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Sabe o que é sucessão patrimonial?

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Entender as diferentes possibilidades para transferência de riqueza aos seus herdeiros é ponto fundamental para promover maior tranquilidade aos entes envolvidos no contexto de falecimento. Afinal, se despedir de pessoas queridas por nós já é muito difícil; perder meses e reservas de dinheiro para resolver problemas judiciais pode prejudicar ainda mais o processo de luto dos familiares. Isso é sucessão patrimonial: a estratégia cuja transferência de bens e direitos aos herdeiros é feita dentro de um planejamento a fim de otimizar os processos.

Entender as diferentes possibilidades para transferência de riqueza aos seus herdeiros é ponto fundamental para promover maior tranquilidade aos entes envolvidos no contexto de falecimento. Afinal, se despedir de pessoas queridas por nós já é muito difícil; perder meses e reservas de dinheiro para resolver problemas judiciais pode prejudicar ainda mais o processo de luto dos familiares. Isso é sucessão patrimonial: a estratégia cuja transferência de bens e direitos aos herdeiros é feita dentro de um planejamento a fim de otimizar os processos. Possibilitando maior agilidade, segurança e, até mesmo, redução de custos sobre a transferência.

Portanto, para te auxiliar no processo complexo de planejamento com mais acesso aos conhecimentos financeiros, este texto busca elucidar algumas estratégias capazes de tornar o processo mais simples e seguro.

Doação em Vida

Estratégia para antecipação de herança, a doação em vida contempla – basicamente – duas diferentes possibilidades. A primeira (a doação de fato) permite a transferência de bens para o herdeiro dentro de algumas limitações: o doador precisará manter recursos em seu nome para garantir sua subsistência e deve respeitar a parte da herança que cabe aos herdeiros necessários. A segunda alternativa, por sua vez, é chamada de doação com reserva de uso fruto: permite a doação em vida para os herdeiros, mas somente será exercida após a morte do doador.

Fundos Imobiliários

Para famílias acumuladoras de imóveis, uma solução para a transferência de recursos pode ser a criação de um Fundo Imobiliário. Este não precisa, necessariamente, ter negociação aberta em bolsa de valores e as cotas são divididas entre os herdeiros a fim de que cada indivíduo tenha sua parcela proporcional a receita gerada pelos imóveis; seja através da venda ou locação destes. Outra forma de o herdeiro angariar recursos é através da venda de suas cotas.

Seguros de Vida

Os seguros de vida resgatáveis não promovem alta rentabilidade sobre o capital, mas apresentam algumas características imprescindíveis para o planejamento de sucessão. Por serem impenhoráveis, não ficam reféns de bloqueios judiciais; por serem isentos de tributação, não tem custos de IR (Imposto de Renda) e ITCMD (Imposto sobre Transferência Causa Mortis e Doação).

Previdência Privada

Aqui, a busca por produtos de qualidade deve ser minuciosa; tem muita coisa horrível por aí. Mas você consegue achar bons produtos e que lhe oferecerão algumas boas vantagens: isenção de ITCMD e dispensa de inventários.

Testamento

Este está entre as formas mais conhecidas de sucessão patrimonial, mas é a estratégia mais custosa. O testamento pode parecer simples pela praticidade em concretizar suas vontades de distribuição de bens, mas entra em processo de inventário, incide ITCMD, honorários advocatícios e custos de cartório.

Agora, portanto, cabe a você entender o que faz mais sentido para a sua realidade e seus princípios. Contudo, vale a dica, alocações que dispensam inventário (como a previdência privada, por exemplo) podem ser ótimas alternativas para a primeira etapa do processo de sucessão. Apesar da baixa rentabilidade, as previdências podem ser planejadas para arcar com os custos do inventário e permitir o acesso dos herdeiros aos seus respectivos bens e direitos.

Planeje-se, valerá a pena.

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A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Existe limite para a liberdade de expressão?

quinta-feira, 09 de setembro de 2021

O que é como surgiu esse direito?

Entende-se como liberdade de expressão o direito que permite as pessoas manifestarem suas opiniões, sempre com respeito e veracidade de informações, sem o medo de represálias ou censura.

O histórico e clamado direito à liberdade de expressão foi, sem dúvida alguma, um dos marcos mais importante da legislação moderna brasileira, sendo contemplado e retirado em diversos momentos históricos conturbados.

O que é como surgiu esse direito?

Entende-se como liberdade de expressão o direito que permite as pessoas manifestarem suas opiniões, sempre com respeito e veracidade de informações, sem o medo de represálias ou censura.

O histórico e clamado direito à liberdade de expressão foi, sem dúvida alguma, um dos marcos mais importante da legislação moderna brasileira, sendo contemplado e retirado em diversos momentos históricos conturbados.

Durante a vigência dos “anos de chumbo”, houve a criação do Ato Institucional nº 5, medida mais dura da ditadura militar, que implementou a censura no Brasil, época de muitas torturas, prisões, exílios, restrições na imprensa e mortes. Contudo, com o fim do regime militar, a evolução da sociedade e a vinda da Constituição de 1988, nossa lei maior a assegurou como um direito essencial e fundamental, sem o qual, eu, Lucas Barros, sequer poderia estar escrevendo neste jornal.

Há limites para a liberdade de expressão? Quais seriam esses limites?

