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Aumenta a demanda por previdência privada

sexta-feira, 21 de maio de 2021

O assunto é importante: em 2019 foi aprovada a Reforma da Previdência e estudos mostram o aumento da demanda por produtos de previdência privada; projeções de especialistas preveem crescimento de 25% (equivalente a quatro milhões de pessoas) entre a população que busca por estes produtos. Percebem a relevância do assunto?

O assunto é importante: em 2019 foi aprovada a Reforma da Previdência e estudos mostram o aumento da demanda por produtos de previdência privada; projeções de especialistas preveem crescimento de 25% (equivalente a quatro milhões de pessoas) entre a população que busca por estes produtos. Percebem a relevância do assunto?

Primeiro, vamos entender como funcionam os produtos de previdência privada. Nesta coluna, já escrevi muito sobre fundos de investimentos e como escolher algo que esteja de acordo com seus objetivos. Diante de textos com estes temas, tenho certeza que muita gente achou complicado investir através de fundos, mas aqui vai o primeiro choque de realidade: previdências privadas são fundos de investimentos. Sim, exatamente como os que podemos adquirir via corretoras de valores mobiliários. Contudo, a diferença é simples: quem te vende fundos de previdência privada não está muito disposto (ou, às vezes, não tem conhecimento aprofundado) a estabelecer tanta transparência acerca de seus investimentos.

Pois bem, então fica comigo a tarefa de educar!

Se você é leitor da coluna e acompanha meu trabalho, já tem consciência da tão comentada diversificação. Por que, então, alocar todo o seu capital num único fundo de previdência privada? Pode estar aí o primeiro possível erro no planejamento da sua aposentadoria.

O segundo erro é não considerar a volatilidade (variação de preços) do seu capital. Você já parou para ver os gráficos do seu fundo de previdência? Prepare-se, a surpresa pode ser grande.

Agora, em terceiro lugar, quero deixar evidenciada a minha insatisfação ao estudar os produtos do mercado. Se você possui algum contrato de previdência privada, pegue-o assim que possível e procure o campo que identifica o nome (ou tipo) do fundo; caso esteja escrita a sigla FIC (Fundo de Investimento em Cotas) ou FICFI (Fundo de Investimento em Cotas de Fundo de Investimento), procure o quanto antes a pessoa que lhe vendeu o produto e peça para ela identificar a taxa real de administração cobrada sobre o seu capital. A possibilidade de ser acima do que está escrito no contrato é muito (muito mesmo) grande.

Basicamente, nestes casos o seu dinheiro está sob administração de um fundo que investe em um segundo fundo com outra administração. É assim que pode haver uma taxa de administração oculta/duplicada no seu contrato, fazendo com que a rentabilidade do seu capital seja direta e negativamente impactada.

É claro que fundos de investimentos em cotas podem fazer parte da sua estratégia de investimentos, mas é importante saber o que estão fazendo com seu dinheiro. Contudo, há diversas soluções positivas para o seu planejamento; fazer seus investimentos de forma direta (sem depender exclusivamente de fundos) pode ser um grande diferencial para o futuro e você pode contar comigo para esclarecer todas as suas dúvidas. Pense nisso!

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Imagens de ex-escravos em Nova Friburgo?

quinta-feira, 20 de maio de 2021

Quando eu fazia a seleção de fotografias para um artigo que escrevi sobre a história de uma instituição de caridade para o meu blog, um detalhe me chamou a atenção em relação às imagens. Refiro-me a Casa São Vicente de Paulo que a população de Nova Friburgo se habitou a chamar de Casa dos Pobres. Esta instituição de caridade iniciou suas atividades em 1933 com as irmãs trapistas, para o acolhimento de idosos carentes e desprovidos de assistência. Somente na década de 1950, a instituição passou a receber também pessoas com necessidades especiais.

Quando eu fazia a seleção de fotografias para um artigo que escrevi sobre a história de uma instituição de caridade para o meu blog, um detalhe me chamou a atenção em relação às imagens. Refiro-me a Casa São Vicente de Paulo que a população de Nova Friburgo se habitou a chamar de Casa dos Pobres. Esta instituição de caridade iniciou suas atividades em 1933 com as irmãs trapistas, para o acolhimento de idosos carentes e desprovidos de assistência. Somente na década de 1950, a instituição passou a receber também pessoas com necessidades especiais.

Observando algumas legendas das fotos constatei em uma série que muitas delas foram tiradas na década de 1930. Tratava-se do registro dos primeiros anos de funcionamento do asilo. Nas imagens haviam muitos idosos negros que tinham uma faixa etária entre 80 e 90 anos ou mais naquela década. Imaginei que poderiam ter sido ex-escravos.

Vamos analisar um único caso que pode comprovar a minha tese. Em 1935, por exemplo, dois anos depois que o asilo foi aberto, se um destes idosos acolhidos tinha 80 anos, isto significa que ele nasceu em 1855, em plena escravidão. Logo, tudo indica que seriam possivelmente ex-escravos e basta verificar a documentação dos primeiros anos em que o asilo passou a acolher estes idosos para se certificar se eram ou não egressos da escravidão.

