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Fases e fases

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Há dias de luta e dias de glória, diz a frase. Sim, desconheço glórias infinitas que não precedam os momentos de batalhas, desafios e superação. Há pequenas e grandes vitórias a serem celebradas no meio do caminho. E a cada dia, lutas diferentes somadas às cotidianas.

Até mesmo motivos para comemorar e para arregaçar as mangas e seguir em frente se alternam, se somam, se confundem. Essa dinâmica me leva a crer que sim, todo dia é dia de luta, alguns dias, regados a algumas glórias. Assim tem sido. Às vezes, com mais motivos para sorrir.

Há dias de luta e dias de glória, diz a frase. Sim, desconheço glórias infinitas que não precedam os momentos de batalhas, desafios e superação. Há pequenas e grandes vitórias a serem celebradas no meio do caminho. E a cada dia, lutas diferentes somadas às cotidianas.

Até mesmo motivos para comemorar e para arregaçar as mangas e seguir em frente se alternam, se somam, se confundem. Essa dinâmica me leva a crer que sim, todo dia é dia de luta, alguns dias, regados a algumas glórias. Assim tem sido. Às vezes, com mais motivos para sorrir.

Fato é que se a própria vida é um grande ciclo nessa existência, que dirá dessas fases pelas quais a gente passa no dia a dia. São fases, sejam elas boas ou ruins. Ando desejando fases boas. Pra mim, pra você, pra sociedade como um todo. Para os próximos anos, meses, dias, horas, minutos, segundos, desejo boas notícias. De todos os lados.

Quero que venha um bom momento. Coletivamente falando. Que recebamos boas novas. Um refresco. Um alívio. Que algo de bom aconteça. Que as capas de jornais e revistas, os sites e tudo mais ostentem novidades que agreguem, façam crescer e te arranque sorrisos. Que aquela velha expectativa por algum resultado, ceda espaço para um desfecho positivo.

Queremos chuvas de notícias boas, de estatísticas que correspondam com a realidade e que a verdade dos fatos seja latente. Que tais fatos sejam bons. Que nos deparemos com gráficos que denotem queda dos índices de violência, da fome, do desemprego. E que essas informações sejam o real reflexo das vidas das pessoas.

Seria ótimo precisarmos cada vez menos de algum canal para fugirmos de uma realidade que nos desconecte com o que está acontecendo, que não cheguemos aos limites do que é suportável e que cá onde estamos possamos nos deparar com a divulgação de bons e construtivos feitos. Mais oportunidades. Mais arte.  Mais abundância. Mais amor. Melhor acesso às estruturas do serviço de saúde, viagens mais tranquilas pelas estradas, mais paz e liberdade verdadeira no ir e vir.

 Adoraria que você – e eu – estivéssemos prestes a ingressarmos em uma boa nova fase, que recebêssemos mais notícias sobre cura, inclusão, emprego, amor, tolerância, compaixão, prosperidade, respeito e arte. Quem sabe? Eu acredito.

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Dia dos Professores

quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Rendo minhas singelas homenagens aos professores por ocasião do dia dedicado a eles: 15 de outubro. A missão de lecionar não é simples. Nem fácil. Não mesmo. E posso falar com a propriedade de quem sente as dores e as delícias da dedicação ao magistério. Em uma sociedade absolutamente complexa e plural, escolhemos dedicar uma vida aos estudos e às relações interpessoais, com o objetivo claro de primar pela educação e contribuir para a construção de pontes invisíveis e bem fincadas nas vidas de outras pessoas. Os professores têm esse privilégio.

Rendo minhas singelas homenagens aos professores por ocasião do dia dedicado a eles: 15 de outubro. A missão de lecionar não é simples. Nem fácil. Não mesmo. E posso falar com a propriedade de quem sente as dores e as delícias da dedicação ao magistério. Em uma sociedade absolutamente complexa e plural, escolhemos dedicar uma vida aos estudos e às relações interpessoais, com o objetivo claro de primar pela educação e contribuir para a construção de pontes invisíveis e bem fincadas nas vidas de outras pessoas. Os professores têm esse privilégio. E para tanto, trabalha com esmero e dedicação infinitamente maiores do que possa parecer.