Bom, importante ressaltar que a liberdade de expressão brasileira não é como a norte-americana. Nos Estados Unidos, o direito às manifestações e aos discursos levam em conta não somente o que é falado, mas o contexto. Não muito distante, em 2017, os Estados Unidos tiveram uma passeata do movimento neonazista americano de forma legítima e sem perturbações. Ainda no mesmo ano, a Ku Klux Klan, movimento de supremacia branca que perseguiu negros durante os séculos 19 e 20, realizou uma passeata na cidade de Charlottesville.

O caso brasileiro é diferente. Ocorre que a Alemanha e o Brasil se alinham aos pactos internacionais como modo de proteger não somente a liberdade de expressão, mas também, a igualdade e dignidade da pessoa humana, sendo sempre defendida a ideia de que não existe direito absoluto e ilimitado.

Nesse sentido, a expressão livre no Brasil existe, contudo há limites. Tenho o direito de me expressar, mas isso não me dá o direito de incitar a violência ou eleger um grupo da população como “inimigo comum”, por meio de homofobia, racismo, xenofobia ou violência religiosa, visto que são crimes previstos em lei. Por esses e outros motivos, o Ministério Público entendeu como crime as frases proferidas pela pregadora em uma igreja evangélica em  Nova Friburgo e que deu origem a um processo criminal por racismo e homofobia.

Da mesma forma, manifestar a volta de regimes ditatoriais, ameaçar a integridade e a vida de pessoas públicas e o funcionamento da democracia também são delitos previstos em lei e não estão abarcados pela conquista histórica de podermos nos expressar. O verdadeiro limite da liberdade de expressão é a lei.

O escritor, Hamilton Ferraz, doutor em Direito pela PUC-Rio e professor da Universidade Estácio de Sá de Nova Friburgo explica que o direito a liberdade de expressão é fundamental e essencial para cada democracia, porém não deve ser entendido como ilimitado e absoluto. Para ele, ofender, ferir, odiar, mentir e propagar ofensas, ódios e mentiras é algo incabível em nosso regime constitucional.

“Liberdade de expressão não é liberdade de agressão. Nem toda fala, discurso ou manifestação podem ser tolerados. O grande limite à liberdade de expressão é o ponto em que seu exercício passa a ameaçar as liberdades e direitos de todos os demais - quando, então, já não mais se trata de ‘liberdade’, mas de crime.”

O fato é que a liberdade de expressão no Brasil não é absoluta e o limite dela é a lei. Discursos de ódio, crimes de calúnia, difamação, preconceito e ameaças não tangem o limite do aceitável na democracia em que vivemos. Nesse momento tão delicado que vivemos, é importante mantermos atentos e tomarmos os devidos cuidados para não confundirmos “tomada com focinho de porco”.

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Suicídio em tempos de pandemia

quinta-feira, 09 de setembro de 2021

Vamos ver alguns pontos do artigo “Prevenção do Suicídio na era de Covid-19: Transformando a ameaça em oportunidade” escrito pela médica Christine Moutier, ligada à Fundação Americana para a Prevenção do Suicídio e publicado na revista americana Jama Psychiatry em 16 de outubro de 2020.

Vamos ver alguns pontos do artigo “Prevenção do Suicídio na era de Covid-19: Transformando a ameaça em oportunidade” escrito pela médica Christine Moutier, ligada à Fundação Americana para a Prevenção do Suicídio e publicado na revista americana Jama Psychiatry em 16 de outubro de 2020.

A pandemia da Covid-19 pode aumentar o risco de suicídio na população. Vários sintomas psicológicos e psiquiátricos surgiram devido a esta situação pandêmica, como a incerteza, o medo, ansiedade excessiva, insônia, depressão e pensamentos suicidas. Não se constatou em muitos países por pesquisa científica um aumento do suicídio na pandemia.

Alguns países com bons programas de prevenção ao suicídio, como a Finlândia, Noruega, Suécia e Austrália, tiveram uma redução em suas taxas nacionais de suicídio nos últimos anos. Mas nos Estados Unidos, país com tantos recursos científicos e médicos, houve um aumento na taxa nacional de suicídio em 35% desde 1999.

Pesquisa liberada em agosto 2020 pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças norte-americano, mostrou que 40% dos adultos norte-americanos relataram sintomas de depressão, ansiedade, ou aumento do uso de substância – podendo ser álcool, medicamentos e outras drogas – durante a pandemia da Covid-19, e 10,7% dos que responderam a pesquisa disseram ter ideias suicidas nos últimos 30 dias da avaliação.

A prevenção do suicídio durante a pandemia requer abordar não só fatores de risco para o suicídio em função da pandemia, como aumento do isolamento social, perdas pessoais e econômicas, mas também observar fatores de risco antes do surgimento da pandemia, como a desconexão social, solidão, diminuição do apoio social, deterioração da saúde física por maus cuidados pessoais, medo de perdas financeiras e do trabalho, trabalho à distância e aulas online que têm que ver com rompimento das conexões sociais, morte de pessoas queridas, aumento do consumo de bebidas alcoólicas, facilidade de aquisição de produtos letais como armas de fogo, opióides e outras substancias tóxicas. Nos Estados Unidos houve aumento de 85% nas compras de armas de fogo em março 2020, início da pandemia, comparado com os meses de março dos anos anteriores.