O primeiro levantamento censitário de abrangência nacional foi realizado em 1872 e nos permite localizar as áreas de concentração de escravos. Na Freguesia de São João Batista, sede da vila, havia 897 escravos em relação à população livre de 5.406 indivíduos. Na Freguesia de São José do Ribeirão era onde havia o maior plantel de escravos com 3.072 cativos para uma população de 4.890 indivíduos livres. Já na Freguesia Nossa Senhora da Conceição Paquequer havia 2.167 escravos e uma população livre de 1.898 habitantes. Em Nossa Senhora da Conceição do Ribeirão da Sebastiana havia 548 escravos para uma população de 1.828 indivíduos livres.

Os governos geral e provincial, e tampouco os abolicionistas, não se preocuparam com a inserção social e econômica dos ex-escravos com o fim da escravidão. As famílias escravas eram muito raras nas fazendas produtoras de café, não sendo estimuladas pelos proprietários rurais ainda mais depois que passou a ser proibida a venda em separado da família. Por isto, os libertos que optaram em abandonar as fazendas de café após a abolição da escravidão se viram sozinhos e sem destino.

Faltam, portanto, pesquisas para saber como ocorreu a inserção dos libertos junto a sociedade. De acordo o historiador, Boris Fausto, em “História Concisa do Brasil” nas regiões de forte imigração, como foi o caso de Nova Friburgo, o negro era considerado um inferior, útil quando subserviente ou perigoso por natureza ao ser visto como vadio e propenso ao crime.

No Jornal O Friburguense há um artigo sobre as vítimas do grupo “13 de maio”. Tudo leva a crer ter ocorrido algum conflito entre os egressos da escravidão e indivíduos do município resultando na morte de alguns deles. Seguem trechos dos artigos relativos a este episódio: “Não pensem as autoridades que fazemos referência ao 13 de maio, não; entre eles também há gente boa como há ruim nos que libertaram-se antes dessa gloriosa data e entre os que nasceram livres. Devemos banir do nosso espírito e de uma vez para sempre certos preconceitos que só servem para alimentar rivalidades e paixões que nenhum benefício nos trazem. Não há distinções perante a lei, somos todos iguais. Porque um indivíduo tem a pele preta ou escura não tem menos garantia que outro que a tem mais alva; o que vale, o que recomenda-o é o seu procedimento, as suas aptidões, a sua inteligência, a sua aplicação ao trabalho e o respeito que ele guarda as leis e aos seus representantes, esforçando-se por honrar a sociedade em que vive e ao país que nasceu. (O Friburguense, 24/05/1891 e O Friburguense, editorial “A Vadiagem”, 25/10/1891).

O articulista sugere serem os egressos da escravidão intelectualmente incapazes e de fácil manipulação por indivíduos mal intencionados. “Não será difícil caírem na carreira do crime pensando-se que essas infelizes criaturas não terem o precioso conhecimento para conhecerem e diferençar o bem do mal, educadas nas ruas, podem ser vítimas de maus conselhos e perversas seduções...” (O Friburguense, 01/09/1894).

Como disse antes, o que ocorreu com os egressos da escravidão nada sabemos, mas os seus rostos possivelmente ficaram registrados pelas irmãs francesas trapistas da Casa São Vicente de Paulo.

  • Foto da galeria

    Idosos acolhidos na década de 1930

  • Foto da galeria

    As irmãs trapistas teriam acolhido ex-escravos

  • Foto da galeria

    Não houve preocupação com os egressos da escravidão

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A importância da relação pai-mãe-bebê

quinta-feira, 20 de maio de 2021

A função dos pais no cuidado dos filhos é muito mais importante do que imaginamos. O cientista R. Winston diz: “Ainda que eu tenha publicado mais de 300 artigos em revistas médicas e trabalhado no desenvolvimento de técnicas de fertilização in vitro (IVF), se eu for realmente honesto, minha mais importante realização é sem dúvida meus três filhos. Não tenho nenhuma dúvida sobre isto.

A função dos pais no cuidado dos filhos é muito mais importante do que imaginamos. O cientista R. Winston diz: “Ainda que eu tenha publicado mais de 300 artigos em revistas médicas e trabalhado no desenvolvimento de técnicas de fertilização in vitro (IVF), se eu for realmente honesto, minha mais importante realização é sem dúvida meus três filhos. Não tenho nenhuma dúvida sobre isto. E todos nós de diferentes formas somos capazes de contribuir para a próxima geração tanto como pais e profissionais de saúde, como uma sociedade.” www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5330336/

O desenvolvimento do cérebro humano ocorre principalmente na gestação e infância. Pai e mãe precisam criar bom e forte vínculo com o filho, sem isso as crianças são menos prováveis de crescerem para se tornar adultos felizes, independentes e resilientes. Na idade de 3 anos, o cérebro de uma criança tem atingido quase 90% do tamanho adulto. As experiências que o bebê tem com seus cuidadores são cruciais para a rede de neurônios e habilita milhões e milhões de novas conexões no cérebro para serem feitas. Se experiências positivas não ocorrem entre o bebê e seus pais, os circuitos cerebrais necessários para a vivência de experiências humanas normais podem ser perdidos.

Ainda que bebês tenham profunda predisposição genética para unirem-se a um pai amoroso ou mãe amorosa, isto pode ser quebrado ou prejudicado se um pai, mãe ou outro cuidador do bebê for negligente, descuidado e inconsistente no lidar com a criança. Por exemplo, num momento a mãe abraça o bebê e o beija com carinho, e horas depois se irrita e age com frieza com ele. Você faz isso com sua criança? Descarrega frustrações que tem com seu marido ou esposa sobre seus filhos? Você grita ou bate nos seus filhos mais por causa da desavença com seu esposo ou esposa do que por erros cometidos pelas crianças?