Sempre indagam se esse trabalho compensa. Pela sua essência e sua função transformadora: sim. Participar das vidas de pessoas contribuindo para sua formação é uma dádiva. Só quem sabe o valor do olhar de um aluno para nós transpondo toda a esperança do mundo, sabe do que estou falando. Quem recebe mensagens de carinho, um abraço afetuoso num dia ruim, quem vibra com a realização do outro, com o crescimento pessoal e profissional dele, sabe do que estou falando.

Felizes aqueles que reconhecem nessa relação entre professor e aluno o tesouro infindável de partilha, de conhecimento, de experiências preciosas. E amor. Porque sala de aula é amor. Não de forma lúdica ou ilusória. Amor real: com dores, desafios, superação, paciência, vontade, abraços, choro, compreensão, humildade, perdão, acertos, erros, empenho etc etc etc.

Coleciono memórias, afetos, nomes, sobrenomes, jeitos, trejeitos, vozes e ensinamentos dos meus alunos. E sinto na pele o nítido amor por lecionar. E por eles. Que incrível a vida. Que maravilhoso o poder do ensino.

Em tempos sombrios, felizmente continuo crendo que a educação é o caminho. Sou defensora fervorosa de que o estudo fomenta a construção de um patrimônio incalculável e intransferível. Aquele nosso tesouro que jamais se perde, que não pode ser subtraído de nós. Acredito que a formação de profissionais alinhados com sentimentos nobres, conhecedores de seus deveres e defensores de direitos e prerrogativas de todos os seres, possa transformar o mundo. Para melhor. Cada vez mais. Sem limites. Tenho esperança.

Ser professor é uma grande e difícil missão. Muito difícil. Hoje mais difícil do que ontem. Há fatores das mais diversas ordens tornando o processo mais desafiador. Seria assunto para outra prosa, para conversa séria. Tem que amar para exercer. Lecionar tem sido uma rotina de resistência.

É preciso ter paixão por tudo isso. Pelo processo. Não vislumbro outro caminho. Amar o ofício e exercê-lo com respeito, dedicação e humildade garantem o retorno que muitos professores sonham: o aprendizado, a evolução e o amor recíproco dos alunos. É o sentido de tudo.

Os grandes exemplos de devoção à profissão que vejo em muitos professores, uniram-se à uma vontade pessoal de contribuir para fazer pessoas felizes onde quer que eu esteja. Acredito plenamente nessa fórmula. Empatia, carinho, cumplicidade são combustíveis para o crescimento coletivo e individual, para a tolerância, o respeito e a dignidade que vai muito além dos livros.

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Mudança

quinta-feira, 06 de outubro de 2022

Aquele frio na barriga, palpitação, pensamentos voando, respiração mais curta. Nessa hora, bate uma agitação interna, por vezes um excesso de empolgação. Quem está prestes a chegar é a “mudança”. Mudança em algo da vida, por vezes, vem de surpresa, chega mostrando a que veio, imponente, avassaladora. Outras vezes, chega de mansinho, vai se acomodando, conquistando espaço, se esparramando pelo sofá da vida e quando menos percebemos, nos deparamos com ela e encaramos sua presença. Mas nem só de surpresa chegam as mudanças. De certo, muitas mandam notificação prévia.

Aquele frio na barriga, palpitação, pensamentos voando, respiração mais curta. Nessa hora, bate uma agitação interna, por vezes um excesso de empolgação. Quem está prestes a chegar é a “mudança”. Mudança em algo da vida, por vezes, vem de surpresa, chega mostrando a que veio, imponente, avassaladora. Outras vezes, chega de mansinho, vai se acomodando, conquistando espaço, se esparramando pelo sofá da vida e quando menos percebemos, nos deparamos com ela e encaramos sua presença. Mas nem só de surpresa chegam as mudanças. De certo, muitas mandam notificação prévia. Ou são planejadas, desejadas, perseguidas.

