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Sonho de uma categoria destruído com uma única canetada

terça-feira, 13 de setembro de 2022

Com uma única canetada o membro do STF, Luís Roberto Barroso, destruiu o sonho de uma categoria em ter seus salários reconhecidos e valorizados. Além disso, mais um crime foi cometido pelo STF ao transgredir a tão decantada independência dos três poderes e apunhalar a Carta Magna do país, que reza em um de seus vários artigos que as decisões do Legislativo, Executivo e Judiciário devem ser, em princípio respeitadas.

Com uma única canetada o membro do STF, Luís Roberto Barroso, destruiu o sonho de uma categoria em ter seus salários reconhecidos e valorizados. Além disso, mais um crime foi cometido pelo STF ao transgredir a tão decantada independência dos três poderes e apunhalar a Carta Magna do país, que reza em um de seus vários artigos que as decisões do Legislativo, Executivo e Judiciário devem ser, em princípio respeitadas.

Ao suspender por 60 dias os efeitos de uma lei, a de número 14.434/2022, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente da República, Barroso sem julgar o mérito de ser essa lei constitucional ou não, simplesmente atendeu o pedido da Confederação Nacional de Saúde, Hospitais e Serviços. O CNSaúde alegou ser a lei inconstitucional alegando que há riscos de demissões em massa, pois o setor privado não teria condições de arcar com os novos salários da categoria. De acordo com a lei os salários de uma enfermeira diplomada passaria de R$ 2.800 para R$ 4.750, a dos técnicos de enfermagem seria de R$ 3.325 em vez de R$ 1.600 e a de auxiliares de enfermagem e parteiras seria de R$ 2.375, ao contrário dos R$ 1.300 atuais.

Se levarmos em consideração que nenhum serviço de saúde, privado ou não, consegue funcionar a contento sem ter uma equipe paramédica de qualidade, essa alegação de demissão em massa é pura falácia. Temos de levar em consideração, ainda, que para diminuir custos o setor privado trabalha com números enxutos de profissionais, pois o que conta é o lucro que hospitais e serviços de saúde auferem no final do mês. No serviço público as coisas são um pouco diferentes, pois a política de emprego é um pouco diferente, já que não existe a preocupação com a lucratividade.

Os salários propostos pela nova lei corrigem uma distorção enorme, pois se levarmos em conta o trabalho que enfermeiras, técnicos de enfermagem e auxiliares de enfermagem têm no dia a dia de hospitais, clínicas e afins, nada mais justo que esse aumento de 58%. Ele é uma bonificação, em boa hora, a profissionais que lidam com o dia a dia daqueles que estão num momento de sofrimento ou necessidade, e que têm de trabalhar sempre com gentileza e um sorriso nos lábios.

Além disso, se formos esperar que os hospitais se adaptem a esses novos salários, vamos ter de aguardar até que a lua nasça quadrada, pois a possibilidade de aumento salarial sempre foi uma aspiração dessa categoria, que vive de dissídios coletivos de sindicatos da categoria, que nem sempre chegam a valores mais justos. Sem falar que no setor público o último aumento foi em 2017 e no setor privado não me lembro de qualquer aumento, a não ser os salários que sofrem reajustes de acordo com o salário mínimo nacional.

É engraçado que num estalar de dedos os membros do STF decidiram por um aumento de 18% nos seus vencimentos e só dependem agora da chancela do Congresso Nacional, que por ter seu salário atrelado aos dos membros do STF, vão aprova-lo de olhos fechados. Enquanto isso o funcionalismo público amarga um encolhimento dos seus ganhos mensais, causado pela inflação e a aumentos dos impostos. Não teve nenhum membro do STF a contestar esse mimo, que a meu ver, também, é inconstitucional pois foge à isonomia dos três poderes. Por que só o STF?

Em Nova Friburgo, houve um ato na última sexta feira, 9, na Praça Dermeval Barbosa Moreira, dos profissionais de enfermagem, para protestar contra a medida de Luís Roberto Barroso, que aderiu à solicitação de uma mobilização nacional. Que essa esdrúxula canetada seja o mais rapidamente anulada e que o justo aumento desse segmento da saúde seja mantido. Devemos nos lembrar sempre que nenhum médico, clínico ou cirurgião, e nenhum hospital ou serviço de saúde funciona, sem um bom quadro de enfermagem a sua disposição.

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Mestre em proximidade

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

A grande novidade do cristianismo é a proximidade de um Deus que se faz homem. Sua crença não se baseia em um ser divino que está ao longe, mas sim que vem ao encontro da humanidade.

Em sua Carta aos Filipenses, São Paulo enaltece a humildade de Jesus Cristo em não se apegar à sua condição divina, “Ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens. Encontrado com aspecto humano, humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fl 2,7-8).

A grande novidade do cristianismo é a proximidade de um Deus que se faz homem. Sua crença não se baseia em um ser divino que está ao longe, mas sim que vem ao encontro da humanidade.

Em sua Carta aos Filipenses, São Paulo enaltece a humildade de Jesus Cristo em não se apegar à sua condição divina, “Ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens. Encontrado com aspecto humano, humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fl 2,7-8).