Se você faz isso, pare com este abuso para não prejudicar o cérebro destas crianças e para não criar uma base emocional para doenças mentais no futuro nelas. De fato, estudos científicos têm mostrado que a habilidade de uma criança para formar e manter relacionamentos saudáveis na vida pode ser significativamente prejudicada por ter um vínculo inseguro com um cuidador primário, geralmente o pai e a mãe.

O cientista F. A. Champagne e a equipe do laboratório de Neuroendocrinologia Desenvolvimental da Universidade MgGill, em Montreal, Canadá, mostraram que ratos colocados sob o cuidado de mães afetivas, que davam atenção e lambiam seus filhotes carinhosamente, cresciam para ser melhores mães ao terem no futuro os filhotes. Este efeito é tão forte que pode se estender por duas gerações. A rata neta é melhor mãe e mais hábil para lidar com o estresse, tudo porque a avó rata cuidou bem da mãe desta rata neta. Fonte deste estudo: Champagne FA, Francis DD, Mar A, Meaney MJ. Variations in maternal care in the rat as a mediating influence for the effects of environment on development. Physiol. Behav. 2003.

As atitudes carinhosas das mamães ratos afetam seus filhotes de forma positiva de maneira que na geração seguinte e na próxima, os cientistas observaram que as ratinhas que receberam carinho da mãe, ao se tornaram mães, também foram mais carinhosas com seus filhotes e tendo melhor desempenho em situações de estresse. Você é uma mãe assim, carinhosa com seus filhotes? Ou é ríspida, impaciente, tão fissurada por romance e talvez sexo, a ponto de negligenciar o cuidado de seus filhos? Você é um pai amoroso com seus filhos, ou é fissurado em ganhar dinheiro e acha que dando presentes materiais para eles, isto cobre as necessidades de afeto e tempo seu para eles? As crianças precisam do afeto do pai e da mãe. Do pai e da mãe. Do homem e da mulher.

Estudos de cérebros de pessoas que praticaram o suicídio e foram vítimas de abusos quando crianças, mostram os mesmos modelos químicos encontrados nos ratinhos que foram abandonados pelas mães. Labonté B, Turecki G. Epigenetic effects of childhood adversity in the brain and suicide risk. In: Dwivedi Y. The neurobiological basis of suicide. pp. 275–290.

Crianças precisam de coisas simples na sua interatividade com os pais, como serem mimadas, receber colo, ganhar sorrisos, conversar com elas, dar atenção para a criança ao invés de um olho nela e outro no celular. Ao estar com a criança, desligue-se de tudo. Este vínculo mãe-bebê é essencial para a saúde física, mental e espiritual da criança.

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Nova Friburgo na CPI da Pandemia

quarta-feira, 19 de maio de 2021

Nova Friburgo na CPI da Pandemia
Nova Friburgo está na CPI do Senado que trata do enfrentamento à pandemia da Covid-19. Através da Procuradoria da República no município, a comissão recebeu dez anexos com documentos variados que tratam das ações na região que cabem ao órgão. Além de Nova Friburgo, há procedimentos instaurados em Trajano de Moraes e Carmo.   

Nova Friburgo na CPI da Pandemia
Nova Friburgo está na CPI do Senado que trata do enfrentamento à pandemia da Covid-19. Através da Procuradoria da República no município, a comissão recebeu dez anexos com documentos variados que tratam das ações na região que cabem ao órgão. Além de Nova Friburgo, há procedimentos instaurados em Trajano de Moraes e Carmo.   

Verbas para educação
Os arquivos, de maneira eletrônica, foram protocolados nesta terça-feira, 18, e já podem ser conferidos por qualquer cidadão através do Portal da Transparência do Senado. É o documento de número 238. Quanto a Nova Friburgo, a Procuradoria questionou o município acerca da aquisição de respiradores e para apurar eventuais irregularidades na aplicação de verbas federais destinadas à Educação durante o período de suspensão das aulas em virtude da pandemia causada pela Covid-19.

Centenas de documentos
As verbas para a educação é o mesmo objeto de apuração quanto aos municípios de Carmo e de Trajano de Moraes. A CPI recebeu também documentos fluminenses relativos às procuradorias de Itaperuna e Resende. Ao todo, até o fechamento desta edição, a CPI da Pandemia recebeu 243 documentos que vão desde municípios, passando por estados e obviamente, do Governo Federal e dos que já passaram por oitivas. 

À espera
Cachoeiras de Macacu ganhou no último sábado, 15, dia do seu aniversário, uma unidade da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), muito semelhante a que Nova Friburgo perdeu em 2016. São 300 vagas em formação profissional, com oportunidades nas áreas de Gastronomia, Gestão e Negócios, Informática e Turismo e Hospitalidade. Cursos que eram oferecidos na unidade friburguense desde 2008 e que foram descontinuados por falta de espaço ofertado pela prefeitura.  

Cozinha perdida
Inclusive, a cozinha que era de última geração, à época, foi motivo de polêmica, já que seus equipamentos foram para o Palácio Guanabara, sede do governo do Estado. Não se sabe ao certo se esses equipamentos continuam lá, uma vez que havia a promessa de que eles voltariam para a Faetec e de preferência para Nova Friburgo, quando aqui fosse reinstalada a unidade, algo que não ocorreu até hoje.

