna de educação financeira, já é meu segundo mês de dezembro fazendo parte da incrível equipe de A VOZ DA SERRA. Este, já é o segundo texto tratando da retrospectiva anual – e, cá entre nós, um ano bastante louco. Enfim, gostei tanto da ideia de escrever sobre retrospectivas que o processo vai se tornar habitual: nas últimas semanas de dezembro, podem contar comigo para uma rápida retrospectiva econômica e financeira do ano.

Entretanto, voltando ao “ano bastante louco”, é hora de começarmos a falar sobre 2020; período claramente marcado, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), pela “maior crise sanitária mundial da nossa época”: a pandemia da Covid-19. O ano começou com muita expectativa positiva: o Ibovespa alcançava recordes históricos; o número de CPFs cadastrados na B3 (a bolsa de valores do Brasil) aumentava consideravelmente; vínhamos de aprovações de importantes reformas no Congresso; e, apesar do baixo crescimento em 2019, as projeções para o PIB em 2020 estavam relativamente altas. Bom... tudo parecia ir por água abaixo quando o mundo passou a sofrer os impactos do lockdown (necessário) e, em março, seis circuit breakers marcaram o processo de queda do principal índice brasileiro em mais de 46%. Não satisfeito, março também nos reservara uma guerra comercial entre Rússia e Arábia Saudita. O motivo? Petróleo!

Em meio a quarentenas, isolamentos e lockdowns, o mundo se viu estagnado e a grande commodity estava diante de um grande processo de ajustes entre oferta e demanda; trazendo a tona o resultado dessa equação: mudança nos preços. Durante o processo de desvalorização que se estendia desde o final de 2019, a cotação do petróleo tipo Brent sofreu desvalorização de 30% da noite para o dia ao abrirem os mercados de negociação no dia 9 de março; resultado do aumento da oferta e redução de até 20% do preço do petróleo bruto fornecido pela Arábia Saudita. Foi o estopim para uma longa fase de acordos internacionais até definir um consenso entre preços e produção.

A propósito, como entramos no assunto de políticas comerciais internacionais, vale ressaltar o que era para ser a grande “cereja do bolo” para 2020; o acontecimento que seria (e reafirmo, seria) o principal agente responsável pelas incertezas do ano: as eleições americanas. Nos últimos anos, as relações comerciais e diplomáticas entre China e EUA não têm sido nada saudáveis e a derrota de Trump pode marcar o início de novas estratégias coalizão entre os países. Contudo, uma coisa é certa: China é a mais nova superpotência e pode, sim, por fim ao imperialismo estadunidense. Portanto, cabe a estes países elaborar estratégias saudáveis, mas projetar possibilidades é muita especulação e prefiro controlar a ansiedade enquanto aguardo o tempo trazer nossas respostas.

Contudo, não param por aí os dados de impactos negativos. Como efeito colateral ao ano atípico, o índice de desemprego aumentou (crescente e a 14,6% no final do 3T20), a expressividade da população em situação de insegurança alimentar também é maior (no mundo, dois bilhões de pessoas são incapazes de ter acesso a alimentos seguros, nutritivos e suficientes para o ano inteiro) e o número de empresas declarando falência também teve maior relevância (mais de 700 mil empresas fechadas). Nesta quarta-feira, 16, enquanto escrevia esta coluna, o mundo computava mais de 73,5 milhões de casos notificados e 1,6 milhão de mortes decorrentes da nova doença; números brutais capazes de evidenciar o alto impacto direto sobre a humanidade.

Precisamos ambientar nossos processos econômicos a fim de estabelecer modelos capazes de compreender e considerar aspectos humanos e naturais. Ainda há muito o que estudar. Sorte a nossa termos tempo e pessoas dispostas ao novo ao nosso lado para as futuras conquistas. Como vemos, nos ciclos, as possibilidades de recomeço, que 2021 seja de esperanças renovadas.

 

 

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