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Quaresma: nossa faxina anual e a Campanha da Fraternidade

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

A Quaresma é tempo de graça, revisão de vida e conversão que a Igreja anualmente nos oferece. Anselm Grün define a Quaresma como uma “faxina anual do corpo e da alma”. Trata-se, segundo ele, “de purificação, de uma limpeza geral da nossa casa, pensando em tudo o que podemos doar ou jogar fora”. Na faxina, além de se desfazer de tudo aquilo que nos atrapalha, temos a oportunidade de encontrar e reencontrar fatos e lembranças importantes que fizeram parte de nossa vida e ficaram esquecidas no tempo.

A Quaresma é tempo de graça, revisão de vida e conversão que a Igreja anualmente nos oferece. Anselm Grün define a Quaresma como uma “faxina anual do corpo e da alma”. Trata-se, segundo ele, “de purificação, de uma limpeza geral da nossa casa, pensando em tudo o que podemos doar ou jogar fora”. Na faxina, além de se desfazer de tudo aquilo que nos atrapalha, temos a oportunidade de encontrar e reencontrar fatos e lembranças importantes que fizeram parte de nossa vida e ficaram esquecidas no tempo.

A Quaresma é um retiro que nos introduz nessa corajosa aventura de entrarmos em contato com nós mesmos, avaliando como está a nossa relação com Deus, com o próximo, com as coisas e bens. É um itinerário que permite reconhecer e acolher com sinceridade os próprios limites e pedir a Deus a força para superá-los de modo gradativo e constante. O convite para a faxina geral é uma ocasião para reorganizar a nossa casa, transformando-a num ambiente saudável, acolhedor, de contentamento e realização pessoal. Trata-se de renascer para uma vida nova, mais leve e simplificada.

Ambiente “limpo” é ambiente saudável. Saúde interior, espiritual e moral é também saúde física! Penso que esta casa seja a nossa vida interior, que define o nosso modo de ser e agir, e precisa de revisão anual, mensal, semanal e diária. Esta é a proposta de Cristo: entrar com ele no deserto, enfrentar as tentações e renascer para uma vida nova.

No Brasil, há décadas, o percurso quaresmal da Igreja Católica é acompanhado por um tema que favorece a reflexão e a conversão, proposto pela Campanha da Fraternidade. Como o próprio nome diz, trata-se de algo que favoreça a fraternidade entre os seres humanos, tendo consciência de que tudo o que fazemos por amor a Cristo e com amor, favorece e promove a vida do semelhante. Resgatar o conceito de fraternidade é um imperativo, sobretudo numa realidade marcada pela “tentação” da divisão, intolerância, desrespeito, individualismo e indiferença. Fraternidade significa viver como irmãos e irmãs, buscando a unidade na diversidade.

Hoje, mais do que antes, diante de tantas tensões e agressões, precisamos resgatar o conceito de fraternidade. Afinal, “somos todos irmãos” (Papa Francisco). Por essa razão, a Quaresma nos propõe três práticas: esmola, oração e jejum. Esmola ou caridade, diz respeito à relação com o próximo: família, colegas de trabalho, amigos, inimigos, os que pensam de modo diferente de nós, os pobres, vulneráveis e necessitados.

Já a oração acentua a importância de se ter uma constante e saudável relação com Deus, Senhor de nossa vida e de nossa história. O jejum procura melhorar a relação consigo mesmo, por meio de uma vida pautada pelo equilíbrio e temperança, sem excessos. Trata-se de um tripé que, quando bem vivenciado, oferece as condições para que sejamos melhores e cheguemos à festa da Páscoa com um coração renovado, mais humano e fraterno. É o que chamamos de conversão, mudança no modo de pensar, agir e ser.

Neste ano, a Campanha da Fraternidade será ecumênica, com o tema “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”, e o lema “Cristo é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade”. O objetivo geral é “um convite às comunidades de fé e pessoas de boa vontade a pensarem, avaliarem e identificarem caminhos para superar as polarizações e violências através do diálogo amoroso, testemunhando a unidade na diversidade”.

Desejo a todos e todas um profícuo tempo de faxina quaresmal e desejo sincero de conversão, com respeito e vivência concreta do tema da Campanha da Fraternidade Ecumênica: “Cristo é a nossa Paz”. Para que a Quaresma seja um tempo de graça (kairótico) é necessário que seja também um tempo kenótico (esvaziamento) de tudo o que prejudica o diálogo e a unidade. Com minha benção e gratidão, unidos no amor de Cristo,

Dom Luiz Antonio Lopes Ricci é bispo diocesano de Nova Friburgo. 

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A música carnavalesca esbanja literatura

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Não é porque estamos em tempos de pandemia que o carnaval vai se encolher pelas frestas da cidade como um refugiado, que procura pequenos espaços para eclodir em vida. Ah, o carnaval é solene! Triunfa nas ruas como uma festa popular que inunda cidades do planeta há séculos. No Brasil, chegou nos tempos coloniais e se enraizou. Entretanto, neste ano de 2021, como forma de preservar a saúde, o carnaval vai vibrar no brasileiro de outras formas, já que seu coração bate no ritmo do bumbo. Mesmo os que não brincam nos blocos, mas cantarolam, movimentando os pés ou as mãos ao som do samba. 

Não é porque estamos em tempos de pandemia que o carnaval vai se encolher pelas frestas da cidade como um refugiado, que procura pequenos espaços para eclodir em vida. Ah, o carnaval é solene! Triunfa nas ruas como uma festa popular que inunda cidades do planeta há séculos. No Brasil, chegou nos tempos coloniais e se enraizou. Entretanto, neste ano de 2021, como forma de preservar a saúde, o carnaval vai vibrar no brasileiro de outras formas, já que seu coração bate no ritmo do bumbo. Mesmo os que não brincam nos blocos, mas cantarolam, movimentando os pés ou as mãos ao som do samba. 