Certos grupos de pessoas são mais prováveis de terem aumento do risco de suicídio durante esta pandemia por causa de vulnerabilidades pessoais ou por razões que apresentam barreiras para se ver os problemas e procurar ajuda. Nestes grupos estão os com difícil acesso aos cuidados de saúde mental, os que vivem em lares com abuso e violência doméstica, os com condição socioeconômica desvantajosa, os de áreas rurais, os marginalizados por raça ou escolha sexual, os que lidam na frente contra o vírus e trabalhadores essenciais, entre outros.

Fatores que podem contribuir para a prevenção do suicídio na pandemia da Covid-19: 1 - Quanto à doença mental – melhorar o acesso ao atendimento da população aos serviços de saúde mental, como os Centros de Apoio Psicossocial das prefeituras (Caps) que oferecem atendimento gratuito para a população. O Governo Federal e estadual poderia contribuir para criar estes centros psiquiátricos ambulatoriais nos municípios onde ainda não tem. 2) Quanto ao isolamento social, solidão e luto, instituições tipo ONG, ou comunidades religiosas podem ter uma equipe para apoiar os que vivem sozinhos. Familiares e amigos podem manter contato com os solitários para os ajudar nem que  seja conversar com eles um pouco por telefone com alguma frequência. 3) Divulgar melhor as instituições sociais que oferecem apoio psicológico online ou por telefone para prevenção de suicídio. Por exemplo, durante a pandemia, psicólogos oferecem atendimento emergencial pela internet. Dois exemplos são: www.ouvidoamigo.com.br    www.fabricaderelacionamentos.com.br - 4) ESF – Estratégia de Saúde da Família é um bom programa de atendimento médico do governo. O agente de saúde que vive na comunidade onde há uma unidade de saúde do programa ESF, visita as casas e leva um relatório do que ocorre na família em termos de saúde, em seguida um profissional da ESF visita a pessoa e a orienta. O Governo Federal e estadual poderia criar centros de ESFs nas cidades onde não existem. 5) A Delegacia da Mulher, o Juizado de Menores e de Adolescentes, o Ministério Público, ONGs e outros serviços voluntários podem ajudar muito na prevenção de suicídio e violência em lares abusivos. 6) O governo pode ajudar com campanhas para evitar o uso abusivo de álcool, ainda que o melhor para nossa saúde é não usar nada que contenha álcool. 7) Que bom que o Governo Federal ofereceu ajuda emergencial aos mais carentes. Que tal tirar os abusos de salários de funcionários públicos, parlamentares, magistrados, e usar o excesso para o benefício dos pobres? Este é um momento na história quando a prevenção do suicídio deve ser priorizada como uma questão séria de saúde pública.

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Conversa pedagógica

terça-feira, 07 de setembro de 2021

— Alô! Alô! É o professor Macário?

— Ele mesmo. A senhora podia falar um pouquinho mais alto?

— O senhor é o professor Macário, que os alunos chamam de professor Macabro?

— Essa eu ainda não conhecia. O próprio. Em que posso ajudar? Por favor, fale mais alto.

— Não posso, professor. É confidencial.

— Não seria melhor então a senhora vir ao colégio, falar pessoalmente?

— Professor Macabro... Desculpe... Macário. Tem alguém mais ouvindo nossa conversa?

— Não, ninguém. Qual o nome da senhora, por favor?

— Alô! Alô! É o professor Macário?

— Ele mesmo. A senhora podia falar um pouquinho mais alto?

— O senhor é o professor Macário, que os alunos chamam de professor Macabro?

— Essa eu ainda não conhecia. O próprio. Em que posso ajudar? Por favor, fale mais alto.

— Não posso, professor. É confidencial.

— Não seria melhor então a senhora vir ao colégio, falar pessoalmente?

— Professor Macabro... Desculpe... Macário. Tem alguém mais ouvindo nossa conversa?

— Não, ninguém. Qual o nome da senhora, por favor?

— A telefonista é de confiança? Sei lá, ela tem cara de fofoqueira. Fica ali dentro daquela gaiola, ouvindo tudo quanto é ligação...

— Dona Marly é de total confiança. Mais de dez anos na cabine telefônica.  Olha, eu estou esperando um pessoal do sindicato. A senhora podia falar do que se trata?

— É confidencial, professor. É sobre um aluno do colégio. Mas, pelo amor de Deus, não fala pra ele que eu liguei, não. Tem certeza que D. Marly não tá escutando?

— Por favor, qual o nome da senhora, quem é o aluno e de que se trata? Acho melhor a senhora vir falar comigo.

— Já tou falando, professor. Professor Mancada... desculpe... Macabro... desculpe ... Macário. É o seguinte... Sincomoda de ir ver se a D. Marly não tá de orelha em pé, ouvindo a gente?

— Minha senhora, desculpe, mas estou esperando o pessoal do sindicato...

— Vou falar. Já que é pra falar, falo logo. É a professora de português, professor. Sem brincadeira, ela é macabra.

— Qual professora de português? O que tem ela?

— A professora do Luizinho... Sabe quem é Luizinho, não sabe? Ou vai me dizer que não conhece os alunos do seu colégio!

— O colégio tem mil e duzentos alunos, minha senhora. Olha, o pessoal do sindicato já está lá fora... Qual é problema do Luizinho?

— Do Luizinho, não! Contra o Luizinho, isso sim!

