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Igreja Sinodal: comunhão, participação e missão

terça-feira, 26 de outubro de 2021

Um extraordinário e inédito processo de escuta de todo o povo de Deus, por dois anos, lançado nos últimos dias 9 e 10, em Roma, pelo profético Papa Francisco, nos projeta neste mês de outubro, mês das missões, num caminho já proposto pelo Concílio Vaticano II e impulsionado pelo iluminado Papa São Paulo VI - a sinodalidade.

Um extraordinário e inédito processo de escuta de todo o povo de Deus, por dois anos, lançado nos últimos dias 9 e 10, em Roma, pelo profético Papa Francisco, nos projeta neste mês de outubro, mês das missões, num caminho já proposto pelo Concílio Vaticano II e impulsionado pelo iluminado Papa São Paulo VI - a sinodalidade. Isto foi expresso nas últimas décadas, pela implementação do Sínodo dos Bispos, como um forte e rico momento de escuta do sucessor de Pedro dos seus irmãos sucessores dos apóstolos, espalhados no mundo inteiro, representando e ecoando as realidades e anseios de seus milhares de rebanhos. Estes processos enriqueceram muito a reflexão de toda a Igreja sobre diversos temas, com a contribuição das mais variadas culturas e especificidades dos países representados por seus pastores, com a contribuição de vários peritos, clérigos, religiosos e leigos. Estas proposições dos padres sinodais serviram de base para importantes e renovadoras exortações apostólicas pós-sinodais, assinadas pelos pontífices, desde São Paulo VI.

Mas, com certeza, faltava um aprofundamento sobre a própria sinodalidade, exercitando não só a colegialidade episcopal, alcançando de forma indireta as comunidades. Já há tempos, era sugerido, inclusive pelo próprio Papa Francisco, um processo de "caminhar juntos", escutando diretamente todas as expressões do povo de Deus, colhendo das bases das comunidades e dos cristãos, dos não cristãos e da sociedade em geral, as impressões, testemunhos e dados referentes à essencialidade da Igreja, em sua "comunhão, participação e missão", ouvindo, deixando que todos tomem a palavra, falando com coragem, integrando liberdade, verdade e caridade; celebrando a palavra e a eucaristia, na corresponsabilidade missionária, participando da comunidade eclesial e no serviço à sociedade, com responsabilidade social e política, no diálogo e na busca da justiça e do bem comum, salvaguardando os direitos humanos, no cuidado com a casa comum; fomentando a união e diálogo ecumênico, a partir de um único batismo, investindo na sinodalidade como um princípio educativo para a formação da pessoa humana e do cristão, das famílias e das comunidades, numa decisão por discernimento com base num consenso que dimana da obediência comum ao espírito; tornando as lideranças e membros da Igreja mais capazes de caminhar juntos, de se ouvir mutuamente e de dialogar, num crescimento em comunhão, aumentando a participação ministerial e o comprometimento missionário.

Como está todo este quadro na nossa comunidade diocesana, vicarial, forânea, paroquial, na comunidade onde vivo e atuo como batizado, como cristão, como cidadão? É o que este processo lançado pelo Papa quer saber, ao mesmo tempo consignando a sinodalidade como forma, estilo e estrutura da mesma Igreja, na atualização de sua corresponsabilidade e participação na missão da nova evangelização essencialmente unida à promoção humana. Por isto, foi aberta em todas as dioceses do mundo, no último dia 17, a fase de escuta de todos os representantes deste múnus conjunto e de seu contexto social de desenvolvimento.

Na nossa Diocese de Nova Friburgo, houve uma missa de abertura na Paróquia Nossa Senhora das Graças, em Olaria, às 16h, presidida pelo bispo diocesano, Dom Luiz Antonio Lopes Ricci, que ressaltou a importância de auscultar, termo do vocabulário médico que nos remete a um exame mais sensível e aprofundado da nossa realidade para um diagnóstico que nos direciona para a superação dos desafios, para a saúde da Igreja, em sua vida e missão. Com uma comissão diocesana e um material distribuído a todas as paróquias, comunidades e demais representações cristãs, religiosas e sociais, haverá um grande e frutuoso caminho comum (método) de construção do próprio caminho comum (diretrizes da vida e missão), através de relatórios que passarão pelas conferências episcopais e chegarão ao Sínodo dos Bispos que acontecerá em outubro de 2023, em Roma.

Depois deste evento, fruto de toda uma comunhão e cooperação, continuará o processo sinodal na fase de execução, com a mesma participação e entusiasmo das dioceses e comunidades e expressões eclesiais missionárias. Rezemos e participemos deste belo e histórico caminho juntos, como irmãos, numa igreja constitutivamente sinodal, aplicando cada vez mais estes princípios e ensinamentos do Concílio Vaticano II. Boa missão para todos.

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é chanceler e assessor eclesiástico diocesano da Pastoral Familiar da Diocese de Nova Friburgo. Esta coluna é publicada às terças-feiras.

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Aniversário em Portugal

terça-feira, 26 de outubro de 2021

         Mesmo estando além mar há algum tempo, mas, graças ao seu poder de comunicação e carinho com todos, mantém muitas amizades enraizadas em Nova Friburgo e no Rio de Janeiro, o admirado André Luiz Castilho Freire (foto) completou seu 62° aniversário natalício em Portugal na última sexta-feira, 22, ao lado da esposa Teresa, do filho e meu xará Luiz Antonio, demais familiares e os muitos amigos que por lá também possui.