O espírito carnavalesco vai além da liberdade, do prazer e do gingado. Pousa como um colibri na inspiração dos autores das letras de carnaval, que buscam no quotidiano do povo e na história motivos para criarem poemas que vão se eternizar nas melodias. O samba é um símbolo relevante do carnaval, que surgiu na cidade do Rio de Janeiro, no Estácio. O primeiro samba gravado no Brasil foi Pelo Telefone, em 1917, cuja letra foi criada por Mauro de Almeida. Até hoje é cantado nos cortejos e blocos carnavalescos.

O chefe da polícia

Pelo telefone

Mandou me avisar

Que com alegria

Não se questione

Para brincar

Os desfiles de escolas de samba são puxados pelo samba-enredo, de modo que todos os integrantes seguem cantando, dançando e interpretando um tema, dando estilo e alegria ao desfile. São poesias que contam histórias, fazem reverência às personalidades que construíram ou ainda constroem a vida de um lugar. Que mostram fatos culturais que influenciam modos de ser e de fazer de um povo. Enfim, é uma construção literária que envolve pesquisa, ritmo musical e, acima de tudo, o amor ao carnaval.

O Clube Vivências, organizado por Márcia Lobosco, está brindando este carnaval com a leitura de sambas-enredos, lidos e interpretados pelas participantes. Além de ser um momento delicioso, ao lê-los e escutá-los diariamente percebemos a beleza dos seus versos, a mensagem que engrandece a vida, as pessoas e o lugar. Ela nos faz a cada interpretação beber a expressão carnavalesca numa das mais alegres fontes literárias.

 

Samba-enredo da Mangueira 1986

Caymmi Mostra ao Mundo o que a Bahia e a Mangueira Têm

 

Tem xim-xim e acarajé

Tamborim e samba no pé

 

Mangueira vê nos céus dos orixás

O horizonte rosa no verde do mar

A alvorada veste a fantasia

Pra exalar Caymmi e a velha Bahia ô ô ô

Quanto esplendor

Nas igrejas soam hinos de louvor

E pelos terreiros de magia

O ecoar anuncia o novo dia

Nessa terra fascinante

A capoeira foi morar

 

O mundo se encanta

O mundo se encanta

Com as cantigas que fazem sonhar

Com as cantigas que fazem sonhar

 

Lua cheia

Leva a jangada pro mar

Oh! sereia

Como é belo teu cantar

Das estrelas

A mais linda está no gantois

Mangueira berço do samba

Caymmi a inspiração

Que mora no meu coração

Bahia terra sagrada

Iemanjá, Iansã

Mangueira super campeã

 

Para finalizar, deixo a deliciosa poesia da marchinha de carnaval, Máscara Negra, de Zé Keti.

Tanto riso, oh quanta alegria

Mais de mil palhaços no salão

Arlequim está chorando pelo amor da

Colombina

No meio da multidão

 

Foi bom te ver outra vez

Tá fazendo um ano

Foi no carnaval que passou

Eu sou aquele pierrô

Que te abraçou

Que te beijou, meu amor

Na mesma máscara negra

Que te esconde o teu rosto

Eu quero matar a saudade

Vou beijar-te agora

Não me leve a mal

Hoje é carnaval

 

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Carnaval 71 deve atrair mais de 40 mil turistas a Friburgo

sábado, 13 de fevereiro de 2021

Edição de 13 e 14 de fevereiro de 1971
Pesquisado por Fernando Moreira

Manchetes:

Edição de 13 e 14 de fevereiro de 1971
Pesquisado por Fernando Moreira

Manchetes:

  • Prefeitura, clubes, escolas de samba e blocos - Todos unidos formam uma possante vanguarda para o grande êxito do carnaval friburguense. Tudo indica que o reinado de Momo carreará mais de 40 mil turistas, batendo todos os recordes de público nos animados festejos carnavalescos.
  • Xadrez, Sociedade e Country, as grandes peças do carnaval; escolas de samba e blocos, os grandes sacrificados - O Clube de Xadrez, a Sociedade Esportiva Friburguense e o Nova Friburgo Country Clube representam, de fato, as grandes peças do  carnaval interno. A contribuição desses clubes é notável, já que no resto, geralmente não há muito o que destacar, embora os clubes modestos cumpram uma missão importante junto às classes menos favorecidas. Outro motivo de fundamental importância para o prestígio dos animados carnavais são as escolas de samba, os ranchos e os blocos, mantidos por foliões sustentados à duras penas por modestas contribuições e quase sempre por migalhas da administração municipal insensível ao sacrifício e idealismo de uns dedicados grupos. 
  • Carnaval no Country Clube - Entusiasmo total de todos os diretores do Nova Friburgo Country Clube no sentido de promover o maior carnaval friburguense de todos os tempos com o tema “Primavera de Cores”. Espera-se 20 mil pessoas nos quatro dias de momo. O presidente do Country, Walter Soares da Cunha está otimista com o êxito do evento, já que mesas e camarotes esgotaram-se rapidamente.
  • Jubileu de Ouro - A Sociedade Esportiva Friburguense, através de seu presidente Dalton Carestiato, convida as autoridades militares, civis e eclesiásticas, assim como aos associados, imprensa e integrantes de qualquer categoria da mesma organização, para a inauguração das novas instalações: vestiários, banhos turco e sauna em sua sede à Avenida Galdino do Valle.  

