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Maneiras de dizer

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Foi ali um instantinho e já volta

Pode contar que vai demorar. No Brasil, quando o sujeito diz que vai sair para tomar um cafezinho, sabe-se lá aonde esse cara vai e quando vai voltar, se é que vai voltar. Pior ainda se o paletó ficar abraçado ao encosto da cadeira. Há pessoas que parecem pensar que o paletó as representa muito bem e está capacitado a atender a qualquer um que tenha o mau gosto de procurá-las.

Foi ali um instantinho e já volta

Pode contar que vai demorar. No Brasil, quando o sujeito diz que vai sair para tomar um cafezinho, sabe-se lá aonde esse cara vai e quando vai voltar, se é que vai voltar. Pior ainda se o paletó ficar abraçado ao encosto da cadeira. Há pessoas que parecem pensar que o paletó as representa muito bem e está capacitado a atender a qualquer um que tenha o mau gosto de procurá-las.

Sei de um caso em que essa história de “foi ali um instantinho e já volta” levou anos para ser concluída. O sujeito saiu para comprar cigarro. O barzinho ficava só a cinco minutos do apartamento. Meia hora depois, a mulher se deu conta de que o marido estava demorando. Uma hora, começou a ficar preocupada. Duas horas, foi ela própria até o bar. O resto do dia gastou em telefonemas para conhecidos, hospitais e polícia. Nada de nada, nunca mais.  Três ou quatro anos depois, um vizinho está em São Paulo e vai assistir a um jogo no Pacaembu. Estádio lotado, não havia espaço nem para tirar a mão do bolso. Alguém ao lado lhe pede para acender o cigarro e …

Nem preciso contar o resto. O leitor e a leitora, inteligentes do jeito que são, já entenderam tudo. Era aquele cidadão que tinha saído de casa um instantinho e nunca mais voltara. “Se eu falasse que ia embora, ela fazia um escândalo. Aí, resolvi sair de fininho…”

Ela é bonitinha

Até ser gentil está ficando difícil. Outro dia conheci uma senhorita, da terra do Boi Garantido e do Boi Caprichoso, e lhe disse que ela parecia mesmo maranhense, tendo ela me perguntado o que isso significava. “Moreninha, bonitinha…”, foi o que respondi, achando que estava sendo muito galante.  A moça não entendeu assim e retrucou que “Bonitinha é quase feia”. Não satisfeito de ter dito a primeira besteira, acrescentei a segunda: “Já me disseram que bonitinha é uma feia bem vestida”, do que — louvado seja o bom humor feminino! — a jovem achou graça.

 Portanto, para dirimir qualquer dúvida, passada, presente ou futura, deixo consignado em ata que, quando atribuo a alguém o título de “bonitinha”, estou querendo dizer que: a) essa pessoa pode não ser uma dessas belezas arrebatadoras que enfeitam capas de revistas e telas de televisão; b) também não chega a ser nenhum Corcunda de Notre Dame; c) enfim, está naquele meio termo em que a pessoa pode ser chamada, sem ofensa, de… digamos assim… bonitinha.

Não é que eu queira fazer fofoca, não, mas…

Haja ouvidos e paciência, porque esse prólogo invariavelmente dá início a uma sessão completa de mexericos. Há quem garanta que o disse-me-disse é essencial à sanidade mental das pessoas. Segundo essa teoria, falar mal de alguém, fazer uma intriga, levantar uma suspeita, ao menos de leve e de vez em quando, é sinal de equilíbrio e bom humor. E a prova disso é que nos hospícios os internos não andam inventando enredos para complicar a vida dos outros. Ao contrário, falam quase exclusivamente de si mesmos: um é Neymar Jr., o outro é William Bonner, e mais aquele que consegue ser, em dias alternados, Ayrton Senna e a Princesa Isabel. Já o pessoal tido como mentalmente são, como gosta de uma fofocaria!

É de Machado de Assis o conto no qual um falastrão afirma saber que certa jovem está prometida em casamento a um amigo seu. Infelizmente para ele, o pai da moça estava presente e exige do fofoqueiro o nome do autor daquela mentira. A seguir, saem os dois à procura do primeiro acusado, que diz ter ouvido a história de um terceiro. E este aponta outro, que nomeia mais outro. A busca parece infindável! Os dois percorrem vários bairros do Rio, vão a Niterói e voltam, até que chegam ao suposto autor da história. Diante da enfurecida bengala paterna, o último acusado esclarece: “Mas foi o senhor mesmo que me contou isso!”

Daí se conclui que fazer fofoca pode ser saudável, mas é também uma arma que frequentemente se volta contra quem a dispara.

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Botafogo consegue seu objetivo: a primeira divisão

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Foi um ano tenso, com a pandemia atingindo milhões de pessoas e ceifando milhares de vidas; lock down, confinamento, uma série de medidas a que o brasileiro não estava acostumado. Para os torcedores dos vários times espalhados por esse Brasil, o afastamento dos estádios e distância forçada de seus ídolos, restritos à tela dos televisores. Para os botafoguenses, uma complicação a mais, pois o time disputava a segunda divisão do Brasileirão e, no primeiro turno, estava mal próximo à zona de rebaixamento para a série C, a terceira divisão.

Foi um ano tenso, com a pandemia atingindo milhões de pessoas e ceifando milhares de vidas; lock down, confinamento, uma série de medidas a que o brasileiro não estava acostumado. Para os torcedores dos vários times espalhados por esse Brasil, o afastamento dos estádios e distância forçada de seus ídolos, restritos à tela dos televisores. Para os botafoguenses, uma complicação a mais, pois o time disputava a segunda divisão do Brasileirão e, no primeiro turno, estava mal próximo à zona de rebaixamento para a série C, a terceira divisão. Era o inferno astral para os torcedores da estrela solitária.

