Eras tu, Senhor?

A Voz da Diocese

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Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo.

terça-feira, 06 de outubro de 2020

Nesta Semana Nacional da Vida, dentro do mês missionário, refletiremos com a inspiração da nova encíclica do nosso profético Papa Francisco – “Fratelli tutti” sobre a fraternidade e a amizade social, complementando e aprofundando a Teologia da Criação, do cuidado com a vida apresentada na “Laudato si”.

A exemplo de São Francisco de Assis reassumimos a vida como dom e compromisso, defendendo-a, em todas as suas etapas, desde a concepção no ventre materno até a morte natural. A vida é missão de todo ser humano e de todo batizado. É a base de toda a evangelização e testemunho cristão, como nos recorda São João Paulo II em sua iluminada encíclica Evangelium Vitae.

A fraternidade é a forma mais direta de comunicação da boa nova de Cristo. É o coração de toda mensagem evangélica: o amor fraterno capaz de dar a vida pelo outro, de resgatar a vida dos mais perdidos e necessitados, no espírito da misericórdia e gratuidade. Isto implica na defesa e promoção da dignidade humana como imagem e semelhança de Deus e o respeito ao seu plano de amor da criação, impresso na consciência e nas leis da natureza, de onde decorre a ética da justiça, do equilíbrio e da realização do bem.

Por meio de várias inciativas e pastorais, campanhas e obras, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ao longo de décadas, vem refletindo e agindo com toda a comunidade brasileira sobre vários temas e áreas da nossa realidade: a ecologia, a saúde, a terra, o índio, o negro, o trabalho, a mulher, a fome, o menor, a educação, a moradia, o jovem, a família, idoso, a pessoa com deficiência, a segurança, a água, a comunicação, a paz, entre outros.

Ao ver o quadro real, com suas injustiças, desigualdades e incoerências com a verdade cristã, a Igreja exerce, com a autoridade de Cristo, sua missão profética de julgar, avaliar as situações à luz do Evangelho, conscientizar sobre os valores e denunciar o sistema de pecado, apresentando pistas de ação e sua colaboração concreta – o agir -  para uma solução justa e fraterna a partir da solidariedade e da união.

A comunhão eclesial, seguindo o exemplo e o coração de Cristo, se inclina aos mais pobres e abandonados e adverte que os que os excluem estão contra a vontade de Deus. Oprimem e exploram o próprio Cristo no ser humano faminto, prostituído, prisioneiro, dependente químico, alcoolizado, indefeso no ventre. Rejeitam o Jesus abandonado, doente, menor carente, pobre, mendigo, analfabeto. Discriminam o Senhor no negro, no indígena, na mulher, no idoso, nas pessoas com deficiência, nos portadores do vírus do HIV, dentre outros.

É necessário que nos convertamos à proposta do mestre que é a humildade, a partilha na igualdade, a solidariedade e o amor fraterno, à consciência de que não somos melhores que ninguém. “Somos do mesmo barro”, ainda que agitados pela vaidade e pelo orgulho que tão facilmente retorna ao chão. Tudo passa! A figura do mundo se esfumaça. Nós também passamos. Cada ser humano que de nós se aproxima é nosso irmão, é Jesus. E um dia, ele próprio nos julgará pela nossa sensibilidade, nossa atenção, nosso amor. “Estava com fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Estava nu e me vestistes... doente e fostes me ver...”  E nós: “Mas quando, Senhor que te fizemos isso?” Responderá para nós o Cristo: “Todas as vezes que fizestes isso ao menor dos pequeninos, a mim o fizestes”. E que nunca ouçamos o inverso: “o que não fizestes ao menor dos pequeninos...” (cf.  Mt 25 31-46). Restará a surpresa: “Eras tu, Senhor!”

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é assessor diocesano da Pastoral Familiar. Esta coluna é publicada às terças-feiras.

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