Pílulas

  • O prefeito de Friburgo, Feliciano Costa, que tomou posse do cargo em leito de hospital, ainda não está perfeitamente curado e em condições de comparecer à prefeitura. A informação que temos é a de que o querido homem público passa bem e está em fase de recuperação.
  • Ainda não foi designado o novo chefe da Assessoria de Imprensa e Divulgação da Prefeitura de Friburgo. Causa espécie que, em tão importante setor, a designação do seu titular seja posta em plano secundário. Aliás, o “grande azar” será da própria administração que tão pouco valor está dando ao grande elo de comunicação envolvido na hipótese. 
  • E a água não jorrou ainda nas torneiras! O que há? O que está acontecendo no serviço de abastecimento do precioso líquido? Nesta complicada história quem continua a “pagar o pato” é o usuário. Alguns usuários, porque outros bem privilegiados continuam sorrindo vendo o líquido jorrar.
  • A felizarda concessionária da ainda inacabada Estação Rodoviária, teve posse de um “aceite” de obras, quando a ajuda faltava muita coisa para ser feita, detalhe que não é lá para brincadeira. Damos inteira razão ao atual governo do município, tornando o pião na unha, determinando que os ônibus voltassem a sua antiga parada é que a firma de referência cumprisse o contrato assinado. Não pode e não deve haver a menor contemplação.

Sociais

  • A VOZ DA SERRA registra os aniversários de: Lair Ventura Lugon e Gilse Ventura Coutinho (12); José Bassani, Hélia Dias Alves, Maiby Leal e Denise da Costa (14); Juvenal Marques (15); Humberto Chaves e Fernando Augusto Ferreira (16); Adyr Vahia de Abreu e Plínio Sérgio Alonso (17); Sidney de Souza, (18); Clóvis de Jesus (19).

 

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Diz o céu

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

“ – Moça, que céu é esse?” Ouço, paro e, por dois segundos, penso se ela falou comigo. Ao perceber que sim, fico sem resposta. O que tem o céu? Noto que havia me esquecido de olhar para lá. Não poderia descrevê-lo naquele momento. Não saberia fazê-lo. Que descuido o meu. Logo eu que venho tentando centrar no momento presente. Concentrar. Degustar cada oportunidade de apreciar a natureza. Isso, a natureza. O céu e tudo o que tem nele. Eu deveria tê-lo admirado.

“ – Moça, que céu é esse?” Ouço, paro e, por dois segundos, penso se ela falou comigo. Ao perceber que sim, fico sem resposta. O que tem o céu? Noto que havia me esquecido de olhar para lá. Não poderia descrevê-lo naquele momento. Não saberia fazê-lo. Que descuido o meu. Logo eu que venho tentando centrar no momento presente. Concentrar. Degustar cada oportunidade de apreciar a natureza. Isso, a natureza. O céu e tudo o que tem nele. Eu deveria tê-lo admirado.

Logo eu, não saberia quais as cores do céu! Daquele céu. Parei, olhei. O que tinha de diferente lá em cima? Até agora não sei. O céu estava cinza. Com cara de chuva. Se chovesse, eu seria pega desprevenida. Novamente: que descuido o meu. O dia clareou e a noite estava prestes a chegar e eu sequer percebi, nesse interregno de tempo do dia inteiro, se o sol havia aparecido para desejar um lindo dia antes de ser encoberto pelas nuvens pesadas.

Talvez a chuva naquela hora fosse uma boa providência para lavar a alma. Mas nem isso eu podia. A pressa é demais. Rotina que segue. Dor de cabeça dando as caras. Como aos olhos dos atentos, nenhum sinal do propósito perseguido passa despercebido, pude aproveitar a noite extasiada com a presença da frondosa lua cheia. Foi ontem. Foi lindo. Salvou o meu dia.

Amanheceu. Que belo dia. Recomeçou o ciclo. A vida acontece agora. Nova oportunidade. Dessa vez o “bom dia” foi dado pela janela, para frente e para cima. Sem telas. Sem mensagens. Sem cores artificiais. Eram seis da manhã. O céu já dava os sinais. Dia lindo. A vibração é outra. Energia em alta. A xícara de café sobre a bancada da varanda e os olhos focados em tudo o que era verde. Assim começou. Em meio a todas as múltiplas e muitas tarefas, pude perceber o presente que veio do céu. E assim o acompanhei até que o final de tarde nos contemplasse com o céu rosa. Literalmente. Pareceu um presente. Foi um presente. Foi hoje. E está sendo. A lua lá fora espelha a perfeição desse universo infinito e misterioso que não deve deixar de ser notado e contemplado todos os dias.

Tenho a sensação de que se aquela senhora cruzasse pelo meu caminho na rua nesse instante e me fizesse a mesma pergunta, eu saberia descrever o céu azul da manhã, as nuvens que passearam por lá ao meio dia, o entardecer avermelhado e deslumbrante e o exato formato com que a lua brilha nesse instante. Para quem anda atento, todo sinal é uma oportunidade de melhora. Provavelmente, se tivesse a oportunidade, agradeceria pela pergunta cotidiana. Sem querer, mudou meu dia.

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Vamos falar de bitcoin?

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Os anos passam, as tecnologias mudam e até o dinheiro se transforma. Este, por sua vez, é apenas um meio de troca; uma ferramenta para possibilitar negociações em diferentes mercados. Contudo, chegou o momento de falarmos sobre dinheiro virtual e agora entra em cena o tão comentado bitcoin: uma moeda (assim como o dólar e o real) virtual de emissão independente, com valor determinado livremente pelos participantes deste mercado e tem como objetivo o desenvolvimento dos meios de troca que, agora, são exclusivamente virtuais.