— E qual o problema... vá lá!, contra o Luizinho?

— A redação, professor. Merecia pelo menos nove e meio.

— E quanto ele tirou?

— Só sete e meio ...Uma injustiça. Deus no céu tá vendo que é uma injustiça.

— E o que tem de errado na correção da professora, minha senhora? Aliás, qual é mesmo o seu nome?

— Eu sei lá o que tem de errado, Seu Macabro! Eu ainda não vi a redação. Ela não devolve porque sabe que a nota é injusta.

— Mas se a senhora ainda não viu a redação...

— E precisa ver? O Luizinho, se quiser, vai ser escritor. Mas o que ele quer mesmo é ser motorista de caminhão.

— Eu posso falar com a professora. Qual a série do Luizinho?

— Eu lá vou denunciar meu filho, professor!

— Mas sem saber quem é, vou fazer o quê?

— Já vi que o senhor também quer ferrar o Luizinho! Pela mãe do guarda! Não é à toa que chamam o senhor de Macabro. Pode deixar, eu mesma vou aí falar com a professora. E fala com a fofoqueira da Dona Marly pra parar de abelhar a conversa dos outros.

— Alô! Alô! Minha senhora... Desligou... Eu é que devia ter sido motorista de caminhão!

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Devido à violência urbana, os amigos se despedem de Tom

terça-feira, 07 de setembro de 2021

Em 13 de agosto de 2021, Ricardo Pinheiro Juca assassinou sua esposa que estava grávida de um bebê de seis meses, sua sogra e feriu seu sogro Wellington Braga de Mello, carinhosamente tratado por seus amigos, de Tom. De acordo com relatos, em rede social, um parente próximo das vítimas contou detalhes da tragédia na casa da família no bairro Cônego. Segundo ele, Nahaty teria sido alvejada enquanto estava deitada na cama, lanchando. Ela teria levado três tiros na cabeça e um na barriga (parece que a intenção do criminoso era ter certeza que o filho também morreria).

Em 13 de agosto de 2021, Ricardo Pinheiro Juca assassinou sua esposa que estava grávida de um bebê de seis meses, sua sogra e feriu seu sogro Wellington Braga de Mello, carinhosamente tratado por seus amigos, de Tom. De acordo com relatos, em rede social, um parente próximo das vítimas contou detalhes da tragédia na casa da família no bairro Cônego. Segundo ele, Nahaty teria sido alvejada enquanto estava deitada na cama, lanchando. Ela teria levado três tiros na cabeça e um na barriga (parece que a intenção do criminoso era ter certeza que o filho também morreria). A sogra subiu as escadas correndo e também foi  atingida, com sete tiros, em rajada. O sogro levou dois tiros ao tentar sair pela porta e foi encaminhado para o Hospital Raul Sertã.

Infelizmente, meu amigo Tom, colega de trabalho do Sesi de 1979 até 1995, não resistiu aos estragos provocados pela bala, em seu rosto e faleceu na madrugada do último dia 1º. Um crime hediondo, a meu ver, pois atirou para matar, não deu nenhuma chance de defesa para as vítimas e destroçou uma família.

Ricardo, por ser tabelião e conhecer a “lei”, alegou surto psicótico e foi transferido para o Hospital Penal Psiquiátrico Roberto Medeiros, no Rio de Janeiro. Felizmente, no dia 20 de agosto, de acordo com reportagem de A VOZ DA SERRA, o juiz Marcelo Alberto Chaves Villas, da 1ª Vara Criminal de Nova Friburgo, determinou a transferência de Ricardo para um presídio comum.  A denúncia apresentada pelo Ministério Público contra o réu à Justiça, ratifica a conversão da prisão em flagrante, em  preventiva e determina a transferência”.

“Segundo a decisão do juiz Villas, “a denúncia narra crimes bárbaros” e “inexiste prova de que o acusado sofra de perturbação mental”. O juiz assinala que, por ser  praticante de tiro desportivo, o réu foi  submetido a exame psicológico, sem restrição da capacidade cognitiva, pois tal exigência faz parte do Estatuto do Desarmamento.  Villas considerou também que o “surto psicológico” alegado inicialmente para cometer os crimes, de forma superficial, não justifica a presunção de inimputabilidade do réu. 

Crime inimputável ou não, o problema está em serem as leis brasileiras uma verdadeira mãezona para os bandidos e um tormento para a família das vítimas. Na época do ocorrido, a Polícia Civil informou que Ricardo seria indiciado por dois feminicídios consumados, aborto e tentativa de homicídio; as penas somadas poderiam chegar aos 84 anos.

Essa tentativa passa a ser agora caracterizada como mais um homicídio, o que vai elevar a pena para pelo menos 100 anos. O problema é que ninguém pode ficar preso por mais de 30 anos, está no código penal. O bom comportamento e o trabalho, na penitenciária, servem como um redutor do tempo de detenção, se cursar uma faculdade, reduz mais um pouco. Ou seja, com cerca de dez anos de reclusão esse assassino voltará ao convívio da sociedade. Isso se um habeas corpus do alto clero ou do baixo clero não o livrar da cadeia por uns tempos.

O que não se compreende é o porquê de uma pessoa tão insatisfeita com a família cometeu um crime tão bárbaro assim. Será que não teria sido melhor ter virado aquela maldita pistola 9 milímetros para a própria cabeça? Diga-se de passagem que essa arma é de uso exclusivo das polícias Civil e  Militar e das Forças Armadas. Entenderam?