Pouco antes do final do primeiro turno, o técnico Marcelo Chamusca foi demitido e Enderson Moreira foi contratado. Mudança da água para o petróleo (mais escuro que o vinho) e seu dedo, mais as contratações pontuais da diretoria, fizeram vislumbrar uma luz ao final do túnel e já faltando oito rodadas para o final do campeonato, o Botafogo assumia a liderança do torneio, com as chances de volta à primeira divisão se tornando, pouco a pouco uma realidade.

A última segunda-feira, 15 de novembro de 2021, uma data para ficar na memória dos botafoguenses de coração e carteirinha. O estádio Nilton Santos, o popular Engenhão, lotado com quase 30 mil torcedores, foi palco de uma festa há muito nunca vista, num jogo histórico, pois a vitória contra o Operário do Paraná, significaria o retorno tão sonhado à série A do Brasileirão, em 2022.

Como não poderia deixar de ser, tensão em cada milímetro do estádio, que era vista também nos torcedores e nos jogadores. Pela primeira vez jogavam com estádio cheio, os jogos anteriores tinham sido ou com estádio vazio ou com capacidade de público limitada; sentiam a responsabilidade de não frustrar uma torcida apaixonada e, porque não, sofrida.

É claro que para o Fogão nada é fácil e, aos 16 minutos do segundo tempo, o Operário marcou o seu gol naquilo que poderia ser uma ducha de água fria nas pretensões alvinegras. Todos sentiram o golpe, o caldeirão criado pela torcida alvinegra fervia e não era da forma esperada. Atrás no placar, a pressão em campo e vinda das arquibancadas se voltou contra o Botafogo. Mas o que parecia desastre voltou a ser festa no gol de empate de Pedro Castro, de cabeça, após bela jogada de Chay. Diga-se de passagem, que as duas primeiras substituições promovidas por Enderson, foram providenciais e mudaram a dinâmica do jogo.

 Aos 38 minutos, o Nilton Santos explodiu da forma esperada pela torcida. Após cruzamento da esquerda de Matheus Frizzo, o artilheiro alvinegro, Rafael Navarro, apareceu na primeira trave para desviar e virar a partida a favor do Botafogo: 2 a 1 e uma festa incontrolável da massa alvinegra. O estádio explodiu da forma esperada pela torcida. O placar, agora marcava 2 a 1 e a festa tomou conta da massa alvinegra, nas arquibancadas.

Foram mais 11 minutos de ansiedade, pois o juiz acrescentou mais quatro em função das paralisações, até que com o apito final, a tensão desapareceu e a comemoração da tão esperada volta à primeira divisão extravasou as fronteiras do Nilton Santos.

Foi muito legal ver os jogadores com seus filhos no gramado, o goleiro Diego Loureiro com sua filha de meses era a expressão pura da satisfação, apesar da dúvida se segurava um bêbe ou a bola. O filho do grande capitão Joel Carli, com os olhos marejados ao lado do pai e a filha do maestro da equipe, Chay, brincando dentro de um dos gols, por coincidência aquele em que o Operário marcou o seu gol.

O campeonato ainda não acabou, faltam duas rodadas e o objetivo, agora, é o título da segundona, pois ao contrário dos que muitos pensam, deve ser comemorado, sim. Premia o esforço de um grupo de jogadores que se comprometeram a recolocar o Botafogo no lugar de onde nunca deveria ter saído, de um técnico que soube tirar o máximo de cada um e de uma torcida que nunca abandonou seu time do coração.

E para terminar ão, ão, ão, Fogão é primeira divisão.

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AVS tem a essência da informação: é conciso e confiável!

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

O Caderno Z, com o seu olhar atento, não deixa as datas importantes passarem como as brancas nuvens dos dias azulados. Por essa razão, festejamos o Dia Internacional da Gentileza: 13 de novembro. E a mensagem destacada no suplemento de fim de semana do jornal foi clara: “A gentileza deveria ser um hábito, mas, na agitação do cotidiano, ela acaba sendo engolida pela pressa e pelo individualismo”. Um “bom-dia” ou “boa-tarde” já é um milagre. Nas calçadas, quando há pessoas conversando, eu digo “com licença” e, a bem da verdade, nem sou ouvida.

O Caderno Z, com o seu olhar atento, não deixa as datas importantes passarem como as brancas nuvens dos dias azulados. Por essa razão, festejamos o Dia Internacional da Gentileza: 13 de novembro. E a mensagem destacada no suplemento de fim de semana do jornal foi clara: “A gentileza deveria ser um hábito, mas, na agitação do cotidiano, ela acaba sendo engolida pela pressa e pelo individualismo”. Um “bom-dia” ou “boa-tarde” já é um milagre. Nas calçadas, quando há pessoas conversando, eu digo “com licença” e, a bem da verdade, nem sou ouvida.

Igor Fonseca, instrutor de yoga, ressalta: “Eu não sou gentil apenas para um bom trato social ou porque algum livro sagrado orientou, mas porque eu me enxergo no outro”. É aí que mora a dificuldade, pois, como disse Ana Borges, “as pessoas mal se olham ao cruzar umas com as outras nas ruas... Toda atenção está voltada para os celulares, ou os próprios umbigos...”. A indiferença anda tão entranhada no cotidiano que, quando recebemos um gesto gentil, ficamos surpresos com a  delicadeza.  “A gentileza vai além de uma questão de educação: é cordialidade, de cordial, que se refere ao coração”. Na corrente que nos liga ao “divino”, a gentileza é o elo para as boas convivências. Dalai Lama, disse: “A minha religião é muito simples: é a gentileza”.  