Os anos passam, as tecnologias mudam e até o dinheiro se transforma. Este, por sua vez, é apenas um meio de troca; uma ferramenta para possibilitar negociações em diferentes mercados. Contudo, chegou o momento de falarmos sobre dinheiro virtual e agora entra em cena o tão comentado bitcoin: uma moeda (assim como o dólar e o real) virtual de emissão independente, com valor determinado livremente pelos participantes deste mercado e tem como objetivo o desenvolvimento dos meios de troca que, agora, são exclusivamente virtuais.

Pode parecer altamente complexo (e de fato é), mas ao longo deste texto vou elucidar alguns pontos importantes para te explicar o que é o bitcoin. Contudo, vale ressaltar, meu objetivo hoje é ir além da definição e zelar pela sua segurança ao diversificar parte dos seus investimentos em criptomoedas (sim, existem outras moedas virtuais, além do bitcoin).

 Apesar de ter surgido como uma nova tecnologia de troca, a alta demanda por bitcoins nos últimos anos fez com que suas cotações disparassem; abrindo espaço para uma nova modalidade de investimentos com altos riscos e grandes rentabilidades (como eu faço, sempre, questão de lembrar: as rentabilidades costumam ser condizentes com os riscos do investimento, e isso vale para toda e qualquer classe de ativos).

Portanto, como o que era para ser uma nova tecnologia de troca tornou-se alternativa de investimento, é importante manter-se atento como investidor e a primeira análise a ser feita é acerca da regulamentação da classe do ativo. De acordo com estudos publicados na Revista da Procuradoria-Geral do Banco Central “a falta de regulamentação é vista como ponto frágil e gera desconfiança, pois os riscos são altos e não podem ser reclamados a nenhum Banco Central ou órgão regulador” e, por isso, a escolha de uma exchange (basicamente, a corretora que vai “custodiar” seus investimentos) confiável é o primeiro grande passo para começar seus investimentos.

Ademais, para explicar ainda mais a categoria dos bitcoins, os mesmos autores do referido artigo complementam: “O desenvolvimento do bitcoin e do sistema subjacente Blockchain é reflexo de um sistema financeiro altamente predatório. Porém, adverte-se que teoricamente a moeda digital no seu atual estágio não possui as funções tradicionais de moeda, daí a dificuldade em encontrar um modelo regulatório adequado. A princípio, pode ser considerada como meio de troca, porém discutem-se as relações de unidade de conta e de reserva de valor, como sendo os dois últimos estágios das moedas convencionais.”

Contudo, outra forma bastante segura (do ponto de vista regulatório) para investir em bitcoins ou outras criptomoedas é através de fundos de investimentos regulados pelo Banco Central e fiscalizados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) através das corretoras de valores (como, por exemplo, o Modalmais; corretora a qual meu escritório de assessoria é credenciado). Esta é uma possibilidade cujo objetivo é reduzir os riscos do investimento.

O meu foco na questão regulatória – como fiz questão de enfatizar no início deste texto – tem a ver com a sua segurança financeira, pois são estas “brechas jurídicas” que possibilitam a criação de investimentos fraudulentos. Em sua maioria, enquadrados como pirâmides financeiras, são considerados – judicialmente – como crime contra a economia popular e os impactos negativos causados à sociedade deixam seu rastro de sofrimento em cada família que perde muito (quiçá tudo) ao cair em golpes disfarçados de investimentos em bitcoins.

Percebe como o maior risco não é o bitcoin em si, mas sim o meio para investir no ativo? As criptomoedas têm surgido como máscara para criminosos e você precisa estar atento aos detalhes de cada alocação de capital em seus investimentos. Esse é meu papel aqui: divulgar conhecimento financeiro para que você esteja suficientemente capacitado para tomar boas decisões financeiras.       

Portanto, fique sempre atento.

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Esquizofrenia: a principal psicose

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Psicose é uma alteração mental grave que tira a pessoa da realidade, diferente da neurose que é bem mais branda e não afeta tanto a vida social, familiar e de trabalho do indivíduo. A esquizofrenia é a psicose mais comum dentre as doenças mentais graves. Ela atinge entre 0,3% e 0,7% da população geral, encontrada em todos os povos e em todas as classes sociais e econômicas e raças, e é levemente mais comum nos homens.

Psicose é uma alteração mental grave que tira a pessoa da realidade, diferente da neurose que é bem mais branda e não afeta tanto a vida social, familiar e de trabalho do indivíduo. A esquizofrenia é a psicose mais comum dentre as doenças mentais graves. Ela atinge entre 0,3% e 0,7% da população geral, encontrada em todos os povos e em todas as classes sociais e econômicas e raças, e é levemente mais comum nos homens.

As pessoas sofrendo de esquizofrenia experimentam prejuízo social e ocupacional, porém com o devido tratamento algumas conseguem funcionar bem. Os sintomas surgem geralmente entre o fim da adolescência e antes dos 30 anos de idade. Nos homens é mais comum surgir entre 18 e 25 anos, e nas mulheres há dois picos de início dos sintomas, sendo um entre 25 e um pouco acima dos 30 anos, e outro após os 40 anos.

Existem sintomas positivos e negativos nesta doença. Positivos são os acrescentados à vida mental do esquizofrênico, que não existiam antes da doença se manifestar, como as alucinações (alterações da percepção), os delírios (alterações do conteúdo do pensamento), a fala desorganizada, agitação, catatonia (ficar parado muito tempo numa mesma posição). Os sintomas negativos são os que retiram algo normal da pessoa, como a expressão de sentimentos já que nesta psicose ocorre um bloqueio do sentir as emoções e expressá-las, também ocorrendo a perda da motivação, queda do rendimento escolar e a dificuldade de se manter num trabalho, por exemplo.