CVT Nova Friburgo
A desinstalação se deu, porque a prefeitura, à época, não quis mais arcar com o aluguel do CVT (Centro Vocacional Tecnológico) que funcionava em um espaço privado, no bairro Olaria. Justiça seja feita: houve uma tentativa de solucionar o problema passando a funcionar no Cederj, no Ciep de Olaria. Algo que não se consolidou. Mais tarde, buscou-se a instalação no Centro do Vestuário, na antiga Rodoviária Leopoldina, o que também não se efetivou. O município segue sem a unidade estadual de qualificação profissional.

Bolsas de estudo
Já que estamos falando de cursos de formação e oportunidades, a Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio (Faperj) lançou um edital inédito destinado a meninas e mulheres pesquisadoras, com bolsas que variam de R$ 210 a R$ 420 para alunas e de até R$ 1.600 para os professores envolvidos. Para os projetos os recursos podem chegar a quase R$ 200 mil.

Oportunidade
O “Programa Meninas e Mulheres nas Ciências Exatas e da Terra, Engenharias e Computação – 2021” visa apoiar a participação feminina em áreas em que tradicionalmente a presença masculina ocorre com mais frequência. Abrange ciência e tecnologia nas áreas de Ciências Exatas e da Terra e Computação e Engenharias. Podem participar alunas do ensino fundamental e médio. As inscrições podem ser feitas no site da Faperj até o dia 14 de junho.

Cursos online
A unidade de desenvolvimento tecnológico, através do Laboratório de Ensaios Mecânicos e Metrologia do IPRJ da Uerj em Nova Friburgo está com inscrições abertas para dois cursos online: "Modelagem de Peças e Conjuntos 3D" e "Introdução à Construção de Aplicativos Android com APP Inventor". O curso de modelagem será ministrado pelo técnico em mecânica Weslley Gomes, bolsista Proatec/Uerj e o de aplicativos pelo engenheiro Fernando Dias, bolsista da Faperj/TCT. Ambos com certificado.

Semana do Empreendedorismo
Para completar nossa imersão no mundo acadêmico e de formação, com muitas oportunidades, nesta semana, a Estácio Nova Friburgo realiza encontros de empreendedorismo. A Semana do Empreendedorismo voltada pala alunos de Administração, no entanto, é aberta a todos. Iniciada na última segunda-feira, 17, com o tema turismo, termina na sexta-feira, 21, com estratégias de combate às fake news. 

Palavreando
“E alguns me perguntam: como começo outra vez? E alguns se perguntam: quando nascerá o sol? E nos perguntamos: o que mudou em nós? E alguns me perguntam: reconstruiremos? E alguns se perguntam: como será o amanhã? E nos perguntamos: mudamos?”.

Foto da galeria
A operação Lei Seca esteve em Nova Friburgo no último sábado, 15. Pela primeira vez, realizou parte da operação em ponto incomum às operações anteriores. Além da Avenida Euterpe Friburguense, foi montada uma barricada de fiscalização próxima à rodoviária urbana. Não foi divulgado, até o fechamento desta coluna, o balanço da operação com o número de abordagens, motoristas flagrados e carros apreendidos.
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Sobre jabuticabas

quarta-feira, 19 de maio de 2021

Estou pensando em me oferecer um diploma

Estou pensando em me oferecer um diploma

Creio que foi em Santa Catarina que se deu mais esse fato esquisito do infindável rol de esquesitices brasileiras. É mais uma jabuticaba. Como sabem os ecológicos leitores, diz-se que é uma jabuticaba alguma coisa que não existe em lugar nenhum do mundo, só mesmo aqui. Por exemplo, a citada fruta, cujo nome, garantem os dicionários, vem do tupi iawotikáwa. Imagine se você fosse um curumim tupi e tivesse que gritar: “O pé de iawotikáwa está carregado!” Antes que você tivesse terminado a frase os outros moleques da aldeia já teriam devorado tudo. A jabuticaba é nossa de nascença, mas só continuam sendo nossa porque nenhuma potência mundial se interessou por ela, do contrário teriam feito o mesmo que fizeram com a madeira, ouro, prata e tudo o mais que puderam carregar.

Em todo caso, esquisitice não é exclusividade nossa, existe em todo lugar. Na Índia, para dar a ela coragem na vida, costumam jogar a criança recém-nascida do alto de um prédio, enquanto lá embaixo algumas pessoas a esperam com um lençol esticado. Vai que uma dessas pessoas tira a mão do lençol para coçar o sólido nariz ou espantar uma esvoaçante mosca. Na Rússia, quem chega atrasado tem, por castigo, que engolir vários copos de vodka, sendo que muito russo deve se atrasar de propósito. Também entre nós ia faltar cachaça, se os retardatários fossem obrigados a tomar umas doses.

Falando nisso, vocês já devem ter ouvido a história do voo em que faltou comida. As comissárias de bordo lamentaram que só houvesse quarenta refeições para os trezentos passageiros. E acrescentou que aqueles que abrissem mão da refeição poderiam receber bebida grátis e à vontade. Resultado: no fim do voo estavam sobrando quarenta refeições e faltava bebida, o que prova que as pessoas que bebem são muito solidárias e generosas. Eu, se estivesse presente, ia perguntar se não dava para ficar com meia refeição e meia bebida.

