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O triste fim da chácara do Seu Martins

sexta-feira, 23 de abril de 2021

Antônio Alves Pinto Martins, natural do Minho, em Portugal, estabeleceu domicílio em 1914 em Nova Friburgo com a esposa Carolina, os sete filhos e a enteada. O Seu Martins ou Seu Pinto, como era conhecido, mesmo aos 52 anos, considerada à época como uma idade bem avançada, migrou do comércio para a lavoura adquirindo uma chácara que ficou conhecida como Vila Amélia. Produzia e comercializava laticínios, verduras, legumes, frutas frescas e em conserva, mel e linguiças defumadas com a marca V.A., de Villa Amélia.

Antônio Alves Pinto Martins, natural do Minho, em Portugal, estabeleceu domicílio em 1914 em Nova Friburgo com a esposa Carolina, os sete filhos e a enteada. O Seu Martins ou Seu Pinto, como era conhecido, mesmo aos 52 anos, considerada à época como uma idade bem avançada, migrou do comércio para a lavoura adquirindo uma chácara que ficou conhecida como Vila Amélia. Produzia e comercializava laticínios, verduras, legumes, frutas frescas e em conserva, mel e linguiças defumadas com a marca V.A., de Villa Amélia.

Na chácara havia um extenso pomar com pereiras, macieiras, goiabeiras, canforeiras, jabuticabeiras, laranjeiras, caquis, tojos, bananeiras, pita, nêsperas, bem como cafezais. No brejo plantava hortaliças e legumes. Do Sobreiro, árvore que trouxe muda de Portugal tirava a cortiça para fazer as rolhas das garrafas do vinho que produzia na chácara. O Córrego do Relógio era circundado por videiras plantadas por Antônio Martins. Pode-se afirmar que a feira do bairro da Vila Amélia tem origem no quiosque que o Seu Martins possuía próximo a chácara para vender o que produzia.

Martins construiu na chácara para conforto da família um belíssimo palacete inaugurado no dia 18 de maio de 1916, benzido por Monsenhor José Alves de Miranda. Antônio Martins primava pela boa formação educacional dos seus filhos, estudando todos nos melhores colégios. Nenhum deles deu continuidade aos negócios do pai se dedicando ao amanho da terra. No álbum de família percebemos que a vida social dos Martins era intensa. Gostavam de receber no palacete. Adoravam fazer pic nic pela redondeza e festejar com parentes e amigos nascimentos, aniversários e casamentos.

Estes eventos eram registrados em fotografias. Antônio Alves Pinto Martins faleceu dia 25 de junho de 1924, com 62 anos. Já Carolina Martins faleceu em 2 de agosto de 1945, aos 82 anos. A partir da morte da matriarca percebemos que as fotos de uma família unida e coesa era coisa do passado. Aníbal, Antônio, Abílio, Alberto, Alfredo, Álvaro e Amélia residiam no Rio de Janeiro e nos parece não demonstrarem muito interesse pela chácara. Lucia Pontes, a meia irmã, residia em Manaus. Com o falecimento da mãe, Alfredo foi residir com a família na Vila Amélia para tomar ciência dos negócios da chácara e dar início ao inventário.

Desde o início os herdeiros manifestaram o desejo de vender a propriedade. As despesas superavam o faturamento. A chácara tinha uma área de aproximadamente 846.185 metros quadrados, mas só constava na escritura 667.749,20 metros quadrados. Além do palacete haviam cinco casas menores e benfeitorias como cocheiras, paiol e galinheiros. Inicialmente o imóvel seria vendido a Imobiliária Friburgo de propriedade do prefeito José Eugênio Müller. Porém, não fica esclarecido o motivo pelo qual o negócio não foi concretizado. Havia um projeto de aquisição pela Fundação da Casa Popular do Governo do Estado do Rio de Janeiro, e que por intermédio da prefeitura, seria construída uma vila operária. Ali bem próximo ficava Fábrica de Filó. Os herdeiros ao final do inventário entraram com uma ação de extinção do condomínio. Abílio propôs desfazer o condomínio e dividir a propriedade dando a cada um o seu quinhão. Mas havia muita desavença entre os irmãos. Alguns entendiam que a partilha iria desvalorizar o patrimônio. Como não houve acordo o imóvel foi a leilão em 29 de janeiro de 1951, sendo arrematado pela prefeitura por um valor aquém do esperado. Ficaram todos muito arrependidos.

Tudo indica que o espólio tinha uma dívida alta com a prefeitura que exerceu o seu direito de preferência no caso de venda. A Câmara Municipal deliberou autorizando a aquisição da chácara da Vila Amélia pela prefeitura. Amélia Martins de Almeida faleceu em fevereiro de 1950, um ano antes da venda da vila que levava o seu nome, Vila Amélia. Áurea Maria Almeida, bisneta de Amélia nos informa que em 1968, o prefeito Amâncio Mário de Azevedo doou o  palacete e o terreno da Rua Souza Cardoso em frente ao Mercado da Vila Amélia à entidade assistencial Afape (Associação Friburguense de Pais e Amigos do Educando).

Já em novembro de 1982, o prefeito Alencar Pires Barroso e a Afape fizeram uma permuta trocando este terreno por outro localizado na Rua Teresópolis, ao lado do Sesi, que estava cedido ao Governo do Estado. A Secretaria de Segurança Pública fez um contrato de locação do palacete com a Afape pelo prazo de 50 anos para abrigar a 151ª Delegacia de Polícia e a carceragem.