Mas, mesmo se for condenado, Ricardo abreviou estupidamente o convívio de Tom com seus amigos e parentes. Foi um dentista de mãos cheias no Sesi, onde trabalhamos juntos, no turno da manhã. Um dia, em meio a uma  brincadeira disse para ele: Tom preciso extrair um dente siso superior. Ele simplesmente me sentou na cadeira do seu consultório, anestesiou minha boca e, em 20 minutos, o siso estava na ponta do boticão.

Com a criação do ambulatório do Diabetes, tínhamos a Semana do Diabético, com várias atividades, inclusive palestras. Tom sempre esteve presente falando sobre cuidados com os dentes e higiene bucal, de muita importância para o tratamento desses pacientes. Brincalhão divertia a todos nós com seus casos e suas piadas. Era, também, dono da farmácia Esperança, no final da Praça Dermeval Barbosa Moreira.

Tom, por essa ruptura tão brusca e cruel seus amigos não esperavam. Descanse em paz e zele por nós.

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A VOZ DA SERRA é uma viagem com roteiros imperdíveis!

terça-feira, 07 de setembro de 2021

Uma data comemorativa tem sempre um bom motivo na origem de sua criação e 5 de setembro é o Dia Internacional da Caridade, escolhido para homenagear Madre Tereza de Calcutá, falecida, nessa data, em 1979. Ela, que se doou em prol das causas humanitárias, deixou, nos seus exemplos, o verdadeiro sentido do verbo doar, na ilimitada capacidade de lutar pelos pobres e doentes e por toda a vulnerabilidade das causas alheias. No abrangente tema do Caderno Z, somos inspirados ao exercício da caridade e o nosso povo brasileiro tem um forte espírito solidário.

Uma data comemorativa tem sempre um bom motivo na origem de sua criação e 5 de setembro é o Dia Internacional da Caridade, escolhido para homenagear Madre Tereza de Calcutá, falecida, nessa data, em 1979. Ela, que se doou em prol das causas humanitárias, deixou, nos seus exemplos, o verdadeiro sentido do verbo doar, na ilimitada capacidade de lutar pelos pobres e doentes e por toda a vulnerabilidade das causas alheias. No abrangente tema do Caderno Z, somos inspirados ao exercício da caridade e o nosso povo brasileiro tem um forte espírito solidário.

Entretanto, somos “mais chegados” ao exercício da caridade, como destaca a “Pesquisa Doação Brasil”, quando atravessamos momentos críticos, como tragédias e situações emergenciais, “fazendo com que a responsabilidade social e a consciência coletiva cresçam”. A cultura de doação em nosso país ainda é insuficiente e a pandemia do coronavírus é um bom exemplo, pois, em seu início, “houve certo aumento no volume de doações”. Em se tratando de ajuda individual, talvez pela extensão da pandemia, o espírito solidário foi, aos poucos, se afrouxando.

Contudo, os grupos assistenciais e as organizações humanitárias estão aí, firmes e fortes, na missão de salvar vidas, amenizando as dores do mundo. Em “Palavreando”, Wanderson Nogueira descreve bem o perfil do eu, “brasileiro” e entre muitos de seus achados literários achamos algum “eu” que nos define: “Eu, brasileiro, matando a fome de quem posso, mas morto pela fome de todos os que sentem fome...”. Lindo texto!

Deixando o “Z” com a caridade em destaque, o governo municipal deu um passo avançando na solidariedade com a lei sancionada pelo nosso prefeito Johnny Maycon por intermédio do projeto de lei proposto pelo  vereador Wellington Moreira. A lei garante “visita virtual a pacientes internados com coronavírus”. Mesmo com toda a complexidade para o seu cumprimento, a lei é mesmo madeira de lei. Parabéns!

O Governo do Estado do Rio de Janeiro anunciou um “pacotão de obras” e nossa cidade está inserida com duas encostas: uma em Duas Pedras, no Morro do Lazareto e outra no loteamento Floresta. Ainda bem que o governador Claudio Castro sancionou lei que isenta o ICMS do arroz e do feijão que, consequentemente, ficarão mais baratos na cesta básica. Em contrapartida, o gás vai ficar ainda mais caro, com reajuste de 6%. Se correr o bicho pega e, se bobear, a gente não come! Aliás, é crise para todo lado, pois a gente já vive com a “economia” familiar em baixa. Luz e água são dois elementos que precisam de cautela nos gastos. Na “Dança da Chuva”, de Silvério, quem não entrar no ritmo vai “tomar chá de cadeira”, sem água! Vamos rezar para chover, pessoal!

A notícia que tem impactado os friburguenses nos últimos dias é a venda do salão social do Clube de Xadrez. Mais uma perda patrimonial para a história de Nova Friburgo. Pela beleza do espaço interno, a fachada e o seu entorno,  pelo prédio, guardião de tantos momentos marcantes, tantos carnavais iluminados, tantas e tantas vezes abrigando eventos, por tudo, enfim, uma perda irreparável.