         Mesmo estando além mar há algum tempo, mas, graças ao seu poder de comunicação e carinho com todos, mantém muitas amizades enraizadas em Nova Friburgo e no Rio de Janeiro, o admirado André Luiz Castilho Freire (foto) completou seu 62° aniversário natalício em Portugal na última sexta-feira, 22, ao lado da esposa Teresa, do filho e meu xará Luiz Antonio, demais familiares e os muitos amigos que por lá também possui.

         O André Freire é tão admirado que no próximo fim de semana, ele que é médico, escritor, mangueirense e botafoguense de coração, vai receber a honrosa visita do amigo Cocco Barçante, presidente do Museu do Artesanato do Rio de Janeiro e que é também um dos embaixadores culturais do nosso Estado. Parabéns e felicidades, André!

 

Reforço em dobro

         Conforme divulgações pela imprensa, inclusive com destacada reportagem veiculada em A VOZ DA SERRA, a bela campanha Conexão do Bem tem desempenhado importante função social conquistando muitas cestas básicas para ajudar famílias realmente carentes de Nova Friburgo.

         Contribuindo para incrementar ainda mais os kits de alimentos, Luiz Muniz, que é um conceituado produtor de ovos da região de Campo do Coelho fez recentemente generosa doação de 400 dúzias deste rico e nutritivo alimento, inclusive a maioria dos ovos com duas gemas.

 

Aniversariante do dia

         Somando aos muitos cumprimentos e manifestações de carinho que por certo está recebendo hoje, 26, pelo transcurso do seu aniversário natalício, apresentamos também as nossas congratulações ao admirado Carlos Eduardo Godoy Veiga, diretor da metalúrgica União Mundial, uma das renomadas empresas do setor metal mecânico de Nova Friburgo.

         Parabéns Eduardo, com votos de saúde, paz, alegrias, mais sucessos e felicidades em geral.

 

Com vivas especiais

         Esta quinta-feira, 28, vai marcar mais um aniversário do admirado friburguense de muitos amigos José Nilson da Silva, o querido Nilsinho que completará mais um ano de vida.

         E este ano, as comemorações se tornam ainda mais significativas, uma vez que este sempre guerreiro, enfrentou e superou a Covid-19. Parabéns, contínuas felicidades, saúde e tudo de bom que você bem merece, caro Nilsinho.

 

Yakisoba beneficente

         Como a Casa Madre Roselli é uma das mais respeitadas instituições de Nova Friburgo e merece apoio de todos, inclusive se aproximando dos seus 70 anos de existência, vamos agendar para prestigiar: delicioso yakisoba de frango que será servido no próximo dia 7 de novembro, um domingo, das 11h30 às 14h30 com retirada das quentinhas na própria sede da Casa Madre Roselli pelo sistema drive thru.

         Os convites custam R$ 25 e já podem ser adquiridos na própria Casa Madre Roselli, assim como também na Gazoni Móveis, Nélson Floricultura, Yex Culinária Japonesa, CVC (Cadima Shopping) e com membros do Rotary Club Suspiro.

                         

Alegria e tristeza

         O último fim de semana foi marcado por dois sentimentos completamente opostos para muitas pessoas e em especial, para este colunista.

         Grande felicidade ver o sempre amável Roosevelt Concy sendo eleito para mais uma vez presidir o importante Nova Friburgo Country Clube, já que competência e dedicação, entre outras virtudes, não lhes falta.

         Já por outro lado, a dor pela perda do querido padre João Machado Evangelho, que venceu a Covid-19, mas infelizmente foi derrotado agora por complicações decorrentes deste terrível coronavírus.

 

Salve a construção civil

         Abraços e cumprimentos a todos que atuam em importante segmento de desenvolvimento das nossas cidades e sociedades. Hoje, 26, é o "Dia do Trabalhador da Construção Civil". Salve esta nobre classe.

 

Esta coluna é publicada às terças-feiras.

 

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AVS é o legado que se renova e mantém a tradição!

terça-feira, 26 de outubro de 2021

Com mais de um ano e meio de pandemia, o Halloween reaparece ainda tímido, mas surge agora como um elixir para abrandar as nossas ansiedades e fortalecer as esperanças. Diante de tantos períodos sombrios, até tenebrosos, o Dia das Bruxas, no próximo dia 31, domingo que vem, passa a ser uma festa alegre, cheia de cores e com realce em todos os seus significados. No Brasil, criou-se adaptações e o Caderno Z nos apresentou lendas como o Unhudo e o Mão de Cabelo.

Com mais de um ano e meio de pandemia, o Halloween reaparece ainda tímido, mas surge agora como um elixir para abrandar as nossas ansiedades e fortalecer as esperanças. Diante de tantos períodos sombrios, até tenebrosos, o Dia das Bruxas, no próximo dia 31, domingo que vem, passa a ser uma festa alegre, cheia de cores e com realce em todos os seus significados. No Brasil, criou-se adaptações e o Caderno Z nos apresentou lendas como o Unhudo e o Mão de Cabelo.

Entretanto, passamos a festejar o 31 de outubro também em homenagem ao Dia do Saci, “uma das figuras mais emblemáticas do folclore brasileiro” e que tem, em sua formação, influências indígenas e africanas. A data foi, inclusive, estabelecida para oferecer aos jovens brasileiros uma festividade de nossa cultura rica em personagens interessantes, como a Mula sem Cabeça, o Boitatá, a Cuca, o Curupira e outros. Monteiro Lobato foi um difusor da cultura popular com a obra Sítio do Pica-Pau Amarelo, grande sucesso nas telas da TV Globo. Lobato comparou os sacis aos erros que surgem depois que um livro é publicado, pois eles se escondem na hora da revisão e quando a obra está pronta, aparecem colocando a língua de fora, como fazem os sacis.

