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Retrospectiva 2020
Gabriel Alves
Educação Financeira
Especialista em finanças e sócio de um escritório de investimentos, Gabriel escreve sobre economia, finanças e mercados. Neste espaço, o objetivo é ampliar a divulgação de informações e conhecimentos fundamentais para a nossa formação cidadã.
Em pouco mais de um ano assinando esta coluna de educação financeira, já é meu segundo mês de dezembro fazendo parte da incrível equipe de A VOZ DA SERRA. Este, já é o segundo texto tratando da retrospectiva anual – e, cá entre nós, um ano bastante louco. Enfim, gostei tanto da ideia de escrever sobre retrospectivas que o processo vai se tornar habitual: nas últimas semanas de dezembro, podem contar comigo para uma rápida retrospectiva econômica e financeira do ano.
Entretanto, voltando ao “ano bastante louco”, é hora de começarmos a falar sobre 2020; período claramente marcado, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), pela “maior crise sanitária mundial da nossa época”: a pandemia da Covid-19. O ano começou com muita expectativa positiva: o Ibovespa alcançava recordes históricos; o número de CPFs cadastrados na B3 (a bolsa de valores do Brasil) aumentava consideravelmente; vínhamos de aprovações de importantes reformas no Congresso; e, apesar do baixo crescimento em 2019, as projeções para o PIB em 2020 estavam relativamente altas. Bom... tudo parecia ir por água abaixo quando o mundo passou a sofrer os impactos do lockdown (necessário) e, em março, seis circuit breakers marcaram o processo de queda do principal índice brasileiro em mais de 46%. Não satisfeito, março também nos reservara uma guerra comercial entre Rússia e Arábia Saudita. O motivo? Petróleo!
Em meio a quarentenas, isolamentos e lockdowns, o mundo se viu estagnado e a grande commodity estava diante de um grande processo de ajustes entre oferta e demanda; trazendo a tona o resultado dessa equação: mudança nos preços. Durante o processo de desvalorização que se estendia desde o final de 2019, a cotação do petróleo tipo Brent sofreu desvalorização de 30% da noite para o dia ao abrirem os mercados de negociação no dia 9 de março; resultado do aumento da oferta e redução de até 20% do preço do petróleo bruto fornecido pela Arábia Saudita. Foi o estopim para uma longa fase de acordos internacionais até definir um consenso entre preços e produção.
A propósito, como entramos no assunto de políticas comerciais internacionais, vale ressaltar o que era para ser a grande “cereja do bolo” para 2020; o acontecimento que seria (e reafirmo, seria) o principal agente responsável pelas incertezas do ano: as eleições americanas. Nos últimos anos, as relações comerciais e diplomáticas entre China e EUA não têm sido nada saudáveis e a derrota de Trump pode marcar o início de novas estratégias coalizão entre os países. Contudo, uma coisa é certa: China é a mais nova superpotência e pode, sim, por fim ao imperialismo estadunidense. Portanto, cabe a estes países elaborar estratégias saudáveis, mas projetar possibilidades é muita especulação e prefiro controlar a ansiedade enquanto aguardo o tempo trazer nossas respostas.
Contudo, não param por aí os dados de impactos negativos. Como efeito colateral ao ano atípico, o índice de desemprego aumentou (crescente e a 14,6% no final do 3T20), a expressividade da população em situação de insegurança alimentar também é maior (no mundo, dois bilhões de pessoas são incapazes de ter acesso a alimentos seguros, nutritivos e suficientes para o ano inteiro) e o número de empresas declarando falência também teve maior relevância (mais de 700 mil empresas fechadas). Nesta quarta-feira, 16, enquanto escrevia esta coluna, o mundo computava mais de 73,5 milhões de casos notificados e 1,6 milhão de mortes decorrentes da nova doença; números brutais capazes de evidenciar o alto impacto direto sobre a humanidade.
Precisamos ambientar nossos processos econômicos a fim de estabelecer modelos capazes de compreender e considerar aspectos humanos e naturais. Ainda há muito o que estudar. Sorte a nossa termos tempo e pessoas dispostas ao novo ao nosso lado para as futuras conquistas. Como vemos, nos ciclos, as possibilidades de recomeço, que 2021 seja de esperanças renovadas.
Gabriel Alves
Educação Financeira
Especialista em finanças e sócio de um escritório de investimentos, Gabriel escreve sobre economia, finanças e mercados. Neste espaço, o objetivo é ampliar a divulgação de informações e conhecimentos fundamentais para a nossa formação cidadã.
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