Por falta de recursos para a sua manutenção, o palacete foi se deteriorando enquanto servia como delegacia de polícia. No pátio da residência onde outrora haviam touceiras de hortênsias, um lago com peixes e um chafariz cercado por margaridas, azaléas, orquídeas, palmeirinhas, cravos, boca de leão e roseiras foram instaladas dez celas para carceragem. Transcorridas algumas décadas, o Instituto de Criminalística Carlos Éboli condenou as instalações da carceragem por serem insalubres e devolveu o imóvel à Afape extremamente danificado. Esta instituição não tem condições financeiras para restaurar o histórico palacete que se deteriora a olhos vistos das elites friburguenses.   

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    Antônio Pinto Martins, o Seu Martins

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    Pic nic da família Martins

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    Os Martins em um batizado

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Um sábado de vacinação mais tranquilo

quarta-feira, 21 de abril de 2021

O último sábado, 17, começou com mais um drive-thru para a aplicação da segunda dose da vacinação anti Covid-19 nos idosos entre 70 e 75 anos. Ao contrário da primeira dose, o tempo de espera na fila foi bem menor e a equipe encarregada conseguiu imprimir uma dinâmica mais ágil. No entanto, já me acostumei às surpresas da vida friburguense, mas confesso que fiquei pasmo com a conversa que tive com um dos responsáveis pela vacinação.

O último sábado, 17, começou com mais um drive-thru para a aplicação da segunda dose da vacinação anti Covid-19 nos idosos entre 70 e 75 anos. Ao contrário da primeira dose, o tempo de espera na fila foi bem menor e a equipe encarregada conseguiu imprimir uma dinâmica mais ágil. No entanto, já me acostumei às surpresas da vida friburguense, mas confesso que fiquei pasmo com a conversa que tive com um dos responsáveis pela vacinação.

Comentei mais uma vez, que o único guarda municipal visto no trajeto desde o batalhão da Polícia Militar, foi no Paissandu, próximo à antiga Rua Baronesa. Nenhuma indicação ou sinalização em todo o trajeto, fazendo com que muitos motoristas só se dessem conta de que não se tratava de um simples engarrafamento, após permanecerem algum tempo parados. Esse responsável me contou que tinha sugerido a colocação de fitas plásticas sinalizando todo o trajeto, mas que não houve resposta da Secretaria Municipal de Ordem e Mobilidade Urbana.

Mas, a informação mais grave e estarrecedora estava por vir: no dia da primeira dose, a prefeitura não providenciou nem alimentação, nem água e nem tendas de proteção para o caso de chuva ou proteção à exposição solar. Dessa vez, foi comunicado à prefeitura que a equipe só trabalharia, caso as exigências fossem cumpridas. Pelo menos, quando entrei no Country Clube havia duas tendas de proteção montadas, uma em frente à outra. Quanto à alimentação, foi me garantido que ela estaria assegurada.

É um absurdo o que aconteceu no dia da primeira dose, pois a ordem era de que as 15h seria colocada uma placa atrás do último veículo da fila, encerrando o acesso à vacinação. Mas, todos na frente seriam imunizados. Conclusão, os trabalhos que se iniciaram às 10h só terminaram quase 12 horas depois. Sem comida e sem água é uma desumanidade típica de homens públicos sem nenhum traquejo para o cargo que exercem. É muito bonito sentar em cadeiras confortáveis de gabinetes, com ar condicionado, cafezinho e água gelada e colher os louros de um trabalho realizado pelos funcionários, expostos a todo tipo de intempéries, e sem uma única palavra de muito obrigado. Essa equipe está de parabéns, é nota mil.

Já era para ter tocado nesse assunto anteriormente, mas meditei muito antes de passar adiante essa informação, para não deixar as pessoas mais preocupadas do que já estão. Nova Friburgo está recebendo dois tipos de vacinas, a chinesa CoronaVac e a AstraZeneca/Oxford. O grande diferencial é a percentagem de imunização desses produtos. A vacina chinesa, admitido pela primeira vez por um dirigente do alto escalão do governo da China, responde por 54% de proteção, estando previsto estudos para a mistura de outra vacina ou uma terceira dose. A de Oxford chega a 85% de proteção após a segunda dose.

Uma das explicações poderia estar na diferença de fabricação, pois na primeira é utilizado o processo da atenuação do vírus e na segunda trata-se de uma versão mais fraca do vírus da gripe comum em chimpanzés (inofensivo em seres humanos), contendo igualmente proteínas contidas no material genético do vírus Sars-Cov-2.  Nesse caso, após a vacinação, o adenovírus penetra em algumas poucas células do corpo humano. Essas células utilizam o gene para produzir a proteína Spike (espícula, ou picos, na superfície do vírus). O sistema imunológico então reconhece isso como estranho e, em resposta, produz anticorpos e células T, que idealmente protegem contra a infecção com o coronavírus, o Sars-CoV-2.

É importante que todos tomem a vacina, que é o método mais eficaz para conter a propagação da doença, no entanto não se pode esquecer, nunca, que as medidas de higiene como lavar sempre as mãos com água e sabão ou usar álcool gel 70, evitar aglomerações e procurar sempre estar em ambientes arejados, manter uma alimentação saudável e uma hidratação adequada é, também, muito importante. Acho que o somatório desses fatores vai nos livrar dessa praga.

