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Transferência de votos

sábado, 11 de julho de 2020

Para pensar:
"Nada é perda de tempo se você usar a experiência sabiamente."
Auguste Rodin

Para refletir:
“Não se pode chamar realmente de língua ao idioma que não possui escritor.”
Pietro Bembo

Transferência de votos

Para pensar:
"Nada é perda de tempo se você usar a experiência sabiamente."
Auguste Rodin

Para refletir:
“Não se pode chamar realmente de língua ao idioma que não possui escritor.”
Pietro Bembo

Transferência de votos

A coluna tem convidado os leitores a reflexões a respeito da responsabilidade inerente ao ato de votar, sobretudo num cenário tão pulverizado e nivelado por baixo quanto o que temos atualmente, no qual os esforços viciados de sempre parecem perigosamente próximos de conseguir alcançar o patamar necessário à eleição de um prefeito.

E, a esse respeito, tanto a discreta visita do governador Wilson Witzel a Nova Friburgo na quinta-feira, 9, quanto a prisão de Edmar Santos, ex-secretário estadual de Saúde, no dia seguinte, nos fornecem um gancho que simplesmente não podemos desperdiçar.

Conveniência

O leitor provavelmente não precisa fazer muito esforço para se lembrar de políticos locais se esforçando por associar a própria imagem ao governo estadual, inclusive recentemente, quando teve início a construção do hospital de campanha.

Agora, no entanto, com processo de impeachment em andamento, e com inúmeras denúncias a respeito de possíveis irregularidades milionárias na gestão da Saúde, cada um fica no seu quadrado.

Vale tudo

Ao longo dos anos cobrindo política este colunista já testemunhou algumas gravações de propaganda eleitoral para a tevê, e pode assegurar aos leitores que muitos caciques por aí não têm qualquer pudor em gravar vídeos de apoio a completos desconhecidos, não apenas tratando-os como velhos amigos, mas inclusive fazendo promessas absolutamente levianas em seus nomes.

É ingenuidade demais acreditar em tudo o que se vê ou escuta, ainda mais quando a apelação é tão explícita.

Caronistas

Do mesmo modo, não são poucos os oportunistas sem brilho próprio que ficam o tempo todo monitorando o fluxo de votos para em seguida manifestarem apoio a qualquer coisa que tenha apelo popular, dizendo o que a maioria quer ouvir, sem necessariamente acreditar naquilo que é dito.

As eleições estaduais, em 2018, foram grande exemplo disso.

Alguns dos maiores adversários políticos do presidente da República na atualidade pegaram carona em sua popularidade naquela altura, e foram eleitos dessa maneira.

Quem ganha

As lições de tais episódios são bastante claras.

Um personagem até então desconhecido tornou-se governador do Rio de Janeiro simplesmente porque muitos se esqueceram que estavam votando em Wilson Witzel, e não em Jair Bolsonaro.

E hoje, quem fez isso é quem mais critica o Palácio Guanabara.

Desconfiem, portanto, de quem tentar demais colar imagem e transferir votos.

Porque esse jogo tem beneficiários muito claros.

Detalhando

Falamos brevemente acima a respeito da prisão do ex-secretário estadual de Saúde, Edmar Santos, e agora cabe detalhar um pouco mais.

O ex-secretário foi preso na manhã de sexta-feira, 10, em sua casa.

O mandado de prisão foi cumprido pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (Gaecc), com apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ) e da Delegacia Fazendária da Polícia Civil, em um desdobramento da Operação Mercadores do Caos.

Arresto

A Justiça determinou também o arresto de bens e valores de Edmar Santos até o valor de R$ 36.922.920, que, de acordo com o MP, é equivalente aos recursos públicos do Estado desviados em três contratos fraudados para aquisição dos equipamentos médicos durante a pandemia do novo coronavírus.

Outro lado

O secretário municipal de Educação, Marcelo Verly, enviou resposta aos comentários publicados recentemente a respeito da distribuição de cestas básicas a família de alunos da rede pública municipal de ensino.

Aspas

“Inobstante a complexa operação logística que envolve fazer chegar kits da agricultura familiar a milhares de alunos e famílias produzidos pelos excelentes produtores rurais de Nova Friburgo, os quais, diuturnamente, trabalham para que tenhamos alimento à mesa, bem como a natural perecibilidade dos itens que os compõem, temos recebido inúmeros relatos, vídeos e fotos atestando a qualidade do trabalho realizado. Problemas pontuais foram imediatamente detectados e medidas corretivas (como troca da abóbora por cenoura, melhor acondicionamento do tomate e maior distribuição no tempo das entregas às unidades educacionais) foram adotadas, com excelentes resultados.”

Segue

“Nossos agradecimentos ao setor de Nutrição da Secretaria Municipal de Educação, às nossas gestoras e servidores de unidades educacionais, aos produtores rurais que vêm se dedicando a tão importante tarefa e, em especial, às famílias que têm apresentado seus relatos agradecendo pela iniciativa desenvolvida.”

O secretário também compartilhou um link contendo imagens que fundamentam os relatos, mas o endereço é grande demais para que possa ser reproduzido neste espaço.

Na mosca

A charge do genial Silvério mais uma vez acertou na mosca em nossa capa deste fim de semana, ao chamar atenção para a importância da utilização de máscaras de barreira, e naturalmente da adoção de qualquer comportamento que possa aumentar o nível de proteção individual nesses tempos de pandemia.

De fato, por alguma razão que escapa à lógica, a flexibilização da quarentena vem se refletindo em considerável redução na utilização das máscaras, como se os níveis de ameaça tivessem diminuído, e não aumentado.

Consciência

Enfim, trata-se algo tão evidente, e pedimos desculpas a quem compreende isso naturalmente, mas infelizmente Brecht acertou na mosca ao apontar que vivemos tempos nos quais é preciso defender o óbvio.

Vamos lá, gente.

As consequências, tanto para a Saúde quanto para a Economia, têm sido pesadas demais...

Fala, leitor!

Dias atrás a coluna sugeriu a criação de um fundo para a aquisição de pequena parte da produção municipal de alimentos para distribuição entre famílias mais necessitadas, a partir de levantamentos feitos pela Secretaria de Assistência Social.

