Wanderson Nogueira

Palavreando

Aos sábados, no Caderno Z, o jornalista Wanderson Nogueira explora a sua verve literária na coluna "Palavreando", onde fala de sentimentos e analisa o espírito e o comportamento humano.

13/11/2021

Recortando frases vou costurando o sentido da vida, mesmo que ao final de tudo, quando todos os recortes estiverem juntos, descubra que é fatal o destino. Colecionando pensamentos, tento de algum modo estender uma imensa colcha de retalhos sobre o mundo que é o mesmo para mim, para você, para todos nós... Mas ainda que cubra tudo, sempre haverá uma falha numa costura e outra que permitirá entrar o frio da dúvida. A incerteza pode vencer até o que é determinado como certo.   

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06/11/2021

Não é um parque dentro de uma cidade, é uma cidade dentro de um parque. De tal modo que Nova Friburgo pode, como qualquer outra cidade, ter tudo que o homem pode construir. A engenharia, de fato, pode fazer coisas incríveis. Mas Nova Friburgo tem algo que só Deus pode constituir: uma natureza exuberante, com verdes de vários tons abraçados por montanhas. Um belo vale com um rio no meio, cujas águas deslizam mansas. Essas águas cristalinas que fazem véus em suas cascatas antes de cortarem a cidade.

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30/10/2021

Hoje, mudamos de bairro ou mesmo de cidades e estados. Alguns até de País. Já imaginou que daqui a pouco tempo, poderemos estar mudando até de planetas? 

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25/10/2021

Não me importa se é funk, sertanejo, bossa nova, nova MPB ou axé. Se é brasileira, já me ganha por si só. A vaidade acadêmica não pode desmerecer o que seu povo e o que o popular produz. 

Não há cultura melhor ou pior.  Classificar cultura é preconceito. Cultura é cultura e ponto. É identidade e a identidade brasileira é multicor, multifacetada, múltipla. Tem muitos rostos, sotaques, ritmos.

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16/10/2021

Tudo que é sagrado advém do sacrifício? Para ser sagrado há de se sacrificar? Melhor então não ser sagrado e sair desse conceito sobrenatural para doses de realidade. Ser professor no Brasil é a pior das escolhas. 

Como sagrados para a história, a consagração só vem depois da morte? Viver assim, não é vida em abundância. Portanto, não sagrem a profissão de educador, tampouco venham com toda essa poesia e discurso repetido em todo quinze de outubro. 

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02/10/2021

“Dá-me um coração igual ao teu, meu mestre. Dá-me um coração igual ao teu. Coração disposto a obedecer, cumprir todo o teu querer...”. 

Enquanto ouvia essa música na missa, eu pedia, em oração, um novo coração para minha mãe. Não um novo coração de mãe, pois a minha mãe foi a melhor mãe que eu poderia ter. Mas um coração físico, no lugar do coração cujos músculos se ampliaram de tal forma que não pulsava mais direito e precisava ser trocado. 

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25/09/2021

Semeia. Cultiva. E, saiba que aquilo que semeia e cultiva vai gerar flor e fruto. Não espere resultado diferente para as sementes que semeou. A intenção. Se plantou limões, não germinarão maçãs. Se plantou jarro-titã, não espere que nasçam lírios. Se plantou ódio, cultivou com rancor, não aguarde por amor.

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18/09/2021

Quantos fechados em si mesmos ou presos, arbitrariamente, pelo resto do mundo. Em um confinamento que não pediram, distanciados pela lógica desses tempos irracionais que antecedem a permanente era pandêmica que nos visita, sem data para ir embora.  

Gritam: “socorro”. Calam: “me ajudem”. Diga: “estamos juntos”. 

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11/09/2021

Ao me desvencilhar das formas que me impunham, abandonei os tabus e abracei a felicidade. Porque o movimento da vida impede que eu paralise, ainda que me possibilite o dom de observar. 

Eu poderia ficar observando a lua cair para detrás daquela montanha até o sol surgir, ainda que o sol não surja de lá. Mas a imaginação fantasia nossas mais divinas horas e é dela — a imaginação — que surgem as melhores invenções. 

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04/09/2021

De repente, me vi nu em frente ao espelho. Mais nu que os que habitavam essa terra há mais de quinhentos anos. Os primeiros desse lugar a serem assaltados. Tiveram roubado o seu chão de florestas. Meus ancestrais são os culpados. Eu sou, em parte, culpado por permitir que qualquer outro irmão meu acredite em marco legal. Ora, os brasileiros indígenas estão aqui bem antes de 1500. Ninguém é mais dono do Brasil do que os originais.

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