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É fogo!

quarta-feira, 21 de abril de 2021

Álcool sempre se dá um jeito de achar

Álcool sempre se dá um jeito de achar

A ideia até que era boa, mas também as melhores costumam encontrar quem as critique. Veja-se o que aconteceu com Galileu quando ousou sugerir que a terra girava em torno do sol. Outra prova da incompreensão que cerca os pensadores verdadeiramente originais é o caso do vereador gaúcho que apresentou à câmara municipal a proposta de se pulverizar a cidade com álcool. Para provar a viabilidade e a eficácia de uma chuva etílica no combate à Covid – 19, lembrou que há muito as plantações são pulverizadas contra todo tipo de praga e que, excetuando-se as ditas pragas — gafanhotos, formigas e similares — todos consideram os resultados como a salvação da lavoura. Argumentou ainda que vários empresários locais possuíam aviões e patrioticamente concordariam em emprestá-los para a nobre tarefa de sobrevoar a região e despejar do alto a cura do coronavirus.

A bancada da oposição, talvez lamentando não ter tido a ideia antes, logo tratou de ridicularizar o colega. Alegaram com ironia que seria necessária uma lei complementar destinada a impedir que nos limites do território municipal se acendesse fósforo, ligasse o fogão ou mesmo pitasse um cigarrinho, atitudes inocentes, mas capazes de incendiar a cidade. Sem falar no perigo, que não lhes ocorreu, mas que eu não deixei passar em branco, de alguns cidadãos mais chegados a um trago irem para rua e, de boca aberta para o céu, se fartarem de graça com um produto que só pagando conseguiam adquirir nos bares e supermercados. E se as esposas ralhassem ao vê-los chegar em casa tropeçando, alegariam que, tendo esquecido o guarda-chuva em casa, apanharam o maior temporal ao sair do trabalho.

Muitos riram da boa intenção do vereador, outros alegaram, talvez com razão, que bem melhor seria combater o inimigo com as armas da ciência, e não com propostas pé de cana e sem pé nem cabeça. O problema é que as armas da ciência — vacinas, respiradores e camas hospitalares — andam em falta e álcool sempre se dá um jeito de achar. Também aqui em nossa cidade projetos de lei muito esquisitos de vez em quando atravessam a cabeça das autoridades. Contam os mais antigos que o aumento dos preços dos produtos hortigranjeiros era objeto dos debates na casa legislativa. A sessão corria tranquila, até que um vereador mais bem informado sobre economia tentou explicar que o fenômeno era causado pela lei da oferta e da procura. Pra quê? Imediatamente um de seus pares pediu a palavra e, indignado, propôs que lei tão nefasta aos interesses da população fosse declarada extinta em todo o território municipal.

Um outro teria discursado ardorosamente contra a lei da gravidade, ao saber que essa era a causa de tanta coisa grave que acontecia no mundo, como, por exemplo, a queda de aviões. Não chegou ao extremo de propor sua extinção, mas afirmou que opor-se a ela era obrigação de todo cidadão de bem. São talentos desse naipe que acabam dando origem a muitas piadas com os quais a população se vinga dos que a governam ou desgovernam. É o caso daquele prefeito a quem se atribui a intenção de acabar com as subidas dos morros, deixando apenas as descidas, facilitando assim a vida sobretudo dos mais pobres, da parte da população que, sem carro e sem dinheiro para pagar o ônibus, tem que subir os morros a pé.

Piada ou não, a ideia não foi avante, talvez porque tenham conseguido convencer Sua Excelência de que, embora tendo o inconveniente das subidas, os morros são um dos encantos de nossa cidade e tão acostumados estamos de tê-los ao nosso redor que sem eles nos sentiríamos mais desprotegidos e ainda mais pobres.

 

 

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Indústria salva cidade do desemprego

quarta-feira, 21 de abril de 2021

Indústria salva cidade do desemprego
A indústria friburguense alavanca os empregos no início de 2021 e evita que o município acompanhe a média nacional. 96% dos empregos gerados aqui foram graças ao setor. Após terminar 2020 com um saldo de 620 desempregos, Nova Friburgo começou 2021 bem, com uma recuperação no nível de emprego, contradizendo a média nacional.

Indústria salva cidade do desemprego
A indústria friburguense alavanca os empregos no início de 2021 e evita que o município acompanhe a média nacional. 96% dos empregos gerados aqui foram graças ao setor. Após terminar 2020 com um saldo de 620 desempregos, Nova Friburgo começou 2021 bem, com uma recuperação no nível de emprego, contradizendo a média nacional.

Início positivo, mas...
 município gerou 615 empregos nos dois primeiros meses do ano. Os dados ainda não contemplam março e os primeiros dias de abril, período em que houve o crescimento de casos de Covid e as medidas de restrição, como o rodízio de CNPJ. Seus impactos só poderão ser analisados mais à frente.

Emprego x desemprego
Os números levam em conta o emprego formal, ou seja, com carteira assinada e são da Secretaria Nacional de Trabalho, através do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Em 2021, Nova Friburgo registrou 3.264 admissões contra 2.649 desligamentos.

Quase todos os novos empregos
A indústria foi o grande destaque para alavancar os números de Nova Friburgo, sendo responsável por 96% dos novos empregos. A indústria friburguense gerou 590 novas vagas. O setor de construção foi o 2º maior gerador de empregos com 44 novas vagas. O comércio, como é comum no início do ano, foi o único setor com saldo negativo: 981 admitidos para 1.007 demissões.

Sem grandes alterações
Os demais setores se mostraram estáveis, inclusive o de serviços, onde está inserida a administração pública. Sempre que há mudança de governo (quatro em quatro anos), a administração pública tem forte impacto no número de empregados e desempregados, pela natural mudança de equipe. Segundo os dados do Caged, foram 32 vagas a menos.

Saúde x educação
O setor de serviço contempla ainda as áreas privadas de saúde e educação. Enquanto o setor de saúde teve a geração de 32 novas vagas, a educação perdeu 31 postos de trabalho, dado já esperado pelo fechamento de turmas e até creches e escolas duramente afetadas pela perda de alunos.   