Wanderson Nogueira, em “Nossas canções”, faz um belo passeio musical: “O que celebro é a música brasileira em suas mais variadas vertentes de um país continental diverso. Defensor das composições nacionais, ele reconhece os valores da música internacional, pois, em seu entendimento, “música é momento, mas também tatuagem que nos marca ou esconde cicatrizes. É memória ou simplesmente viagem só de ida...”.

Deixamos o Caderno Z, desejando que o dia 31 de outubro nos traga as energias positivas e protetoras do Saci-pererê, guardião das florestas e das travessuras. E parece mesmo que estamos pegando uma trilha mais animadora. Vinícius Gastin, guardião das boas novas do esporte, conversou com o secretário municipal de Esportes, João Vitor Duarte, que está bem otimista com as possibilidades em “fortalecer e unir o setor esportivo” e, quem sabe, no futuro, “ter atleta friburguense nos Jogos Olímpicos”.

O aumento da gasolina, que já passa dos R$ 7, fez até o dragão da charge de Silvério encantar a vilã da inflação. Quanto mais encanta, mais a gasolina sobe! Tirando esse aumento, há boas perspectivas. O prefeito Johnny Maycon esteve em Brasília, onde se reuniu com o ministro do Turismo, Gilson Nascimento Neto. Na pauta, a construção de um pórtico na principal entrada de Nova Friburgo, em Theodoro de Oliveira. Tomara que dê certo! Nossa cidade  está em segundo lugar no ranking de gestão fiscal, no Centro-Norte do Estado, conforme estudo realizado pela Firjan, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro. Parabéns!  

Outra alegria para nós esteve em “Sociais”, com  o aniversário da querida Elizabeth Saldanha, a Beth do Licínio. Um grande beijo para essa pessoa linda, guerreira e muito amada. Felicidades!

Mais escolas voltando e a rede municipal mantém o sistema híbrido para auxiliar no processo de retorno, gradual e responsável. O comandante do 11º BPM, tenente-coronel André Holanda Cavalcante quer implantar em Nova Friburgo o projeto “Praça do Bem”, já implantado em Petrópolis. O comandante ressalta que a região serrana é um “oásis de segurança pública” e “Friburgo, por exemplo, tem uma estrutura segura por si só, e a PM precisa apenas assegurar isso”.

Com tantos motivos para abrir nossos sorrisos, vamos festejar o Dia Nacional da Saúde Bucal e do Dentista – 25 de outubro. Em nossa cidade, referência em odontologia desde os tempos da Fonf, há diversos postos públicos de atendimentos dentários para a população. A reportagem de Christiane Coelho é um guia com todas as indicações do que acontece aqui em prol da saúde bucal.

Louvores para A VOZ DA SERRA – 76 anos na história de Nova Friburgo. “O veículo mais antigo da região e o terceiro do Brasil, ainda em circulação”. O Pró-Memória, na sede da Fundação D. João VI, disponibiliza mais de dez mil edições do nosso jornal, num trabalho de arquivamento que começou com a inesquecível Thereza Albuquerque e Melo. A VOZ DA SERRA é top e está no topo das nossas preferências!

 

Elizabeth Souza Cruz é poetisa, jornalista e presidente da seção Nova Friburgo da UBT, a União Brasileira dos Trovadores. Esta coluna é publicada às terças-feiras.

 

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Nossas canções

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Não me importa se é funk, sertanejo, bossa nova, nova MPB ou axé. Se é brasileira, já me ganha por si só. A vaidade acadêmica não pode desmerecer o que seu povo e o que o popular produz. 

Não há cultura melhor ou pior.  Classificar cultura é preconceito. Cultura é cultura e ponto. É identidade e a identidade brasileira é multicor, multifacetada, múltipla. Tem muitos rostos, sotaques, ritmos.

Não me importa se é funk, sertanejo, bossa nova, nova MPB ou axé. Se é brasileira, já me ganha por si só. A vaidade acadêmica não pode desmerecer o que seu povo e o que o popular produz. 

Não há cultura melhor ou pior.  Classificar cultura é preconceito. Cultura é cultura e ponto. É identidade e a identidade brasileira é multicor, multifacetada, múltipla. Tem muitos rostos, sotaques, ritmos.

De algum tempo, tenho observado festas pequenas e grandes. A pista fria como gelo nas músicas internacionais. A pista em fervo com músicas nacionais. Isso seria impensável há 30 anos. A música brasileira tem tomado conta das boates, das rádios, dos streamings, ocupando espaço quase que total das setlists. 

Nada contra a música internacional e nada de impor o que o outro tem que ouvir. Diriam que o dialeto da música é angelical. Que cada um ouça o que bem entende e ninguém tem nada a ver com isso. Mania de querer orientar o rabo do outro. 

O que celebro é a música brasileira em suas mais variadas vertentes de um país continental diverso. Apesar de você — como diz Chico Buarque no seu emblemático hino contra a ditadura militar — o verde e amarelo segue sendo dos brasileiros e não apenas de alguns brasileiros que se julgam melhores ou proprietários da pátria. A pátria e a música nacional não têm dono. A nossa história, ainda que às avessas, faz de todos nós responsáveis pela nação, ao mesmo passo que compositores de nossas canções.    