 As mudanças vêm. Simplesmente vêm. Quando não somos nós quem a promovemos, de uma forma ou de outra, parece que dão seu jeito de chegarem até nós. São insistentes. Surpreendentes. Podem chegar em silêncio, fazendo pouco ruído e impactando pouco nosso cotidiano. Ou podem chegar feito furacão, remexendo todas as estruturas, gerando temor e bagunçando tudo por onde passa.

Mudar faz parte da natureza humana. Mudanças internas são quase que orgânicas e necessárias. Eu de ontem não sou igual a eu de hoje. Não tem como ser. Quantos pensamentos novos já experienciei, quantas vivências, quantas decisões precisei tomar, quantos cursos fiz para me aprimorar, quanto amor partilhei, quanto me conheci, me desafiei, trabalhei. Mudanças são bem-vindas. São o sinal de que a vida pujante nos convida para escolhermos os rumos a tomar o tempo todo. Mudar para melhor. Escolher que seja para melhor. Como se essa escolha pudesse direcionar os rumos dos ventos e coubesse a nós cuidar das velas e preservar a nau.

Sinto que essa habilidade incrível que o mero existir demanda de nós, de superar sempre, de enfrentar todos os dias, de conviver, aprimorar, respeitar, ser melhor, fazer mais – ou o mínimo, nos torna super-heróis ou super-heroínas de nós mesmos. Não sei vocês, mas eu quando me deparo com a adversidade e sinto-me forte para enfrentá-la, olho para trás e percebo o tanto que já evoluí. Porque se um dia mudar era sofrer, hoje mudar é crescer.

E as mudanças são bem-vindas quando sabemos extrair delas o que de melhor elas podem oferecer: nossa evolução, nossa força, nosso autoconhecimento. Quando descobri que eu posso promover boas mudanças dentro de mim, em minha vida e na de pessoas e também trazer as que não posso escolher para meu lado como aliadas em meu processo de evolução, deixei de temê-las. E por assim dizer, entendi que sem elas o frio na barriga provocado pelas variantes da vida poderia não me mover. E que o movimento é bom, principalmente o que ocorre de dentro para fora da gente.

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Esgotamento

quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Estafa. Palavra interessante. Quando alguém diz que está estafado, parece que conseguimos captar o cansaço que ele sente pela palavra. Já inventaram vocábulo mais pertinente para denotar o estado de esgotamento? Talvez a própria palavra “ esgotamento”. Cansaço extremo. Sinal eloquente de quem precisa descansar, pausar, respirar livremente e recompor a energia vital. E então, prosseguir.

Estafa. Palavra interessante. Quando alguém diz que está estafado, parece que conseguimos captar o cansaço que ele sente pela palavra. Já inventaram vocábulo mais pertinente para denotar o estado de esgotamento? Talvez a própria palavra “ esgotamento”. Cansaço extremo. Sinal eloquente de quem precisa descansar, pausar, respirar livremente e recompor a energia vital. E então, prosseguir.

Naturalmente, o cansaço extremo sentido por uma pessoa é sensação dela, de dentro para fora. Ela que sabe. Seu estoque de energia lhe pertence em um nível próprio. Só ela consegue suprir, repor, suplantar. Só ela sabe o limite. A quilometragem que ainda consegue percorrer quando o tanque esvazia e a luz vermelha sobressai em si. Mas muitas vezes, podemos captar pelo mero olhar de seu semblante. Não raras vezes, a estafa parece ser coletiva. Para onde olhamos, podemos ver o cansaço, perceber os sinais mais claros e os mais escondidos do esgotamento.