Voltando ao afrouxamento da solidariedade no atual momento pandêmico, é preciso entender e “aceitar” que, como se diz, “é vida que segue”, é povo que se espalha. A economia precisa fluir porque, caso contrário, a saúde para. Uma coisa depende da outra e, embora haja conflito, elas caminham misturadas. Sabendo-se que há pessoas com sede de movimentação, o turismo é uma fonte onde se hidrata o corpo sedento de passeios e de entretenimento.

O “feriadão comprova tendencia de alta na retomada do turismo”, ressalta a manchete, com previsão de mais de 80% de ocupação nos hotéis em Nova Friburgo. O dia 7 é da Independência, salve! “Já podeis da Pátria filhos” sair, cautelosamente, observando os cuidados com a pandemia! No entanto, é preciso “ver contente a Mãe gentil”, com todos os seus filhos plenamente seguros e felizes, pois, ainda não raiou aquela tão sonhada liberdade no horizonte do Brasil.

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Aniversariou no domingo

terça-feira, 07 de setembro de 2021

Aniversariou no domingo

Quem recebeu inúmeros cumprimentos no último domingo, 5, recebendo cumprimentos e manifestações de apreço e carinhos com bem merece, foi o Anderson Thurler da Silva, contador dos mais conceituados da cidade.

Isso, porque neste dia ele completou mais um aniversário de nascimento, comemorando em família junto da esposa Rachel, assim como o  quarteto de filhos amados, Marilha, Beatriz, Maria Gabriela e Hugo Abirachid da Silva, vistos com ele na foto. Grande abraço de congratulações e felicidades ao estimado aniversariante.

Aniversariou no domingo

Quem recebeu inúmeros cumprimentos no último domingo, 5, recebendo cumprimentos e manifestações de apreço e carinhos com bem merece, foi o Anderson Thurler da Silva, contador dos mais conceituados da cidade.

Isso, porque neste dia ele completou mais um aniversário de nascimento, comemorando em família junto da esposa Rachel, assim como o  quarteto de filhos amados, Marilha, Beatriz, Maria Gabriela e Hugo Abirachid da Silva, vistos com ele na foto. Grande abraço de congratulações e felicidades ao estimado aniversariante.

Xadrez: meses antes!

Nos últimos dias ganhou visibilidade na mídia e redes sociais, a venda de parte do tradicionalíssimo Clube de Xadrez para a iniciativa privada. A notícia já havia sido divulgada, em primeira mão, por Etc & Etc no último dia 1º de junho, na edição 10.316 de A VOZ DA SERRA, na nota “Xadrez vendido” sem, no entanto, revelar, por questões óbvias, o nome do próspero e conhecidíssimo empresário local que comprou o espaço onde funcionou o Centro de Convivência da Pessoa Idosa.

Maçonaria com mais três!

A maçonaria friburguense e em especial a Augusta e Respeitável Loja Maçônica Professor Oscar Argollo, que de alguns anos para cá possui seu templo próprio próximo a Via Expressa, no bairro Olaria, está contando a partir de agora com um tríplice reforço para suas colunas.

É que com realização presencial de cerimônia de posse e iniciação com observâncias a uma série de cuidados especiais e de precauções quanto a Covid-19, no último sábado, 4, ingressaram como seus novos membros, Alex Salgado Schimidt (bancário), Romildo Janes da Silva Pinto (policial reformado) e André Luis Leite de Lemos (professor), vistos na foto com o venerável (presidente) Erick Panisset de Oliveira da ARLS Professor Argolo, que igualmente a todos os demais integrantes daquela instituição estão de parabéns pelas novas aquisições para sua oficina.

Vivas ao Nideck

Nesta segund-feira, 6, quem também recebeu muitos cumprimentos por mais um ano de vida, foi o dentista e craque que já brilhou muito no futebol de nosso município e que se tornou também diretor do Friburguense A.C., Carlos Alberto Nideck.

Ao aniversariante, figura realmente das mais admiráveis de Nova Friburgo, enviamos os votos sinceros de parabéns com votos de saúde e paz.

Felicidades, Júlia!

Meu abraço de congratulações e desejos sinceros de muitas felicidades a simpática Júlia Heckert (foto), figura realmente muito querida e admirada por todos que têm a felicidade de conhecer e com ela conviver.

Nossa saudação e cumprimentos à querida Júlia, que estreou nova idade nesta segunda-feira, 6.

Almoço dos Amigos, dia 19

Essa pedida é para agendar desde já! No próximo dia 19, inclusive marcando 15 ininterruptos anos realizações sempre com grande sucesso, acontecerá o Almoço dos Amigos do Seminário Diocesano Imaculada Conceição de Nova Friburgo, no bairro Tingly, a partir das 12h.

No cardápio as opções de carne assada com arroz e guarnições ou peixe, arroz e pirão, com convites custando R$ 15 por pessoa. Os convites, em função de quantidade de lugares limitados no seminário, podem ser adquiridos pelo WhatsApp (22) 2523-1459 e retirados oportunamente na Catedral São João Batista (Centro), ou nas paróquias São Bento (bairro Ypu), Nossa Senhora da Assunção (Bela Vista), São Roque (Olaria), Nossa Senhora do Rosário (Riograndina) ou Sant'Ana (Campo do Coelho).