2020 x 2021
Dado interessante é a comparação dos dois primeiros meses desse ano com os de 2020, período ainda sem o efeito da pandemia. Em 2020, o município teve saldo positivo de 207 empregos. Ou seja, na comparação, mesmo com o cenário de pandemia, 2021 apresenta aumento de quase 200%.

Vacina x controle
Lembrando que os dois primeiros meses desse ano havia otimismo com a vacina e um sentimento de certo controle da pandemia, algo que não se firmou de março em diante. Projeções de setores da indústria, do setor de serviços e do comércio indicam, no entanto, que as restrições de funcionamento das atividades devem mudar esse quadro. Ou seja, será possível analisar com clareza o impacto ou não dessas condições. A conferir.     

Goytacaz rebaixado
A segundona teve todos os times definidos no último fim de semana. Na Justiça Desportiva, o Goytacaz foi punido com a perda de seis pontos na competição de 2020 e com isso acabou rebaixado para a terceirona. A vaga acabou sendo herdada pelo Audax. Como já se projetava, o Macaé confirmou seu rebaixamento da elite, agora de forma matemática a uma rodada do fim da Séria A.

Times definidos
Dessa forma, a segundona ficou definida com dois grupos de seis times, com apenas um representante de capital, o América. O Friburguense está no Grupo A, com Cabofriense, Duque de Caxias, Gonçalense, Artsul e Americano. Já o grupo B tem América, Macaé, Sampaio Corrêa, Audax, Maricá e Angra dos Reis. No 1º turno, os times jogam dentro dos seus grupos. No 2º, um grupo enfrenta o outro. Em cada turno, os dois primeiros avançam para as semifinais e final.

Tiro curto
O campeão de cada turno se enfrenta para a decisão de quem vai para a elite. Se um mesmo time vencer os dois turnos e nenhum outro tiver mais pontos do que ele na soma do 1º com o 2º turno, será campeão estadual sem necessidade de final, garantindo o acesso. No entanto, se for superado por uma equipe na soma de pontos dos dois turnos, terá a final entre ambos.

Rápida análise
O grupo do Friburguense é mais difícil. A Cabofriense fez uma boa seletiva e quase ficou com a vaga, o Americano e o Artsul estão com poder financeiro para montar bons times. No outro, favoritismo para o América, também com boas condições financeiras, assim como o Sampaio e Maricá. No entanto, o América tem tropeçado nas contratações. O Maricá não tem tanta experiência de mercado.

Raça pode superar técnica
Mas a fórmula de disputa lembra Copa do Mundo. Cada jogo é uma decisão, por ser tiro curto. Isso beneficia times com menor investimento, mas com alto grau de motivação. A raça pode superar a técnica, o dinheiro e até mesmo as estruturas. Daí, as esperanças de que, apesar de todas as dificuldades, o Friburguense pode surpreender.            

Palavreando
“Nos enfeitamos de sonhos que desconsertam a realidade; de amores que colecionamos aos montes em cada passo; de fotos que paralisam momentos inesquecíveis e impossíveis de se repetir ainda que se ensaie; de dias que concedem o divino direito de ser feliz. São esses enfeites que nos diferenciam e nos definem. E indefinidos, nos realizamos sem ser necessariamente realidade”.

 

 

 

Foto da galeria
A criatividade do empreendedorismo local. Tempos de restrições, especialmente para o setor de restaurantes e lanchonetes, inovação. Uma confeitaria de Nova Friburgo, a La Benta, fez uma brincadeira do dia 1º de abril (dia da mentira), sobre um ovo de Páscoa de coxinha de frango. O que era para ser uma trolagem, acabou virando desejos e pedidos de clientes. Um sucesso! A delícia também já foi expandida para o sabor camarão. Apoie o comércio local!
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Do café da manhã ao nosso cotidiano, A VOZ DA SERRA é um primor!

terça-feira, 20 de abril de 2021

Do café da manhã ao nosso cotidiano, A VOZ DA SERRA é um primor!

Do café da manhã ao nosso cotidiano, A VOZ DA SERRA é um primor!

 Com a sensibilidade sempre em alta, o Caderno Z descobre os melhores temas para encantar os leitores. Na edição do último fim de semana, a homenagem foi para o  Dia Mundial do Café, 14 de abril. São muitas curiosidades sobre as origens do café como, por exemplo, a do pastor Kaldi que, há mais de mil anos, descobriu que as suas cabras ficavam “alegres e saltitantes” e muito mais resistentes quando comiam folhas e frutos de determinado arbusto. O fato é que o arbusto era exatamente um pé de café. A descoberta, lenda ou não, se perpetuou, pois não é sem razão que as pessoas apelam para bons goles de café na hora de virar a noite com seus trabalhos. No Brasil, o cultivo começou a partir de 1727 e, muito adaptado, tornou-se um dos produtos de maior produção e exportação do nosso país.

Junior Macedo, barista, proprietário da cafeteria Grão Café, destaca que é impossível definir qual é o melhor café do mundo e que costuma adotar a máxima de que “o que você gosta é o melhor”. A instrutora do Senac RJ, Priscila Soares, dá várias dicas de como extrair o melhor sabor e aroma da bebida, mas ressalta: “Moer o grão no momento do preparo faz toda diferença”, pois não se perde o aroma contido no interior do grão. Wanderson Nogueira trouxe boas recordações do modo antigo de coar café, na banquinha de madeira e no coador de pano. Seu texto “Café com nostalgia” tem o aroma dos meus perfumes de infância também. Afinal, tudo é muito semelhante, quando se trata da “indústria das lembranças” em torno de um bom café. Seja para resolver negócios, encontrar amigos ou mesmo no cotidiano da vida, o café é o grão para toda obra!