Há momento em que esse estado de espírito é confundido com impaciência, incompetência, preguiça, fraqueza, antipatia, incapacidade. Os sensores sociais são cruéis nessa hora. A sobrecarga, o limite, a saúde debilitada, a pressão do dia a dia, por vezes, são sabidos, porém ignorados quando os dedos apontados precedem os cruéis julgamentos. Gente julgando gente o tempo todo. Seres humanos esquecendo-se, por vezes, que são, além de tudo e antes de tudo, humanos.

E dessa sensação de impotência somada à incapacidade humana de suplantar a estafa física e mental, nasce o ideal da força, o buscar “ser forte”, o obrigar-se a parecer forte o tempo todo. Mas como bem disse Clarice Lispector, “ nem sempre é necessário tornar-se forte. Temos que respirar nossas fraquezas.” Respirar. Nossas. Fraquezas. É isso.

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A vida é um sopro

quinta-feira, 22 de setembro de 2022

A vida é um sopro. Como essa frase tem soado familiar ultimamente. E como faz sentido. Quando o “combo” reflexivo que envolve as dores das perdas, do medo do que poderia ter sido e não foi, da consciência de que a vida passa, de fato, muito rápido, que o tempo realmente não volta e que todos aqueles conselhos de avós que ouvimos quando crianças nada mais são do que a expressão da vida real com a qual invariavelmente nos deparamos, muitas vezes pensamos: precisamos ser felizes. Hoje.

A vida é um sopro. Como essa frase tem soado familiar ultimamente. E como faz sentido. Quando o “combo” reflexivo que envolve as dores das perdas, do medo do que poderia ter sido e não foi, da consciência de que a vida passa, de fato, muito rápido, que o tempo realmente não volta e que todos aqueles conselhos de avós que ouvimos quando crianças nada mais são do que a expressão da vida real com a qual invariavelmente nos deparamos, muitas vezes pensamos: precisamos ser felizes. Hoje.

O conceito de felicidade é tão flutuante e complexo, quanto relativo. É típico imaginarmos que “com saúde está tudo ótimo”. Viver sem dor, não enfrentar um diagnóstico triste nem tampouco um tratamento difícil, estar com todas as taxas indicadas no exame de sangue em dia, vida transcorrendo perfeitamente, sem nenhuma enfermidade é, de fato, uma existência à beira de um oásis. Contudo, pergunto: basta ter saúde plena para que o indivíduo se sinta verdadeiramente feliz? Quantas pessoas em perfeitas condições de saúde reclamam noite e dia da ausência de dinheiro, amor, da beleza, do dia cinza, do amigo que não respondeu à mensagem, do sapato que não comprou e sentem-se infelizes? A perspectiva é completamente diferente quando a pessoa encontra-se acamada, por exemplo.

Qual seria o pacote ideal de desejos? Nesse universo compelido pelas redes sociais em que consumimos diariamente a felicidade alheia de forma escancarada, para todos os gostos, o desafio parece ser ainda maior. Se a metade vazia do copo, a razão daquele estado de espírito da tristeza for a falta do amor, a solidão, a sensação de distanciamento de um par para amar, com alguns cliques e a expressão do amor se fará na tela do celular ou do computador. Felicidade alheia. Se é a prosperidade o valor mais almejado da vez, também as redes sociais podem se encarregar de apresentar diversas formas de que o dinheiro não deixou de circular, de que as pessoas estão consumindo, investindo, realizando. Se basta o físico ideal, a aprovação no concurso, o acesso à determinada universidade, a aquisição e um carro novo, seja o que for, as redes sociais também podem fomentar o desejo e afastar o indivíduo da realidade da sua própria vida.

No fundo, para muitos ainda há de chegar um dia em que se perceberá que a felicidade, aquela felicidade mesmo, com f maiúsculo, não se compra, não se posta, não se vende. Felicidade genuína não se faz com marketing. Se faz com experiências. Com sentimentos. Com o rastro de luz que carregamos conosco ao longo da nossa vida. Que as expectativas da sociedade não existem para serem necessariamente atendidas. Que não apenas em par é possível vivenciar e vivificar o amor. Dá para ser ímpar. E ser feliz! Amor próprio, sabe?