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Setembro, mês da escuta

terça-feira, 07 de setembro de 2021

No primeiro domingo de setembro (último dia 5), a liturgia da Igreja nos presenteou com um texto muito significativo para este que é o mês da Bíblia na Igreja do Brasil. Trata-se da cura que Jesus realiza de um surdo que falava com dificuldade (Mc 7, 31-37). Gostaria, portanto, de te convidar a escutar comigo o que o texto tem a nos dizer, já que mais que uma leitura, deter-se diante da Sagrada Escritura é estar de ouvidos atentos ao que o mestre tem a ensinar.

No primeiro domingo de setembro (último dia 5), a liturgia da Igreja nos presenteou com um texto muito significativo para este que é o mês da Bíblia na Igreja do Brasil. Trata-se da cura que Jesus realiza de um surdo que falava com dificuldade (Mc 7, 31-37). Gostaria, portanto, de te convidar a escutar comigo o que o texto tem a nos dizer, já que mais que uma leitura, deter-se diante da Sagrada Escritura é estar de ouvidos atentos ao que o mestre tem a ensinar.

Levaram a Jesus o deficiente auditivo para que o curasse impondo-lhe as mãos. Interessante notar que a prática de impor as mãos aparece aqui como algo recorrente nas atitudes de Jesus. Eles levam o homem até Jesus já sabendo o que iriam pedir: que impusesse as mãos. E Jesus, antes de impor as mãos, leva o homem para fora da multidão, a fim de ficar a sós com ele e para que a experiência da cura não fosse viciada pelos curiosos de plantão.

O Senhor colocou o dedo nos seus ouvidos. Jesus toca naquele homem, como pediram, e transmite nesse toque a ternura do seu afeto. Como é importante não nos esquivarmos do toque puro e cheio de afeto na vida das pessoas que nos são confiadas. Faz muita diferença!

Mas Jesus ainda faz mais. A atenção é toda voltada para o homem surdo. É como se todo o resto não importasse naquele momento, somente o encontro entre dois mundos: a divindade rebaixada e a humanidade exaltada. Quando a experiência do encontro pessoal com Cristo acontece em nossa vida, nada tem tanto valor quanto esse contato íntimo com a pessoa do Verbo e, assim, nossa dignidade é elevada.

Caro leitor, ler e meditar com a Bíblia é replicar em sua vida o mesmo encontro que, não só aquele surdo, mas tantos outros puderam experimentar: a pecadora adúltera, a mulher no poço de Jacó, Zaqueu, Mateus, Maria Madalena, Pedro, uma vez que “na Igreja, veneramos extremamente as sagradas escrituras, apesar da fé cristã não ser uma ‘religião do livro’: o cristianismo é a ‘religião da Palavra de Deus’, não de ‘uma palavra escrita e muda, mas do Verbo encarnado e vivo’” (Bento XVI – Verbum Domini, 7). Por isso, escutar a Sagrada Escritura com espírito de fé é pôr-se em contato pessoal com o verbo e receber a cura que ele quer realizar.

Agora, uma última palavra. De certa forma, nós nos tornamos aquilo que escutamos. O mundo hoje está cheio de palavrório sem sentido, barulho, agitação, confusão. É preciso deixar que Jesus nos conduza para fora dessa multidão e algazarra, pois só assim, longe da opinião comum, faremos a experiência libertadora e curadora do toque poderoso daquele que abre nossos ouvidos para a verdade e nos faz escutar e reter o que verdadeiramente importa. Se você está sempre irado, triste, desanimado, revoltado, com medo, pergunte-se: ao que mais tenho dado ouvidos?

Padre Celso Henrique Macedo Diniz é administrador paroquial da Paróquia Santo Antônio e Cristo Ressuscitado, no Prado, distrito de Conselheiro Paulino

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Fake News agridem a literatura

segunda-feira, 06 de setembro de 2021

Fake News viraram moda. Viralizaram. Tornaram-se espalhafatosas fantasias na
Internet. Vestiram-se das mais estranhas notícias e comentários para ganhar mundo.
Fizeram-se a voz da mentira. Utilizaram-se da literatura para desfilar através de
mensagens ou reportagens. Ganharam as luzes negras das intenções maldosas.
Fake News possuem a cor da imprensa marrom que, intencionalmente, têm a
finalidade de lançar falsas notícias, disseminar boatos e desinformar. Para
conquistarem espaço na mídia e adquirirem força de convencimento, nutrem-se dos

Fake News viraram moda. Viralizaram. Tornaram-se espalhafatosas fantasias na
Internet. Vestiram-se das mais estranhas notícias e comentários para ganhar mundo.
Fizeram-se a voz da mentira. Utilizaram-se da literatura para desfilar através de
mensagens ou reportagens. Ganharam as luzes negras das intenções maldosas.
Fake News possuem a cor da imprensa marrom que, intencionalmente, têm a
finalidade de lançar falsas notícias, disseminar boatos e desinformar. Para
conquistarem espaço na mídia e adquirirem força de convencimento, nutrem-se dos
mais recursos sedutores. Usam o jornalismo literário que busca na arte da literatura
sua expressão.
A literatura jornalística não é ficcional. Revela a realidade a partir de uma
observação minuciosa dos fatos. Está fundamentada em técnicas de captação, redação
e edição jornalística e, mesmo sendo escrita por um jornalista e refletindo a visão
particular do seu autor, está comprometida com a retratação verídica da realidade.
Os meios de comunicação impressos têm papel destacado na vida do país, como
também no dia a dia das pessoas, sempre atentas aos acontecimentos das inúmeras
áreas da atividade humana, suas realizações, impasses e impedimentos. São poucos os
alienados que não buscam informações para se tornarem diariamente membros
participantes da vida coletiva. O cidadão precisa estar ciente dos contextos nos quais
está inserido neste planeta mutante. Itinerante.
O jornalismo literário busca ser o mais verídico possível. O jornalista, ao construir
o texto, pode recorrer à riqueza imaginativa para torná-lo atraente ao leitor,
escrevendo-o com vivacidade, reflexão e estilo, apresentando-lhe o momento histórico
através de reportagens, crônicas, ensaios.
As Fakes News são perigosas; destroem pessoas, projetos e realizações. Revelam
algumas das piores características maléficas que possam existir no ser humano:
egoísmo, inveja, narcisismo, perversidade, astúcia. Quem produz Fake News não se