Na minha playlist - antigamente seria coleção de LP’s e CD’s - tem de Belchior a Luan Santana, de Jão a Roberto Carlos, de Maria Bethânia a Anitta, de Buchecha a Silva, de Beth Carvalho a Ronalt Condack, de Vitor Ferraz a Capital Inicial, de Tim Maia a Benito di Paula, de O Teatro Mágico a Emicida… 

Dizem que é uma confusão só, ainda mais quando no meio surge um samba-enredo da Portela ou do Alunão. Eu chamaria de grande festa, tipo Grande Encontro com Elba, Geraldo Azevedo e Zé Ramalho. Tipo Tropicália, com Caetano, Gil e Adriana Calcanhoto e/ou Clarice Falcão de intrusas convidadas. 

A música encanta a alma e nos dá trilha para percorrer pelo nosso cotidiano de cada dia. Por vezes mais batidão, por outras mais calmaria, quase melancolia. Por vezes nostalgia, n’outras futurista passeando pelo campo dos anseios ou meros desejos. Sensual ou vigarista, nada de nada ou fatalista. Música é momento, mas também tatuagem que nos marca ou esconde cicatrizes. É memória ou simplesmente viagem só de ida. Seja na trajetória das letras, no caminho das melodias ou no imaginativo separar de cada órgão que toca. 

Músicos são poetas com instrumentos divinais que traduzem mais do que se pode dizer e se sujeitam a interpretações cujos resultados podem variar de acordo com a individual audiência e o tempo de cada um. E as canções se tornam assim íntimas de nossas piores e melhores horas. Moldando nosso jeito ou apenas a nossa diversão de ser e estar onde tem que se estar — estado de espírito.    

 

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O soneto da Academia Friburguense de Letras

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Hoje, vou fazer uma homenagem ao patrono da Academia Friburguense de
Letras, Julio Salusse, autor de um dos sonetos mais lindos de todos os tempos,
publicado em vários países, um dos poemas mais declamados no final do século XIX e
início do século XX. “Cisnes...”.

A vida, manso lago azul algumas
Vezes, algumas vezes mar fremente,
Tem sido para nós constantemente
Um lago azul sem ondas, sem espumas,

Hoje, vou fazer uma homenagem ao patrono da Academia Friburguense de
Letras, Julio Salusse, autor de um dos sonetos mais lindos de todos os tempos,
publicado em vários países, um dos poemas mais declamados no final do século XIX e
início do século XX. “Cisnes...”.

A vida, manso lago azul algumas
Vezes, algumas vezes mar fremente,
Tem sido para nós constantemente
Um lago azul sem ondas, sem espumas,

Sobre ele, quando desfazendo as brumas
Matinais, rompe um sol vermelho e quente,
Nós dois vagamos indolentemente,
Como dois cisnes de alvacentas plumas.

Um dia um cisne morrerá, por certo:
Quando chegar esse momento incerto,
No lago, onde talvez a água se tisne,

Que o cisne vivo, cheio de saudade,
Nunca mais cante, nem sozinho nade,
Nem nade nunca ao lado de outro cisne...

Julio Salusse nasceu na Fazenda do Gonguy, no atual município de Bom jardim,
em 1872, e faleceu no Rio de Janeiro, em 1948. Cursou Direito, tornou-se promotor
público e exerceu atividades políticas em Nova Friburgo. Como escritor, publicou três
livros de poesias, “Nevrose Azul” (1894), em que “Cisnes” foi publicado, “Sombras”
(1901) e “Fitas Coloridas”. E uma novela, “A Negra e o Rei” (1927).

A beleza do soneto está na fidelidade, atitude valorosa daquele que tem
compromisso com quem ama, que expressa verdade em suas intenções, palavras e
ações, que jamais abandona a pessoa querida. Ah, como Saint-Exupéry tinha razão
quando falou da responsabilidade do gostar. O amor não pode ser banalizado, precisa
ser honrado em cada momento da relação.
Certa vez, na Fazenda Marambaia, Corrêas, região serrana do Rio de Janeiro, vi
um casal de cisnes negros nadando num lago. Os dois vagavam sobre as águas em
calmaria, sempre um ao lado do outro. Caso um se adiantasse, logo parava, olhava
para trás e aguardava o companheiro. Eles deslizavam silenciosamente, numa paz
encantada. Parceira. Eu recitava, em pensamento, o soneto de Salusse, não só para
tornar pleno aquele instante, mas para compreender o significado do
companheirismo. A poesia de Julio me mostrava, em cada verso, o espetáculo que eu
via naquele lago, uma paisagem serena, iluminada pelo sentimento daquelas aves
aquáticas, que tinham tanto a me ensinar.
“Cisnes” é mais do que uma poesia. É uma proposta de vida, um modo de
mostrar o acontecer da vida. Naquela manhã, em Corrêas, observei a simplicidade,
carregada de amor e consideração.
“Cisnes” precisa ser mais lido e declamado para adentrar os afetos, acalentar
desejos e reforçar valores. Não foi à toa que a Academia Friburguense de Letras elegeu
Salusse como patrono.

Aqui cabe uma observação: o cisne possui características especiais. Além de ser
uma ave belíssima, aquática e inteligente, representa o amor eterno, uma vez que
possui apenas um parceiro durante a vida, sendo-lhe fiel até a morte. É um animal
elegante e demonstra harmonia nos movimentos, inclusive quando voa. O
acasalamento começa com movimentos sensuais, principalmente no pescoço, quando
o macho e a fêmea unem suas cabeças, formando um coração.

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Friburgo pode se transformar em cidade universitária

sábado, 23 de outubro de 2021

 

Edição de 23 e 24 de outubro de 1971

Pesquisado por Thiago Lima

 

Manchetes

 

Movimentam-se autênticas representações de classes no sentido de aplausos e apoio à iniciativa do Governo Municipal relativamente a transformar Nova Friburgo em uma cidade universitária.