Wanderson Nogueira nos acompanha e seu coração orienta: “O mundo não se resume  a você e a sua consciência. É preciso fazer algo pelo mundo. É preciso se dar mais do que só a si. É preciso acertar e, muitas das vezes, se arriscar para ir além do acerto. Gentileza é fundamental...”.  Pela gentileza do tema, parabéns, Caderno Z!

Quando se fala em gentileza, gestos gentis e amor ao próximo, logo nos vem o exemplar trabalho do Corpo de Bombeiros para o qual sempre temos as melhores referências sobre dedicação e respeito pela vida humana. Em “Há 50 Anos”, a coluna destacou: “Nova Friburgo ganha unidade do Corpo de Bombeiros”. E foi assim, então, inaugurada em 15 de novembro de 1971, a unidade  friburguense da corporação. Uma salva de palmas para esses gentis e competentes heróis de todos os tempos e lugares!

Em “Sociais”, a bibarrense Rita de Cássia Fernandes de Oliveira, a “Dona Cassinha”, feliz da vida pelos festejos de seus 93 anos. Ela nasceu no Dia de Todos os Santos, 1º de novembro, daí entendemos a sua santidade, simpatia e alto astral. Mãe da querida jornalista Adriana Oliveira, dona Cassinha, que tenho o privilégio de conhecer pelas redes sociais, é uma personificação da gentileza que tanto bem faz aos nossos corações. Viva!

Não foram poucas as manifestações contrárias ao projeto da Biblioteca Internacional Machado de Assis. Não tanto, eu creio, pelo projeto em si, mas, por conflitar com os tantos equipamentos culturais da cidade que pedem socorro. A exemplo, a Praça das Colônias, a Praça Getúlio Vargas, o Centro de Artes, lembrado na charge de Silvério e o Teatro Municipal Laercio Rangel Ventura. Nossa diretora de A VOZ DA SERRA, Adriana Ventura, declarou, entre outros lamentos, que é “preocupante ter o nome de seu pai em um aparelho cultural sem o mínimo de condições para funcionar...”.

Preocupante também são os números de pessoas que não tomaram a segunda dose da vacina contra a Covid-19, incluindo 3.113 profissionais de saúde. Sobre a “desobrigação” do uso de máscaras, seja em qualquer ambiente, eu penso: time que está ganhando não se mexe. Pode ser um pouco precipitado cantar vitória nessa partida, antes do apito final.  

No último domingo, 14, foi celebrado pela Igreja Católica, o Dia Mundial dos Pobres. A celebração, que escolheu o tema  extraído do evangelho de São Marcos, “Sempre tereis pobres entre vós”, atenta para as “mais variadas formas de pobreza manifestadas no mundo moderno”, e que é preciso “estender as mãos aos mais necessitados”. Exercer a compaixão para com os desfavorecidos pela sorte é uma atitude cristã que abranda as carências de quem recebe, mas, acima de tudo, eleva o coração de quem se compadeceu. A misericórdia divina, como disse Santa Faustina, vem de três formas: pela ação, pela palavra do bem e na luz de uma oração! Sejamos gentis e atentos.

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Pacto educativo global

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Educar é um ato eminentemente humano e de participação na obra redentora. O poder de transformação da educação é a principal arma que podemos usar no enfrentamento da lógica estéril e paralisadora da indiferença. “Torna-se necessária uma educação que ensine a pensar criticamente e ofereça um caminho de amadurecimento nos valores” (Evangelium Gaudium, 64).

Educar é um ato eminentemente humano e de participação na obra redentora. O poder de transformação da educação é a principal arma que podemos usar no enfrentamento da lógica estéril e paralisadora da indiferença. “Torna-se necessária uma educação que ensine a pensar criticamente e ofereça um caminho de amadurecimento nos valores” (Evangelium Gaudium, 64).

O Papa Francisco, atento às urgências de nosso tempo, lançou em 2019 um convite ao diálogo sobre a forma como estamos construindo o futuro da humanidade. A iniciativa do “Pacto Educativo Global” intenta promover o caminho educativo de amadurecimento de uma solidariedade universal e uma sociedade mais acolhedora.

Isso requer audácia e comprometimento de todos. Assim, provoca o Pontífice: “Sejamos parte ativa na reabilitação e apoio das sociedades feridas. Hoje temos à nossa frente a grande ocasião de expressar o nosso ser irmãos, de ser outros bons samaritanos que tomam sobre si a dor dos fracassos, em vez de fomentar ódios e ressentimentos” (Enc. Fratelli tutti, 77).

A proposta lançada por Francisco tornou-se ainda mais urgente com as consequências da pandemia da Covid-19, que acentuou a disparidade de oportunidades educacionais e tecnológicas, a ponto de constituir-se uma “catástrofe educativa”.

Esta catástrofe denunciada pelo Papa diz respeito a milhões de crianças que se viram obrigadas a abandonar a escola por causa da dificuldade de acesso aos meios tecnológicos. No Estado do Rio de Janeiro, segundo a Secretaria de Educação (Seeduc), mais de 80 mil estudantes afastaram-se da escola.