interessa pelo bem comum, pela superação das dificuldades de um lugar, de um país.
Não tem altruísmo, nem senso inteligente. Produz textos sensacionalistas e vulgares.
Para finalizar quero aplaudir Moacyr Scliar (1937-2001), imortal da Academia
Brasileira de Letras, que escrevia a coluna Cotidiano Imaginário na Folha de São Paulo,
desde 1990 até pouco antes da sua morte, em 2011. Ele buscava, em sua coluna, uma
história que pudesse ser reveladora da condição humana. Semanalmente escrevia
textos belíssimos e sensíveis à realidade social da classe média urbana no Brasil,
fazendo mergulhos no cotidiano e utilizando a linguagem do povo.

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Brasileiro

sábado, 04 de setembro de 2021

De repente, me vi nu em frente ao espelho. Mais nu que os que habitavam essa terra há mais de quinhentos anos. Os primeiros desse lugar a serem assaltados. Tiveram roubado o seu chão de florestas. Meus ancestrais são os culpados. Eu sou, em parte, culpado por permitir que qualquer outro irmão meu acredite em marco legal. Ora, os brasileiros indígenas estão aqui bem antes de 1500. Ninguém é mais dono do Brasil do que os originais.

De repente, me vi nu em frente ao espelho. Mais nu que os que habitavam essa terra há mais de quinhentos anos. Os primeiros desse lugar a serem assaltados. Tiveram roubado o seu chão de florestas. Meus ancestrais são os culpados. Eu sou, em parte, culpado por permitir que qualquer outro irmão meu acredite em marco legal. Ora, os brasileiros indígenas estão aqui bem antes de 1500. Ninguém é mais dono do Brasil do que os originais.

Nu, em frente ao espelho, me deparo com a minha imagem refletida. Sem alegorias. Sem fantasias. Sem truques de ilusão. Eu que já acreditei ser verde e amarelo acolhedor. Pratico xenofobia até com meus irmãos de nação. Do Nordeste. De São Gonçalo. De Roraima. Mas o espelho não esconde minha latinidade. Em tempos sombrios de negacionismo, o que o espelho reflete não me permite negar, ainda que eu possa fechar os olhos ou criar narrativas diversas. Sóbrio, reflito: quem sou eu ou quem me tornei?

Sem vestimentas que me devolvam ao armário, não fico bem na foto de arminha na mão. Envergonhado, com certo pudor, dou moedas de cinquenta centavos ao menino que vende balas no sinal, mais uns trocados à mulher que vende pano de chão no sinal adiante... O pouco que sobrou do pouco que me restou, entrego aos dois jovens que fazem acrobacia próximo à vaga de estacionamento. Não sobrou nada para a mãe com dois filhos que me pede uma quentinha na porta do self-service. Não sobrou nada para mim, além do cartão de crédito de fatura vencida e com apenas o mínimo paga. 

Nu e na união de nus, uma pátria desnuda, dividida como as duas bandas de uma bunda, separadas por um rego assustado de quem não gosta do que vê e ainda não entendeu que teme o que sente. 

Eu, brasileiro, sem a alegria do carnaval. Eu, brasileiro, matando a fome de quem posso, mas morto pela fome de todos os que sentem fome que não posso matar. Eu, brasileiro, salvando minha própria pele, mas desleixado em salvar a pele preta de quem tem a marca de escravo. Eu, brasileiro, machista que espanca travesti e inferioriza mulher, todos brasileiros e humanos, como eu. Eu, brasileiro, solidário com uns indivíduos que me podem olhar nos olhos, mas culpado por alimentar de boas maldades todos os outros. 

Eu, brasileiro, de fé enganada e pela fé movido a dar de ombros aos que amam da forma como não entendo amar. Eu, brasileiro, já não finjo felicidade com os gols da seleção brasileira, pois essa seleção não é mais minha. Eu, brasileiro, jocoso com a vida da Amazônia e do Pantanal. Eu, brasileiro, cruelmente desmato e me mato, pouco a pouco. Eu, brasileiro, filho das desigualdades aponto para heróis de araque que me mandam à guerra para morrer. 

Eu, brasileiro... Triste. Feliz. Já não sei nem mesmo sobre cada uma dessas cicatrizes de séculos de opressão. Sei que elas aguçam o desejo de oprimir. Nu, entro para o espelho para impedir a imagem que ele reflete. Quem sabe preso lá dentro, me torno liberto?  

 

Foto da galeria
(Imagem: Freepik)
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