 

 

Edição de 23 e 24 de outubro de 1971

Pesquisado por Thiago Lima

 

Manchetes

 

Movimentam-se autênticas representações de classes no sentido de aplausos e apoio à iniciativa do Governo Municipal relativamente a transformar Nova Friburgo em uma cidade universitária.

 

Aniversaria o Doutor Feliciano - O dia 28 de outubro assinala o aniversário natalício do dr. Feliciano Costa, atual prefeito do nosso município. Médico de  grande nomeada, político prestigiado, figura humana de alta sensibilidade, cidadão merecedor do máximo respeito e acatamento e homem público que há esculpido na história friburguense uma página memorável capaz de servir do máximo orgulho à mais exigente comunidade. Eleito pela segunda vez para chefiar o Executivo de nossa terra, o dr. Feliciano, tanto da primeira como desta, recebeu consagradora votação. A VOZ DA SERRA que mesmo nas ocasiões em que se colocou em trincheiras políticas diferentes do querido mestre em medicina, sempre distinguiu como ele merecia e apresenta agora os cumprimentos pelo aniversário. 

 

Semana da Asa - Encerrando tal comemoração, exaltamos o Pai da Aviação, nosso glorioso patrício, Alberto Santos Dumont, mineiro de Palmira, que durante muitos anos viveu em Paris, onde adquiriu extraordinária popularidade com suas reiteradas tentativas aeronáuticas, que ao final alcançaram brilhante êxito, sagrando-o vencedor na solução do importante problema da navegação aérea. Em 1901 concorreu ao prêmio “Deutsc” e, dirigível e em 1906, abandonando as experiências com aparelhos mais leves que o ar, conseguiu, finalmente, levantar voo no seu avião “Demoiselle” que lhe facultou a recepção da taça “Archeacon”, tornando-se  detentor do título de “Pai da Aviação”. 

 

#Pílulas

 

Uma notícia da mais importância para os emedebistas: o dr. Waldir Costa já admite  concorrer por uma das três legendas partidárias à sucessão do atual Executivo friburguense. Álvaro de Almeida concorrerá numa das outras duas. Tudo indica que os dois nomes focalizados, com um terceiro que ainda não está definido, formem o Trio de Ouro da vindoura campanha em direção à Prefeitura de Friburgo.

 

A decisão do Dr. Waldir Costa em disputar o Executivo da nossa comuna, ocorreu numa hora psicologicamente transcendental. O “Bisturi de Ouro” que já por duas legislaturas integra a Assembléia Legislativa, vai assim, testar a sua popularidade e prestígio para um cargo executivo. 

 

É cada vez mais forte o lado dos que querem ver Friburgo, uma verdadeira cidade universitária. Estão sendo destruídos pela base, alguns argumentos, notadamente os de que as ações da Petrobras irão em crescendo em valorização e que o patrimônio em papéis que as ditas representam devem ficar resguardadinho em gavetas para as novas produções de filhotes… A ideia genialissima do Poder Público amealhar dinheiro, somente pode pegar em terreno dos que não compreendem a verdadeira finalidade das administrações públicas, dos que estão perdidos no cipoal dos princípios do comércio de dinheiro ou aqui, dos insensíveis ao drama dos que querem estudar e não conseguem por falta de recursos. 

 

Felizmente, temos fundadas razões para esperar que o bom senso vai imperar  quanto à alienação de ações da Petrobras. Hora a hora, o “furor” de um reduzido grupo interessado em que o prefeito atual não obtenha êxito em sua iniciativa corporificada na mensagem que enviou ao Legislativo, esse “furor” vai amainando, já que o bom senso deverá prevalecer, e, mesmo que isso não aconteça, a insegurança de liderança, assim como as responsabilidades perante à comunidade de Friburgo, irão somar-se ainda os interesses eleitorais de alguns… Vamos aguardar. 

 

E mais: Vem aí a Jornada Médica do Sanatório Naval e o Festival Cachoeirense da Canção Popular.

 

#Sociais

 

A VOZ DA SERRA registra os aniversários de: Eurídice Jabôr e Maria Coeli (20); Isabel Cristina Ennes (21); Paulo Roberto de Baère (22); João Agrello e Solange Maria da Cunha (23); Mariléa Erthal Costa, Diva Thurler Mezzavilla e Henrique Milward (24); Trajano de Almeida Filho (25); Abílio Souza Gomes (26); Leôncio Amado Machado, Maria de Lourdes Coelho, Florita Fernandes Cima e Agenor Jardim Fernandes (27); Maria Corrêa de Souza, Feliciano Benedicto, José Simeão e Sávio Júnior Verbicário (28); Márcia Haiut, Cláudio Veiga do Valle, Acyrema Vassallo e Maria de Lourdes Valle (29); Juliette Pólo e Moacyr Erthal (30); e Aurora Serpa Duarte (31). 

Registramos ainda o nascimento de: Alício Cardinali e o casamento de Alfredo Aquino e Erciléa Bom (em 6 de novembro). 

 

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R$ 33 mil para reconstrução

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

O conserto do telhado e da parte elétrica do barracão da escola Alunos do Samba, atingido por um incêndio nesta semana, foi orçado em R$ 33 mil entre materiais e mão de obra. Sem condições de arcar com esse custo, a escola apela para a sua comunidade e lançou uma vaquinha online para angariar o recurso. A vaquinha é exclusivamente para o reparo estrutural e não contempla os prejuízos com alegorias e fantasias.