Mas, voltando à jabuticaba. Um oficial da PM catarinense recebeu uma medalha e um diploma concedidos pela corporação. Até aí, nada de mais, nada mais justo de que homenagear os policiais que se destacam no honroso serviço que prestam à população. O que é um pouco de se estranhar — ou pelo menos seria estranhável em países que não têm jabuticaba — é que o diploma foi assinado pelo próprio homenageado. Ou seja: o nobre soldado homenageou a si mesmo. Diga-se, em sua defesa, que ele não participou da reunião em que o assunto foi tratado e até declarou que o diploma não deveria ter sido emitido. Quanto à sua assinatura, foi explicado que era eletrônica e, mais, que não era de sua competência indicar ou vetar nomes para aquela honraria. Mas nem por isso deixa de ser uma jabuticaba. Ainda mais porque o presidente da comissão estava presente e ainda assim não se julgou impedido de ser igualmente agraciado.

Eu também gosto muito de homenagens. Recebo muito poucas e muito mais do que mereço. Mas agora que aquele nobre militar deu o exemplo, estou pensando em me oferecer um diploma, com algum elogio que não seja muito exagerado. Para não dar na vista, vou pedir à minha mulher que assine e faça a entrega. O perigo é que ela pode olhar o papel e dizer: “Mas como é que eu vou assinar uma mentira dessas?!”

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Nova Friburgo, uma senhora de 203 anos

quarta-feira, 19 de maio de 2021

Pelo segundo ano consecutivo, não tivemos como comemorar o aniversário da cidade. Nova Friburgo completou 203 anos no último domingo, 16, sem festas ou desfiles em virtude da pandemia que nos assola e transtorna a nossa existência. Nova Friburgo foi a primeira colônia não lusitana a ser fundada no Brasil em caráter oficial, no dia 16 de maio de 1818. D. João VI recém-coroado rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, ansioso por desenvolver a agricultura e intensificar a colonização no interior do Brasil. D.

Pelo segundo ano consecutivo, não tivemos como comemorar o aniversário da cidade. Nova Friburgo completou 203 anos no último domingo, 16, sem festas ou desfiles em virtude da pandemia que nos assola e transtorna a nossa existência. Nova Friburgo foi a primeira colônia não lusitana a ser fundada no Brasil em caráter oficial, no dia 16 de maio de 1818. D. João VI recém-coroado rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, ansioso por desenvolver a agricultura e intensificar a colonização no interior do Brasil. D. João VI assinou um decreto em que autorizava o agente do Cantão de Fribourg, na Suíça, a estabelecer uma colônia de 100 famílias na antiga Fazenda do Morro Queimado, no alto da serra.

Acreditava-se naquela época que o clima da região seria mais favorável para os imigrantes suíços apesar do terreno escolhido não ser o mais apropriado para a agricultura. A sede da colônia recebeu o nome de Nova Friburgo em função da procedência dos seus primeiros colonizadores, oriundos em maior quantidade do cantão suíço de Fribourg.

Como a patifaria é universal, Sebastien Nicolas Gachet incluiu mais 161 famílias do que havia sido combinado nos contratos firmados entre Portugal e a Suíça e, de 1819 a 1820, chegavam à Fazenda do Morro Queimado, pertencente ao município de Cantagalo, 261 famílias, pois Gachet quis lucrar mais do que o combinado. Talvez a confusão em se falar que Nova Friburgo foi colonizada por suíços advenha do fato de que a maioria das famílias que aqui chegaram, ser de colonos. Eles vieram para cá fugindo da fome e de dois invernos rigorosos que destruíram suas lavouras.

Assim, na realidade, eles foram os fundadores da cidade, pois, até 1818, o Brasil era uma colônia portuguesa, já que Pedro Alvares Cabral, nosso descobridor, era português e, quando aqui chegou em 1500, estava a serviço de D. Manuel, rei de Portugal.

A chegada de mais 161 pessoas foi um transtorno já que as acomodações não previam esse número, o que obrigou as autoridades a colocar mais de uma família por casa. Esse fato além da qualidade das terras disponíveis não ser adequada ao cultivo, desagradou os recém-chegados e muitos migraram para Lumiar, Bom Jardim e Santa Maria Madalena. O bisavô do meu sogro, um dos Voirol que aqui chegou, migrou para Sumidouro. O sobrenome da família foi aportuguesado para Warol.

São 203 anos de puro encanto, deixando uma marca no coração até de quem não é filho da terra. E desde os tempos mais antigos, essa cidade de temperatura amena no verão e fria no inverno, dona de belas paisagens vem conquistando fãs. Eu, por exemplo, vivo aqui desde 1977.

Tive de conhecer a história da cidade desde sua fundação, para entender o seu dinamismo, sua caminhada para o sucesso, suas conquistas. Foi de grande importância para escrever minha monografia de conclusão da faculdade de Comunicação Social, cujo título era “Rádio Sociedade de Nova Friburgo: A mídia falada chega a Friburgo”.