Esta característica divina pode também ser percebida na conhecida Parábola do Filho Pródigo. O Pai que ao ver o filho regressar ao longe na estrada corre ao seu encontro, o abraça, ama-o e devolve sua dignidade (cf. Lc 15, 20-22).

Por vezes, diante das dores da vida, somos levados a crer que Deus se afastou de nós, ou até mesmo que Ele não nos ama. Mergulhamos tão profundamente em nós, em nosso egoísmo que não percebemos todas as investidas da parte de Deus de se fazer próximo. E vamos nos afastando cada vez mais. Mas, Ele não desiste de nós.

Nosso Deus não é um Deus isolado, é um Deus-com, em particular conosco, isso é, com a criatura humana. O nosso Deus não é um Deus ausente, levado por um céu distante; é, em vez disso, um Deus ‘apaixonado’ pelo homem, tão ternamente amante a ponto de ser incapaz de se separar dele. Nós humanos somos hábeis em cortar ligações e pontos. Ele, em vez disso, não. Se o nosso coração se esfria, o seu permanece sempre incandescente. O nosso Deus nos acompanha sempre, mesmo se porventura nós nos esquecêssemos Dele. Na linha que divide a incredulidade da fé, decisiva é a descoberta de ser amados e acompanhados pelo nosso Pai, de não sermos nunca deixados sozinhos por Ele” (Audiência geral, 26 abr. 17).

A dinâmica da História da Salvação nos ensina que, apesar de nossa infidelidade, Deus está sempre nos atraindo a Si. Chegou ao ponto de enviar seu Filho Único a morrer na cruz para nos recuperar das garras da morte e do pecado.

O Santo Padre, em uma de suas homilias, lembra que a Bíblia diz que Deus falava ao povo, manifestando Sua proximidade, como um pai com Seu filho. “São as mãos de Deus que nos acariciam nos momentos de dor, confortam-nos. É nosso Pai que nos acaricia! Ele nos quer tão bem. E até mesmo nessas carícias, muitas vezes, há o perdão” (Homilia, 12 nov. 2013).

Em outra reflexão o Pontífice frisou que “Jesus ‘entendia’ os problemas das pessoas, as suas dores, os seus pecados. Ele compreendeu bem que aquele paralítico no tanque de Betsaida era um pecador e, depois de o ter curado, o que lhe disse? ‘Não voltes a pecar’. Disse o mesmo à adúltera” (Homilia, 09 jan. 2018).

Assim, como resposta a esta proximidade com Deus, também nós precisamos buscar proximidade com Ele. E para isso existem vários meios.

Sem dúvidas, a vida de oração é a principal via de cercania com Deus. Na oração encontramos um lugar no qual podemos abrir nosso coração, apresentar nossas angústias e sofrimentos a quem, de fato, está disposto a nos escutar. E Ele nos responde. Seja de modo ordinário ou extraordinário. Há quem o escute como uma voz interior, mas sempre o podemos escutar em sua Palavra e na vida dos irmãos. A autêntica proximidade com Deus nos leva ao encontro dos irmãos, de suas dores e necessidades.

Padre Aurecir Martins de Melo Junior é assessor diocesano da Pastoral da Comunicação

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Encontro da Família Erthal

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Depois de mais de dois anos sem ser realizada presencialmente, devido à pandemia, a tradicional Família Erthal, que tem no vizinho município de Bom Jardim uma grande concentração de seus membros, anuncia o retorno dos seus grandes encontros festivos.

No próximo dia 24, um sábado, a partir das 11h, no Pesqueiro Remanso Verde, no distrito bonjardinense de São José do Ribeirão, acontecerá o 42º Encontro dos Erthal, com programação variada e  muitas atrações.

Depois de mais de dois anos sem ser realizada presencialmente, devido à pandemia, a tradicional Família Erthal, que tem no vizinho município de Bom Jardim uma grande concentração de seus membros, anuncia o retorno dos seus grandes encontros festivos.

No próximo dia 24, um sábado, a partir das 11h, no Pesqueiro Remanso Verde, no distrito bonjardinense de São José do Ribeirão, acontecerá o 42º Encontro dos Erthal, com programação variada e  muitas atrações.

Trabalhando já há algum tempo para esta realização de muito congraçamento, com união e alegria, está o presidente deste Encontro, Milton Erthal Júnior, com a vice Daisy Lúcia Freitas Camachos e diversos membros que integram a dedicada comissão constituída para o evento.

 Henrique e Laila vão recasar

No próximo sábado, 17, às 11h, na Capela do Colégio Nossa Senhora das Dores, o querido e conhecido casal Henrique Cordeiro Correia e Laila Chermont Abicalil, estará confirmando a união a dois.

Na ocasião, Laila e Henrique vão selar, inclusive em homenagem ao pai dela, o saudoso Elias Abicalil, a relação de muito amor e carinho entre eles, iniciada em 24 de setembro de 1988, um sábado de lua cheia, na pérgola da piscina do antigo Hotel Sans Souci.

 Desde já, nossos cumprimentos ao estimado casal.