 

90% do carnaval perdido

O conserto do telhado e da parte elétrica do barracão da escola Alunos do Samba, atingido por um incêndio nesta semana, foi orçado em R$ 33 mil entre materiais e mão de obra. Sem condições de arcar com esse custo, a escola apela para a sua comunidade e lançou uma vaquinha online para angariar o recurso. A vaquinha é exclusivamente para o reparo estrutural e não contempla os prejuízos com alegorias e fantasias.

 

90% do carnaval perdido

A azul e branco de Conselheiro Paulino teve prejuízos ainda em três alegorias e perdeu 15 alas. Dessas, metade era para o próximo desfile. A outra metade já estava vendida para uma agremiação, o que obviamente não será mais concretizado. O carro abre-alas que já estava pronto terá que ser completamente refeito ou a escola terá que mudar de ideia, caso não consiga levantar recursos.

 

Solidariedade

A agremiação que é a mais antiga da cidade e uma das mais longínquas em atividade no Brasil vem contando com a solidariedade, inclusive, de agremiações do carnaval carioca que tem se comprometido em ajudar na recomposição dessas perdas entre fantasias e esculturas dos carros alegóricos.

 

Meta: desinterdição

O maior temor agora é a o tempo. O barracão está interditado pelo Corpo de Bombeiros e pela Defesa Civil, por medidas de segurança. Sua interdição impede que os funcionários e voluntários possam confeccionar as fantasias. A liberação só ocorrerá após os devidos reparos. Mas para fazer a reforma, a escola precisa de verba que não dispõe. Por isso, a urgência em angariar o recurso para de fato recomeçar.   

 

Enredo com crítica social

O Alunão definiu como enredo para o próximo desfile, aparentemente confirmado para 2022, “Hakuna Matata”, expressão africana que significa “Não tem problemas”. Relembrando seu histórico desfile com o enredo “Alô, Brasil”, a escola planejava uma pegada com crítica social com irreverência, característica que sempre rendeu bons desfiles ao Alunão. Inclusive, nesta semana, liberou a sinopse e o prazo para os compositores entregarem suas obras.

 

Planejamento afetado

A previsão era de que a semifinal do samba-enredo ocorresse no dia 21 de novembro e a grande final no dia 28 do mesmo mês. Os planos, até segunda ordem, estão mantidos. Mas pode haver pequenos ajustes na sinopse do enredo para abraçar a fatalidade ocorrida nesta semana. Neste domingo, 24, está mantida a churrascada na quadra que não foi atingida pelo incêndio. Os eventos são agora fundamentais para arrecadar recursos. A interdição é apenas do barracão. A quadra, atualmente está separada desse espaço, onde se guardam as alegorias e fantasias.

 

Eventos nas agremiações

Por falar em eventos pré-carnaval, a Vilage, realiza nesse domingo, 24, às 14h, uma live pelo YouTube, com seu intérprete, Monstrinho. No sábado passado, 16, a Unidos da Saudade realizou em sua quadra, um ensaio geral. Todos de máscara e protocolos sanitários respeitados. Já em termos de escolha do samba, a Imperatriz de Olaria encerra no próximo dia 29, o prazo para a entrega da letra e do samba por parte dos compositores que concorrerão na disputa para ser o hino da agremiação no próximo carnaval.

 

Multa para fura-fila

Já são mais de 750 denúncias em todo o Estado do Rio de Janeiro de pessoas que furaram a fila da vacinação contra a Covid-19. A informação é do Ministério Público que agora recebe o reforço da lei. A partir de agora, quem furar a fila pode ser multado de R$ 3,7 mil a R$ 37 mil. De acordo com a norma, os punidos não serão apenas os fura-filas. O agente público que colaborar com a irregularidade também pode estará sujeito aos valores e poderá ser afastado do cargo.

 

Nova informação na conta

Quem recebeu a conta de energia elétrica desse mês passou a ter uma nova informação na conta: a meta de redução do consumo. Trata-se do programa de redução voluntária do Governo Federal. Serão dados descontos para quem conseguir reduzir os gastos de energia entre setembro e dezembro. Essas informações também estão disponíveis de forma online no site da concessionária local.

 

Descontos para economia

Na fatura de energia, o friburguense encontra a informação de meta e acúmulo no campo “Atenção”. Lá, o consumo acumulado estimado para atingir a meta do programa do Governo, o quanto foi alcançado no mês anterior e o que é preciso para ter direito ao bônus em janeiro de 2022. No fim dos quatro meses é feita uma análise de quanta energia elétrica o cliente conseguiu economizar comparando o consumo de 2021 com o mesmo período em 2020.

 

Metas

Se for verificada a redução entre 10% e 20% em relação à meta informada, o desconto é concedido na conta de janeiro de 2022. Caso seja alcançada redução superior a 20% da meta, o bônus é calculado em relação à redução de 20%. Quem economizar menos que 10% não terá direito ao desconto e quem economizar mais de 20% não receberá bônus a mais. O valor a ser recebido é de R$ 0,50 a menos em cada quilowatt-hora consumido, ou seja, se tiver uma economia de 100 kWh, o bônus vai ser de R$ 50 na conta de luz de janeiro.

 

Palavreando

“Músicos são poetas com instrumentos divinais que traduzem mais do que se pode dizer e se sujeitam a interpretações cujos resultados podem variar de acordo com a individual audiência e o tempo de cada um. E as canções se tornam assim íntimas de nossas piores e melhores horas”. Trecho da crônica que será publicada na íntegra na edição deste fim de semana do Caderno Z, o suplemento semanal de A VOZ DA SERRA.