Além de ter sido um grande polo industrial até a crise do petróleo em 1982, a cidade foi e continua sendo um centro importante de cultura. Para se ter uma ideia dessa afirmação contávamos com pelo menos três bons teatros (hoje são quatro) e vários cinemas sendo os mais conhecidos o São José, o Leal e o Marabá, todos desaparecidos (hoje são seis, três no Friburgo Shopping e outros três no Cadima Shopping). Grandes colégios contribuíram e contribuem para o ensino não só de friburguenses como de jovens de outras cidades, pois o Anchieta em sua fase inicial era um internato, assim como Fundação Getúlio Vargas cujas atividades foram encerradas em 1977.

Além dos colégios mais tradicionais como o Nossa Senhora das Dores, o Mercês, o Jamil El-Jaick, o Ribeiro de Almeida (hoje Instituto de Educação de Nova Friburgo, Ienf), a cidade tem outros que contribuem para a educação dos futuros friburguenses.

Tudo isso, sem falar do seu potencial turístico não só por suas belezas (nossas montanhas, nossos vales e nosso visual principalmente ao entardecer), sua gastronomia, seu polo de moda íntima, o teleférico, a Queijaria Escola e muitas outras atrações.

Parabéns Nova Friburgo e que sua população reflita sobre o seu passado e projete um futuro ainda melhor.

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Salve as brenhas do Morro Queimado!

terça-feira, 18 de maio de 2021

Eis que a nossa “Princesa dos Órgãos, gentil, completou 203 anos no último domingo, 16, e ainda tão jovem e cheia de responsabilidades. O Caderno Z é um colar de pérolas adornado pelas joias da natureza. Regina Lo Bianco ilustra a capa, “nesta plaga onde o amor e a poesia, são como as flores nativas também”. É evidente que sentimos falta de um 16 de maio na Avenida Alberto Braune em meio aos festejos: desfiles, bandas, bandeiras, escolas, agremiações, colônias e muita alegria naquelas manhãs azuladas de um ventinho soprando nas orelhas.

Eis que a nossa “Princesa dos Órgãos, gentil, completou 203 anos no último domingo, 16, e ainda tão jovem e cheia de responsabilidades. O Caderno Z é um colar de pérolas adornado pelas joias da natureza. Regina Lo Bianco ilustra a capa, “nesta plaga onde o amor e a poesia, são como as flores nativas também”. É evidente que sentimos falta de um 16 de maio na Avenida Alberto Braune em meio aos festejos: desfiles, bandas, bandeiras, escolas, agremiações, colônias e muita alegria naquelas manhãs azuladas de um ventinho soprando nas orelhas. Basta “um olhar sobre a cidade”, como no texto de Daniela Mendes, que entendemos as mudanças decorrentes dos tempos e seus desígnios.

Em “Flagrantes das ruas de Nova Friburgo”, as fotos irradiam um pouco do cotidiano friburguense e as máscaras são o elemento comum em todas as fotografias, até nas estátuas. A pandemia mudou a cara de todos nós, mas a natureza mostra suas faces. O céu azul, as montanhas, riachos e roupa no varal emolduram o “doce anelo de nossa esperança....”

A história de uma cidade se consolida no prêmio das mentes iluminadas, e Carlos Jayme Jaccoud pertence a essa plêiade de ilustres historiadores. A reprodução de sua narrativa sobre a gripe espanhola em 1918, documentada pela Fundação D. João VI é um precioso documento. No registro: “com a rapidez com que a gripe chegou ela se foi”. Houve missa “pelo término da terrível epidemia”. Que chegue, então, o nosso tempo de ação de graças pelo fim da Covid-19. Saindo do Z, vamos com Wanderson Nogueira, em “confissões de um sonhador: “Com união da nossa história com o presente, o futuro e todos aqueles que reconhecem a necessidade de ousar...”.

Na edição comemorativa dos 203 anos de nossa cidade, muitas felicitações de renomadas empresas friburguenses falam por todos nós. São votos de força e de esperança, tudo o que precisamos para vencer o momento tenebroso da pandemia do coronavírus. Ao contrário do atual cenário, em 16 de maio de 1971, a coluna “Há 50 anos” nos mostrou como era comemorado, com pompa e circunstância, o 153º aniversário do município.

Movidos por sentimentos de pesar, fechamos a semana com 566 mortos, um índice muito alto, que nos assusta. O cotidiano tem que prosseguir com suas demandas e coisa alguma nos garante uma segurança 100% eficaz. Protocolos são experimentações e até mesmo a ciência ainda busca soluções mais definidas. Na reportagem de Christiane Coelho, o historiador Edson Lisboa relata episódios de enfrentamentos em outras epidemias e um dado curioso sobre “um remédio caseiro” para a gripe espanhola em 1918: “cachaça com limão e mel”, o que fez surgir a famosa “caipirinha”.

Com a bandeira vermelha, indicadora de risco alto, as aulas presencias voltam gradativamente em algumas escolas municipais. E, por enquanto, não se programa a vacinação dos professores e demais profissionais da educação. Vamos batendo nessa tecla até que haja prioridade para os guerreiros do setor educacional. E por falar em guerreiros, um viva para os assistentes sociais que celebram sua data festiva em 15 de maio. Na reportagem de Christiane Coelho, a assistente Ana Olivia Verly ressalta: “Não atendemos somente a classe mais vulnerável no que é pertinente à renda, qualquer pessoa pode estar vivenciando uma situação de vulnerabilidade”.