Pois bem, Ocimar Teixeira escreveu para informar que “há lei que permite isso. É o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA Institucional). É um recurso público que ajudará as duas pontas mais necessitadas: Os agricultores familiares com sua pequena produção e as famílias que estão em situação de insegurança alimentar. É dinheiro circulando na economia do município.”

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Dr. Dermeval anuncia o lançamento do Hospital São Lucas

sábado, 11 de julho de 2020

Edição de 11 e 12 de julho de 1970

Pesquisado por Fernando Moreira

Manchetes:

Edição de 11 e 12 de julho de 1970

Pesquisado por Fernando Moreira

Manchetes:

  • Friburgo atende à convocação do médico Dermeval Barbosa Moreira - Repercutiu intensa e favoravelmente na opinião pública friburguense, a entrevista concedida pelo médico Dermeval Barbosa Moreira, que anunciou o lançamento de uma empresa hospitalar cuja unidade se denominará Hospital São Lucas e será construído em terrenos localizados no bairro Duas Pedras. Diversas opiniões foram favoráveis à ideia planejada pelo corpo médico da Casa de Saúde São Lucas, responsável pela nova empresa. Friburguenses ouvidos, unanimemente declararam que o pronunciamento do dr. Dermeval Barbosa Moreira “foi oportuníssimo”, afirmando alguns que o antigo médico “analisou o problema com muita eficiência, situando devidamente as deficiências da assistência hospitalar de Nova Friburgo”. Um representante dos comerciários locais disse que o novo hospital irá merecer o apoio integral de todas as classes friburguenses, tendo em vista que o empreendimento dotará Friburgo de uma unidade hospitalar padrão, colocando o município na liderança da assistência médica, além de beneficiar populações de cidades circunvizinhas.
  • Raymundo Padilha escolhido pelo presidente Médici para suceder Geremias de Mattos Fontes no Governo do Estado do Rio - O vai e vem da vida - Em certa época, não muito longínqua, se disséssemos que Raymundo Padilha ainda viria a ser governador de Estado o Rio, ninguém acreditaria. Era um período em que pertencer a Ação Integralista de Plínio Salgado significava crime inominável, punido com ameaças policialescas e um mundo de artifícios praticados em nome da preservação da ordem. Quase no mesmo tempo, a figura de Padilha se afigura aos olhos da maioria dos pracinhas, como símbolo de um fascismo contra o qual bravamente lutaram, inclusive na Itália para afastar da face da terra. E vieram então muitas campanhas contra o homem agora escolhido para administrar o Estado. 
    Aos 72 anos de idade, Padilha realiza o sonho político acalentado há muito tempo: o de poder governar o Estado do Rio, terra que adotou como sua já que não nasceu aqui. Homem de talento e cultura, financista renomado, alto funcionário do Banco do Brasil aposentado, deputado em várias legislaturas, na última Presidente da Comissão de Relações Exteriores e na presente líder do Governo, Padilha tem uma folha de serviços honrosa para um político, coisa que ele o é até a medula, tendo iniciado suas atividades no setor por via da Ação Integralista que nunca deixou ser uma agremiação nitidamente política buscando a posse de um governo, que nunca teve, mas que bem perseguiu.
    Em toda esta história de escolher o futuro governador, o nosso Estado do Rio, tanto político, como administrativo ou socialmente ou mesmo empresarialmente falando, esteve totalmente equidistante. Mesmo com todos os méritos que apontamos, vale dizer que Padilha jamais seria governador do nosso Estado pelo voto popular, com o funcionamento normal da democracia. Falta-lhe alta dose de comunicação com as massas. Talvez pelo seu temperamento fechado e de quem não sentiu ainda e realmente a poeira do asfalto. Daquele que não abraçou ainda o homem das ruas, com calos nas mãos, falando em gíria.
  • Alistamento eleitoral - A Justiça Eleitoral, que vem observando o calendário preparatório das próximas eleições, divulgou que o prazo para alistamento de eleitores que poderão votar no pleito de novembro terminará no dia 6 de agosto, quando os contingentes de visitantes deverão estar perfeitamente definidos em todo o país. 
  • Um milhão e meio de eleitores votam no Estado do Rio - Atingiu a um milhão, quinhentos mil e trezentos e sessenta e sete, no Estado do Rio, o número de eleitores inscritos até 30 de junho, data em que se encerra o prazo para esse fim, estando dessa forma, fixada a representação fluminense.

Sociais:

  • A VOZ DA SERRA registra os aniversários de: Izabel Novelli (14); Thereza Cristina Soares (15); Zuleika Alves Lopes e Bernardo Braune (16); Marina Perestello Braune, Lygia de Freitas, Aristides Machado e Rosemarie Kunzel (17); Paulo Fernando Costa (18); Marcos Haiut (19); Roberto Ventura El-Jaick (20).

 

Foto da galeria
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Pressuposto

sexta-feira, 10 de julho de 2020

Para pensar:
"Sempre considerei as ações dos homens como as melhores intérpretes dos seus pensamentos."
John Locke

Para refletir:
“Mais vale ser estapeado com a verdade do que beijado com uma mentira.”
Provérbio russo

Pressuposto

Para pensar:
"Sempre considerei as ações dos homens como as melhores intérpretes dos seus pensamentos."
John Locke

Para refletir:
“Mais vale ser estapeado com a verdade do que beijado com uma mentira.”
Provérbio russo

Pressuposto

Para que possa funcionar de maneira satisfatória, o sistema democrático pressupõe que o eleitor, antes de se encaminhar para a urna, tenha buscado se informar minimamente a respeito do histórico e das propostas de cada candidato, estando pronto para fazer sua escolha sobre bases reais.

Tal pressuposto, no entanto, é quase como que um nó górdio quando se trata de conservar a fé no atual sistema, e em última análise em qualquer um que venha a ser elaborado.

Perturbador

Afinal, se acreditamos que o eleitor efetivamente busca se informar, e ainda assim elege para a política tantas pessoas que mereciam estar presas, então só nos resta aceitar que existe mesmo identificação entre eleitor e eleito, e o que vemos pelos plenários da vida não seria muito mais que um microcosmo daquilo que existe aqui fora.