A genética tem um papel no surgimento da esquizofrenia, ainda que uma boa parte dos pacientes com esta doença não tenha parentes com esta psicose. Na família de um esquizofrênico há mais risco de surgir alguém com transtorno esquizoafetivo, doença bipolar, depressão e alterações dentro do espectro do autismo.

A genética não explica tudo porque estudos feitos com gêmeos univitelinos, portanto, idênticos, mostraram que um gêmeo desenvolveu esquizofrenia e seu irmão ou irmã idêntica não. Ainda quanto à genética, é possível que exista um gene defeituoso que favoreça esta enfermidade mental.

Uma pesquisa científica de base populacional sugeriu que o estresse grave ocorrendo numa mãe durante o primeiro trimestre da gestação pode alterar o risco de esquizofrenia no filho (Khashan et al., 2008). Estressores graves no ambiente familiar podem ter uma interação com efeitos combinados de múltiplos genes suscetíveis e, portanto, influenciar o neurodesenvolvimento na ligação mãe-bebê ainda na fase intrauterina. (Gabbard, Glen, Psiquiatria Psicodinâmica na Prática Clínica, 2016). E temos que pensar que “a esquizofrenia é uma doença que acontece a uma pessoa com uma constituição psicológica singular.” (Gabbard, op. cit.).

Harry Stack Sullivan, psiquiatra e psicanalista norte-americano, que dedicou sua vida ao tratamento da esquizofrenia, segundo o dr. Glen Gabbard (op.cit) acreditava que a causa da esquizofrenia resultava de dificuldades interpessoais precoces, especialmente na relação pais-criança. Segundo Sullivan (1962), a falha no papel materno produzia uma personalidade com muita ansiedade no bebê, prejudicando a criança ao fazê-la ter suas necessidades afetivas satisfeitas. Uma discípula de Sullivan, Fried Fromm-Reichmann (1950), enfatizou que as pessoas esquizofrênicas não estão felizes com seu estado de retraimento. Elas são, fundamentalmente, pessoas solitárias que não conseguem superar seu medo e desconfiança dos demais por conta de experiências adversas em etapas precoces da vida. (Gabbard, op.cit.).

É comum quem desenvolve a esquizofrenia apresentar sintomas antes da doença se instalar. Dentre eles estão o retraimento social, quando o indivíduo se afasta do convívio com amigos e mesmo parentes, também a perda do interesse no trabalho ou nos estudos, deterioração dos cuidados de higiene pessoal, crises de raiva, entre outros. Nem todos os indivíduos com uma psicose aguda requerem internação hospitalar, mas isto deve ser considerado para aqueles que possuem perigo de lesões em si mesmos e em outros.

O tratamento para a esquizofrenia deve ser orientado por um médico psiquiatra, envolve medicação antipsicótica, também é necessário a psicoterapia que oferece treinamento de habilidade sociais e outras ajudas, sendo importante também haver apoio social. A família será orientada quanto ao que ela pode fazer para ajudar o parente com a doença. Pelo menos 20% dos esquizofrênicos conseguem cura com o tratamento adequado.

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Histórias divertidas de velhos carnavais em Friburgo

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Um dos relatos mais divertidos que já li em minhas pesquisas no jornal O Friburguense foi a matéria “Polícia carnavalesca, soldados rolistas e maxixeiros. Durma-se com um barulho deste!” Trata-se do carnaval de fevereiro de 1901 quando a polícia transformou-se durante os três dias de folia em um verdadeiro pomo de discórdia. Segundo o jornal, a polícia foi uma ameaça constante ao pacato cidadão que “sofreu a macaca” quando procurava divertir-se durante os folguedos carnavalescos.

Um dos relatos mais divertidos que já li em minhas pesquisas no jornal O Friburguense foi a matéria “Polícia carnavalesca, soldados rolistas e maxixeiros. Durma-se com um barulho deste!” Trata-se do carnaval de fevereiro de 1901 quando a polícia transformou-se durante os três dias de folia em um verdadeiro pomo de discórdia. Segundo o jornal, a polícia foi uma ameaça constante ao pacato cidadão que “sofreu a macaca” quando procurava divertir-se durante os folguedos carnavalescos.

No primeiro dia de carnaval enquanto populares se divertiam no Beco do Arco (hoje Rua do Arco), soldados que se achavam em ronda naquela rua causaram grande distúrbio, pondo em completa debandada os mansos transeuntes e os inocentes assistentes. Ainda segundo o jornal, os praças transformando sabre em sardinha, a bambolear o corpo com gestos de capoeiragem e atitude agressiva ameaçavam a tudo e a todos, retirando-se os valentes somente quando o beco ficou deserto pela fuga precipitada do povo indefeso.

Além de diversos conflitos com a população durante o carnaval, no terceiro e último dia provocaram novo sarilho na sede da Sociedade Musical Estrela, na Rua General Osório, onde ocorria um baile de carnaval. O subdelegado e os soldados invadiram a sede e avançaram com ganância sobre a mesa de um botequim comendo todos os pastéis, beberam quanto quiseram, recusando-se a efetuar o pagamento do que haviam consumido. A seguir, embriagados, se retiraram para a sala do baile e tomaram a pulso parte nas danças.

Ao som de um tango choroso e mole os policiais dançaram um maxixe quebrado e dengoso, a folgar carnavalescamente. O subdelegado, esquecendo-se da posição de seu cargo, atirou-se num “choro gostoso”, gritando: “Não sou autoridade, não sou nada! Sou um homem como os demais!” Depois de quebrarem uma talha d´água, o subdelegado e os soldados em promíscua confusão e ao som de uma “habanera” deixaram a sede do clube.