A VOZ DA SERRA nos trouxe uma edição lindíssima, com todas as páginas ilustradas por fotos trabalhadas pela nossa chefe da diagramação, Deise Silva. Que primor apaixonante! Eu adorei. Que beleza também encontrar o artista plástico Mário Moreira, meu professor por tabela, que nos apresentou “Praça Getúlio Vargas ontem e hoje...”, possibilitando “uma visão das mudanças dos espaços urbanos ao longo da história”. Lindo demais! E com Girlan Guilland, vamos “por um olhar de futuro”, pois, “nossos problemas não podem suplantar a poderosa força de sermos criativos, de nos superarmos e tentarmos sempre avançar”. Como na charge de Silvério: Força, Coragem e Esperança! “Salve as brenhas do Morro Queimado...”.  Parabéns, Nova Friburgo!

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Amanhã, maior idade!

terça-feira, 18 de maio de 2021

Amanhã, maior idade!

Esta quarta-feira, 19, será um dia muito especial e marcante para o querido casal Michele e Jorginho Sorrentino.

É que a linda e charmosa filha do casal, Maria Fernanda Ferreira Sorrentino (foto), estará, também para satisfação dos demais familiares, completando 18 anos. Parabéns para a jovem, assim como para os pais com votos de continuas felicidades, sucessos e tudo de bom.

Roqueano, ano 68

Amanhã, maior idade!

Esta quarta-feira, 19, será um dia muito especial e marcante para o querido casal Michele e Jorginho Sorrentino.

É que a linda e charmosa filha do casal, Maria Fernanda Ferreira Sorrentino (foto), estará, também para satisfação dos demais familiares, completando 18 anos. Parabéns para a jovem, assim como para os pais com votos de continuas felicidades, sucessos e tudo de bom.

Roqueano, ano 68

Mesmo com suas atividades respeitando os protocolos de segurança em razão da pandemia que ainda enfrentamos, o Roqueano Social Clube, um dos representativos patrimônios de Olaria, o mais populoso bairro de Nova Friburgo, chegou a uma bela marca.

No último dia 13, o Roqueano completou seu 68° ano de fundação e por isso, na pessoa do atuante presidente, Carlos Alberto Muzzi, enviamos os parabéns a diretoria e toda família RSC.

Idade nova à vista

Na próxima segunda-feira, o simpático e competente profissional da segurança patrimonial, Queops Santiago de Oliveira (foto) estará completando 42 anos, dividindo esta satisfação com seus parentes e amigos.

Por esta alegre razão antecipamos ao querido Queops nossos cumprimentos e felicidades desde já.

Dia do Botafogo

No último domingo, 16, as comemorações não foram só por conta do 203° aniversário de existência de nossa querida e amada Nova Friburgo.

Conforme o leitor e amigo, empolgado botafoguense de sempre, Maurício Patuelli, o 16 de maio marcou também o Dia do Botafogo. Esta data, conforme também salienta Maurício, foi instituída em razão de ser a do nascimento do mais extraordinário atleta botafoguense e um dos maiores craques da história do futebol brasileiro da Ilha do Governador, no Rio, Nilton Santos, que se não tivesse falecido por Alzheimer em 27 de novembro de 2013, teria completado neste domingo 96 anos de idade.

Vivas para Márcia

Pelo aniversário natalício que completará na próxima sexta-feira, 21, desde já os parabéns desta coluna para a querida Márcia Carestiato Sancho, empresária e diretora regional da Firjan, a Federação das Indústrias do Estado do Rio, em Nova Friburgo. Felicidades, sucessos e tudo de bom, Márcia!

Parabéns, Hideraldo!

Como nunca é demais cumprimentar pessoas queridas e verdadeiramente admiráveis, nossas congratulações ao Hideraldo Santarém, morador de Olaria, que na última sexta-feira, 14, completou mais um aniversário. Felicidades!

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Parabéns Nova Friburgo!

terça-feira, 18 de maio de 2021

Celebramos no último domingo, 16, os 203 anos da fundação de Nova Friburgo, única cidade brasileira criada por um decreto real do então rei de Portugal, Dom João VI. A estimada cidade da serra fluminense traz em sua história inúmeras marcas de inovação e superação. Sua colonização foi planejada a fim de estreitar os laços do rei de Portugal com os povos germânicos na luta contra o Império Francês. Seu nome foi dado pelos suíços em homenagem à Fribourg, de onde partiu a maioria das 265 famílias suíças que aqui se instalaram.

Celebramos no último domingo, 16, os 203 anos da fundação de Nova Friburgo, única cidade brasileira criada por um decreto real do então rei de Portugal, Dom João VI. A estimada cidade da serra fluminense traz em sua história inúmeras marcas de inovação e superação. Sua colonização foi planejada a fim de estreitar os laços do rei de Portugal com os povos germânicos na luta contra o Império Francês. Seu nome foi dado pelos suíços em homenagem à Fribourg, de onde partiu a maioria das 265 famílias suíças que aqui se instalaram. Ainda sobre sua gênese, podemos afirmar que foi o primeiro município no Brasil colonizado por alemães.

Desde então, Nova Friburgo passou a ser um local onde pessoas dos mais diferentes lugares do mundo encontraram morada. O clima típico da cidade é um convite a conhecer e se apaixonar. À luz da história esta celebração se enche de significados importantes para as pessoas que aqui construíram suas vidas e suas famílias. Na construção do futuro é essencial olhar o passado e recordar tanto os acontecimentos felizes quanto os tristes.