Tão bom se nós pudéssemos marcar um café presencial, no Grão Café, para festejar os aniversariantes, em “Sociais” desta semana. O time está de primeira na coluna: nesse domingo, 18, Alan Andrade, nosso querido de A VOZ DA SERRA, que só falta ser trovador para completar seu círculo de predicados. Na sexta-feira, 17, foi a vez de Regina Schlupp, pessoa querida e muito aclamada desde os tempos do Colégio Cefel. E desde já, abraços para Dário Salomão, nosso “doutor”, muito querido da Drogaria Globo, aniversariante da próxima quinta, 22. A todos vocês, muita saúde, paz e amor.

Vamos cruzar os dedos e torcer para o sucesso da nadadora friburguense, Jhennifer Alves, que participa da seletiva para as Olimpíadas de Tóquio. A seleção dos atletas começa nesta semana e vai até o próximo dia 24, no Parque Aquático Maria Lenk, no Rio de Janeiro. Jhennifer está em excelente momento de preparação e, sem dúvida alguma, anseia realizar seu sonho e garantir uma vaga na Seleção Brasileira de Natação.

O transporte coletivo anda tenso e o “Cão Sentado”, na charge de Silvério, é a cara da preocupação. “Qual o futuro do transporte?” Eis a pergunta que não quer calar. O prefeito Johnny Maycon, entre afirmações otimistas, realça: “Nós teremos a contratação de uma empresa, seja a Faol ou qualquer outra do país...”. Tomara que o dilema seja resolvido, pois, não se pode imaginar mais uma pedra no caminho do povo.

Nova Friburgo segue em bandeira roxa e continuam as medidas rígidas de restrições. É preciso tentarmos de tudo para conter o vírus e isso requer a colaboração de todos. Basta uma leitura na reportagem de Christiane Coelho e vemos que o panorama pandêmico é ainda muito assustador. Agora, há até um “aumento no número de internações e mortes de infectados com menos de 60 anos de idade”. Que tristeza!

Em “Há 50 anos”, a imprensa sofria com 600% de majoração no envio de jornais pelos Correios e a selagem de cartas sofria  um acréscimo de 400%, no “maior aumento praticado em todos os tempos”. A notícia inflamou a imprensa, pois, na “concepção geral”, em 1971, o negócio era “pagar e não bufar”. A nota registrou ainda: “Acontece que, pagar, nós faremos, mas que iremos bufar e bufar muito, não haja a menor dúvida”. Interessante é que esse verbo “bufar” era bem usado antigamente. De repente, se começarmos a bufar pelos aumentos abusivos nos preços dos combustíveis, talvez consigamos algum êxito na baixa dos preços. Vamos bufar? Mas bufar muito, pessoal!

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Aniversariante do dia

terça-feira, 20 de abril de 2021

Aniversariante do dia
Hoje, 20, é um dia de muitas alegrias e satisfações para a bela e querida Mariza Rangel (foto), que estreia mais um ano de vida. Por isso, esta coluna se junta ao irmão da aniversariante, o consultor comercial do plano de saúde GS, Maurílio de Assis Fonseca, assim como demais familiares e amigos, para cumprimentar a querida Mariza, que morava em Niterói e de oito meses cá está residindo e adorando Nova Friburgo. Felicidades!

Aniversariante do dia
Hoje, 20, é um dia de muitas alegrias e satisfações para a bela e querida Mariza Rangel (foto), que estreia mais um ano de vida. Por isso, esta coluna se junta ao irmão da aniversariante, o consultor comercial do plano de saúde GS, Maurílio de Assis Fonseca, assim como demais familiares e amigos, para cumprimentar a querida Mariza, que morava em Niterói e de oito meses cá está residindo e adorando Nova Friburgo. Felicidades!

Vivas para o Mayer
Nesta época em que muito se fala de assuntos a respeito de vertentes envolvendo o transporte coletivo em Nova Friburgo, cabe um registro social dos mais agradáveis, inclusive pela admirável figura e verdadeiro gentleman que sempre foi e é. É hoje, dia 20, o aniversário do João Carlos Mayer, um dos memoráveis diretores-proprietários que fizeram história na velha Faol. Parabéns e felicidades ao sempre admirado João Carlos.

Galã que é dez!
No último domingo, 18, o garotão Lucas Bonan (foto) completou seu 10° aniversário, para satisfação repleta de muito amor do seu pai, o locutor esportivo Fernando Bonan e sua mãe, a nossa também amiga e jornalista Flávia Namen. A data foi também de alegrias especiais para as avós corujas Lecy e Helena. Parabéns ao Lucas que é mesmo nota dez. Por isso, a coluna se junta aos seus pais, demais familiares e os muitos amiguinhos para deseja-lo um futuro brilhante cheio de saúde, paz e sucessos. Viva o Lucas!

Convite para hoje
 Hoje, 20, a partir das 19h30 pelo Instagram, frente a gentil e carinhosa colega de imprensa Sheila Santiago, estarei participando de um bate-papo "Na rede com Sheila", falando um pouco de minhas atividades e trajetórias pelos caminhos da imprensa, inclusive dos 37 anos que ininterruptamente produzo esta coluna na nossa AVS.

Parabéns ao Emílio
Na última quinta-feira, 16, não foi só de tesouradas e outros procedimentos para o admirado cabeleireiro Emílio dos Prazeres (foto). Isso, por que parte de incontáveis amigos, o querido Emílio recebeu os parabéns pela passagem de mais um aniversário. A ele, nossos votos de tudo de bom e felicidades!