Linda união no Poço Feio

Prestigiado pelas agradáveis presenças de seus familiares e amigos mais próximos, os queridos jovens da foto, Mark Spitz e Juliana Brust Carrió em companhia de suas filhas Larinha e Luiza, se casaram na tarde do último sábado, 10, em aprazível local no distrito de Lumiar, junto ao badalado ponto turístico Poço Feio.

Aos queridos amigos, Mark, que é filho do saudoso vereador friburguense Dirceu Spitz e Juliana, filha do empresário Sebástian Carrió, do tradicional restaurante Majórica, nossos votos de eternas felicidades conjugais com cumprimentos aos familiares.

Mãe e filha aniversariando

No último domingo, 11, um almoço em família no Jardim Ouro Preto, marcou as comemorações antecipadas e em dose dupla de felicidades dos aniversários de Nélia Gomes Sarno e sua filha Tatiana.

Para a Nélia que estreou idade nova nesta segunda-feira, 12,  12, e a Tatiana, que troca de idade amanhã, 14, parabéns com desejos sinceros muitas felicidades e tudo de bom.

Esperança de volta

A esperança, como dizem, é a última que morre e em verdade, nem sempre morre!

Por isso, a tradicional Farmácia Esperança, no Centro, que tinha fechado suas portas há alguns meses, em decorrência de uma lastimável tragédia familiar, está se preparando para retomar suas atividades em breve.

Festa da Canjica

Da próxima sexta-feira, 16, até domingo, 18, acontecerá na localidade de Conquista, ao lado da Ceasa, a concorrida Festa da Canjica, que é pedida certa para quem gosta desta iguaria e deseja curtir muitas atrações que animarão também o encontro.

 

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A VOZ DA SERRA é um banho de luz que ilumina a nossa alma!

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

O  Caderno Z do último fim de semana nos brindou com uma edição mais do que oportuna e o assunto está, literalmente, na boca do povo, já que é pela boca que somos fisgados diante de um bom prato de guloseimas. Antigamente, elogiava-se a pessoa robusta, o que significava ser forte e saudável. Mas, os conceitos mudaram e há estudos de que o aumento de peso pode desencadear inúmeras doenças, entre elas, a diabetes e a hipertensão.  

O  Caderno Z do último fim de semana nos brindou com uma edição mais do que oportuna e o assunto está, literalmente, na boca do povo, já que é pela boca que somos fisgados diante de um bom prato de guloseimas. Antigamente, elogiava-se a pessoa robusta, o que significava ser forte e saudável. Mas, os conceitos mudaram e há estudos de que o aumento de peso pode desencadear inúmeras doenças, entre elas, a diabetes e a hipertensão.  

O Dia do Gordo, celebrado em 10 de setembro, é uma data para reflexões contra a gordofobia, um chamado para a desconstrução de antigos preconceitos. A análise sobre a expressão “olho gordo” propõe um olhar crítico ao seu enunciado, porque “relaciona sobrepeso com inveja”. Assim como a gordura não é sinal de saúde, a magreza também não tem essa conotação. “Emagrecer aumenta a estatura?” A pergunta não tem resposta exata, mas, de qualquer forma, deixa um alento de que, esteticamente, a pessoa deu uma esticada.

 A obesidade infantil é um desafio enorme, porque a criança costuma se alimentar do que lhe é prazeroso, não do alimento natural, mais saudável. A prática de esportes, as brincadeiras e as aulas de educação física na escola são fundamentais para manter a boa forma dos pequenos. Hábitos alimentares mais sadios em casa dão bons exemplos que podem acompanhar a criança na vida adulta, quando a alimentação mais natural deixará de ser imposta, mas se transformará em um estilo de vida para toda a vida.

Christiane Coelho abordou, de forma ampla, a problemática dos tempos modernos, quando as crianças e os jovens se debruçam de modo excessivo diante de seus aparelhos tecnológicos, prática que foi quase obrigatória no período da prolongada quarentena do coronavírus. A psicóloga clínica, Priscila Mengali, e a professora Claudinha Aguiar ressaltam a importância das tecnologias, mas, alertam para o tempo de uso, sem que haja prejuízo para as atividades presenciais dos convívios sociais. Na atual dependência tecnológica, somos nós, os adultos, os maiores difusores das telinhas virtuais. O bebê, desde o colinho da amamentação, começa a perceber que a função do aparelho mágico nas mãos da mãe será entretenimento na ponta de seus dedinhos.

“Criando esperança através da ação” é o lema da campanha de outra celebração em 10 de setembro: o Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio. A mestra em Biologia Celular e Molecular, Leila Monnerat, destacou: “Suicídio é um tema muito delicado. Passa por questões de saúde pública e igualdade social. Para abordá-lo é necessário ter empatia e bom senso. Mas ele precisa ser exposto. É preciso falar sobre. Debater e estabelecer políticas públicas eficazes. Deve ser uma bandeira levantada por todos, não apenas por profissionais de saúde mental. E não apenas em setembro.” Suas considerações abrangem toda a extensão do problema porque “cada vida importa”.