Chegando à rua, com a voz esganiçada, falavam aos assustados transeuntes: “vocês nos conhecem? Nós somos os encarregados de velar pela segurança e tranquilidade pública!” Não obstante a violência da cena não deixa de ser jocoso o comportamento da polícia. Existem duas histórias muito divertidas sobre a quarta-feira de cinzas. O primeiro deles era o enterro do carnaval, manifestação popular ocorrida até 1960. O cortejo saía do bairro Ypu e percorria as ruas da cidade, encerrando os festejos do Momo. De roupas escuras o imigrante italiano Giuseppe Nicoliello presidia o evento anualmente. Foi proibida pela Diocese porque nos cortejos saía um indivíduo vestido de padre benzendo o caixão.

Outro evento divertido da quarta-feira de cinzas se refere aos indivíduos que eram presos no carnaval. Era uma prática permanecerem na cadeia durante os dias da folia. Em meados do século 20 a delegacia de polícia de Nova Friburgo parecia não ser muito frequentada já que podia dar-se ao luxo de tirar de circulação no carnaval os criadores de caso e baderneiros. Nesta ocasião a delegacia de polícia funcionava na avenida Comte Bittencourt em um belíssimo palacete que pertencera a Casa de Itália.

Na quarta-feira populares aguardavam ansiosos no entorno da delegacia a soltura dos foliões pois tinham curiosidade de saber quem fora pego na rede. Era uma algazarra só quando saía da delegacia, ainda fantasiado, algum conhecido. Vamos a mais histórias sobre os velhos carnavais.

De acordo com Luiz Zulmar que faz parte da diretoria da Vilage, nos anos de 1960 as escolas de samba saíam às ruas cercadas por uma corda e por isto passaram a ser chamadas de cordões. Isto para que os populares não se misturassem aos componentes das escolas atrapalhando o desfile. Nesta ocasião os componentes variavam entre 100 a 150 pessoas. Nos desfiles as escolas de samba circulavam pelas ruas passando pela praça Getúlio Vargas e Rua Dante Laginestra e seguiam para a Alberto Braune. No meio desta avenida havia um palanque. Os componentes das escolas subiam uma rampa e ficavam no palanque por algum tempo. Era o ponto alto do desfile. Desfilavam durantes dois dias, no domingo e na terça-feira.

Os instrumentos eram de latão fornecido pela fábrica de carbureto, resto de couro cedido pelo curtume das Duas Pedras e com couro de gato confeccionavam o tamborim, algo chocante nos dias de hoje. Já que o artigo é sobre memória recordo-me de Rubem Sérgio Venezia. Para quem não o conhece foi um carnavalesco apaixonado pelo carnaval. Venezia faleceu precocemente quando estava prestes a publicar um livro que reunia os sambas enredo de todas as escolas de samba, desde o ano de 1955, quando surgiu pela primeira vez. É certo que faltavam alguns sambas, mas muito poucos e não comprometeria a importante coletânea de seu hercúleo trabalho de pesquisa.

O livro tinha como título “De Dom João ao dom de sambar: os batuques do Morro Queimado”. Desejo que um dia seja publicada esta obra posto que servirá como importante fonte para os pesquisadores de história cultural e deleite para a população friburguense.

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    Prazer da Mocidade, da Campesina

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    Enterro do carnaval, ano de 1960

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    Alunos do Samba, década de 1950

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Não caiu de podre, foi incompetência mesmo

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Como tudo só acontece ao Botafogo, eis que faltando três rodadas para o término do Campeonato Brasileiro de 2020, o alvinegro carioca já está rebaixado; só lhe resta agora perder os últimos jogos, terminar na lanterna, após uma pífia participação na competição, a pior em sua história outrora gloriosa, pois quem vive do passado é museu.

Como tudo só acontece ao Botafogo, eis que faltando três rodadas para o término do Campeonato Brasileiro de 2020, o alvinegro carioca já está rebaixado; só lhe resta agora perder os últimos jogos, terminar na lanterna, após uma pífia participação na competição, a pior em sua história outrora gloriosa, pois quem vive do passado é museu.

Sua apaixonada torcida amarga uma terceira queda, também uma novidade entre os clubes do Rio de Janeiro, infelizmente escabreada, pois assim como aconteceu com o Cruzeiro, de Belo Horizonte-MG, sua volta à elite do futebol brasileiro não vai ser fácil, como o foi nas outras duas quedas. Cada diretoria que passa se esmera em incompetência e, como os sucessivos presidentes são todos oriundos do grupo de Carlos Augusto Montenegro, nada vai mudar.

O atual elenco (vamos deixar de fora os da base, pois esses são o nosso futuro, mas lhes falta experiência) é um dos piores que já vestiram a, então, gloriosa camisa da estrela solitária, e os componentes da diretoria achavam que a solução era trocar técnicos, como se esses tivessem condições de ensinar fundamentos do futebol aos nossos cabeças de bagre. Pior, num clube que deve perto de R$ 1 milhão, trazer o japonês Keisuke Honda, de 34 anos e o marfinense Salomon Kalou, também de 34 anos, com salários mais altos foi uma irresponsabilidade. Afinal, o clube está com as finanças combalidas e mesmo com toda a pompa e circunstância que os dois reforços internacionais chegaram, foram uma decepção, não contribuindo em nada com as suas presenças em campo. Muita pólvora para pouco festim.