Coronapolíticos
Esta pandemia do coronavírus pelo visto é realmente maldita em tudo. Não bastasse o mal que ela própria causa a toda a humanidade, surgiram escândalos recentes como os hospitais de campanha, respiradores, faltas de testes em massa, escassez de oxigênio, números reduzidos de leitos, pressões e imposições aos comerciantes e empresários e para todos ficarem em casa, agora deficiências de medicamentos e até sedativos nos hospitais. Ufa... só o que sobra e continua à vontade, são os erros, incompetências, desmandos e impunidades políticas. 

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    Aniversariante do dia SRA. MARIZA RANGEL

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    Galã que é dez! = MENINO LUCAS BONAN

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    Parabéns ao Emilio = EMILIO DOS PRAZERES

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Confiança

terça-feira, 20 de abril de 2021

Buscando o verbete ‘confiança’ no dicionário encontraremos, entre tantas, a seguinte definição: “Crença ou fé de que determinadas expectativas se tornarão realidade; esperança”.

Em tempo de pandemia, lutamos todos os dias para superar as contrariedades do tempo e cultivar em nossos corações a certeza de que tudo se transformará para o bem. Contudo, a tentação de assumirmos o domínio, de termos o controle de tudo, é constante.

Buscando o verbete ‘confiança’ no dicionário encontraremos, entre tantas, a seguinte definição: “Crença ou fé de que determinadas expectativas se tornarão realidade; esperança”.

Em tempo de pandemia, lutamos todos os dias para superar as contrariedades do tempo e cultivar em nossos corações a certeza de que tudo se transformará para o bem. Contudo, a tentação de assumirmos o domínio, de termos o controle de tudo, é constante.

O livro do Gêneses relata bem essa ambição. A serpente ao tentar a mulher, não encontrou melhor argumento do que lhe prometer a igualdade com Deus: “E sereis como deuses…” (Gn 3,5). Eva não hesitou, tomou o fruto e comeu (cf. Gn 3,6). O relato bíblico evidencia que o coração do homem, mesmo antes de ser ferido pelo pecado, se deixa apetecer com o sonho de ser “como deus”, de ser senhor de si, de não depender de nada e de ninguém.

A voz sedutora da serpente continua a ecoar, insistentemente, no coração da humanidade, que inebriada pelo desejo de imortalidade, alimenta a esperança de solucionar, por suas próprias capacidades, todos os problemas do mundo. Contudo, quando algo foge de nosso controle, facilmente aloja-se o desespero e a angústia. Diante do grande mistério da morte, a humanidade contempla sua impotência e fragilidade.

Quando tudo parece não ter mais jeito, somos levados a colocar nossa esperança em algo ou alguém que foge a lógica deste mundo. Neste Tempo Pascal celebramos a vitória da vida sobre a morte. Jesus, Deus e homem, ressurge da morte para dar vida a todos os que nele esperam. Na sua ressurreição temos alimentada a esperança de um mundo novo.

Somos chamados a nos abandonarmos com confiança em Deus em cada momento da nossa vida, especialmente na hora da provação e da perturbação, na certeza de que Ele nos fará ressurgir das trevas do medo.

O Papa Francisco ao refletir sobre esta grande tempestade que assola o mundo inteiro exorta: “Quando sentimos fortemente a dúvida e o medo e parece que estamos afundando, não devemos ter vergonha de gritar, como Pedro: ‘Senhor, salva-me!' (cf. Mt 14,22-36). É uma bela oração! E o gesto de Jesus, que imediatamente estende a mão e agarra a do seu amigo, deve ser contemplado durante muito tempo: Jesus é a mão do Pai que nunca nos abandona; a mão forte e fiel do Pai, que sempre e só quer o nosso bem” (Angelus, 9 de ago. 2020).

Nele é que devemos por nossa confiança. Ele é o Ressuscitado, o Senhor que passou pela morte para nos salvar. Ele que se fez próximo de nós, que nos chamou a fazer parte do seu Reino.

Busquemos fazer a experiência de nos abandonarmos nas mãos daquele que tudo sabe e tudo pode. Somos um pequeno grão de areia na imensidão do amor misericordioso de Deus. Ele está sempre presente ao nosso lado, disposto a nos reerguer das nossas quedas, nos faz crescer na fé e sustentar nossa esperança, basta estendermos a mão e gritar: “Senhor, salva-me”.

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Padre Aurecir Martins de Melo Junior Assessor Diocesano da Pastoral da Comunicação

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Entre guisos, fantasmas e girassóis

segunda-feira, 19 de abril de 2021

Por incrível que pareça, depois de mais de vinte anos escrevendo textos, livros e colunas, ainda faço oficina literária de escrita para melhorar minhas capacidades de transpor para o papel ideias, sentimentos e esperanças. O escritor é como o pianista, precisa treinar horas por dia, tal qual Gustave Flaubert fazia. Eu tinha uma vizinha, dona Lúcia, que era pianista clássica e tocava do amanhecer ao anoitecer, às vezes, os mesmos acordes de uma música, quando ela buscava a harmonia perfeita entre as notas.

Por incrível que pareça, depois de mais de vinte anos escrevendo textos, livros e colunas, ainda faço oficina literária de escrita para melhorar minhas capacidades de transpor para o papel ideias, sentimentos e esperanças. O escritor é como o pianista, precisa treinar horas por dia, tal qual Gustave Flaubert fazia. Eu tinha uma vizinha, dona Lúcia, que era pianista clássica e tocava do amanhecer ao anoitecer, às vezes, os mesmos acordes de uma música, quando ela buscava a harmonia perfeita entre as notas.