A saúde é o que interessa e por mais que essa frase seja, muitas vezes usada aleatoriamente, saúde interessa e muito. Por isso mesmo, não se concebe que a classe de seus servidores na área de enfermagem tenha que fazer manifestação para reivindicar melhores salários. O período crítico da pandemia, por exemplo, foi um divisor de águas para entendermos que os abnegados anjos das enfermarias deveriam ter melhor reconhecimento de seus préstimos. A “doença” da saúde no Brasil começa justamente na ineficácia da valorização dos seus profissionais, porque o assunto tem muita pressa.

Na última estação da viagem literária do fim de semana destaco que o  jornal está lindo com as cores do artista Maycon Rocha. A sede de A VOZ DA SERRA está mais bonita, porque o jornal tem sede de encantamento. Da charge de Silvério ao ponto final, tudo encanta. E os Jogos Florais de 2022, evento super divulgado em suas páginas durante toda a semana, dão provas de que as nossas trovas continuam mantendo a primazia de que o jornal sempre foi a nossa VOZ, desde os primórdios de 1959, quando Luiz Otávio e J.G.de Araújo Jorge criaram o nosso movimento. A Gratidão é um sentimento inesgotável. Adriana Ventura e sua maravilhosa equipe, nossa eterna gratidão!

 

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Adeus, Loni!

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Ontem minha mãe perdeu um amigo e companheiro, o Loni, seu cão, que a acompanhou ao longo de mais de dezoito anos. Foi um momento de delicadeza emocional, em que a tristeza se misturou com lembranças de um tempo de felicidade, durante o qual, de modo recíproco, eles participaram e deram alegria à vida um do outro.

Ontem minha mãe perdeu um amigo e companheiro, o Loni, seu cão, que a acompanhou ao longo de mais de dezoito anos. Foi um momento de delicadeza emocional, em que a tristeza se misturou com lembranças de um tempo de felicidade, durante o qual, de modo recíproco, eles participaram e deram alegria à vida um do outro.

Quando a Vênus partiu, minha cadela a quem dediquei amor profundo, ganhei de uma vizinha o livro, já em sua 11ª. edição, “Todos os Animais Merecem o Céu”, de Marcel Benedeti (1962-2010), editado por Mundo Maior Editora, da Fundação Espírita André Luiz.  O autor era médico veterinário, que escreveu vários livros sobre a vida espiritual dos animais, sendo esta obra ganhadora do prêmio João Castardelli, em 2003. Li com emoção o livro, principalmente as lições que me ofereceu em termos de humildade, paciência, resiliência e fidelidade. Os animais têm funções para como os humanos, da mesma forma que nós para com eles. “O que os animais adquirem como aprendizado permanecem com eles durante a eternidade, e o que foi aprendido sempre será útil, posteriormente, em vidas futuras”. (Benedetti, Marcel, in Todos os Animais Merecem um Céu) 

Não sou espírita, mas por tudo o que aprendi a respeito dos animais, o que vivi com aqueles que são e foram meus, e com que os que apenas conheci, tenho concluído que eles têm um engrandecimento transcendental. Tenho percebido isso quando chego ou volto para casa, quando me fazem sentir vontade de estar com eles, seja pelo prazer e pelo afeto, pela troca de amor. Os animais amam incondicionalmente! Ao ler “Angel Dogs: Anjos de Quatro Patas”, de Allen e Linda Anderson, editado pela Giz Editorial,  tive o conhecimento que os animais são anjos que vêm para apoiar a nossa trajetória existencial cheia de alegrias e afetos, de perdas e conquistas, de tragédias e desafios. Depois de ler a obra, constatei que todos os animais que tive vieram em épocas especiais, em que eventos de forte significação aconteceram na minha vida, como nascimentos e mortes, mudanças e amadurecimentos. Antes de meus filhos nascerem, quis ter um cachorro e tivemos o Zeus. Ele foi nosso companheiro durante quase treze anos. Quando Beto e Gabi entraram na adolescência, ele partiu. Tempos depois tive a Vênus, que acompanhou nossa família em vários momentos especiais, quando tive câncer, meu marido enfartou, minha filha foi morar fora do país e, por fim, meu filho faleceu. Depois Vênus partiu. Tivemos também a Hyra que ficou conosco o tempo suficiente para nos acompanhar nos momentos de perda e luto. Assim que nos recompusemos ela se foi. 

Depois dos conhecimentos que adquiri a respeito, constato que tenho a função de fazê-los evoluir como seres animais. Todos nós, os animais e as pessoas da minha família, nos transformamos, aprendemos a cuidar, a ter paciência e a respeitar as diferenças.

Assim foi o Loni. Acompanhou mamãe no envelhecimento dela, no divórcio, na mudança de moradia. E ela o melhorou como animal não adestrado. Ah, como era levado e tinha vontade própria imponente!