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Ser cortês

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Há quem tenha uma espécie de intolerância ao uso excessivo de verbos no modo imperativo. Eu sou uma dessas pessoas. “Faça. Pegue. Diga. Vá. Venha.” Dependendo do contexto em que essas palavras são ditas, não soam bem aos ouvidos.

O imperativo quando utilizado por aquele que fala ou escreve, comumente expressa a intenção de que seu interlocutor realize uma ação, em tom de ordem. O incômodo acontece quando o modo verbal é empregado em uma frase desacompanhado das palavras básicas da gentileza.

Há quem tenha uma espécie de intolerância ao uso excessivo de verbos no modo imperativo. Eu sou uma dessas pessoas. “Faça. Pegue. Diga. Vá. Venha.” Dependendo do contexto em que essas palavras são ditas, não soam bem aos ouvidos.

O imperativo quando utilizado por aquele que fala ou escreve, comumente expressa a intenção de que seu interlocutor realize uma ação, em tom de ordem. O incômodo acontece quando o modo verbal é empregado em uma frase desacompanhado das palavras básicas da gentileza.

Certamente, qualquer mandamento acompanhado por expressões cordiais surtirá efeito positivo se comparado a uma ordem seca. Uma ordem pode até (e provavelmente irá) resultar na execução da ação, mas certamente não provocará o melhor sentimento da pessoa. Tudo o que é dito e solicitado com simpatia tende a importar um resultado melhor, pois a ação pretendida possivelmente será desempenhada com mais boa vontade e alegria.

Basta comparar: “Fulano, faça isso!” e “Fulano, gostaria de que você fizesse isso, por favor.” Creio que a maioria das pessoas se sentiriam muito mais motivadas a fazer se lhes fosse solicitado com gentileza, como na segunda frase.

Desconfio que o tom excessivamente imperativo causa desconforto em todo e qualquer ouvinte ou leitor. Ao contrário, comunicação baseada na simpatia estimula um convívio mais cordial entre as pessoas. O quesito bem-estar deve estar agregado aos diálogos e às relações, sejam elas quais forem.

Não estou a questionar o uso da norma culta da língua, nem tampouco o emprego dos vocábulos e o uso escorreito da gramática. Acredito apenas que o sentido, o sentimento, a entoação e a intenção do comunicador impregnam as palavras, de modo que expressões grosseiras maculam as relações, gerando muitas vezes um mal-estar desnecessário.

Aposto no efeito da cortesia no trato com as pessoas, seja em qual ambiente for, no ambiente corporativo, nas relações de trabalho, no núcleo familiar, na comunicação entre amigos ou entre estranhos.

Por gentileza... Sejamos mais cordiais e sensíveis com o uso das palavras. Treinemos a prática de utilizar expressões de cordialidade, de educação. Apoiemos uma forma de falar sem constranger, sem impor indelicadamente, sem estressar a outra pessoa. Não se trata de certo e errado. É questão de seletividade e coerência. Dizer da forma como gostaria de ouvir, escrever da forma como gostaria de ler. Mais sutil. Mais respeitosa. Mais empática.

Concordo com Shakespeare quando disse: “Seja como for o que penses, creio que é melhor dizê-lo com boas palavras”.

 

Paula Farsoun é advogada e professora de Direito do Trabalho. Escreve às sextas-feiras.

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Já investiu em títulos de crédito privado?

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

            Foram inúmeras as possibilidades de investimentos abordadas neste espaço, mas acredita que nunca conversamos sobre títulos de crédito privado? É claro, já citamos a classe (ou, minimamente, o nome dos títulos referentes a ela), mas ainda não dediquei uma coluna inteira ao tema. Chegou o momento!

            Foram inúmeras as possibilidades de investimentos abordadas neste espaço, mas acredita que nunca conversamos sobre títulos de crédito privado? É claro, já citamos a classe (ou, minimamente, o nome dos títulos referentes a ela), mas ainda não dediquei uma coluna inteira ao tema. Chegou o momento!

            Crédito privado é a alternativa de investimento em renda fixa que mantém todas as características de remuneração e liquidez definidas no momento da contratação. Mas a grande diferença para outros ativos da renda fixa – como os CDBs, por exemplo – é a ausência das garantias do Fundo Garantidor de Crédito (FGC); o que pode promover maior potencial de rentabilidade devido ao maior risco. Contudo, é importante entender os outros mecanismos de segurança que protegem o investidor que esteja interessado em diversificar suas alocações.

            Como o próprio nome sugere, os títulos de crédito privado são ativos representativos de dívidas; ou seja, o investidor torna-se credor ao comprar os títulos emitidos por uma instituição privada que torna-se a parte tomadora do crédito. Basicamente, o investidor (você) empresta dinheiro para uma empresa e os recursos podem ser utilizados de diferentes formas, como expansão de lojas ou reposição de fluxo de caixa, por exemplo. A finalidade do crédito costuma ser especificada na emissão do título e este é um mecanismo que possibilita acesso a recursos mais baratos do que através de instituições financeiras.

            “Mas, afinal, quais são as minhas garantias ao optar por estes ativos?” Títulos de crédito privado não são opções tão conservadoras como os títulos bancários e é importante entender o que está em jogo no momento da negociação. Instituições privadas responsáveis pela emissão destes títulos são classificadas de acordo com o rating de risco e podem variar das seguintes maneiras:

 

            Rating de Longo Prazo na escala nacional: AAA (mais alto); D (mais baixo)

            Rating de Curto Prazo na escala nacional: A-1 (mais alto); D (mais baixo)

 

            É claro que entre o rating mais alto e mais baixo existem diversas classificações e eu fiz questão de trazer apenas o conhecimento sobre como é classificado o risco de crédito das empresas em questão. Como você pode já ter percebido, os títulos de crédito privado são alternativas mais complexas dentro da renda fixa e isso exige mais conhecimento para o seu investimento. Portanto, não deixe de procurar informações mais específicas para cada um dos seus investimentos nesta classe de ativos.