Na penúltima oficina, foi-nos sugerido escrever a respeito dos fantasmas que nos habitam e rondam. Que interessante e repugnante tema! Comecei a pensar nos meus e encontrei medos. Quem não os colecionam? Logo me lembrei de que Freud nos mostrou que somos regidos por uma instância invisivelmente preponderante, o inconsciente. Fiz esforços para adentrá-lo e, tentando, constatei que tenho medo de escrever sobre mim. Eu. Esta pessoa frágil, que usa tantos subterfúgios para fugir das ameaças que existem dentro de si.

Não apresentei texto na oficina seguinte. Aliás, costumo me proteger. Uma nova colega de oficina me espantou ao revelar que o maior abismo que tem é ter saudade de si. Ah! Pensamentos desencontrados, então, ficaram me cutucando na medida em que ia descobrindo o tamanho da saudade que sinto de mim. Inclusive, da estranha saudade de sentir falta das pessoas que guardo no meu inconsciente. Que finjo desconhecer. Ora pois, que não tem ambivalências?

Confesso que me tornei uma pessoa diferente depois que comecei a escrever. Até porque estou em cada frase, em cada palavra, revelando minhas ideias e sentimentos e, até, mesmo mostrando que escondo alguns deles. Estou viva em tudo o que escrevo. Há temas que nunca ousei escrever, como fantasmas porque vou tocar nos meus. Não gosto deles e, por isso, eles me respeitem, talvez. Por ter medo de fantasmas, meus textos sempre trazem a beleza dos girassóis, aquelas flores em forma de sol que iluminam os jardins. Por outro lado, costumo juntar ideias como o cozinheiro faz com os guisos, tão bem aceitos no dia a dia do brasileiro. Aliás o brasileiro gosta de misturar, até porque ele tem em sua essência uma diversidade de povos e cultura.

Mas preciso escrever sobre minhas faltas, lugar em que meus fantasmas habitam. Eu me acostumei a sentir falta, mas não consigo transformá-la em presença e preenchimentos. Vou vivendo, as situações vão passando. Ah, meus girassóis e meus guisos, sempre tão lindos!, vão ficando no tempo e vão me trazendo inspirações.

Agora vou me esforçar para colocar meus fantasmas na posição de abre-alas porque eles estão cansados de pedir passagem. Por certo, serei menos romântica e mais crítica. Será que conseguirei exibir minhas carnes e meus ossos com menos pudor? Nada melhor do que o tempo e as tentativas de ensaio e erro.

Fantasmas amadurecem; sempre nos trazem outras vertentes da sabedoria.

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Café com nostalgia

sábado, 17 de abril de 2021

Lembro de minha mãe fazendo café no coador. Aqueles de pano colocado em uma armação de metal com uma base de madeira com azulejo colado e aparentemente pintado à mão. Talvez minha memória infantil esteja falhando ou inventando desenhos que sequer existiam. O que sei é que o gosto do café ficava ainda melhor conforme o pano que coava ia ficando ainda mais surrado.

A mania materna de fazer café assim, todas as manhãs e fins de tarde, é herança de minha avó. Ela fazia café com os grãos colhidos e secados por meu avô. Tinha gosto do trabalho suado e do tempo que o serviço levava. 

Lembro de minha mãe fazendo café no coador. Aqueles de pano colocado em uma armação de metal com uma base de madeira com azulejo colado e aparentemente pintado à mão. Talvez minha memória infantil esteja falhando ou inventando desenhos que sequer existiam. O que sei é que o gosto do café ficava ainda melhor conforme o pano que coava ia ficando ainda mais surrado.

A mania materna de fazer café assim, todas as manhãs e fins de tarde, é herança de minha avó. Ela fazia café com os grãos colhidos e secados por meu avô. Tinha gosto do trabalho suado e do tempo que o serviço levava. 

Meu avô plantava, cultivava, colhia do pé, peneirava, usava pilão. Tudo feito à mão por quem tinha poucos recursos para fazer de forma mais prática. 

Tudo em família, até a água fervente passar pelo coador e chegar às pequenas canecas metálicas de diversas cores. Elas tinham uma parte de tinta quebrada que revelava o metal por baixo. Tinha certo charme. 

Atualmente, vendem essas xícaras em cores diversas, vermelha, brancas, azuis e imagino, igualmente, com o pedaço faltando tinta. Chego a me perguntar se as de minha avó já eram compradas com essa característica… 

Todos os dias somos convidados a beber um café para relembrar histórias, traçar planos ou apenas jogar conversa fora. Não que relembrar momentos ou negociar futuro não seja também jogar conversa fora. 

Dias desses, fui beber um café com uma pessoa bastante íntima. Ela pediu café na prensa. “Na prensa francesa. Ah! Por favor, com aquele grão arábica bourbon”. Está tudo tão gourmetizado, ultimamente. Eu pedi apenas um velho e bom capuccino. 

Veio aquela chaleira ou prensa que depois vim a saber que nem francesa é. Sem coador, sem nada. Grãos mais grossos, água e até temporizador. Um luxo italiano que outros dirão francês e eu resumiria como humano. 

Seja como for, entre uma fofoca (ops), entre uma atualização e outra sobre a vida alheia, abandonei o capuccino e pedi um expresso até me render ao pedido da companhia, a tal prensa suíça, italiana, francesa, internacional... 