Devemos celebrar não somente as vitórias, mas, principalmente, a superação de um povo que luta e confia. No exercício da fé recordar que Deus sempre se faz presente com seu amor e sua misericórdia.

Mais uma vez estamos vivenciando um momento crítico da história, não só de nosso município, mas do mundo inteiro. Poderíamos, assim, acreditar que não teríamos nenhum motivo para celebrar. Afinal, nos últimos meses, perdemos mais de 500 irmãos nossos para a Covid-19. Contudo, limitar a alegria de toda uma vida somente ao momento presente é enganar-se. A vida não se encerra no agora, ela é uma construção, uma sucessão de instantes que tecem a história pessoal e comunitária. O anseio pela alegria inscrito no coração humano, neste mundo “é contrastado com os lamentos e gritos que provêm de tantas situações dolorosas: miséria, fome, doenças, guerras, violências” (Bento XVI, Páscoa 2011).

O valor e a fortaleza dos primeiros habitantes destas terras estão marcados na identidade do povo friburguense. Estes homens e mulheres, na busca de realizar o sonho de um lar para seus filhos, enfrentaram todo o tipo de dificuldades desde o desterro de suas terras natais, nas longas viagens de navios e no desbravamento deste chão para se estabelecerem.

Neste sentido, celebrar é mais que exaltar os momentos felizes da vida, é recordar também as dores e as vitórias, na certeza de que Deus, Senhor e Mestre da História (cf. Catecismo §269; 304; 450), sempre manifesta sabiamente todos os seus prodígios, mesmo que oculto à percepção humana. A razão para celebrar, mesmo em situações conflitantes, advém da certeza de que “a história presente não permanece fechada em si mesma, mas está aberta para o reino de Deus” (Sollicitudo rei socialis, 47).

A história de Nova Friburgo, é formada por fatos marcantes que se contabilizam entre momentos difíceis e felizes, mas o que é digno de comemoração é, sem dúvida alguma, o povo que aqui reside e sua capacidade de superação.

Muito há que se fazer. O sonho de um lugar melhor para nossos filhos ainda não foi totalmente concretizado. A história é dinâmica e depende de cada um de nós, no exercício de nossas funções escrevê-la do melhor modo possível.

Parabéns à cidade de Nova Friburgo! Parabéns a todos os friburguenses que construíram e continuam a construir a história desta terra, a nossa história!

Foto da galeria

Padre Aurecir Martins de Melo Junior é assessor diocesano da Pastoral da Comunicação. Esta coluna é publicada às terças-feiras.

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Beijo de cetim

segunda-feira, 17 de maio de 2021

Hoje darei um tom psicanalítico a esta coluna por causa de um amigo de oficina literária, Pablito, que teve o carinho de me enviar um vídeo sobre o texto “O Poeta e o Fantasiar”, escrito por Freud, em 1908.

Hoje darei um tom psicanalítico a esta coluna por causa de um amigo de oficina literária, Pablito, que teve o carinho de me enviar um vídeo sobre o texto “O Poeta e o Fantasiar”, escrito por Freud, em 1908.

O mestre da Psicanálise revela que o homem, por ser beneficiado pelas capacidades criativa e inventiva, sente-se encantado com o fantasiar, como forma de externar ou materializar seus desejos. A criação poética é, portanto, resultado desse potencial, e é possível relacioná-lo à brincadeira infantil, sempre construída por fantasias. Todos nós, humanos, somos poetas por essência, porém os que se tornam poetas de fato são aqueles que não perdem na vida adulta o hábito de elaborar realidades psíquicas tais quais faziam quando crianças, quando lidavam com os momentos lúdicos com veracidade, atribuindo importância relevante ao que faziam. Da mesma forma que o escritor quando cria narrativas literárias, seja em prosa ou poesia. Inclusive, um dos princípios básicos da ficção é a verossimilhança, ou seja, os universos ficcionais imaginados pelo autor precisam ser semelhantes à vida para dar ao leitor a impressão de concretude. 

Só se torna poeta aquele que não renuncia ao “faz de conta” infantil, que, na vida adulta, é substituído pelo fantasiar, através do sonhar diurno e noturno. Ah, no poema “Cancioneiro”, Fernando Pessoa tão bem reflete sobre o fazer poético, dando completa razão a Freud.

O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que leem o que escreve
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só as que eles não têm.

Mas assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Freud considera que tanto a brincadeira, como o poetar são atos psíquicos íntimos, atividades pessoais únicas. O fazer literário é uma forma do adulto não deixar que seus desejos fiquem ou continuem reprimidos, materializando-os através de palavras trabalhadas e cuidadas, que externam seus anseios, suas insatisfações. Poderia, neste mundo, não existir a arte? Uma atividade humana que acolhe a falta, a ausência, o medo. O enlevo.

Somos seres incompletos e desejantes, sempre em busca de prazer. O fazer poético se faz necessário para que não adoeçamos ou enlouqueçamos com os tantos desejos que guardamos, muitas vezes, desde os mais tenros momentos de vida. É um fazer que os atualiza sempre, tornando-os presentes em cada poesia e guardando-os para o futuro nos livros e arquivos. Eternizando-os.

Ao lidar com seus desejos, o escritor acaba nos presenteando com palavras, ideias, histórias. Sua dor sempre se transforma em beijos, que podem ter a maciez do cetim e a fúria dos mares. Até o gosto salgado de lágrimas infinitas.

 

 

 

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