Certamente uma leitura perturbadora da realidade.

Dilema

Por outro lado, se aceitamos que apesar de toda a indústria das notícias falsas ainda existem meios confiáveis para que o eleitor seja capaz de reconhecer cada árvore através de seus frutos, e admitimos que o que falta verdadeiramente é interesse por acompanhar a realidade em busca de evidências, num momento em que as redes sociais oferecem uma prateleira repleta de narrativas sedutoras (e falsas, mas quem se importa?) prontinhas para confirmar cada uma das “certezas” que cada um carrega a partir de simpatias e antipatias pessoais, então o desânimo não poderá ser muito menor. 

Esperança

À esperança, resta acreditar que para muitos ainda falte oportunidade de acompanhar com maior proximidade o que os eleitos fazem a partir dos mandatos que lhes são confiados, não em período eleitoral, mas no cotidiano, naquelas sessões distantes dos holofotes ou no sacrifício pessoal dedicado a fiscalizações.

Nesse sentido, o vídeo da sessão desta quinta-feira, 9, parece bastante elucidativo a respeito das diferenças de atuações existentes em nosso plenário.

Sobretudo no terço final da gravação, que pode ser vista no YouTube.

Quem tiver oportunidade, faria bem em conferir.

Em tempo...

A coluna enfatiza que dará visibilidade a qualquer ato abusivo que venha a ser cometido contra servidor, quer seja na Câmara, quer seja em qualquer repartição do poder municipal.

E, aos leitores, fica aqui uma pergunta provocativa: que tipo de político precisa pagar para ser defendido e elogiado?

Orgulhos

A vergonha que encontramos na política contrasta com o orgulho proporcionado pelo trabalho de excelência tantas vezes desempenhado por friburguenses espalhados pelo mundo.

Uma das fontes desse orgulho é a biomédica Elza Helena Andrade Barbosa Durham.

Mestre em Biofísica pela UFRJ e doutora em Bioinformática pela USP, Elza atua com Propriedade Intelectual (PI) desde 2007, acumulando atuações em escritórios de grande porte e também como gestora de PI em indústrias farmacêuticas nacionais e multinacionais.

Oportunidade

A ex-aluna do Colégio Nossa Senhora das Dores é recorrentemente convidada a palestrar em conferências nacionais e internacionais, e em 2018 ganhou o prêmio de Melhor Departamento de PI da América Latina pela Leaders League.

Agente da Propriedade Industrial desde 2011 e com MBA em Gestão Empresarial pela FGV, ela foi convidada pela Associação Paulista de Propriedade Intelectual a tomar parte em uma live a respeito da gestão da propriedade intelectual na área da Saúde, a ser realizada na próxima terça-feira, 14, a partir das 17h no instagram @aspi.org.br.

Para quem quiser aprender um pouco sobre o tema, ou simplesmente matar as saudades desta menina que deixou muitos amigos por aqui, eis aí uma boa oportunidade.

Dilma

Por razões as mais diversas, as redes sociais repercutiram muito - e de forma amplamente negativa - a proposta do vereador Norival de agraciar a ex-presidente Dilma Rousseff com o título de cidadã friburguense.

Há, de fato, quem aposte que mais uma vez o plenário terminará por negar a homenagem, justamente em razão desta repercussão.

Em ano eleitoral, tudo é possível.

Teatro

Aos olhos deste colunista, todo este episódio parece fortemente carregado de tons farsescos.

Desde o momento e a pertinência da homenagem, à própria maneira como alguns ensaiam fazer da rejeição um degrau para o populismo barato, tudo soa artificial, oportunista e alienado em relação às demandas do desafiador contexto em que vivemos.

Quando foi que deixamos de tratar política como coisa séria, hein?

Witzel

O governador Wilson Witzel fez, nesta quinta-feira, 9, uma visita relâmpago a Nova Friburgo.

Acompanhado do secretário estadual de Agricultura, Marcelo Queiroz, ele se reuniu com agricultores no distrito de Campo do Coelho para a entrega de cheques simbólicos a produtores rurais beneficiados pelo Agrofundo, somando valores próximos a R$ 200 mil.

O programa, da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, concede financiamentos com dois anos de carência e juros de 2% ao ano.

Detalhes

O encontro aconteceu na sede da Associação dos Produtores Agroindustriais do Estado do Rio de Janeiro (AproRio) e incluiu ainda a entrega de certificação do Ministério da Agricultura ao Estado do Rio, que, a partir de agora, integra o Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal, bem como a entrega simbólica de cestas básicas adquiridas diretamente de produtores rurais e que estão sendo doadas para cerca de quatro mil famílias (oito mil cestas) em situação de vulnerabilidade social.

A doação foi viabilizada por meio de parceria realizada entre a Fundação Banco do Brasil e a Emater-Rio.

Eles sabem...

Ainda a esse respeito, parece sintomático que a vinda do governador tenha sido divulgada com tão pouca antecedência, e tenha se dado de forma tão discreta.

Teatralizações à parte, comportamentos recentes nas três esferas de governo dão a entender que todo político tem alguma noção a respeito da própria popularidade...

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Viagem diferente

sexta-feira, 10 de julho de 2020

Chegou o mês de julho. Para muitas pessoas, era um mês esperado, com alguns dias de férias e oportunidade de descansar, dar uma breve pausa, quem sabe até fazer uma viagem. Não à toa os pacotes turísticos para esta época do ano sempre foram muito procurados.

Chegou o mês de julho. Para muitas pessoas, era um mês esperado, com alguns dias de férias e oportunidade de descansar, dar uma breve pausa, quem sabe até fazer uma viagem. Não à toa os pacotes turísticos para esta época do ano sempre foram muito procurados.

O mês de julho, para aqueles que podiam, sempre combinou muito bem com viagens, sem importar o destino. As crianças, com suas pausas clássicas de férias muitas vezes ditavam o ritmo de mudanças por alguns dias nas rotinas dos pais. Crianças em casa, sempre pareceu ser sinônimo de necessidade de reinvenção dos pais. Uma situação bastante típica. Os adoradores da estação do inverno também costumavam se deleitar esse mês ... festivais de inverno, passeios por lugares frios, busca por cantinhos aconchegantes de preferência com lareira, fondue e araucárias. Os que curtem neve e tinham possibilidades financeiras, lotavam os pontos turísticos e estações de esqui na América do Sul.