Unem-se duas urgências. Superar as dificuldades socioeconômicas que tendem afastar os alunos das escolas e promover uma educação capaz de reavivar o compromisso para e com as novas gerações, renovando a paixão por uma educação mais aberta e inclusiva, capaz de ouvir com paciência, de diálogo construtivo e de compreensão mútua.

Neste sentido, o Santo Padre propõe uma mudança precisa na caminhada educativa de modo que envolva a todos. E conclama a construção de uma “aldeia da educação”, onde, na diversidade, se partilhe o compromisso de gerar uma rede de relações humanas e abertas (cf. Mensagem do Papa Francisco para o lançamento do Pacto Educativo Global).

O Papa Francisco adverte ainda que “a educação é, sobretudo, uma questão de amor e responsabilidade que se transmite, ao longo do tempo, de geração em geração. Por conseguinte, a educação apresenta-se como o antídoto natural à cultura individualista.” (Papa Francisco, videomensagem, 15 out. 2020). Deste modo, é responsabilidade de todos encontrar soluções, iniciar, sem medo, processos de transformação e olhar para o futuro com esperança.

Ouvindo o convite do Santo Padre, sejamos protagonistas da transformação mundial, assumindo o compromisso pessoal e comunitário de cultivar, juntos, o sonho de um humanismo solidário, que corresponda às expectativas do homem e ao desígnio de Deus.

Foto da galeria

Padre Aurecir de Melo Júnior é assessor da Pastoral da Comunicação da Diocese de Nova Friburgo.

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Páginas de Cecília

terça-feira, 16 de novembro de 2021

Tenho um bloco antigo que vive em cima da minha escrivaninha. Um dia está de num canto; noutro, em cima de uma pilha de papéis. Sempre sob meus olhos porque não é um bloco comum, daqueles que se compra em papelarias. Sua capa é furta-cor e faz com que o olhar se perca entre as cores. Sua capa também é dura e pego-o com gosto porque não vira para baixo com os movimentos como os que têm a capa e a contracapa feitas de papelão.

Tenho um bloco antigo que vive em cima da minha escrivaninha. Um dia está de num canto; noutro, em cima de uma pilha de papéis. Sempre sob meus olhos porque não é um bloco comum, daqueles que se compra em papelarias. Sua capa é furta-cor e faz com que o olhar se perca entre as cores. Sua capa também é dura e pego-o com gosto porque não vira para baixo com os movimentos como os que têm a capa e a contracapa feitas de papelão. No seu interior, as páginas são assim: uma rosa salmão e outra furta-cor, sequencialmente, num tom mais pastel e menos vibrante dos da capa, certamente para ser possível fazer anotações à caneta. Se for a lápis não vai ficar bem visível. Entretanto, nas poucas vezes em que nele escrevi, senti prazer de ler minhas palavras misturadas com as cores. 

Contudo não são só pelas cores que o bloco tem algo de especial. As páginas furta-cores trazem numa de suas extremidades, ora no canto esquerdo, ora no direito; ora em cima, ora em baixo pedaços de textos da Cecília Meireles. Por causa deles, não anoto quase nada em suas páginas para ler e reler seus pensamentos em forma de poesia e prosa. Só escrevo algo quando é preciso cuidar das palavras e ter a impressão de que a energia da Cecília lustra minha vontade de ser escritora. 

Não sei quem me deu esse bloco. Foi há bastante tempo, num aniversário em que reuni várias amigas em casa quando algumas também comemoravam aniversário. Trocamos presentes e o bloco ficou misturado dentre tantos, e só fui perceber a riqueza do presente dias depois. O dia de aniversário é movimentado, a casa fica animada e não notamos os mais importantes detalhes. Quem me deu o bloco, conhecia minha alma.    

Os escritores precisam de escritores. As palavras deles não se misturam com as nossas, mas nos inspiram, enlevando nossos sentimentos e aconchegando nossos pensamentos, sempre tão solitários. O trabalho do escritor exige afastamento para que ele possa pensar, trocar ideias consigo, viajar pelo imaginário. Sonhar. Sublimar e mergulhar na realidade. Enfim. Os escritores não são imitadores, porém supõem que as palavras de outros escritores os ajudam a trilhar seus próprios caminhos.

Então deixo aqui alguns pedaços da Cecília, minha mestra e mãe da minha amiga, Maria Fernanda tal qual estão escritos nas páginas do bloco. 

 

“Ando sozinha por cima das pedras. 

Mas a flor é minha.”

 

“Nunca eu tivera querido 

dizer palavra tão louca:

bateu-me o vento na boca,

e depois no teu ouvido.”

 

“Liberdade, essa palavra que o sonho humano alimenta: que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.”

 

“De tanto olhar para longe,

Não vejo o que passa perto,

Meu peito é puro deserto.”

 

“É preciso não esquecer a nova borboleta nem o céu de sempre.”

 

“Porque a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada.”

 

Ah, sobre o bloco de Cecília, gosto de deixar meus sonhos bailarem.

 

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Recortes

sábado, 13 de novembro de 2021

Recortando frases vou costurando o sentido da vida, mesmo que ao final de tudo, quando todos os recortes estiverem juntos, descubra que é fatal o destino. Colecionando pensamentos, tento de algum modo estender uma imensa colcha de retalhos sobre o mundo que é o mesmo para mim, para você, para todos nós... Mas ainda que cubra tudo, sempre haverá uma falha numa costura e outra que permitirá entrar o frio da dúvida. A incerteza pode vencer até o que é determinado como certo.   