Nos momentos de partida nós os acompanhamos com amor. Acredito que o modo como nos despedimos deles, oferece-lhes tranquilidade para retornarem ao mundo do qual vieram. “Se Ele permite que passemos por situações como essas, é porque é importante para nós e para nossa existência”. (Benedetti, Marcel, in Todos os Animais Merecem um Céu) 

Enfim, amar os animais é um grande aprendizado. Um dos mais humanos que a vida pode nos oferecer. Eles nos ensinam com o olhar, com atitudes e afeto. São grandes mestres.  

 

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Comício da Arena em “Olaria do Cônego” um espetacular sucesso

sábado, 10 de setembro de 2022

Edição de 9 e 10 de setembro de 1972

Pesquisado por Thiago Lima

Manchetes

Edição de 9 e 10 de setembro de 1972

Pesquisado por Thiago Lima

Manchetes

Comício da Arena em “Olaria do Cônego" um espetacular sucesso - A Arena iniciou na "Olaria do Cônego", um chuvoso 1º de setembro, a sua campanha eleitoral em direção à sucessão do prefeito Feliciano Costa, tendo o seu comício obtido espetacularíssimo sucesso. Inacreditável a presença do povo com a baixa temperatura e com chuviscos constantes, como aconteceu. O quartel-general arenista esteve presente. Anotamos os que discursaram: Ariosto Bento de Mello, Cesar Guinle, Rafael Jacoud, Feliciano Costa, Alvaro de Almeida, Messias de Moraes Teixeira, Ronaldo Laginestra, José de Almeida Rios, José Melhorança, Denis Rios, e Geraldo Pinheiro. As orações foram entrecortadas de aplausos. O incisivo discurso de Alvaro de Almeida, recebeu especiais ovações. A cada período, o orador era interrompido assim como num crescendo de aplausos conseguiu o prestigiado homem público terminar o seu improviso. Foi realmente impressionante a animação dos assistentes.

Dia da Pátria - Movimentadíssimo e muito bem organizado o desfile do “Dia da Independência”. Hora exata prevista para o seu início, diminutos intervalos entre desfilantes, pista desimpedida e especial vibração dos assistentes postados, ao longo da Rua Alberto Braune. Excelente espetáculo! 

Dr. Waldir Costa - Ganha importante batalha pró professoras nomeadas em 1971, que conseguiram, graças também, aos esforços do diligente parlamentar, participar do concurso de remoção. Não só discursando na Assembleia, como articulando-se com o líder do governo, deputado Alberto Torres, o representante do povo friburguense, trilhou caminho certo obtendo sucesso muito apreciado e festejado pelas modestas mestras que pleiteavam a medida”. 

Alvaro carregado em triunfo - Mais um exemplo de que vale a pena proceder sempre com lisura e respeito aos seus concidadãos, teve Alvaro de Almeida, quando, embora não fosse candidato a qualquer cargo público na vindoura eleição, participou de um comício da Arena, na "Olaria do Cônego", durante o qual foi intensamente aclamado, carregado em triunfo e citado como exemplo de cidadão e homem público da máxima respeitabilidade. Realmente o povo sabe separar o joio do trigo e aqueles que pensam em contrário muito breve quando forem abertas as urnas no pleito eleitoral que se avizinha verão o que afirmamos. 

A fabulosa manifestação de apreço que o citado ex-deputado recebeu no maior reduto eleitoral popular do nosso município é a primeira de uma série, já que, existe uma incontida e generalizada vontade de que o querido homem público a que nos referimos receba uma "contrapartida" do sórdido boicote que sofreu no passado.

Duas grandes realizações da administração Feliciano Costa em vias de conclusão: Pomposo prédio da Faculdade de Odontologia (dois mil metros quadrados) de construção e prédios da unidade administrativa da “Olaria do Cônego" - subprefeitura, posto de saúde municipal, agência dos Correios, arrecadação, garagem, tributação e agrupamento de todos os órgãos de atuação no setor. 

Pílulas

Dada a partida para a campanha do pleito de 15 de novembro que se aproxima, o panorama da política friburguense já sofreu notável transformação. Hora anuncia-se defecções partidárias e uma série enorme de surpresas desagradáveis estão pilhando candidatos que se julgavam com a "bola-branca" ou donos da pelota. À medida que o tempo passar, muitas outras transas virão... A coisa vai dar para espantar!

A manifestação de consideração, apoio e de irrestrita confiança que o industrial Alvaro de Almeida recebeu no comício da "Olaria do Cônego", além de impressionantemente fabulosa, teve um significado muitíssimo especial para a moçada, que escondidinha nas imediações, pôde verificar o alto prestígio do mencionado industrial junto a massa olariense, em cujo local, nas duas últimas eleições foi o mais votado. A "história" de que não só Alvaro de Almeida como o grupo que está em seu derredor pouco representa em votos, constitui a mais infantil, desesperada, inconsequente, bobíssima e etc. e tal, argumentação que redutos de opinião política ouviram até a presente data. E o mais importante é que o 15 de novembro está bem perto para o desmascaramento...