O cenário costumava ser bastante convidativo, claro, para aqueles que tinham essas possibilidades. Mas e agora? O ano de 2020 nos apresenta uma proposta diferente. Proposta essa não formulada por ninguém, sem roteiro, sem destino, sem planejamento, sem data para acabar. Em meio ao caos da pandemia, incertezas, perdas, doença, medo, dificuldades financeiras, isolamento, a viagem de meio de ano será bastante diferente para muita gente.

Com as novas perspectivas impostas pelo vírus, muitos roteiros foram repensados, e inúmeros destinos voltaram-se para os interiores dos lares e das pessoas. O tempo também foi relativizado. O estado de espírito do viajante empolgado, também foi impactado pela pandemia. Talvez os pais precisem reinventar o lúdico dessas férias de julho com os elementos reais e factíveis, que estão em suas próprias mãos.

Aliás, muita coisa está precisando ser reinventada e ressignificada neste ano atípico e complexo. Não sabemos os rumos de tudo isso ao certo e a incógnita tem sido um elemento diferencial neste processo de nos voltarmos para dentro, de administrarmos as mais variadas emoções, desta vez com nuances inéditas, de fitarmos de forma tão próxima com a efemeridade da vida, com os recursos escassos, com a limitação de nossa liberdade e o que temos feito com tudo que nos era proporcionado e possibilitado até então. Que viagem difícil essa. Sem malas reais, mas com uma bagagem sem tamanho para carregar.

Não deixemos de viajar. Desta vez, para o âmago de nossos anseios, para o autoconhecimento, em busca da sabedoria profunda sobre quem seremos e para onde iremos quando tudo isso acabar. Se acabar...

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Economia em crise e bolsas em alta: isso faz sentido?

sexta-feira, 10 de julho de 2020

Enquanto começo este texto, às 11h da manhã desta quinta-feira, 9, o Ibovespa está cotado em 99.579,27 pontos; já acumulam-se 56% de rentabilidade desde o fundo no auge das turbulências provocadas pelos impactos econômicos e sociais decorrentes do novo Covid-19. Em menos de quatro meses, o índice somou mais de 30 mil pontos de valorização. Ainda não é o suficiente para atingir patamares recordes alcançados em janeiro deste ano, pois na profunda queda – em apenas um mês – os gráficos mostravam mais de 50 mil pontos de desvalorização.

Enquanto começo este texto, às 11h da manhã desta quinta-feira, 9, o Ibovespa está cotado em 99.579,27 pontos; já acumulam-se 56% de rentabilidade desde o fundo no auge das turbulências provocadas pelos impactos econômicos e sociais decorrentes do novo Covid-19. Em menos de quatro meses, o índice somou mais de 30 mil pontos de valorização. Ainda não é o suficiente para atingir patamares recordes alcançados em janeiro deste ano, pois na profunda queda – em apenas um mês – os gráficos mostravam mais de 50 mil pontos de desvalorização.

Por outro lado, as expectativas para 2020 não são as melhores; a economia real passa por momentos difíceis e a recessão já é realidade. O Boletim Focus (relatório periódico elaborado e divulgado pelo Banco Central do Brasil) na última segunda-feira, 6, projetou retração de 6,50% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020. Por outro lado, o mesmo relatório já estima expansão de 3,50% para 2021. Ademais, o mercado de trabalho sente diretamente esses impactos da recessão e a taxa de desocupação – ainda em alta – representava 12,4% no fechamento da segunda semana de junho.

Parece haver uma desconexão entre o mercado de ações e a economia real, não é mesmo? Pode parecer estranho, mas, de fato, o mercado de bolsa costuma ser um indicador antecedente: alcançamos o fundo de mercado e as maiores quedas da história da bolsa antes mesmo de o isolamento social se dissipar em território brasileiro e agora o mercado opera em alta mesmo durante o auge (será?) da crise na economia real, já projetando dias melhores em breve. Isso faz parte dos ciclos econômicos.

Agora, pode, sim, ser muito estranha, a velocidade com que tudo está acontecendo. Ciclos econômicos costumam levar certo tempo para absorver todos os processos de retração da economia, e o que em outras crises durou anos agora está sendo superado em semanas. Nos Estados Unidos, por exemplo, o Nasdaq Composite (índice de ações listadas na Bolsa de Valores da Nasdaq) já voltou a quebrar novos recordes e superou “patamares pré Covid-19”.

Então, o que motivou tanto otimismo do mercado?

Antes de mais nada, o primeiro ponto a ser questionado – e aí não há como haver uma resposta definitiva – é se tal otimismo pode ser, de fato, justificável ou deve ser considerado como exacerbado. Para isso, é importante entender como ocorreu essa recuperação das bolsas ao redor do mundo e como os próprios governos e bancos centrais atuaram para garantir o funcionamento do sistema financeiro. Basicamente, o governo precisava injetar liquidez – e, com isso, volume – nas negociações e, para isso, usaram algumas ferramentas disponíveis no mercado de negociações em bolsa; criaram suas proteções, caso a operação não desse certo, para adquirir ativos de classe especulativa (considerados como não investimento).

Com isso, compraram dividas de grandes empresas e possibilitaram sua rápida recuperação. Parece que o livre mercado também não se sustenta sem o Estado, não é mesmo? Fica o questionamento para intrigar seus pensamentos, leitor.

Por outro lado, alguns relatórios de resultado – principalmente os do setor varejista – justificam parte do otimismo pelo mercado. Contudo, vale ressaltar, mercados em alta são (sempre) aguardados por correções no caminho. Apesar de ninguém saber ao certo quando ocorrerá, vale a pena estar atento aos próximos movimentos de baixa; não serão comparáveis a grandes correções em tempos de crise, mas podem possibilitar bons momentos para a montagem de suas posições.

Finalizo esta coluna com uma dica: fique sempre atento aos mercados de alta, pois as correções fazem parte dos movimentos.