Recortando frases vou costurando o sentido da vida, mesmo que ao final de tudo, quando todos os recortes estiverem juntos, descubra que é fatal o destino. Colecionando pensamentos, tento de algum modo estender uma imensa colcha de retalhos sobre o mundo que é o mesmo para mim, para você, para todos nós... Mas ainda que cubra tudo, sempre haverá uma falha numa costura e outra que permitirá entrar o frio da dúvida. A incerteza pode vencer até o que é determinado como certo.   

Tudo na vida você faz ou não de acordo com as consequências. Mesmo não havendo limite e que se enxergue além das linhas do horizonte, talvez você salte, talvez você não voe. O que determina nossas ações, sonhos e planos é a forma como mensuramos as consequências. Porque todos sabem que toda ação leva a uma reação e que ainda que perguntas fiquem sem respostas, a ausência das mesmas não deixa de ser uma resposta. Mas é preciso saber que só se vive uma vez, ainda que se pague em dez prestações. É necessário o desejo, mas nem sempre o desejo por si só é o suficiente.

Ser íntegro não garante a felicidade a ninguém. Mas é bom saber que estar de bem consigo mesmo é parte fundamental para ser feliz. Não há inimigo maior que a sua própria consciência. Você pode ser o único a saber do seu erro, do seu vacilo... E não há ninguém pior do que si mesmo! Por isso, conviver com tal peso pode até ser possível, mas ser feliz é bastante improvável. 

No entanto, não basta só estar de bem com a sua própria consciência. Só integridade não é o bastante. Integridade é apenas obrigação que torna a alma mais leve. É preciso fazer mais. O mundo não se resume a você e sua consciência. É preciso fazer algo pelo mundo. É preciso se dar mais do que só a si. É preciso acertar e muitas das vezes se arriscar para ir além do acerto. Gentileza é fundamental.      

A paixão é justa ainda que inconsequente. O apaixonado sempre faz justiça com as suas próprias mãos. E erra. E acerta. E põe tudo a perder para ganhar o que quer. A paixão não se mede e ainda que dure pouco implica na impossibilidade de mensurar a sua intensidade. Mesmo que a justiça se aproxime do equilíbrio, é justo se distanciar da lucidez. Quem não se apaixona e não se permite a paixão, dificilmente experimenta a sensação de estar vivo.   

Mas é sabido que a dor passa sempre. Nada como um dia após o outro, nessa equação de um dia de cada vez. O coração sossega, ainda que não se esqueça. As lágrimas cessam ainda que vez em quando retornem, mas retornam sempre de maneira diferente. O amor cristaliza na sua paralisia e é bem passível de se transformar apenas em respeito. A dor cicatriza ao ser rebaixada a mera lembrança de um tempo. Tudo passa, tudo sempre passará, pelo menos na superfície do que se vê. As marcas de tudo permanecem para sempre no para sempre da alma. Alma não tem QR Code.  

Se amar, a vida passará rapidamente. A felicidade faz o tempo passar rápido. E só se é feliz amando. Amando o que se faz, amando o que se é, amando as pessoas que estão ao lado. Amando se é feliz! E a felicidade faz o relógio voar, o mundo girar mais rápido. Toda vez que a felicidade visita, o tempo passa rápido, muito rápido, tão rápido que nem se percebe. É ótima a sensação de parecer que são oito horas, quando já são duas. É nessas horas que gostaríamos de paralisar o tempo, mas isso não é possível. O tempo avança na proporção da nossa felicidade. E é assim que é...    

A morte só é uma certeza para quem vive. A vida tem um destino. O que diferencia uma vida da outra são os caminhos que ela faz na sua jornada para o fim que vem antes para uns, depois para outros, mas independente do seu tempo, vem no incerto do que é certo! Quem vive, sabe da morte, mas não pode viver pensando nisso. É preciso viver dando à vida o que a vida merece por todo o tempo. Por isso, tenha curiosidade. Colecione recortes colocando-os em prática e na prática derrubando-os. Tenha esperança, por mais que parte da humanidade force o contrário. 

 

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Friburgo ganha unidade do Corpo de Bombeiros

sábado, 13 de novembro de 2021

Edição de 13 e 14 de novembro de 1971
Pesquisado por Thiago Lima

Manchetes:

Edição de 13 e 14 de novembro de 1971
Pesquisado por Thiago Lima

Manchetes:

  • Nova Friburgo ganha Corpo de Bombeiros: A partir deste 15 de novembro de 1971, a nossa cidade contará com um bem aparelhado Corpo de Bombeiros, com pessoal adestrado, viaturas e material apropriados. A unidade, que funcionará sob o controle do Batalhão da Polícia Militar do estado, teve como financiadores, o governo estadual e a prefeitura local, tendo a última dispendido mais de CR$ 150 milhões na iniciativa.
  • Waldir Costa, na presidência do MDB de Nova Friburgo: Tendo em vista a necessidade de permanecer por mais tempo, durante os próximos três meses, a frente da sua indústria no Rio de Janeiro, Alvaro de Almeida licenciou-se da direção do emedebismo local, tendo passado o cargo ao seu substituto, o deputado Waldir Costa, do qual muito pode esperar a agremiação política oposicionista. A leme do MDB da nossa terra, está assim sob o controle diretivo de um experimentado e acatado homem  público, realmente detentor de enorme prestígio e simpatia. Além do mais, o dr. Waldir Costa está aureolado por um mandato que vem exercendo com galhardia e verdadeiro devotamento às causas do povo.  
  • Onde meteram o arroz que estava estocado nas fontes produtoras?: “Em Washington anuncia-se que a Commodit Corporation concedeu um crédito no valor de 20 milhões de dólares (CR$ 112 milhões), aos exportadores, para financiar vendas de arroz no Brasil. A linha de crédito tem prazo até 30 de junho de 1972 e dá recursos suficientes para financiar a venda de aproximadamente 1.2 milhão de sacos de arroz.” 
  • A insuportável corrente aumentista: Não atingiu somente ao arroz. Nesta semana, o café moído subiu um mil cruzeiros antigos em quilo. A banha de coco, mais 700 em lata. O macarrão mais 300, o óleo comestível mais 200 em lata, a manteiga mais 2 mil em quilograma! E o pior, já foi anunciada nova majoração do açúcar. O dólar também não escapou. Claro é, que o mesmo vai puxar um grande cordão… 