E mais…

  • Administração de Feliciano, em sucinto relatório… 
  • Isso, sim, é governar… 
  • Regina-Otto… 
  • Prever, para prover… 

Sociais

A VOZ DA SERRA registra os aniversários de: Sebastião Santos (8); Julio Cesar Celles Cordeiro, Francisco E. Muller e Juvenal Marques Filho (10); José Carlos Marques (11); Acyrema Vassallo Azevedo (12); Assaff Mucy Daer e Mary Tinoco (13); Wanda Spinelli, Gilmar Bispo dos Santos e Dnair Martins Heringer (14); Luiz Sérgio Cordeiro e Herodoto Bento de Mello (15); Nelson Valente, Ilidio Corrêa de Oliveira Lyra e João Batista Bussinger (16).

Foto da galeria
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É muito importante conhecer essas palavras

sexta-feira, 09 de setembro de 2022

Conhecer alguns termos técnicos é importante no processo de educação financeira. Vocabulário é fundamental para compreender as mais diversas referências financeiras e, principalmente, estar inserido num contexto em que você possa fazer parte do meio: compreendendo e criticando informações.

Alavancagem: com o objetivo de potencializar resultados, investidores usam determinadas garantias para operar com volume financeiro acima do patrimônio real, podendo resultar em grandes lucros ou prejuízos.

Conhecer alguns termos técnicos é importante no processo de educação financeira. Vocabulário é fundamental para compreender as mais diversas referências financeiras e, principalmente, estar inserido num contexto em que você possa fazer parte do meio: compreendendo e criticando informações.

Alavancagem: com o objetivo de potencializar resultados, investidores usam determinadas garantias para operar com volume financeiro acima do patrimônio real, podendo resultar em grandes lucros ou prejuízos.

Alíquota: valor percentual que incide sobre determinada atividade, geralmente, com finalidade tributária.

Amortização: redução gradual de uma dívida baseada em pagamentos periódicos. Além das taxas de juros, um financiamento calcula um determinado valor a ser pago para reduzir a quantia total da operação.

Ativo e Passivo: ativos são bens ou serviços que agregam rentabilidade; passivos, por sua vez, são bens ou serviços com carga de desvalorização e despesas com o passar do tempo.

CDB: Certificado de Depósito Bancário são títulos emitidos por instituições financeiras. Na prática, ao adquirir um destes títulos, o investidor está emprestando dinheiro em troca de uma rentabilidade pré-definida.

CDI: Certificado de Depósito Interbancário é um dos principais indexadores (taxas de reajustes) dos ativos existentes no mercado financeiro. Taxa de referência para a realização de operações de empréstimos interbancários.

Dividendos: distribuição de parte dos lucros de uma determinada empresa a seus acionistas.

IPCA: Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, é o índice oficial do Governo Federal para medir inflação.

Liquidez: o período entre investimento e resgate do capital, podendo haver lucro ou não.

Selic: o Sistema Especial de Liquidação e Custódia representa o sistema responsável pelo controle de emissão, compra e venda de títulos públicos federais; fazendo desta taxa, a principal ferramenta de controle inflacionário e outras medidas econômicas.

Se você me acompanha sabe, gosto de trazer determinados conteúdos com certa frequência para estimular o conhecimento e, por consequência, o processo de aprendizagem de novos leitores. A propósito, caso você seja um novo leitor, seja bem-vindo e aproveite este espaço.

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Me tornei o que mais temia

sexta-feira, 09 de setembro de 2022

Sabe aquela frase um tanto lugar comum nas redes sociais que diz: “Me tornei aquilo que eu mais temia”? Já parou para pensar em quantas circunstâncias você precisou agir de forma similar àquela pessoa a quem tanto criticava? A verdade é que realmente cada um sabe da sua dor, seus anseios e suas necessidades.

Sabe aquela frase um tanto lugar comum nas redes sociais que diz: “Me tornei aquilo que eu mais temia”? Já parou para pensar em quantas circunstâncias você precisou agir de forma similar àquela pessoa a quem tanto criticava? A verdade é que realmente cada um sabe da sua dor, seus anseios e suas necessidades.

Lembro-me, ainda muito jovem, admirando e ao mesmo tempo indagando como determinadas pessoas do meu convívio conseguiam fazer tantas coisas ao mesmo tempo, terem energia para dar conta de tudo e seguirem com o sorriso no rosto. Mais tarde, questionei-me porque para tantas outras conhecidas era difícil dar uma pausa em suas tarefas para cuidar de uma dor, como deixavam de almoçar porque não dava tempo e como dormiam tão pouco. O tempo passou e por vezes poderia brincar ter me tornado não aquilo que temia, mas que já sabia existir.

Sem nem perceber, eu também já me emocionava assistindo até comerciais, já não trocava meu descanso precioso por qualquer coisa, já preferia tomar um chá lendo algo interessante, preferia ir à praia em horários de “sol baixo” (essa era uma expressão que ouvia muito), já conversava com flores e acarinhava plantas, já amava cozinhar e servir a todos, só tomava café fresquinho e não trocava um minuto com a família por nada. Quando me dei conta, percebi que meu dia precisava de 36 horas, que eu gosto mesmo é da roça, que trabalhava além da conta, que não ligava para besteiras, que não me importava com as olheiras e que ser útil era um grande barato.