A felicidade real é a busca nem sempre sã, nem vã. Mas necessária. O ser feliz nem sempre é possível. Mas não há beco sem saída que resista a uma expectativa de felicidade. Felicidade é também escolha. 

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Tempo que não volta

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

O tempo não volta e o relógio só anda para frente. Evito me colocar em uma contagem regressiva, mas a verdade é que o tempo não para e temos um prazo de existência nesta vida. O que fazer diante dessa realidade senão aproveitar todo tempo do mundo que nos resta? Uma fórmula infalível ao priorizarmos o que fazer diante da infindável lista de tarefas é pensar se nossa próxima ação vai ser positivamente útil para alguém ou para a humanidade ou se ela traz felicidade.

O tempo não volta e o relógio só anda para frente. Evito me colocar em uma contagem regressiva, mas a verdade é que o tempo não para e temos um prazo de existência nesta vida. O que fazer diante dessa realidade senão aproveitar todo tempo do mundo que nos resta? Uma fórmula infalível ao priorizarmos o que fazer diante da infindável lista de tarefas é pensar se nossa próxima ação vai ser positivamente útil para alguém ou para a humanidade ou se ela traz felicidade. Usar esse critério pode auxiliar em algum direcionamento, embora não resolva nossas questões desde as mais simples às mais profundas.

O tempo está passando e queremos tudo da vida. Desejamos a boa sorte, o sucesso em todos os aspectos, o amor profundo, a Prosperidade com p maiúsculo, a saúde plena, a realização profissional, a felicidade da família, a viagem ao redor do mundo, a fonte da juventude.

Conforme a vida vai passando vamos constatando que perfeição não existe, não dá tempo de ser tudo o que sonhamos (muito não por nossa escolha), que os dias terminam sem que executemos todos os nossos afazeres, que a lista de pendências é uma espiral crescente infinita. Alguns de nós, sabiamente, se dão conta de que querendo ou não, escolhas sobre prioridades são feitas todos os dias, só que elas podem ser conscientes.

E assim, é possível bancar a opção de saber dizer “não” para muitas situações e “sim” para outras tantas, de sustentar um modo de vida em que o tempo seja prioridade e que tê-lo livre ou destinado para o que nos seja crucial é um luxo merecido que todos podemos ter. Viver a vida é fundamental, viver mesmo, não apenas existir. Na minha concepção, há uma correlação entre o viver de verdade e o ser de verdade, na essência de tudo.

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Me tornei o que mais temia

sexta-feira, 09 de setembro de 2022

Sabe aquela frase um tanto lugar comum nas redes sociais que diz: “Me tornei aquilo que eu mais temia”? Já parou para pensar em quantas circunstâncias você precisou agir de forma similar àquela pessoa a quem tanto criticava? A verdade é que realmente cada um sabe da sua dor, seus anseios e suas necessidades.

Sabe aquela frase um tanto lugar comum nas redes sociais que diz: “Me tornei aquilo que eu mais temia”? Já parou para pensar em quantas circunstâncias você precisou agir de forma similar àquela pessoa a quem tanto criticava? A verdade é que realmente cada um sabe da sua dor, seus anseios e suas necessidades.

Lembro-me, ainda muito jovem, admirando e ao mesmo tempo indagando como determinadas pessoas do meu convívio conseguiam fazer tantas coisas ao mesmo tempo, terem energia para dar conta de tudo e seguirem com o sorriso no rosto. Mais tarde, questionei-me porque para tantas outras conhecidas era difícil dar uma pausa em suas tarefas para cuidar de uma dor, como deixavam de almoçar porque não dava tempo e como dormiam tão pouco. O tempo passou e por vezes poderia brincar ter me tornado não aquilo que temia, mas que já sabia existir.