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Cestas básicas

quinta-feira, 09 de julho de 2020

Para pensar:
"Na verdade, qual idealização é capaz de se manter, qual sonho pode persistir indefinidamente, quando confrontado com a precariedade natural dos seres e a monótona cantilena da eterna repetição das coisas?"
Gilles Lipovetsky

Para refletir:
“Toda a lei que oprime um discurso está insuficientemente fundamentada.”
Roland Barthes

Cestas básicas

Em linhas gerais, a notícia é evidentemente positiva.

Para pensar:
"Na verdade, qual idealização é capaz de se manter, qual sonho pode persistir indefinidamente, quando confrontado com a precariedade natural dos seres e a monótona cantilena da eterna repetição das coisas?"
Gilles Lipovetsky

Para refletir:
“Toda a lei que oprime um discurso está insuficientemente fundamentada.”
Roland Barthes

Cestas básicas

Em linhas gerais, a notícia é evidentemente positiva.

“Desde o dia 19 de maio, quando a Prefeitura de Nova Friburgo deu início à distribuição de cestas básicas às famílias friburguenses inscritas no Cadastro Único para Benefícios do Governo Federal (CadÚnico) e às famílias dos alunos matriculados na rede municipal de ensino, já foram entregues 24.662 kits durante as duas etapas de distribuição promovidas pelo Governo Municipal.”

Segue

“As duas compras (de cestas básicas e kits de limpeza) foram feitas através do Fundo Municipal de Assistência Social, portanto, com verba própria do município. No caso das cestas básicas, a compra custou R$ 3.408.750 e os itens estão sendo fornecidos pela empresa Ermar Alimentos, do Rio. Já os kits de limpeza custaram R$ 359.100 e estão sendo fornecidos pela empresa Golden Rio Comercial, de Itaboraí.”

Indícios

O vereador Wellington Moreira, no entanto, já protocolou três representações junto ao Ministério Público a fim de dividir informações que apurou em processos de fiscalização e entendeu serem pertinentes a esse respeito.

No mais recente dos documentos, o parlamentar argumenta que em razão de “indícios de irregularidades nas contratações emergenciais, faz-se necessária a investigação por parte dos órgãos competentes quanto à compra, conteúdo e distribuição das cestas básicas para suprir a ausência da merenda escolar durante o isolamento social”.

Incompletas

Em essência, o vereador chama a atenção para relatos dando conta da ausência de itens na cesta.

“A principal irregularidade grave relatada pelas famílias é a ausência ou diminuição da quantidade de itens que compunham a segunda cesta recebida. A maior parte das denúncias recai na ausência dos itens de limpeza, principalmente água sanitária e detergente, que constam da lista de compra original das cestas. Muitas denúncias recebidas relatam a diferença de tamanho e peso entre a primeira e a segunda cesta recebidas”.

Procedência

Da mesma forma, a peça chama atenção para alguns detalhes relacionados à procedência das cestas.

“É bom lembrar que o proprietário da empresa contratada (Ermar Alimentos) já esteve envolvido em desvios de merenda escolar no Estado do Rio de Janeiro que somam cifras superiores a R$ 300 milhões”, e que ele e mais quatro membros da mesma família “foram detidos na Operação Inópia, desdobramento da Lava-Jato responsável por investigar o desvio de dinheiro destinado à merenda escolar no Estado do Rio de Janeiro”.

Critérios

Também houve questionamentos a respeito dos critérios de distribuição, mas a própria prefeitura admite que “ainda não foi possível apurar a quantidade de cestas que foram entregues aos inscritos no CadÚnico e às famílias de alunos da rede municipal de ensino, já que muitas que possuem filhos matriculados na rede também estão inscritos no programa e recebem através dele”.

Qualidade

Por fim o documento reproduz relatos e fotos questionando a qualidade de alguns dos insumos distribuídos.

“Em um número significativo das cestas básicas compradas pela prefeitura, foram distribuídas com feijão brocado, arroz mofado e produtos próximo aos vencimentos na data do recebimento.”

Fala, leitor!

O leitor Jorge Libânio Schuindt enviou mensagem justamente a respeito deste assunto.

“Na edição do último dia 7 o Massimo menciona a cesta de frutas e legumes entregue às famílias dos alunos da rede municipal. A intenção é boa tal qual o ditado. De boas intenções o inferno está cheio. Procure uma foto da cesta e tire a conclusão. Nada contra a coluna, que admiro e leio sempre.”

Vacinação (1)

A VOZ DA SERRA já publicou reportagem dedicada ao tema, mas a coluna entende ser importante enfatizar que já foi publicada (e, portanto, encontra-se em vigor) a lei municipal 4.740, de autoria do vereador Cascão do Povo, que dispõe sobre a obrigatoriedade de apresentação da carteira de vacinação atualizada no ato da matrícula escolar em Nova Friburgo.

Vacinação (2)

A justificativa da legislação lembra que algumas doenças que já haviam sido erradicadas no país foram observadas novamente, e que uma das razões para o reaparecimento dessas doenças é a dificuldade enfrentada pelas autoridades para cumprir a meta de vacinação.

Importa registrar que a lei não gera impossibilidade de matrícula, mas sim a recomendação para sua regularização sob pena de encaminhamento para o Conselho Tutelar.

Inusitado

Nova Friburgo, como ademais inúmeras cidades brasileiras, possui um questionável histórico de concessões de títulos de cidadania a autoridades pouco ou nada vinculadas ao município.

De fato, já houve casos de pessoas que jamais pisaram por aqui (nem mesmo na cerimônia de entrega) e ainda assim foram agraciadas com a cidadania, em evidente desrespeito ao significado da honraria.

Justifica?

Pois bem, muitos tiveram a mesma impressão quando viram, na ordem do dia da sessão de hoje, 9, de nossa Câmara Municipal, a indicação feita pelo vereador Norival (PT) para que a ex-presidente Dilma Rousseff receba o título de cidadã friburguense.

A coluna não pode deixar de lembrar, todavia, que Dilma visitou a cidade em duas oportunidades enquanto ocupava a presidência, e, sobretudo, que sua mãe nasceu justamente aqui em Nova Friburgo.

Resta conferir se ela voltará à cidade mais uma vez, agora para receber o título de cidadã.

