São João, abençoa nossa cidade

Wanderson Nogueira

Palavreando

Aos sábados, no Caderno Z, o jornalista Wanderson Nogueira explora a sua verve literária na coluna "Palavreando", onde fala de sentimentos e analisa o espírito e o comportamento humano.

sábado, 26 de junho de 2021

Voz que clama no deserto se faz ecoar pelos belos vales e montanhas da morada que fica no topo da serra. Faz os filhos desse lugar percebermos que temos o mais difícil: a natureza. 

De tudo mais, com integridade, inteligência, ousadia e vontade é possível construir. No entanto, lembra-nos que é preciso cuidar da natureza, regenerar aquilo que os antepassados e os gananciosos de hoje vêm destruindo sem qualquer preocupação com a sustentabilidade que garantirá aos próximos o amanhã. 

Toca o coração desses friburguenses para que pensem nos filhos e netos e os que virão depois de seus bisnetos e tataranetos. É preciso preservar. Nos mantém atentos de que é necessário sonhar e trabalhar, pois nada cai do céu. 

Anuncia ao nosso povo a jornada de primeiro mártir da Igreja e do último dos profetas. Nessa caminhada pelo deserto de nós mesmos, nos faz encontrar o irmão e defender a coletividade. Nos inspira pelos seus passos a ter visão ética, a olhar para além das montanhas, a encontrar a força que nos guia: a fé. 

Fé acima da esperança que faz traçar planos e nos permite ir. Nos faz entender a importância de saber aonde se quer chegar e que nos concedamos missão maior do que a nossa imaginação possa criar.

João, que o anjo que anunciou seu nascimento, anuncie nosso renascimento para uma cidade mais justa, mais solidária, mais humana. Livre dos preconceitos, livre das amarras que a aprisionam em passado escravocrata. Batiza nossos corações para que rompam em luz e tamanha luminosidade faça desse lugar bom exemplo para o Brasil e para o mundo.

Batista, não peço para que nos faça primeiros, mas que não sejamos mais os últimos. Nos vacine de todo rancor, desrespeito, extremismo e de todo mal que nos separa. Que a vacina nos una em bem, que venha rápido e faça efeito ligeiro para que nenhum filho dessa cidade morra por falta de leito e atendimento. 

Que não mais lamentemos as tantas mortes evitáveis que alimentam números que têm nome, sobrenome, histórias, famílias, vizinhos e amigos. Não deixe ninguém esquecer disso. Lembre-nos sempre que quando um dos nossos cai, toda cidade se derrete.

João Batista, nos curvamos à sua pregação de amor e perdão. Nos ame e nos perdoe por nossas faltas. Que possamos transportar seu amor para os nossos e para os filhos friburguenses que não enxergamos. 

Que seu anúncio da chegada do Messias nos recorde sempre que o Messias não tem arma na mão, que o Messias é a boa nova e boa nova é a vida, e, vida em abundância. Que o batismo do Messias pelas suas mãos mostre a essa cidade que cristão não segrega – acolhe.

São João Batista... Que o sino de sua catedral ecoe do Catete à Riograndina, de Riograndina a toda Conselheiro, de cada morro de Conselheiro aos morros de Olaria, de Olaria ao Caledônia, do Caledônia a São Lourenço, de São Lourenço à Conquista, de Conquista a São Geraldo, de São Geraldo à Chácara, da Chácara a Amparo, de Amparo a Lumiar, de Lumiar a Theodoro, de Theodoro a Ponte da Saudade, da Saudade ao Cordoeira e por todo Centro até tocar cada friburguense com sua benção e que essa benção se realize na Nova Friburgo que merece ser para sua gente que precisa saber: merece muito mais do que tem tido.

São João, abençoa nossa cidade!

 

Foto da galeria
(Foto: Henrique Pinheiro)
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