Sem nem perceber, eu também já me emocionava assistindo até comerciais, já não trocava meu descanso precioso por qualquer coisa, já preferia tomar um chá lendo algo interessante, preferia ir à praia em horários de “sol baixo” (essa era uma expressão que ouvia muito), já conversava com flores e acarinhava plantas, já amava cozinhar e servir a todos, só tomava café fresquinho e não trocava um minuto com a família por nada. Quando me dei conta, percebi que meu dia precisava de 36 horas, que eu gosto mesmo é da roça, que trabalhava além da conta, que não ligava para besteiras, que não me importava com as olheiras e que ser útil era um grande barato.

Muito do que somos hoje, talvez, seja aquilo que não entendíamos que seríamos um dia. E eis que o tempo passa e simplesmente temos comportamentos similares àqueles que antes apenas observávamos como espectadores. Outro dia uma pessoa brincou dizendo que “antigamente era a tia da piada sem graça e hoje é a tia do meme”. Não tem graça agora, mas na hora teve. E parece uma grande bobagem, e não deixa de ser.

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Cadê a leveza ?

sexta-feira, 02 de setembro de 2022

Acreditar no ser humano até que ele demonstre que não é digno da sua confiança. Ter boa vontade até que reste comprovado que o destinatário das suas ações não é tão digno assim de recebê-las. Ter a intenção de ajudar, sem requisitar nada em troca (nem nas entrelinhas das segundas intenções). Dar de verdade, doado, porque sim. Sem dívida moral para acertar depois. Compartilhar prosperidade, sem contabilizar os créditos que sua boa ação pode te proporcionar. Fazer sem esperar retorno. Ensinar com a intenção de que aprendam. Aprender com a intenção de aprender mesmo.

Acreditar no ser humano até que ele demonstre que não é digno da sua confiança. Ter boa vontade até que reste comprovado que o destinatário das suas ações não é tão digno assim de recebê-las. Ter a intenção de ajudar, sem requisitar nada em troca (nem nas entrelinhas das segundas intenções). Dar de verdade, doado, porque sim. Sem dívida moral para acertar depois. Compartilhar prosperidade, sem contabilizar os créditos que sua boa ação pode te proporcionar. Fazer sem esperar retorno. Ensinar com a intenção de que aprendam. Aprender com a intenção de aprender mesmo.

Nem tudo vale dinheiro, nem tudo vale crédito, nem tudo vale nota na escala de valores de uma pessoa. Aliás, as coisas mais importantes da vida, nem coisas são. Frase repetida, mas cheia de razão.

Sabe quando alguém é honesto com você e chega a te comover? Quando você recebe um presente como demonstração de gratidão, sem interesse. Quando você é tão bem tratado que fica com vontade de levar a pessoa gentil para casa. Quando as pessoas são tão solícitas que chegam a te constranger. Quando te oferecem colo e acalento e você não consegue nem aceitar. Quando te fazem tão bem que você chega a se emocionar. Quando as intenções das pessoas são genuinamente tão boas que chegamos a desconfiar. Então. Quando o lado bom da força transborda, por vezes fica até difícil conseguir lidar. Estranha realidade.

Por que dificultar a vida das pessoas à toa? Para quê criar obstáculos desnecessários? Por que se fazer temer para receber o respeito de alguém? 

Estamos na Era da Luz. Nem todos os pingos dos “is” precisam estar milimetricamente em cima dos “is”. Cadê a flexibilidade? O jogo de cintura? O “borogodó”? Cadê a leveza? Le-ve-za.

Não estou me referindo aos jeitinhos, às trapaças, ao desejo de enganar as pessoas. Pelo contrário. Quero falar das pessoas que por pureza de espírito, por intenções positivas, fazem por amor, acreditam pela crença de que as pessoas podem ser verdadeiras, dão por dar, recebem por receber, e por aí vai. Essa lógica que deveria ser mais natural entre nós, humanos.

Pessoas não são números. Pais não estão sempre certos. Professores não sabem tudo. Desempregados não são malandros. Estrangeiros não vivem melhor. Relacionamentos não são sempre perfeitos. Trabalho não é martírio. Políticos não são todos corruptos. Todos os milionários não são felizes. Percebem?