Pílulas:

  • Segundo o dr. Waldir Costa informou que somente admitiu a possibilidade de concorrer para prefeito, se ocorresse uma hipótese que considera ultrapassada, qual seja a de um veto ao registro de duas candidaturas consideradas nos redutos do MDB friburguense. Em explosão diante da boataria lançada pelos antidemocratas é que “botou prá jambrar…”
  • Presente no reduto dos políticos em evidência, ou seja, o Galeria Bar, autêntica, absolutamente verdadeira e com pleníssima autorização de publicação é o que declarou o “Bisturi de Ouro” - Dr. Waldir Costa, deputado estadual e que está na presidência do emedebismo local: “Não disse, não prometi, não aceitei, e jamais aceitaria figurar em qualquer chapa como candidato a vice-prefeito. Não alimentei esperanças de ninguém a respeito do assunto, bem como não admitiria jogadas em torno de matéria que considero séria. Não sou homem de transas." 
  • A centenária Banda Musical Euterpe - um dos maiores orgulhos da nossa terra - inaugura as obras que foram realizadas em sua sede e também um novo e vistoso uniforme de seus músicos que poderão ser conferidos no desfilará pela cidade em homenagem ao 15 de novembro, data comemorativa da Proclamação a República do Brasil. 
  • A Justiça Eleitoral já entregou aos presidentes das agremiações a ficha de inscrições partidária. Vamos aguardar as conquistas, as transferências, as adesões enfim que vinham sendo anunciadas. Se bem que, não acreditemos no “blá blá blá” anunciado pelas esquinas, aqui estaremos para as penitências, se o milagre acontecer…   

Sociais:

A VOZ DA SERRA registra os aniversários de: Sylvio Barreto Lima (2); Antonio Vanzilotta Dotino e Dorphilia Eyer Vassallo (14); Suzi Soares e Marina Valentim de Moraes Sarmento (15); Aryosaldo de Almeida Ventura e José Antonio Ventura Junior (16); Maria Luiza Soares, Hercília Bittencourt Sampaio e Honorina Marques (17); Norma de Freitas Madureira, Carlos Vassalo e Lucien Sardou (18); Marizete Almeida e Haroldo Braune (20); Nelson Kemp e Maria Cristina Cordeiro (21).

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Vinho na garrafa

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Vinho na garrafa
E o vinho friburguense começa a ser consumido. Pelo menos 360 garrafas entre rosé e tinto Carbenet Franc e o tinto Pinot Noir foram disponibilizadas em pré-venda e esgotadas em poucos dias. A entrega começa hoje, 12, e a partir da semana que vem devem ser disponibilizadas para a venda normal. Essa safra de 2021 é considerada especial, não só pelo pioneirismo, mas é que cada uma tem uma numeração única.

Vinho na garrafa
E o vinho friburguense começa a ser consumido. Pelo menos 360 garrafas entre rosé e tinto Carbenet Franc e o tinto Pinot Noir foram disponibilizadas em pré-venda e esgotadas em poucos dias. A entrega começa hoje, 12, e a partir da semana que vem devem ser disponibilizadas para a venda normal. Essa safra de 2021 é considerada especial, não só pelo pioneirismo, mas é que cada uma tem uma numeração única.

Visitação em breve
Por enquanto, a visitação à fábrica e à plantação em Campo do Coelho não está ocorrendo. Os empreendedores estão fazendo obras de adaptação para receber o público e oferecer uma experiência adequada. Intitulado de Terras Frias, em homenagem ao antigo nome do 3º distrito, a produção de vinho em Nova Friburgo era algo impensável. Os planos são de ampliação para outros tipos de uvas já na safra de 2022. A rolha também tem a marca da vinícola.

Passado, presente e futuro
A produção de vinhos em Nova Friburgo existia no fim do século 19. Mas geralmente para consumo próprio dos então primeiros colonos. A última informação que se tem sobre produção de vinhos na cidade remonta aos anos 1920. Ou seja, depois de 100 anos, graças ao empreendedorismo e novas tecnologias, Nova Friburgo entra nesse cenário. No Estado do Rio de Janeiro, duas outras vinícolas estão em operação: Petrópolis e Areal.

Oscar da fotografia
Um fotógrafo friburguense, de 24 anos, foi indicado na última semana ao Golden Lens Awards 2021, considerado o Oscar da fotografia mundial. Trata-se de Bruno Marques que fotógrafa há oito anos. A competição aconteceu durante todo o ano em duelos de fotos com profissionais de todo o Brasil. Bruno recebeu cinco premiações, o que o levou aos finalistas.

Entre os melhores do Brasil
Bruno surpreendeu, pois, a expectativa era de que ele fosse para a disputa de revelação, mas pulou a categoria e já concorre entre os principais. Independentemente de ser eleito o melhor, a premiação está prevista para o próximo dia 28, o friburguense já está entre os 20 melhores do país.