Muito do que somos hoje, talvez, seja aquilo que não entendíamos que seríamos um dia. E eis que o tempo passa e simplesmente temos comportamentos similares àqueles que antes apenas observávamos como espectadores. Outro dia uma pessoa brincou dizendo que “antigamente era a tia da piada sem graça e hoje é a tia do meme”. Não tem graça agora, mas na hora teve. E parece uma grande bobagem, e não deixa de ser.

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A Família Real Britânica

quinta-feira, 08 de setembro de 2022

Há muito tempo atrás, numa disputa por poder no início da formação dos países-
estados, alguém teve a ideia de limitar fronteiras, levantar um castelo e afirmar que
aquele seria seu reino. Pois bem, o tempo passou e o mundo mudou. Reis e rainhas em
grande parte foram afastadas do comando. Alguns foram assassinados, outros fugiram e
o restante foi perdendo, dia após dia, a sua influência.
Os monarcas, em grande parte do mundo, deixaram de ser o Estado. “Afinal,
por que aquela família é tão especial para ficar no poder e ditar as regras para a vida de

Há muito tempo atrás, numa disputa por poder no início da formação dos países-
estados, alguém teve a ideia de limitar fronteiras, levantar um castelo e afirmar que
aquele seria seu reino. Pois bem, o tempo passou e o mundo mudou. Reis e rainhas em
grande parte foram afastadas do comando. Alguns foram assassinados, outros fugiram e
o restante foi perdendo, dia após dia, a sua influência.
Os monarcas, em grande parte do mundo, deixaram de ser o Estado. “Afinal,
por que aquela família é tão especial para ficar no poder e ditar as regras para a vida de
todos? O que difere o sangue deles do meu? O Estado é o povo, oras! Feito do povo e
para o povo, que elege os seus representantes através de uma democracia” – é o que a
grande maioria diz.
Contudo, em pleno século 21, a monarquia britânica é uma das poucas que se
mantém firme no poder, apesar de que não há muito que se possa fazer acerca de
política.
Atualmente, a rainha ou rei do Reino Unido, não pode dissolver a Câmara dos
Comuns (parlamento do Reino Unido), não sendo nem permitida a sua entrada naquela
sala para que não haja interferência. Embora detenha o poder para proclamar uma
guerra, as últimas vezes os soldados britânicos empunharam suas armas foi pelo voto
parlamentar. E apesar de ter poder de ter veto sob as leis aprovadas pelo parlamento
britânico, a última vez que isso aconteceu foi em 1707.
Em um mundo onde os governos monárquicos são cada vez menores, a
monarquia britânica ainda se mantém firme no trono, e carrega o título de família real
mais popular de todo o planeta. Com o passar dos anos como os “Windsor e seus
antecessores” conseguiram sobreviver?

Unidade entre os povos
Hoje em dia, como uma monarquia constitucional, o poder executivo é liderado
pelo primeira-ministra, Liz Truss. Por esse motivo, algumas pessoas ficam confusas em
entender qual o papel do monarca à frente da monarquia nos dias atuais.
Ao contrário do que muita gente acredita a Elisabeth II era rainha não somente
da Inglaterra, mas também de países como: Escócia, País de Gales e da Irlanda do Norte e com interferência direta em mais 14 outras nações, incluindo países na América
Central. A influência da monarquia britânica não se constituiu hoje, mas ao longo de
séculos e séculos e foi primordial para os rumos da Grã-Bretanha.
O Reino Unido, já foi o país mais poderoso do mundo por muitos anos, e se
firmou o seu legado desde a época das grandes explorações, tanto por terra quando
pelos navios que desbravaram o “desconhecido”. A sua influência, inclusive, foi
decisiva para muitas guerras, como exemplo, a própria 2º Guerra Mundial. A monarquia
representa uma instituição poderosa para os ingleses.
Há questionamentos em cima da família real? Claro, que há, como em toda outra
sociedade organizada. Mas acima de tudo, a monarquia representa a união dos povos do
Reino Unido, especialmente num mundo polarizado e separatista, especialmente. O
poder da monarquia nos últimos anos foi acima de tudo diplomático.
E de uma diplomacia, que não se estende só as terras britânicas, mas em todo
globo. A própria independência brasileira teve o dedo inglês na pressão contra a família
real portuguesa! Em tempos recentes, a rainha Elizabeth II foi primordial no
estreitamento de relações de países que durante muitos anos tiveram relações tensas
como: a Índia, e África do Sul (ambas ex-colônias inglesas), Rússia (decorrente da
segunda guerra mundial) e a Irlanda do Sul (região que não pertence ao reino).
Aos poucos, em épocas de crise, a monarquia foi se modernizando e
aproximando da população, que se espelha como um modelo de valores para os próprios
britânicos. Em tempos de crise e insegurança ainda que haja um primeiro-ministro, a
Rainha ainda sim era uma referência.
E não ganhou somente os corações dos britânicos, mas de todo mundo, pela sua
representatividade. Ainda que manter uma monarquia custe caro, na Grã-Bretanha o
retorno é ainda maior. A ‘marca’ da família real vale entre propriedade, valor agregado
e turismo, cerca de R$138 bilhões.
A morte da monarca Elizabeth II comove a todos, mesmo a quilômetros de
distância. Vemos o falecimento de uma verdadeira líder de poder global e uma divisora
de águas da família britânica, que sem dúvidas, mudou a história do planeta,
especialmente nos rumos da Segunda Guerra Mundial. Será que Charles III superará esse momento de incerteza e dará seguimento ao marcante regime monárquico entre os
britânicos? Só o tempo dirá.