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Lumiar e São Pedro da Serra, uma história para contar

quinta-feira, 09 de julho de 2020

Alto do Macaé, região às margens do Rio Macaé. Foi para essa localidade que colonos suíços e alemães se dirigiram abandonando as glebas de terra que lhes haviam sido doadas pelo rei Dom João VI, na fundação da colônia no município de Nova Friburgo. Como as glebas recebidas por esses colonos eram impróprias para a agricultura foram autorizados pelo diretor da colônia a tomarem posse de terras em outras regiões.

Alto do Macaé, região às margens do Rio Macaé. Foi para essa localidade que colonos suíços e alemães se dirigiram abandonando as glebas de terra que lhes haviam sido doadas pelo rei Dom João VI, na fundação da colônia no município de Nova Friburgo. Como as glebas recebidas por esses colonos eram impróprias para a agricultura foram autorizados pelo diretor da colônia a tomarem posse de terras em outras regiões.

Na realidade, a permissão para deixarem o distrito colonial partiu de Dom Pedro I, na tentativa de revitalizar o projeto de seu pai Dom João VI, que autorizou a vinda de colonos suíços para o Brasil. Já estava instalado nessa região do Alto Macaé desde o ano 1823, o francês Felipe de Roure. Adquiriu uma fazenda que denominou de Lumiar, nome de uma vila próxima de Lisboa onde nasceu a sua esposa Michaella d'Abreu. Por ser a principal fazenda da região deu nome ao distrito de Nova Friburgo.

Essa região tem uma importância política de tal ordem que em outubro de 1889, bem próximo a proclamação da República, recebe o predicado de segundo distrito com o nome de Lumiar. Já São Pedro da Serra recebe esse nome em homenagem a Dom Pedro I que havia autorizado à posse de terras devolutas na região.

No final do século 19, o segundo distrito possuía diversas bandas de música como a Sociedade Musical Euterpe Lumiarense, Sociedade Musical Quinze de Novembro e a Banda de Senhoras, formada quase exclusivamente por mulheres descendentes de famílias suíças. Em 28 de novembro de 1893, o coronel Carlos Maria Marchon, chamado pela imprensa de “Mandão de aldeia” doa um terreno de sua propriedade para ser erguida uma capela cujo orago seria São Sebastião. Essa capela era inicialmente de pau-a-pique, um tipo de construção muito comum no Brasil. Uma nova capela foi edificada no mesmo terreno e a obra concluída no ano de 1901, graças ao empenho de toda a comunidade da Paróquia de São Sebastião de Lumiar.

Uma igreja foi construída bem próxima na década de 1980, mas manteve-se a antiga capela em suas instalações. Já na igreja de São Pedro da Serra, existe na fachada a referência de que é o mais antigo templo de Nova Friburgo. A capela era coberta de tabuinhas no estilo suíço tendo sido inaugurada em 22 de janeiro de 1865. Na realidade, a capela mais antiga é a de São João Batista, na sede da vila. Seu templo era inicialmente em um dos cômodos na casa de vivenda da Fazenda do Morro Queimado. Era onde ocorriam os cultos religiosos.

Nas terras do Alto Macaé foi para onde se dirigiram os colonos suíços Ouverney. A família possui uma particularidade. Durante décadas foram realizados casamentos somente entre primos. Era comum essa prática no passado, mas os Ouverney foram os que mantiveram essa tradição de casamentos dentro de seu núcleo familiar até há alguns anos. Além de café que se plantava tanto em Lumiar quanto em São Pedro essa localidade era conhecida como Inhames, em razão das inúmeras plantações desse legume na região.

O Rio Macaé propicia o surgimento de muitas cachoeiras em razão de seus declives. No passado, essa queda favorecia a instalação de moinhos e monjolos auxiliando os produtores rurais em suas roças. Nos dias atuais é explorado para a prática do esporte de canoagem. São Pedro da Serra, que dista apenas cinco quilômetros de Lumiar, se emancipa desse distrito. Além do centro é composto dos povoados de Benfica, Sibéria, Bocaina dos Blaudts, Bocaina dos Mafort, Tapera, Vargem Alta, Colonial 61, Ribeirão do Capitão e Cachoeira. Uma das festas mais tradicionais no mês de julho é a festa da Vila Mozer onde são feitas deliciosas broas de milho com legumes crus, uma tradição muito antiga na localidade. Os Mozer são igualmente descendentes de colonos suíços.

Já o distrito de Lumiar possui as localidades de Rio Bonito, Cabeceiras de Rio Bonito, Galdinópolis, Macaé de Cima, Santiago de Lumiar, Ribeirão das Voltas, Boa Esperança, Toca da Onça e o centro. A atividade agrícola tanto de Lumiar como de São Pedro da Serra nos dias de hoje está bastante reduzida e restrita em razão da região ser Área de Proteção Ambiental de Macaé de Cima. Em contrapartida, muitos de seus moradores usufruem da vocação turística desses dois distritos que possuem uma imensa população flutuante nos fins de semana e durante o verão. A gastronomia, o artesanato e a prestação de serviços são fontes de renda para inúmeros moradores locais.

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    O francês Felipe de Roure adquiriu uma fazenda que denominou de Lumiar

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    O monjolo ainda é utilizado na Vila Mozer (Foto: Acervo pessoal)

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    Para o Alto Macaé se dirigiram os suíços Ouverney (Foto: Acervo pessoal)

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O papel da fé na diminuição da ansiedade

quinta-feira, 09 de julho de 2020

Vários estudos demonstraram os benefícios da fé no tratamento de transtornos de ansiedade em adultos. Em uma pesquisa com 37 mil homens e mulheres que frequentam a igreja, sinagoga ou outros serviços religiosos, quanto maior a frequência ao culto, menor a prevalência de depressão, mania e transtorno do pânico. (Baetz, M. et ai., 2006).

Vários estudos demonstraram os benefícios da fé no tratamento de transtornos de ansiedade em adultos. Em uma pesquisa com 37 mil homens e mulheres que frequentam a igreja, sinagoga ou outros serviços religiosos, quanto maior a frequência ao culto, menor a prevalência de depressão, mania e transtorno do pânico. (Baetz, M. et ai., 2006).