Preço dos combustíveis
Com preço dos combustíveis seguindo suas altas quase que diárias, o Governo do Estado do Rio anuncia o congelamento por três meses do Preço Médio Ponderado ao Consumidor Final (PMPF), usado como base de cálculo do ICMS dos combustíveis. A medida, no entanto, impacta muito pouco no preço final, na bomba. Nos bastidores, parece mais um recado na guerra de narrativas para provar que o aumento gigantesco não é culpa dos estados e sim de uma política nacional.

Efeito dominó
O preço do combustível pesa em toda a cadeia produtiva e inflaciona tudo. Com a dolarização do combustível, o brasileiro paga em dólar, mas recebe em real. Com um poder de compra cada vez mais estrangulado, a situação é grave. Não basta só não ter carro, uma vez que tudo está muito ligado aos combustíveis e esses custos são passados ao consumidor, ainda que dentro de uma margem do possível. Ou seja, isso quer dizer que o empresariado também sente, já que acaba tendo que diminuir sua margem de lucro para não elevar ainda mais seus preços.  

Carnaval 2022
Imperatriz de Olaria e Alunos do Samba vão começar a disputa para o samba-enredo para o Carnaval 2022. A vermelho e branco de Olaria teve cinco parcerias inscritas para cantar o enredo índigena “Anauê, Membira Ibi! Salve o Povo da Terra!”. Lideram as parcerias, Wellington Onirê, Paulinho Guaraná, Dominguinhos, Marquinhos Mello e Ezequiel do Cavaco. A primeira eliminatória acontece neste domingo, 14. Ainda está prevista uma segunda eliminatória para a semifinal e a grande final no dia 4 de dezembro.

Escolha dos sambas
Já a Alunos do Samba encerra hoje, 12, o recebimento dos sambas para seu enredo “Hakuna Matata”. Com a cara da agremiação, o enredo tem pagada de crítica social. A diretoria da azul e branco tem a expectativa de receber pelo menos seis sambas, mas só saberá ao final do dia. A apresentação dos sambas ocorre na Feijoada dos Amigos, dia 21, ao meio-dia. A escola deve partir direto para a escolha no dia 6 de dezembro, portanto, sem eliminatórias.

Ensaios a todo vapor
As duas outras escolas de samba de Nova Friburgo não têm disputa de samba-enredo. A Vilage, atual campeã, já definiu seu samba que canta o sertão. Os ensaios na escola já estão a todo vapor e volta ainda nesse mês com as tradicionais festas de sextas-feiras na sua quadra, após quase dois anos, por conta das restrições impostas pela pandemia. Já a Unidos da Saudade encomendou o samba que deve ser revelado nos próximos dias. A roxo e branco faz enredo sobre a indústria metalúrgica. Mesmo sem o samba, os ensaios acontecem quase que diariamente, por setores e de forma geral.

Fórum da Juventude
O Comitê da Bacia Hidrográfica Rios Dois Rios (CBH-R2R) confirma para o ano que vem a realização do seu I Fórum da Juventude. Os preparativos, inclusive, já estão em andamento. Um deles é a identificação e mapeamento de projetos e iniciativas que tenham interface entre água e juventude, tais como tratamento de água, gestão de água, análise da água, simulações sobre a água da Bacia Hidrográfica, aproveitamento da água, clima, resíduos que vão parar na água etc. Lembrando que devem ter relação com os municípios da região hidrográfica do Rio Dois Rios, Nova Friburgo e entrono.

Palavreando
“Se amar, a vida passará rapidamente. A felicidade faz o tempo passar rápido. E só se é feliz amando. Amando o que se faz, amando o que se é, amando as pessoas que estão ao lado. Amando se é feliz! E a felicidade faz o relógio voar, o mundo girar mais rápido”. Trecho da crônica que será publicada na íntegra na edição deste fim de semana do Caderno Z, o suplemento semanal de A VOZ DA SERRA.

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Novo tempo?

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

”Quem me dera ao menos uma vez, acreditar por um instante em tudo que existe. E acreditar que o mundo é perfeito e que todas as pessoas são felizes.” Quem me dera! Faço minhas as palavras do grande Renato Russo.

Quem diria que chegaríamos no século 21 e tanta coisa permaneceria desalinhada e socialmente mal resolvida. Posso recordar que havia na década de 1990 uma esperança turbinada por ocasião da virada do século. Um misto de medo, de desconfiança, de graça, de ilusão e bastante esperança. Quem se lembra?

”Quem me dera ao menos uma vez, acreditar por um instante em tudo que existe. E acreditar que o mundo é perfeito e que todas as pessoas são felizes.” Quem me dera! Faço minhas as palavras do grande Renato Russo.

Quem diria que chegaríamos no século 21 e tanta coisa permaneceria desalinhada e socialmente mal resolvida. Posso recordar que havia na década de 1990 uma esperança turbinada por ocasião da virada do século. Um misto de medo, de desconfiança, de graça, de ilusão e bastante esperança. Quem se lembra?

Havia uma profecia de Nostradamus dando conta de que o mundo acabaria no dia 11 de agosto de 1999. Teve gente que acreditou. Mas o planeta não desintegrou e cá estamos nós enquanto Planeta Terra e humanidade. Havia uma curiosidade se tudo continuaria igual com a virada do século. Havia uma postergação de compromissos para o ciclo seguinte, coisas importantes, projetos vindouros, investimentos, decisões que só seriam tomadas no século 21.