O mais triste é que as diretorias que se sucederam, presas de uma incompetência monumental, jamais atentaram para a necessidade de atrair a torcida, com um time que fosse barato, mas competitivo, pois isso alavancaria o marketing do clube, atraindo investidores e aumentando a venda de uniformes, e outros objetos com a marca do Botafogo. Quem, de sã consciência vai se animar em investir num clube falido, de segunda divisão, muito mais para cair para a série C, em 2021, do que voltar à série A.

Jogadores desmotivados, não comprometidos com o time, que conseguiram em 34 rodadas quatro vitórias, 12 empates e 18 derrotas. Já totalmente descrentes com o destino do time, preferiram, alguns, frequentar as baladas, muito mais emocionantes que um campo de futebol. Matematicamente rebaixado para a segundona, tem tudo para terminar o campeonato na última colocação, lanterna da maior competição do Brasil. Sem falar que fora a Copa do Brasil, que qualquer timinho de interior disputa a primeira fase, está fora da Sul Americana e da Libertadores da América, dois torneios que trazem dinheiro, para aqueles que passam de fase. O Botafogo de 2021 vai ficar restrito às cotas de televisão da série B, muito inferiores ao da série A, ao que conseguir amealhar de cotas do Campeonato Carioca, também muito baixas e da Copa do Brasil, onde sempre sobra pelo caminho.

É triste, muito triste ver o clube do coração prostrado, sem nenhuma perspectiva de se levantar e voltar aos tempos em que era respeitado e impunha respeito aos adversários. A nós torcedores só resta a oração, e temos de rezar muito, pois o futuro é escuro, sem nenhuma luz ao final do túnel.

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A razão da dor

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Raquel, antiga servidora da residência de Cusa, ergueu a voz para indagar do mestre por que motivo a dor se convertia em aflição nos caminhos do mundo.

Não era o homem criação de Deus? Não dispõe a criatura do abençoado concurso dos anjos? Não vela o céu sobre os destinos da humanidade?

Jesus fitou na interlocutora o olhar firme e considerou:

Raquel, antiga servidora da residência de Cusa, ergueu a voz para indagar do mestre por que motivo a dor se convertia em aflição nos caminhos do mundo.

Não era o homem criação de Deus? Não dispõe a criatura do abençoado concurso dos anjos? Não vela o céu sobre os destinos da humanidade?

Jesus fitou na interlocutora o olhar firme e considerou:

— A razão da dor humana procede da proteção divina. Os povos são famílias de Deus que, à maneira de grandes rebanhos, são chamados ao aprisco do alto. A Terra é o caminho. A luta que ensina e edifica é a marcha. O sofrimento é sempre o aguilhão que desperta as ovelhas distraídas à margem da senda verdadeira.

Alguns instantes se escoaram mudos e o mestre voltou a ponderar:

— O excesso de poder favorece o abuso, a demasia de conforto, não raro, traz o relaxamento, e o pão que se amontoa, de sobra, costuma servir de pasto aos vermes que se alegram no mofo...

Reparando, porém, que a assembleia de amigos lhe reclamava explicação mais ampla, elucidou fraternalmente:

— Um anjo, por ordem do eterno pai, tomou à própria conta um homem comum, desde o nascimento. Ensinou-lhe a alimentar-se, a mover os membros e os músculos, a sorrir, a repousar e a asilar-se nos braços maternos. Sem afastar-se do protegido, dia e noite, deu-lhe as primeiras lições da palavra e, em seguida, orientou-lhe os impulsos novos, favorecendo-lhe o ensejo de aprender a raciocinar, a ler, a escrever e a contar. Afastava-o, hora a hora, de influências perniciosas ou mortíferas de espíritos infelizes que o arrebatariam, por certo para o sorvedouro da morte.

Soprando-lhe ao pensamento ideias iluminadas aos clarões do infinito bem, através de mil modos de socorro imperceptível, garantiu-lhe a saúde e o equilíbrio do corpo. Dava-lhe medicamentos invisíveis, por intermédio do ar e da água, da vestimenta e das plantas. Vezes sem conta, salvou-o do erro, do crime e dos males sem remédio que atormentam os pecadores.

Ao amanhecer, o pajem celestial acorria, atento, preparando-lhe dia calmo e proveitoso, defendendo-lhe a respiração, a alimentação e o pensamento, vigiando-lhe os passos, com amor, para melhor preservar-lhe os dons; ao anoitecer, postava-se-lhe à cabeceira, amparando-lhe o corpo contra o ataque de gênios infernais, aguardando-o, com maternal cuidado, para as doces instruções espirituais nos momentos de sono. No transcurso da vida, guiou-lhe os ideais, auxiliou-o a selecionar as emoções e a situar-se em trabalho digno e respeitável; clareou-lhe o cérebro jovem, insuflou-lhe entusiasmo santo, rumo à vida superior, e estimulou-o a formar um reino de santificação e serviço, progresso e aperfeiçoamento, num lar...

O homem, todavia, que nunca se lembrara de agradecer as bênçãos que o cercavam, fez-se orgulhoso e cruel, diante dos interesses alheios. Ele, que retinha tamanhas graças do céu, jamais se animou a estendê-las na Terra e passou simplesmente a humilhar os outros com a glória de que fora revestido por seu devotado e invisível benfeitor. Quando experimentou o primeiro desgosto, que ele mesmo provocou menosprezando a lei do amor universal, que determina a fraternidade e o respeito aos semelhantes, gesticulou, revoltado, contra o céu, acusando o supremo Senhor de injusto e indiferente.

Aflito, o anjo guardião procurava levantar-lhe o ideal de bondade, quando um anjo maior se aproximou dele e ordenou que o primeiro dissabor do tutelado endurecido por excesso de regalias se convertesse em aflição. Rolando, mentalmente, de aflição em aflição, o homem começou a recolher os valores da paciência, da humildade, do amor e da paz com todos, fazendo-se, então, precioso colaborador do pai, na criação.