A médica pesquisadora Marilyn Baetz, da Universidade de Saskatchewan, no Canadá, declarou: "Quanto maior a frequência ao culto, menores as chances de depressão, distúrbios de pânico e mania". Can J Psychiatry 51: 654-61. A importância da religião foi um preditor de melhora no transtorno do pânico após um ano. Com o tempo, a melhoria observada para a prática da religião foi muito importante. (Bowen, R. et ai., 2006).

Em uma revisão sistemática de 850 estudos científicos, a maioria deles bem conduzidos concluiu que níveis mais altos de envolvimento religioso estão associados positivamente a indicadores de bem-estar psicológico, satisfação com a vida, felicidade, afeto positivo e menos depressão, pensamentos e comportamentos suicidas, abuso de drogas e álcool. (Moreira-Almeida, A., Neto, F., Koenig, HG, 2006. Religiosidade e saúde mental: uma revisão. Rev Bras Psiquiatr.28: 242-50.).

A fé pode desempenhar um papel benéfico na cura de dores e conflitos emocionais. Se você lê inglês, veja o artigo “Cura e fé” no site da Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos em www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed. Várias intervenções espirituais ajudam a resolver a ansiedade e a criar confiança. Isso inclui o uso diário dos dois primeiros passos dos Alcoólicos Anônimos (AA) e o pensamento: "Não tenho poder sobre minhas ansiedades, desconfiança, raiva ou minha tendência a controlar e quero entregá-las a Deus".

Além disso, uma meditação diária sobre Deus como protetor pode diminuir a ansiedade na juventude. Os dois primeiros dos 12 passos dos AA são: “Admitimos que éramos impotentes perante o álcool [ou outro problema em sua vida] – que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas. Viemos a acreditar que um poder superior a nós mesmos poderia devolver-nos à sanidade.”

Nas famílias com forte fé, os pais que são espirituais também relatam sobre o benefício de orar com crianças ansiosas na hora de dormir, ensinando-as a entregar todos os seus medos ao Deus Criador. Além disso, eles treinam seus filhos a terem uma atitude mental de confiança em Deus quando os seus medos, ansiedade ou insegurança surgem.

A psicologia positiva (Martin Seligman) ou o papel das virtudes como esperança, gratidão, bondade, perdão, no tratamento de distúrbios da infância é uma área mais nova no campo da saúde mental. No entanto, o crescimento das virtudes tem sido visto historicamente na civilização ocidental como sendo essencial para o desenvolvimento de uma personalidade saudável.

Os jovens com transtornos de ansiedade precisam ser protegidos da raiva excessiva que prejudica a confiança, e protegidos também de críticas ou abusos injustificados que prejudicam o desenvolvimento da confiança nos dons e habilidades de alguém. A paternidade responsável envolve a compreensão das necessidades dos filhos para praticarem um relacionamento de apego próximo, consolador e seguro com o pai e a mãe, irmãos e colegas.

Os jovens precisam aprender como se recuperar de dores emocionais e trabalhar para crescer em confiança com aqueles que são, de fato, dignos de confiança. Eles também precisam aprender a perdoar aqueles que prejudicaram sua confiança, para que não se tornem prisioneiros emocionais de seu passado. 

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Dignidade

quarta-feira, 08 de julho de 2020

Para pensar:
"Armamentista arranja tiroteio como hipocondríaco arranja doença. Quem procura sempre acha."
Alexandre Campos

Para refletir:
“Busque respeito, não atenção. Ele dura mais.”
Ziad Abdelnour

Dignidade

A coluna sempre se alegra quando tem oportunidade de fazer elogios à administração municipal, e hoje é uma dessas ocasiões.

Para pensar:
"Armamentista arranja tiroteio como hipocondríaco arranja doença. Quem procura sempre acha."
Alexandre Campos

Para refletir:
“Busque respeito, não atenção. Ele dura mais.”
Ziad Abdelnour

Dignidade

A coluna sempre se alegra quando tem oportunidade de fazer elogios à administração municipal, e hoje é uma dessas ocasiões.

Dias atrás a prefeitura concedeu o título de posse a 44 famílias que há muitos anos viviam de maneira precária num conjunto habitacional na Granja Spinelli originalmente destinado às vítimas das chuvas de 2007.

De acordo com o governo, a ação é o desfecho de uma longa negociação junto à Caixa Econômica Federal que permitiu a regularização fundiária das casas populares no bairro.

Finalmente

A prefeitura lembra ainda que, “além da posse legal, a regularização fundiária permitirá que os moradores, que vivem em condições de alta vulnerabilidade socioeconômica, passem a ter direito a benefícios como saneamento básico e aos serviços de água e energia elétrica. Detalhes técnicos quanto a metragem das unidades e frações ideais também foram anexados à documentação”.

A coluna acompanha há muitos anos o drama desta comunidade, e fica muito satisfeita por finalmente ter oportunidade de publicar tais informações.

Para perder a fé

A forma inconsequente como tanta gente tem se comportado após o início da flexibilização, aqui ou em alguns municípios próximos a nós, tem representado um duro desafio à conservação da fé na capacidade coletiva de se comportar de maneira sensata, sustentável e altruísta.

É surpreendente (e desanimador) observar que ainda precisamos de leis e fiscalização para assegurar comportamentos óbvios, contra os quais restam apenas posturas negacionistas e alienadas.

Vendo tudo isso, fica fácil entender a quem tantos de nossos políticos representam.

Adolescência

Desdém em relação ao uso de máscaras e a protocolos básicos, ironias maldosas para com quem entende que proteger pessoas queridas passa por proteger a si mesmo, e a mais absoluta falta de respeito e gratidão para com profissionais expostos a riscos, ou diretamente atingidos economicamente pelas medidas de isolamento.

É triste constatar que a pandemia irá passar, mas tudo o que ela revelou a respeito de nós mesmos ainda há de nos assombrar por muitos e muitos anos.

Para recuperar a fé

Felizmente, contudo, ainda há muita gente boa em ação, e é preciso lhes dar atenção.

Paralelamente às correntes de solidariedade, a integração entre a comunidade científica e as necessidades da sociedade têm estabelecido pontes que, se mantidas para o futuro, podem resultar em grandes benefícios para ambos os lados.