            E por que investir em algo mais complexo? Por conta do potencial de remuneração promovido pelo ativo. Lembro-me bem de um título distribuído pelo meu escritório há cerca de seis meses, quando o Aeroporto Internacional de Guarulhos emitiu sua dívida e retribuía ao investidor uma taxa híbrida de IPCA + 10% ao ano. Altamente atrativo para um investimento em renda fixa, não acha? É por isso que você deve se manter sempre atento (e um profissional de assessoria de investimentos pode te ajudar) às diferentes oportunidades que o mercado proporciona. Então esteja sempre aberto (se fizer parte do seu perfil de investidor, é claro) às possibilidades em CRIs, CRAs e debêntures; podem ser ótimas alternativas de investimentos.

 

Gabriel Alves é consultor financeiro. Escreve às sextas-feiras.

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Saúde mental e visão altruísta

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Você se levanta pela manhã após uma boa noite de sono. Alguém arrumou sua cama colocando um lençol limpo, coberta, travesseiro com fronha cheirosa. Ou se foi você mesmo que a arrumou, alguém fabricou toda esta roupa de cama, a própria cama e o colchão.

Você vai ao banheiro para sua primeira higiene pessoal, antes de se envolver no trabalho do dia, e ali tem uma pia com torneira, água, vaso sanitário, chuveiro, toalha e papel higiênico. Alguém produziu todo este material.

Você se levanta pela manhã após uma boa noite de sono. Alguém arrumou sua cama colocando um lençol limpo, coberta, travesseiro com fronha cheirosa. Ou se foi você mesmo que a arrumou, alguém fabricou toda esta roupa de cama, a própria cama e o colchão.

Você vai ao banheiro para sua primeira higiene pessoal, antes de se envolver no trabalho do dia, e ali tem uma pia com torneira, água, vaso sanitário, chuveiro, toalha e papel higiênico. Alguém produziu todo este material.

Em seguida, antes ou após trocar a roupa de dormir, você vai tomar sua primeira refeição da manhã. Quem possibilitou você ter o pão, a manteiga, o cereal, a fruta, o suco ou leite que você irá ingerir, o prato e copo onde colocará os alimentos e bebida?

Estando tudo pronto para ir para o trabalho ou começar tarefas em casa, você pode parar um momento e pensar: “Pensando bem, existe tanta gente envolvida no meu dia a dia!” Mas a gente vai vivendo no automático e não percebe e nem valoriza estas coisas, até que algo, geralmente desagradável, ocorra para nos fazer parar, pensar, dar significado e valor.

Convivi com uma jovem enfermeira norte-americana quando estudei e trabalhei há alguns anos numa instituição americana de educação em saúde. Ela tirou um tempo para atuar como missionária num país africano. A comunidade onde ela serviu era muito pobre. Sua moradia temporária havia sido uma pequena choupana e não tinha chuveiro, de maneira que ela se levantava bem cedinho, logo que o sol nascia e se dirigia a um pequeno riacho bem raso, com escassez de água, onde se banhava.

Ao retornar aos Estados Unidos e vendo a abundância de água nas torneiras e chuveiro em sua casa, ela sentiu que imenso valor é ter água potável em sua residência. Já pensou nisso? Alguém prepara a água para chegar em sua casa e você poder usá-la para suas necessidades domésticas. Basta abrir a torneira!

Como seres humanos precisamos uns dos outros. Você não vive sozinho como se não dependesse de ninguém. Você não é um deus onipotente. Você e eu somos dependentes de inúmeras coisas, pessoas, instituições e do Criador da vida.

Na medida em que o fim do ano chega e a possibilidade de você estar vivo em um novo ano, novas e melhores decisões podem ser tomadas mesmo agora, ainda hoje. Usei a palavra “possibilidade” porque quem pode garantir que você estará vivo dentro de alguns minutos? Em um simples e rápido minuto tudo pode mudar em sua vida. Para o bem ou para o mal.

Mesmo antes de chegar a virada do ano, comece a cultivar em sua mente a ideia de que somos semelhantes como seres humanos, somos dependentes uns dos outros, precisamos das pessoas. Você pode ter milhões de reais, dinheiro aos montes em paraísos fiscais, adquiridos de forma correta ou corrupta, mas ainda assim precisa das pessoas. Se você, multimilionário, comprasse uma ilha com uma casa superconfortável e fosse viver lá sozinho, com ou sem arrogância, com ou sem prepotência, com muita probabilidade adoeceria e morreria antes do tempo devido à solidão, e teria que fazer tudo sem colaboradores. Você precisa de pessoas.

Saúde mental depende muito de uma visão compassiva das pessoas, de considerar que somos humanos, sejamos ricos ou pobres, mas todos mortais, frágeis, dependentes de tanta coisa e de tanta gente. Já pensou se os que comandam os povos – prefeitos, vereadores, deputados estaduais, deputados federais, senadores, grandes empresários, magistrados, presidentes, primeiros ministros, reis e rainhas, pensassem dessa forma, sendo compassivos, honestos, realmente interessados no alívio do sofrimento da comunidade? Que mundo seria!

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Cesar Vasconcellos de Souza – www.doutorcesar.com

 

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