Pois já estamos em 2021. O futuro que chegou e cá estamos nós. Lutamos contra a desigualdade social, contra o racismo, contra a fome, contra fake news, contra o vírus, contra a violência etc. Não andamos em carros que voam, não vivemos em cidades sustentáveis nem descobrimos a cura do câncer. E agora, José? Algo novo por vir?  Aguentamos ainda mais?

Em plena nova era, temos homenagens à ditadura, milhares de doutores brasileiros sem emprego, a ciência, ontem desprestigiada, sendo clamada para apresentar soluções à maior crise sanitária do planeta, calçadas mais cheias de pessoas sem lares, corrida das vacinas, a violência doméstica se propalando, professores sendo agredidos por alunos e ameaçados pelos pais dos alunos, a precarização das relações de trabalho, o Brasil liderando o ranking da involução com a legalização e o incentivo à utilização de agrotóxicos nos alimentos. Justamente quando o fomento à agricultura natural e orgânica está verdadeiramente se alastrando na mesma medida em que a consciência verde está a todo vapor.

 O que deu errado? Era para ter zerado o jogo, começado de novo, em outro patamar, um nível acima. Quantas gerações imaginaram tempos atrás sobre como estaríamos vivendo o agora. Estaríamos convivendo com robôs? Teríamos alcançado a almejada paz no Oriente Médio? Conseguiríamos eliminar a fome no mundo? Teríamos inventado a máquina do tempo ao invés de perdemos tanto tempo com tanta coisa inútil? Já pararam para refletir se os nossos antepassados estariam orgulhosos de nós, do que estamos fazendo com o planeta? De como estamos lidando com os demais seres? De como cuidamos do meio ambiente? Estamos sendo bons exemplos para as futuras gerações? Deixando um legado primoroso para nossos filhos e netos?

Vamos pensar sobre isso. Talvez dê tempo de pularmos de fase nesse jogo, conquistarmos territórios importantes, vencermos o mal no final de etapa para zerarmos essas batalhas há anos, décadas, séculos travadas. Estamos com o controle nas mãos ou somos os personagens do jogo? O que podemos fazer para vencer?

Quero, sinceramente, ao chegarmos no século que vem, ser poupada de fazer parte de uma geração destrutiva. Dá tempo. Vamos nos unir para fazer diferente o que poderia ser melhor. E será. A esperança continua viva, em pleno século 21. Pasme.

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O que você faz com seu 13º salário?

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Essa é uma pergunta muito relevante para o momento. Afinal, o mês de novembro é prazo limite para o pagamento da primeira parcela do que pode se tornar um alívio para o seu consumo ou, melhor ainda, uma estratégia para a boa relação com suas finanças. A propósito, você sabe o porquê da implementação do 13º aos direitos do trabalhador?

Essa é uma pergunta muito relevante para o momento. Afinal, o mês de novembro é prazo limite para o pagamento da primeira parcela do que pode se tornar um alívio para o seu consumo ou, melhor ainda, uma estratégia para a boa relação com suas finanças. A propósito, você sabe o porquê da implementação do 13º aos direitos do trabalhador?

Inicialmente conhecido como gratificação de Natal, o 13º foi implementado no Brasil em 1962 com o intuito de recalcular o salário anual do trabalhador assalariado. A lógica é simples: considerando quatro semanas por mês, a conta não fecha quando sabe-se que ao longo de um ano temos 52 semanas. Esta é uma prática bastante comum em outros países ao redor do mundo, como Itália, Portugal, Argentina, Uruguai e muitos outros. Na Espanha, por exemplo, chega a existir o 14º salário.

É a maneira correta para o cálculo anual de salário? Não sei, regimes de regulamentação trabalhista não são a minha especialidade; mas está no caminho do desenvolvimento social. No entanto, percebe como esse dinheiro não é uma bonificação e sim seu direito, fruto de horas trabalhadas? Portanto, não considere-o como um presente e use-o como parte do seu planejamento visando a manutenção da sua saúde financeira.

Então, o que fazer com o 13º salário?

Eliminar e evitar contrair dívidas é o primeiro grande passo para alcançar o equilíbrio financeiro. Então, de antemão, o primeiro destino do dinheiro deve ser para arcar com as dívidas ativas, seja quitando ou apenas amortizando-as. Comece pelas com maior Custo Efetivo Total (CET), são as suas dívidas mais caras.

Agora, caso você não possua dívidas ou já conseguiu quitá-las e sobrou algum dinheiro, a segunda alocação planejada dos recursos do 13º vai para os seus gastos futuros. O fim de ano sempre vem com alguns custos sazonais, como o Natal e viagens de verão por exemplo; então, já que não tem mais dívidas, aproveite! Mas lembre-se, assim como o final do ano, o início do ano também tem seus custos: material escolar, matrículas, IPTU e IPVA são exemplos de gastos que podem comprometer suas finanças pessoais.

Por fim, com suas finanças planejadas e bem estruturadas, o 13º salário encontra uma situação de equilíbrio, cujo planejamento o incluiu no orçamento anual para estabelecer um padrão de vida condizente com as receitas e só lhe resta a liberdade de decidir o que fazer com seu próprio dinheiro. Agora suas finanças abrem espaço para poupar e investir: uma ótima escolha para o futuro!

Gaste melhor, poupe sempre e invista com qualidade.

Seja livre com seu dinheiro – mesmo que pouco –, não escravo dele – ainda que muito. Só você tem o poder de usá-lo como uma ferramenta de liberdade. Pense nisso!

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