Finda a historieta, esperou Jesus que Raquel expusesse alguma dúvida, mas emudecendo a servidora, dominada pela meditação que os ensinamentos da noite lhe sugeriam, o culto da Boa Nova foi encerrado com ardente oração de júbilo indefinível.

Extraído do livro “Jesus no lar”; espírito Neio Lúcio; médium Francisco Cândido Xavier

 

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A VOZ DA SERRA é uma sucessão de grandes impressões!

terça-feira, 09 de fevereiro de 2021

Pela importância de seu teor, é um constante desafio para mim, quando embarco na plataforma “Z”. É o ponta pé inicial do embarque literário, tendo na bagagem um caderno sempre apreciável. Literalmente, eu diria, como Drummond, “a dangerosíssima viagem...”. Mas, há perigo no embarque, Elisabeth? – alguém poderá me perguntar, e já respondo: o perigo é não conter a emoção e  me embebedar com cada palavrinha disposta na folha impressa. Festejar a data de 7 de fevereiro,  Dia Nacional do Gráfico, é imprimir gratidão aos profissionais que “dão forma à nossa informação”.

Pela importância de seu teor, é um constante desafio para mim, quando embarco na plataforma “Z”. É o ponta pé inicial do embarque literário, tendo na bagagem um caderno sempre apreciável. Literalmente, eu diria, como Drummond, “a dangerosíssima viagem...”. Mas, há perigo no embarque, Elisabeth? – alguém poderá me perguntar, e já respondo: o perigo é não conter a emoção e  me embebedar com cada palavrinha disposta na folha impressa. Festejar a data de 7 de fevereiro,  Dia Nacional do Gráfico, é imprimir gratidão aos profissionais que “dão forma à nossa informação”. Agora a gente entende melhor como é que A VOZ DA SERRA dá conta de noticiar fatos de última hora e a edição não perder a hora de estar nas bancas e no portão dos assinantes. Essa magia tem nomes: Nilson, Vitor, Louro, Gilberto e quem mais avançar o horário de encerrar o expediente. Quem ama o que faz, não perde a hora, ganha mais tempo de vida pelo prazer da realização. É isso que se vê em cada depoimento colhido por Alan Andrade.

Da primeira Bíblia impressa aos livros eletrônicos de hoje, Johannes Gutenberg ficaria impressionado com os avanços da tipografia. Nós mesmos, dos atuais tempos, somos surpreendidos com mais e mais tecnologias facilitadoras da comunicação. Folheamos as páginas do jornal, sentimos o cheiro de sua impressão, sem nos darmos conta do trabalho que deu a sua preparação: das buscas pelo factual, da veracidade de suas pesquisas, das reportagens, da credibilidade, do estresse em cima da hora, quando a pressa tem que ser amiga da perfeição, tudo ganha corpo e vem à luz, no parto da impressão gráfica. Eu digo honestamente: tenho dificuldade de colocar o jornal para forrar um chão. Vejo rostos, vejo vidas, vejo dedicação de meus colegas, vejo almas, enfim.

Vê-se também no semblante da impressão gráfica, a estampa de sofrimento de toda equipe, ao elaborar matérias que nos chocam, como é o caso do assalto à Galera dos Legumes, em Campo do Coelho, que provocou, inclusive, a morte de dois funcionários e do dono da distribuidora de hortifrutis, Cristiano Fernandes. O jovem empresário, em foto sorridente, traduz nosso sentimento de tristeza pelas vítimas, pelos feridos, pelas pessoas de bem que estavam trabalhando. Em matéria sobre a violência no Rio de Janeiro, a triste constatação de que a criminalidade avança para os municípios do interior.

A bandeira amarela tremula no mastro da pandemia e, nem de longe, pode ser considerada um sinal de adeus ao coronavírus. Já tem gente falando que “a pandemia está indo embora”. Se fosse, já iria tarde, mas não é bem assim. A classificação da bandeira é mais um protocolo do que a resolução ou diminuição dos riscos. É como um tiro no escuro, eu penso. Os cuidados continuam. E quanto ao processo de vacinação, Nova Friburgo está em modo lento, em comparação com cidades vizinhas, cujo fato já está explicado pelo número maior da população. Os estudos científicos apontam que não há como comparar a eficácia das vacinas; o importante é que se tome a que estiver disponível. O retorno das aulas presenciais é controverso e uma coisa é certa: retomar sem que haja vacinação para todos os envolvidos, será como cutucar onça com vara curta.

Em “Há 50 anos”, o prefeito eleito, dr. Feliciano Costa, após ter sofrido “melindrosa intervenção cirúrgica” foi a causa de o Legislativo se deslocar para o “nosocômio” afim de tomar-lhe o juramento legal. O Executivo, que deixava o cargo,  também compareceu ao local para transmitir as funções ao novo prefeito. Isso em 3 de fevereiro de 1971. Avançando para 2021, o prefeito atual, com um mês de atuação, visitou o “nosocômio, não para se internar, mas para tomar pé da situação do nosso hospital. Falando em política, a Câmara de Vereadores, presidida pelo vereador Wellington Moreira, começou a cortar gastos, com ações de moralização dos trabalhos, inclusive, com o corte de celulares oferecidos e pagos pela casa. O presidente ressaltou que “tais medidas geram resistência”, mas reconhece que a população apoiará cada uma delas...”.  Boas falas. Como diz o ditado: sabendo usar, não vai faltar! Feliz cidade para todos nós!

 

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