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A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

A felicidade no mundo

quarta-feira, 07 de setembro de 2022

Somos um povo que ri quando devia chorar

Somos um povo que ri quando devia chorar

A ONU publicou recentemente seu relatório anual sobre o nível de felicidade em cada país do mundo. O Japão, por exemplo, está em 55º lugar, o que não é grande coisa para um povo tão rico e estável. Talvez não seja mais feliz por falta de espaço e excesso de trabalho. Recentemente um japonês apertou os olhos um pouquinho mais e inventou o que ele aponta como um eficiente paliativo para os dois problemas. Como todo brasileiro sabe e abomina, lá os empregados chegam a trabalhar até oitenta horas extras por mês, geralmente sem receber um iene por isso. Não é sem razão, pois, que com frequência se trancam no banheiro, não para fazer no banheiro o que no banheiro se faz no resto do mundo, e sim para tirar um cochilo.

Foi possivelmente durante uma dessas sonecas que, enquanto o imperador também cochilava, seu engenhoso súdito sonhou construir um jeito de descansar que, não sendo tão bom quanto a cama, fosse melhor do que o vaso sanitário. Bolou uma caixa semelhante a um caixão que, colocada verticalmente num canto qualquer do local de trabalho, pudesse acomodar os sonolentos. A engenhoca possui apoio para a cabeça, as costas e os pés, de modo que, garante o inventor, mesmo sem estar deitado, nela se pode dormir com bastante conforto.

Na pesquisa da ONU, os países mais felizes são os de sempre, que estão ali se revezando anos a fio, sobem um pouquinho, descem um pouquinho, mas não largam a taça: Finlândia, Dinamarca e Suíça foram novamente os primeiros a subir ao pódio. Não faltam, no entanto, surpresas.  Por exemplo: Israel ocupar a nona posição, apesar de se dar tão mal com os vizinhos palestinos. Estes, tão próximos e tão distantes dos israelenses, despencam diretamente para o 122º. lugar. E os Estados Unidos, que para muitos brasileiros parecem ser o céu ao alcance da mão, ficam num modesto 16º lugar. Basta, no entanto, dar um passo abaixo na fronteira para cair no México, e a situação piorar subitamente: 46º colocado.

Não dá para esquecer a Ucrânia e a Rússia. Nenhuma das duas jamais figurou entre os nossos principais sonhos de viagem e de fato estão, respectivamente, na 96ª e 80ª colocação. Agora, então, que viraram pesadelo é provável que apareçam ainda mais mal colocadas na próxima pesquisa. No fim da fila, na lanterna do campeonato, estão os três lugares onde as pessoas têm menos motivos para achar que a vida vale a pena: Zimbábue, Líbano e por fim o Afeganistão, habitat do povo mais infeliz do planeta.

E o Brasil? Bem, somos o número 38 do ranking. Entre os sul-americanos, perdemos para o Uruguai, que está oito pontos à nossa frente. Enfim, não gargalhamos tanto quanto na Suécia (7º), mas somos bem mais risonhos do que nossos vizinhos argentinos (57º), ou mesmo do que Portugal (56º). Entre duas e três mil pessoas foram ouvidas em cada um dos 146 países pesquisados. Os analistas ressaltaram que, em todos eles, dois fatores contribuem para tornar o povo mais ou menos de bem com a vida: o apoio que contam conseguir da sociedade em caso de necessidade, e a visão que têm da honestidade de seus governantes.

Os brasileiros talvez nem precisem de motivos para se sentirem felizes; porque, segundo dizia o antigo radialista Alziro Zarur, somos um povo que ri quando devia chorar. Rimos de nossas próprias desgraças e fazemos piadas de nossas próprias tristezas, que é o nosso jeito de ir sobrevivendo, ou pelo menos de nos irmos enganando.

Mas parece que, nos dois pontos destacados pelos pesquisadores, mal nos aguentamos em cima das pernas. São desumanas entre nós as diferenças econômicas e sociais; pessoas que ocupam o mesmo espaço urbano são estranhas, às vezes inimigas. E a constatação de que, quanto mais altos os escalões do poder, maiores são os recursos destinados às mordomias, luxos, vantagens e benefícios de quem já os possui em excesso, enquanto outra parte da população é tratada como um povo estrangeiro, com o qual nada se tem a ver e ao qual nada se deve.

Que esperar dos resultados da pesquisa que sairá em 2023? Não vamos sonhar em chegar perto dos líderes do campeonato mundial de felicidade, mas talvez nos afastemos um pouco mais do grupo da lanterna. Como dizem os árabes, “in shaa Allah”, oxalá, se Deus quiser!

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