Às vezes acho que estamos vivendo de exceções. Isso me inquieta. A pirâmide às vezes me parece invertida. A base, a massa, a maioria, deve ser composta pelo lado bom da força. Se me falam algo, acredito. Por que tenho que imaginar que a pessoa está mentindo? Se me tratam com gentileza, retribuo. Por que deveria imaginar que a intenção por trás dos gestos afáveis estão enrustindo uma intenção diversa? Se me pedem e eu posso fazer, eu faço. Por que deveria me recusar a ajudar alguém?

É tão comum escutarmos conselhos do tipo : “não fique disponível”, “ a regra é não”, “não caia nessa conversa fiada”, “não perca seu tempo ajudando”, “faça o mínimo necessário”, “não acredite nessas boas intenções”, “duvide até do espelho”, “não conte nada para ninguém”. Andamos tão armados. Tão fechados. Tão individualizados. Complexo. Talvez mais difícil fosse ser diferente disso.

Hoje em dia estamos sendo julgados, filmados, gravados, registrados. São tantos dedos apontados, tantas mentes fazendo juízo de valor sobre nossa postura. São tantas opiniões preconcebidas sendo extraídas exclusivamente das postagens das redes sociais, de uma fala isolada, de uma atitude excepcional em um dia ruim, de uma fofoca, de uma impressão negativa. Isso dificulta as relações mais naturais, mais reais, mais verdadeiras, com mais partilha e menos julgamento, com mais essência e menos forma. Será que o lado bom da força está enfraquecendo?

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Dedicação

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

A bem da verdade, a vida nos ensina que a lei de causa e efeito é real, sem que para tanto precisemos crer em nenhuma profecia para que de fato possamos perceber que plantar e colher são causa e consequência interligadas de muitas situações, a exemplo do que acontece com a própria natureza, da qual fazemos parte.

A bem da verdade, a vida nos ensina que a lei de causa e efeito é real, sem que para tanto precisemos crer em nenhuma profecia para que de fato possamos perceber que plantar e colher são causa e consequência interligadas de muitas situações, a exemplo do que acontece com a própria natureza, da qual fazemos parte.

E aqui faço referência especificamente à “lei do esforço”, sem intuito de traçar nenhum perfil técnico sobre a expressão, mas apenas um enfoque quase orgânico e natural sobre o tanto que a dedicação plantada, certamente, cedo ou tarde, gera frutos. Como, quando e quantos colheremos, não podemos precisar. Contudo, só teremos os frutos se plantarmos as sementes.

Todo o esforço empregado para o bem gera luz, contribui para nosso mérito acumulado e resulta em coisas boas. Acredito nisso. No tempo certo, o resultado vem. Talvez não exatamente conforme o esperando, mas certamente da forma como era para vir. Se não nos empenharmos, creio que resultados satisfatórios serão bem mais difíceis de serem alcançados.

É sobre isso que estou falando. Empregar energias, investir tempo, intensificar forças em prol de algum sonho, projeto ou ideal. Não raras vezes, pensamos que os esforços estão sendo em vão, pois os resultados esperados não acontecem muitas vezes conforme a ansiedade humana demanda. Mas a vida tem me provado, felizmente, que o empenho sincero por algo, sobretudo se a causa for verdadeira e for para o bem, de alguma maneira, retornará para nossas vidas em forma de êxito, realização, aprendizado e gratidão das pessoas.

Não vejo um atleta ser campeão sem ter enfrentado esforço diário da superação e do treinamento. Também não vislumbro um casamento feliz sem que o casal se empenhe diariamente por essa felicidade. O candidato aprovado em um vestibular difícil e concorrido, certamente empregou bastante energia no seu projeto de estudos. E por aí vai. Não podemos generalizar, claro, pois somos seres absolutamente únicos e especiais, com histórias de vidas particulares que diferenciam, inclusive nossas condições para lutar.