O café está presente nesses encontros que fazemos com os outros e com a gente mesmo. É parte da nossa cultura, não só gastronômica, mas social. E mais do que açúcar ou adoçante ou mesmo puro, seu maior tempero é a conversa sobre qualquer assunto que vira nostalgia ou nostalgia da própria conversa nostálgica. Lembranças doces e amargas, mas em um amargo que é bom até para quem não gosta de café amargo.   

Café e o que vem com ele é assim meio Manoel de Barros: faz da mesa quintal e esse quintal é maior do que o mundo. Abdica do tim-tim, pois é brinde que se faz pelo simples convite de se tomar junto. Não precisa de piquenique, ainda que caia bem com pão com manteiga. Mas até o pão de queijo é dispensável quando se bebe em boa companhia. E que a melhor companhia seja, antes de tudo e depois do café, você mesmo! 

 

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(Pexels/Magali Guimarães)
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Massacre tarifário com aumento nos serviços dos Correios

sábado, 17 de abril de 2021

Edição de 17 e 18 de abril de 1971

Manchetes:

Edição de 17 e 18 de abril de 1971

Manchetes:

  • Massacre tarifário contra a imprensa: 600% de majoração no envio de jornais pelos Correios, enquanto a selagem de cartas passou CR$ 00,5 para CR$ 0,20, um acréscimo de 400%. É o maior aumento praticado em todos os tempos. 
  • Era o que faltava: Como prêmio pelas constantes solicitações de cooperação com o Correio, a imprensa foi contemplada com o maior aumento tarifário da história. Sabemos que não adiantará muito a nossa reclamação, já que a história está formalizada e nem sequer precisou de preparo psicológico junto à população. Para nós da imprensa, já sabemos que reclamações sobre majorações ficam absolutamente perdidas no tempo e no espaço. O negócio é pagar e não bufar, segundo a concepção geral. Acontece que, pagar nós faremos, mas que iremos bufar e bufar muito, não haja a menor dúvida.
  • Nosso aniversário: Somos gratos às demonstrações de amizade e carinho recebidas por ocasião do aniversário de 26 anos de A VOZ DA SERRA, ocorrido no último dia 7. Nestas ocasiões é que em nós mais se cimenta a razão de continuarmos na luta, nesta autêntica ''guerra'' pela manutenção de princípios, desenvolvimento de ideais e permanência de ''garra'' para enfrentar uma série de coisas, de desmandos, de politiquices, de desonestidades, de cretinice, e enfim de lesa comunidade, que não só a nós, mas a todos, compete trabalhar pela extirpação. Mas, há também o lado bom: a luta ao lado dos honestos, dos patriotas, dos idealistas, dos de boa vontade, dos políticos e administradores conscientes, reais responsáveis pela causa pública, dos que estão com nossa comunidade, com o Brasil! Mais uma vez levamos aos amigos o nosso muito obrigado.
  • Felizardos: Junto ao Banco do Estado do Rio, funcionam quatro ou cinco entidades de economia mista, como por exemplos, Bancoderj, Cordej-Distribuidora de Valores Mobiliários, Corderj-Crédito, Financiamento e Investimento- uma espécie de autarquias comandado pelo órgão principal. Têm eles denominação e direção próprias, numa mistura de comando geral e de conselho fiscal em comum, pois na realidade, ou melhor no frigir dos ovos, quem manda mesmo em tudo é o secretário de Finanças. Pelo Diário Oficial do Estado de 13 de abril corrente, fica-se sabendo que cada presidente de cada entidade mencionada ganha, mensalmente, sete milhões e quinhentos mil cruzeiros antigos, enquanto os demais diretores de cada órgão aludido percebe, sete milhões e duzentos mil cruzeiros antigos, afora, naturalmente o percentual  de lucros apurados semestralmente, o que é mais que o vencimento e vantagens auferidas pelo Governador do Estado. Não parece tudo isso um absurdo?
  • Cantagalo: Antonio Carlos Gonçalves é um dos prefeitos mais jovens do Brasil e que vem se destacando pela competência e dinamismo. Nesta edição registramos uma bem elaborada exposição-prestação de contas junto ao Fundo de Participação dos Municípios, por parte de administração cantagalense.

Pílulas:

  •  O ex-deputado Messias Moraes Teixeira declarou ao Diário de Notícias que o prefeito de Friburgo, Feliciano Costa, ' já se enquadra nos propósitos partidários'', estando a Arena de Friburgo em paz.
  •  Louvamos, sem reservas iniciativas do prefeito Feliciano Costa determinando que sejam construídos em vários locais, várias paradas para embarque e desembarque de passageiros de transportes coletivos. A concorrência para as obras está publicada no órgão oficial de 7 de abril de 1971.
  • Para instalar canalizações, arrebentaram a calçada da Ponte do Suspiro, nas imediações do Colégio Modelo. O estrago data de algum tempo, o bastante aliás, para comprovar que algo não está funcionando bem, pelas bandas dos Serviços Urbanos ou de Engenharia, já que o fato continua a desafiar. Há mais ou menos dois dias, alguém esteve por ali e escavou e sumiu. É só ir lá e verificar. Verificar e providenciar pois a coisa depõe mesmo...

Sociais:

  • A VOZ DA SERRA registra aniversários de: Reverendo pastor Johannes Schullup (19), Ricardo Ribeiro Vassello, professora Zaly Spinelli, professora Virgininha Azevedo e Dona Esther Jordão Webber (20), Walter Saldenha, professora Marina Cúrio e Aryosaldo Ventura Filho (21), professora Marilda Mesquita de Oliveira e Francisco dos Santos (22), Ednéia (23), Dr. Max Paulo Azevedo Kunzel, Antonio Vanzzilotta Dotino e Rudolf (24).

 

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