Fiz vários anos de terapia e transformei das minhas águas em um rio de constatações, além de perceber, na vida circundante, um redemoinho de emoções. Mas, vou confessar - não em forma de segredo, mas de exclamação - que a literatura me abre os olhos também. Não há magias. As vozes dos escritores têm sabedoria, uma sabedoria que nasce na filosofia, em outros pensadores e nas esquinas. É bem interessante notar que o senso comum, exposto na conversa livre e ligeira, surge naturalmente no bota-fora nas beiras das calçadas, nas mesas de bar e cafeterias.
Notícias de Nova Friburgo e Região Serrana
Tereza Cristina Malcher Campitelli
Momentos Literários
Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.
Estou acabando de ler “A boneca de Kokoschka”, do autor português, Afonso Cruz. A cada página sou coberta pelo manto das indagações filosóficas, que me traz questões sobre as quais ainda, ou muito pouco, havia refletido. Como nosso pensamento trabalha 24 horas por dia, inclusive durante o sono, faz bem ter motivos para pensar de modo diferente a fim de sair da mesmice diária que ocupa a mente com relações familiares, situações de trabalho, circunstâncias financeiras e acontecimentos diversos. É aconselhável ter novas linhas e retalhos para costurarmos nossas colchas.
Estou lendo “A boneca de Kokoschka”, de Afonso Cruz, edição apoiada pela Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas/Portugal. O livro me atraiu pelo título, e, ao mergulhar na leitura, encontrei pérolas, que me remeteram a uma questão surpreendente, que ainda não havia pensado.
O contexto da história é a Segunda Guerra. O início do enredo se desenvolve numa loja de pássaros, cujo protagonista, Bonifácio Vogel, é comparado, dentre tantas caracterizações feitas pelo autor, a um hífen. Essa ideia me trouxe uma pergunta inusitada: Sou um hífen?
Pela primeira vez vou abordar um tema delicado e triste, a violência sofrida pela mulher. Eu me senti motivada a escrevê-lo durante a leitura do livro “Dororidade”, de Vilma Piedade, com prefácio de Márcia Tiburi, que viu a palavra nascer, de modo espontâneo, numa tarde de sábado, no Instituto Cultural Rosie Marie Muraro, quando eram discutidos “os rumos no movimento de protagonização de mulheres para a política”.
Estou lendo “O apartamento em Paris”, da escritora inglesa Lucy Foley, um romance de mistério passado em um edifício de luxo na capital francesa. Seus moradores e suas paredes guardam segredos que vão se revelando aos poucos de modo que não consigo parar de ler.
Estava passeando calmamente entre as minhas expectativas para 2024 e me lembrei da crônica “O Rabo da Lagartixa”, escrito pela médica e budista Nazareth Solino, publicada no livro do mesmo título, em 2006.
Vamos reviver a vida, mais uma vez, em 2024!
Hoje, segunda-feira, dia de Natal, quero abraçar meus leitores e mostrar meu agradecimento à A Voz da Serra que, gentilmente, acolhe minhas palavras. É bom sentir a sensação de consideração por aqueles que me leem e de receber a hospitalidade deste jornal.
Vou retribuir toda essa atenção através de um conto que escrevi, faz tempo, que expressa os esforços e a alegria do escritor.
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Quem são esses seres fascinantes que nascem no imaginário do escritor? Que sejam emergentes da realidade em que vivemos ou do universo da ficção. Querem saber a verdade? Não importa de onde venham, apenas é preciso que sejam bem construídos e prendam a atenção do leitor. Simples assim? Posto que não.
Sou educadora, de formação. O meu olhar tem este viés porque tudo o que vivemos é carregado de aprendizado. Até mesmo o conectivo “e”, que significa união; ninguém o utiliza sem ter a intenção de adicionar, posto que a adição é transformadora e reúne significados que podem ser observados e refletidos. Aliás, a observação é o ponto de partida dos processos educativos.
Felicidade! É inútil buscá-la em qualquer outro lugar que não seja no calor das relações humanas.
(Antoine de Saint-Exupéry)