Mas de uma maneira geral, pessoas que vencem pelo caminho da honestidade e do bem, seja em que aspecto da vida for, certamente em algum momento precisaram decidir sobre o que desejavam plantar e esforçarem-se para semear. A colheita é uma consequência. E o tempo é de Deus.

Dificilmente conquistas grandiosas, relacionamentos felizes, prosperidade e satisfação pessoal caem em nosso colo sem esforço algum. É da vida. É saudável. Precisamos nos empenhar em nossos projetos e escolhas. E devemos fazer isso de forma leve, equilibrada e contínua, sem que precisemos prestar justificativas para os outros. É uma história entre nós mesmos e as forças superiores, as quais particularmente credito a Deus. Não vai ser fácil sempre. Não vai dar certo todas as vezes. Mas acredito sinceramente que se não movimentarmos a energia, será bem mais difícil alcançarmos o sonho de felicidade que todos temos.

Por isso, é fundamental termos responsabilidade por cada grão a germinar que plantamos na vida. A semente do esforço justo e sincero, certamente resultará no cultivo de um fruto de luz. E se nos mantivermos atentos, reconheceremos esses sinais e colheremos frutos doces e belas flores na vida.

Encerro o texto com as palavras de Cora Coralina:  “Me esforço para ser melhor a cada dia. Pois bondade também se aprende.”

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Gota

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Dia desses, por sorte, pude apreciar uma gota de água que pairou sobre uma folhinha de manjericão da minha horta na varanda. Foi o suficiente para lembrar-me de um trecho da canção “A felicidade” de Toquinho e Vinicius de Moraes de que gosto muito: “A felicidade é como uma gota de orvalho numa pétala de flor... brilha tranquila, depois de leve oscila e cai como uma lágrima de amor.”

Dia desses, por sorte, pude apreciar uma gota de água que pairou sobre uma folhinha de manjericão da minha horta na varanda. Foi o suficiente para lembrar-me de um trecho da canção “A felicidade” de Toquinho e Vinicius de Moraes de que gosto muito: “A felicidade é como uma gota de orvalho numa pétala de flor... brilha tranquila, depois de leve oscila e cai como uma lágrima de amor.”

Ainda não consigo dissociar uma experiência da vida com um feito da mãe natureza. Permaneci alguns minutos observando a gota sobre a folha e um detalhe além da beleza me intrigava: a gota parecia ser enorme em proporção ao tamanho da folha de manjericão, bem pequena, daquelas que ficam no cume da planta. Era uma gotinha, mas era muita água para a superfície suspensa da folha miúda, concretizando um equilíbrio difícil de compreender. Eu não entendi porque a gota não escorreu pelo caule da planta. Supus o malabarismo de força que deveria estar sustentando aquele peso aparente. Era para ela estar naquele local, foi ali que encontrou morada, ou uma missão a cumprir, ou a proporção era perfeita, ou nada disso, estava por estar.

E então eu me pus, naturalmente, a refletir. A felicidade e a gota de orvalho. Tudo a ver. Quando quer ficar, fica. Quando é para ser, é. O que tem que ser, realmente tem muita força. E quanto ao peso? É muito relativo. Peso para quem? Se houver estrutura, fica leve. Se houver acolhimento, facilita. E com um tanto de sorte e a obra do destino, se desenrola.

A gota do orvalho, pode passar absolutamente despercebida. Pode ser subestimada diante de sua simplicidade. Pode ser efêmera. Pode requerer sustentação, preparo. Talvez até sorte, aquela coisa de estar no lugar certo, na hora certa. Assim como a felicidade. Quanta gente só percebe que era feliz e não sabia o dia em que deixa de ser? Quanta gente é feliz mas não tem tempo de perceber? De tão simples que pode ser, nem nota, nem acredita, nem valoriza.

Como no trecho de Vinicius de Moraes, um dia, aquela gota que brilha, oscila e cai, em forma de lágrima. Tomara que seja de amor.

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