Ansiedade e conflito

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Ansiedade é um sentimento de apreensão, inquietude, angústia, com ou sem aperto no peito. Ela é um sinal de conflito, nem sempre consciente para o indivíduo. Assim como a febre indica a presença de uma infecção, a ansiedade é um sinal de que há um conflito na mente da pessoa.

Algumas pessoas ansiosas conseguem canalizar a ansiedade para algo construtivo na sua vida, enquanto que outras ficam meio paralisadas. A ansiedade pode aparecer na vida da pessoa na forma de ansiedade mesmo, como um vazio no peito, angústia, falta de serenidade. Ou pode ser manifestada por algum tipo de fobia ou medo exagerado, ou diminuição da atenção por conta da forte ansiedade que prejudica a concentração. Além disso muitos indivíduos sofrem fisicamente como resultado de ansiedade excessiva.

‘Todas as pessoas experimentam ansiedade. Ela não é algo para se temer, a não ser que esteja realmente travando sua vida. Uma pessoa pode ter um aumento de ansiedade quando ela nutre o medo do medo. Mas se ela conseguir pensar não significa medo, e ao entender a razão da existência dessa emoção nesse momento da vida, ela poderá administrar este sentimento de forma positiva e não ficar presa a ele, encolhendo como pessoa.

Muitos que sentem ansiedade, podem estar se tratando mal, depreciando a si mesmo, se desvalorizando e permitindo ser maltratado. Nestes casos, como em outros, a ansiedade está servindo como um alarme para dizer que a pessoa necessita fazer alguma coisa para sair do conflito que existe porque, por um lado, sua mente saudável não quer se desvalorizar, e por outro sua mente doentia quer.

Assim, a ansiedade pode ser uma denúncia da mente inconsciente dizendo que talvez a pessoa esteja negligenciando alguma coisa importante para sua vida ou que algo de valor permanece ainda sem solução.

Jesus disse: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” E, então, vem a pergunta: Que verdade preciso conhecer sobre meus conflitos que produzem ansiedade a fim de ser liberto dela? Quando passamos a compreender melhor nossos sentimentos, podemos nos sentir mais confortáveis com eles em vez de com medo. Por exemplo, ao sentir tristeza que pode conduzir você para um estado depressivo, em vez de se afundar no estado melancólico, procure refletir sobre a origem desta tristeza. Talvez ela seja ligada não a quem você pode ter perdido seja pela morte, pela separação, mas pode ter conexão com o que você perdeu nesta perda.

Tem gente que quando se deprime, aponta algo objetivo e diz: “Ah! Estou deprimida desde que meu marido me abandonou”. Mas o mais importante para explicar o estado depressivo neste exemplo pode não ser a perda do marido em si, mas o significado subjetivo desta perda para aquela pessoa. Em outras palavras, o que ela perdeu de significado importante para o eu (personalidade, self) dela nesta perda?

Tomar mais consciência de nossas emoções é necessário para a resolução do conflito e, assim, obter alívio da ansiedade. Para isso é preciso dar uma pausa, respirar profundamente algumas vezes, acalmar a mente, orar e pensar. Faça perguntas a si como: Desde quando me sinto assim? O que predomina em mim agora é ansiedade, tristeza, medo, raiva, vergonha? Este sentimento está conectado com o que? Tem uma situação na minha vida que quando penso nela, este sentimento desagradável surge? Preciso tomar uma atitude para resolver um conflito ainda sem solução? Necessito passar a me tratar melhor e me valorizar devidamente? Fazer estas perguntas pode nos conduzir à fonte da ansiedade e com isso chegarmos perto da resolução do conflito que a produz.

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Cesar Vasconcellos de Souza – www.doutorcesar.com

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