Os escritores de Nova Friburgo

Tereza Cristina Malcher Campitelli

Momentos Literários

Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

terça-feira, 08 de outubro de 2024

O nome da nossa cidade significa “Nova Cidade Livre!”

É na liberdade que os escritores gostam de viver, lugar onde a responsabilidade de exercer o livre-arbítrio é regra essencial, a vida tem mais vida, as emoções se misturam na flor da pele. Onde o resgate e o recomeçar se fazem presentes no dia a dia.

Sim. O espírito do friburguense é alimentado pelo sentido da liberdade. Povo alegre, festeiro, que gosta do seu lugar e faz questão de expressar seus sentimentos. Portanto, escreve. Escreve prosa, poesia, crônica, ensaios e outros estilos literários. As pessoas que aqui nasceram ou residem ou conquistaram a cidadania são levadas pelos cursos das palavras, tal qual as águas que descem das suas lindas montanhas. Aliás, aqui a natureza é inspiradora: os ares da Mata Atlântica que ventilam na cidade fazem nascer ideias criativas.

Hoje, Nova Friburgo traz histórias para seu quotidiano que aquecem os escritores, como a de Machado de Assis, que andando pelas ruas da cidade e arredores, sentiu-se iluminado a escrever “Memória Póstumas de Brás Cubas”! Aqui Rui Barbosa discursou. Poetas que foram iluminados pelas aragens friburguenses, como Casimiro de Abreu, Carlos Drummond de Andrade, Julio Salusse, dentre tantos.

No mês de setembro foi lançada a coletânea “Juntas & Diversas: Crônicas e Ensaios Sobre o Tempo”, pela editora In Media Res, em parceira com o Instituto Leituras, organizado por Márcia Lobosco. A coletânea reúne 11 crônicas e 6 ensaios. Li cuidadosamente os textos e cheguei à conclusão de que as autoras estão capacitadas para ganhar um espaço maior no âmbito da literatura. O tempo é um tema complexo e de delicada abordagem. Para começar, o conceito tempo foi criado pelo homem a partir da necessidade que sentiu, desde os tempos babilônicos, para se situar e se organizar. Mas o tempo, meu amigo, não existe.

É um conceito que pode receber várias abordagens, como a filosófica, a física, a psicológica. Inclusive a geológica. Cada área do conhecimento estuda o tempo a partir de um ponto de vista. As autoras da coletânea tiveram esmero e competência literária para criarem seus textos; cada uma escreveu o tema de um modo, ora partindo da própria experiência, ora buscando referências teóricas, ora relatando experiências de outros.

Quando acabei de ler, fiquei sensibilizada com as ideias apresentadas, principalmente as que se referiram aos parentes mais longevos, como a experiência que tiveram com o envelhecer, as relações de troca e a grandiosidade do afeto. Outras narrativas também me tocaram, como o sentir o próprio envelhecimento, a inexorabilidade da passagem do tempo. E o presente? Imprensado entre o passado e o futuro, o agora se torna passado com rapidez estonteante e fica imperceptível.

Os friburguenses estão cada dia mais ávidos para transpor para seus textos a profusão de suas ideias. E, posso dizer, escrever faz bem a quem escreve porque é uma libertação. É um bota-fora.

Salve os escritores Nova Friburgo!

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Tereza Cristina Malcher Campitelli

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Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

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