Mais detalhes

Dias atrás, por exemplo, a coluna registrou que um projeto de parceria entre os campi friburguenses de UFF e Uerj voltado a produzir Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e odonto-médico-hospitalares no enfrentamento da Covid-19 teve proposta aprovada em edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).

Agora temos mais alguns detalhes a esse respeito.

Aplicação

Com a liberação dos recursos, a iniciativa prevê a construção de um centro de pesquisa, desenvolvimento e inovação voltado à indústria têxtil de Nova Friburgo.

De acordo com os responsáveis, a rede de parceiros envolvidos no projeto deve expandir a produção de face shields, instalar um laboratório para qualificação de EPIs, aprimorar respiradores e ainda desenvolver ferramenta computacional de análise big data de dados imunológicos no tratamento da Covid-19, para conhecer melhor como o vírus interage com a célula hospedeira.

Parceria

O projeto é fruto de parceria entre o Instituto de Saúde Nova Friburgo da Universidade Federal Fluminense (ISNF/UFF) e o Instituto Politécnico do Rio de Janeiro da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IPRJ/Uerj), com a participação de pesquisadores da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade Federal do Rio Grande (UFRG).

Ao todo, estão envolvidos 23 profissionais das mais diversas áreas do conhecimento.

Aspas

Segundo Ivan Napoleão Bastos, professor do IPRJ/Uerj e coordenador do comitê gestor, o projeto deve contribuir para sanar carências do Estado durante a pandemia.

“O orçamento é de R$ 1.362.046,76 e tem prazo de execução de 24 meses. Depois que a Faperj liberar os recursos, essa rede poderá oferecer à indústria têxtil do município a qualificação tecnológica para a produção de EPIs, como máscaras, toucas, capotes e macacões, além da expansão de produção de face shield, a instalação de laboratórios, a criação de respiradores e de ferramentas computacionais para enfrentar a Covid-19”.

Enfrentamento

Ivan esclarece ainda que todos os face shields produzidos serão destinados aos profissionais ligados diretamente ao enfrentamento da Covid-19, de maneira inteiramente gratuita.

“A produção de EPIs – em articulação com a indústria de moda e metal-mecânica e parceria com o Senai, Stam, Hak, Suspiro Íntimo e Persona 3D – tem o objetivo de expandir o projeto Face Shield NF, que já produziu quase 40 mil unidades que foram distribuídas gratuitamente a profissionais de saúde”, explica o professor.

Respiradores

Com relação aos respiradores, Bastos ressalta que o projeto deve baratear o custo de produção.

“Os ventiladores disponíveis no mercado são, em geral, muito caros e necessitam de um ambiente hospitalar para a sua operação. Nosso projeto prevê o desenvolvimento de equipamentos de baixo custo, de fácil operação e de grande confiabilidade, para o atendimento de pacientes com dificuldades respiratórias acometidos pela Covid-19”, afirma.

Sob todos os aspectos, portanto, são notícias excelentes que sublinham a importância da presença acadêmica que temos em nossa cidade.

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A praga dos gafanhotos

quarta-feira, 08 de julho de 2020

No meio daquela multidão em disparada, gafanhotos e gafanhotas conseguem se entender

No meio daquela multidão em disparada, gafanhotos e gafanhotas conseguem se entender

Segundo lemos no livro do Êxodo, o faraó Ramsés II era um sujeito cabeça dura, e a teimosia dele, recusando-se a libertar os judeus, obrigou o Senhor a despejar dez pragas sobre o Egito. Uma das desgraças que desabaram sobre os egípcios foi a nuvem de gafanhotos. Esses bichinhos andam --- ou melhor, voam --- sempre em estado de fome desesperada, de tal modo que podem acabar com uma lavoura enquanto o diabo pisca o olho. E, como sabem os que já estiveram na presença do Dito Cujo, ele, quando pisca o olho, é apenas por um triz, que o diabo não pode perder tempo e permitir que um pecador lhe escape.

Pois o Brasil, que não tem nenhuma culpa pela ranzinzice de nenhum faraó, nem dos de lá nem dos de cá, se viu ameaçado por um bando que, calculam as autoridades, reunia cerca de vinte milhões de esfomeados, zunindo como uma flecha em direção à Pátria Amada. Depois de passar pelo Uruguai e pelo Paraguai, estavam pastando na Argentina. No entanto, essa tríplice visita não foi suficiente para matar a fome da bicharada, ou talvez eles pretendessem vir ao Brasil apenas para saborear sobremesa, o que significaria devorar todas as lavouras que encontrassem pelo caminho.

Um aspecto intrigante do assunto é que os gafanhotos têm vida média de três meses, ou seja, vão morrendo aos montões durante a viagem. E como a população não diminui? perguntará o leitor mais atento. Eis a explicação a que cheguei quando me fiz a mesma pergunta: eles se reproduzem em pleno voo. O que justifica outro espanto do leitor: como é que pode?  Sem ser especialista em gafanhotos, concluo que eles voam transando e transam voando. Por incrível que pareça, no meio daquela multidão em disparada, gafanhotos e gafanhotas conseguem se entender e gerar os herdeiros de sua fome milenar. Dada a velocidade com que viajam, essa deve ser a rapidinha mais rápida de todas.

Verdade que, para os cientistas, as dez pragas narradas na Bíblia têm explicações nada miraculosas. Erupções de vulcões, aquecimento climático, seca e a presença do homem, o mais devorador de todos os bichos, causaram um desequilíbrio ecológico que explicaria o que o povo de então considerou um castigo dos céus.

Qualquer que tenha sido a causa, o certo é que o Egito passou naquela época por um grande aperto, uma verdadeira praga. Mas também o Brasil tem sofrido pragas terríveis, e algumas delas até chegam aos mais altos cargos da República. Nossos gafanhotos só devoram cédulas, preferencialmente das verdinhas. Comem também a moeda nacional, mas logo conseguem plantá-las no terreno fértil de bancos estrangeiros e de paraísos fiscais e depois colhem dólares à mancheia.

Gafanhoto por gafanhoto, talvez os nossos sejam mais vorazes do que seus antepassados bíblicos.

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